terça-feira, 4 de agosto de 2020

Presidente do Itaú critica reforma tributária de Guedes: vai elevar a carga e nova CPMF vai encarecer produtos

"Esta reforma proposta, embora não avaliamos todos os pontos, tem aumento de carga tributária. Isso provoca aumento do custo do dinheiro e não parece ser a reforma ideal", disse o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher

Brasil 247, 4/08/2020, 10:55 h Atualizado em 4/08/2020, 11:04
Candido Bracher (Foto: Reprodução)

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, criticou a proposta de reforma tributária do governo Jair Bolsonaro que, segundo ele, irá resultar no aumento da carga tributária. Ainda conforme o executivo, a recriação da CPMF com um novo, como proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, encarece o custo final dos produtos por incidir em cada fase da cadeia produtiva. 

“A busca do reequilíbrio fiscal após a expansão de gastos necessária para pandemia é muito importante. E isso não deve ser buscado com aumento de carga de impostos. Esta reforma proposta, embora não avaliamos todos os pontos, tem aumento de carga tributária. Isso provoca aumento do custo do dinheiro e não parece ser a reforma ideal” disse Bracher segundo reportagem do jornal O Globo.

O presidente do Itaú Unibanco também criticou a proposta de recriar a extinta CPMF devido a sua incidência em cascata. “A nova CPMF prejudica as cadeias da economia quem tem muitos agentes porque incide em cada fase da cadeia e acaba encarecendo o produto final”, completou.

Petroleiros denunciam desmonte e vendas criminosas de ativos por Roberto Castello Branco na Petrobrás

A companhia leiloou, por R$ 7,5 milhões (US$ 1,45 milhão), a um comprador identificado como Marboteni – em um leilão online –, as plataformas P-7 (com capacidade de produção de 15 mil barris por dia), P-12 (7 mil barris/dia) e P-15 (3 mil), na Bacia de Campos

Brasil 247, 4/08/2020, 04:35 h Atualizado em 4/08/2020, 05:13
  Roberto Castello Branco, CEO da Petrobras 09/12/2019 (Foto: REUTERS/Sergio Moraes)

castello Por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual – Na última sexta-feira (31), o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, informou que tem expectativa de assinar o contrato de venda da importante refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, em um ou dois meses. Uma semana antes, a companhia leiloou, por R$ 7,5 milhões (US$ 1,45 milhão), a um comprador identificado como Marboteni – em um leilão online –, as plataformas P-7 (com capacidade de produção de 15 mil barris por dia), P-12 (7 mil barris/dia) e P-15 (3 mil), na Bacia de Campos. Foi um negócio considerado absurdo e um “acinte” por representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).

“Cadê o Ministério Público Federal para investigar tudo isso? Quem está levando vantagem nessas privatizações? Quem está ganhando? O Brasil, a Petrobras ou quem está comprando? Ou é quem participa desses negócios, já que ninguém sabe quem são os lobistas?”, questiona o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, a respeito do negócio com as plataformas fechado pela atual gestão de Castelo Branco à frente da Petrobras.

“Só não doaram as plataformas porque é ilegal. É um absurdo e que demonstra bem a que veio o governo de Jair Bolsonaro e Castello Branco, e a que interesses respondem, os do mercado financeiro. Os interesses são muito escusos”, diz o presidente do Sindipetro-NF, Teseu Bezerra. “Esse negócio faz parte do projeto em defesa do mercado financeiro que Paulo Guedes (ministro da Economia) e Bolsonaro defendem. Na prática, na ponta do lápis, foi um leilão de fachada para legitimar a doação.”

Pelo cálculo dos petroleiros, somando a produção das três plataformas, 25 barris/dia, com o preço do barril, atualmente, em R$ 227, a receita é de R$ 5,7 milhões por dia. O comprador levará, portanto, dois dias para recuperar o investimento de R$ 7,5 milhões.

“Cortada aos pedaços”

“Com isso, o governo demonstrou literalmente o que quer fazer com a Petrobras, assim como vem fazendo com outros ativos do sistema. A gente ouve Salim Mattar (secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado do Ministério da Economia) dizer que a Petrobras não será privatizada. Na realidade, a empresa está sendo dilapidada literalmente, cortada aos pedaços e sendo vendida a passos largos”, acrescenta Deyvid.

“Estão privatizando a Petrobras com a venda dos ativos a preço de banana, seja transformando em subsidiárias, seja vendendo esses ativos ‘na bacia das almas’. É escandaloso.”

O coordenador da FUP observa ainda que, além do absurdo dos valores do negócio, o leilão foi realizado no pior momento possível, em meio à pandemia de covid-19 e à maior crise do capitalismo mundial, que também envolve o setor de petróleo e gás, cujos ativos estão desvalorizados. “Como se vende essas plataformas agora? Ninguém faz isso, nem um cidadão comum que quer vender um carro. Os preços estão no chão.”

Além da refinaria Landulpho Alves, a gestão Castello Branco quer se desfazer das refinarias Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais.

domingo, 2 de agosto de 2020

Allan dos Santos é rejeitado por advogados de Jair Bolsonaro

Emissário de Allan dos Santos procurou advogados de Jair Bolsonaro para defesa gratuita no âmbito do inquérito das fake news, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). O blogueiro foi rejeitado pela equipe jurídica

Brasil 247, 2/08/2020, 07:41 h Atualizado em 2/08/2020, 08:04
        Allan dos Santos (Foto: Reprodução)

Allan dos Santos, investigado no âmbito do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), enviou um “assessor” à procura de advogados de Jair Bolsonaro para defesa gratuita no processo. Contra as expectativas do blogueiro, a equipe jurídica rejeitou a proposta. A informação é da coluna do jornal O Globo.

O emissário relatou ao jornal que Allan dos Santos considera uma questão de dignidade o apoio da equipe de Jair Bolsonaro, uma vez que ele atua nas redes exclusivamente em defesa do governo e suas respectivas bandeiras. O pedido foi feito antes de o blogueiro aparecer em live dizendo que deixou o Brasil e que sua vida corre risco, acrescenta a reportagem.

Intervenção na segurança do Rio acabou, mas gabinete militar ainda custa R$ 500 mil por mês

A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro acabou, porém mais de 20 militares do gabinete criado para esse fim ainda geram altos custos aos cofres públicos. Os valores do custeio do órgão ultrapassam a casa de R$ 500 mil mensais

Brasil 247, 2/08//2020, 16:55 h Atualizado em 2/08/2020, 16:55
   Forças militares no estado do Rio (Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil)

A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro acabou no dia 31 de dezembro de 2018, mas o governo custeia as “atividades” de 25 militares e de cinco servidores comissionados no gabinete instituído para esse fim. 

À época do lançamento, o orçamento total para a empreitada foi de R$ 1,2 bilhão. Os valores do custeio do órgão ultrapassam a casa de R$ 500 mil mensais. A informação foi publicada pelo site Metrópoles

Em 2018, Michel Temer criou o gabinete de intervenção federal que está ligado à Casa Civil, comandado atualmente pelo general Braga Netto.


Durante a pandemia do coronavírus, o órgão "suspendeu" as atividades. "As informações solicitadas poderão ser encaminhadas por via eletrônica, muito embora as instalações do GIFRJ estejam funcionando diariamente, com o efetivo reduzido, mantendo rotina normal", destaca trecho de um comunicado publicado no site oficial do gabinete.

“Livro das suspeições” evidencia parcialidade de Moro e procuradores da Lava Jato

Organizado por Lenio Streck e Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, livro traz 34 artigos de juristas sobre a parcialidade e os abusos cometidos por Sérgio Moro e procuradores na operação Lava Jato

Brasil 247, 1/08/2020, 18:32 h Atualizado em 1/08/2020, 18:32
   (Foto: Reuters | ABr)

Catarina Barbosa e Geisa Marques, Brasil de Fato - Em um momento em que se discute a retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da parcialidade do então juiz Sérgio Moro na operação Lava Jato e o afastamento do procurador Deltan Dallagnol da força-tarefa, o grupo Prerrogativas, formado por advogados e defensores públicos, lançou neste sábado (1), em transmissão ao vivo pela internet, O livro das suspeições. 

A obra reúne artigos escritos por 34 juristas, nos quais as ações do então juiz Sérgio Moro e dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que atuaram na força-tarefa são examinadas, tendo como resultado a evidenciação da atuação parcial dos agentes públicos em diversos momentos da operação.

A publicação é organizada pelos juristas Lenio Streck e Marco Aurélio de Carvalho, que também integram a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Streck ressalta que uma das propostas da disponibilização do conteúdo, que pode ser baixado gratuitamente, é levar os bastidores da Lava Jato para além da comunidade jurídica e informar que “todos temos direito a juízes imparciais, e Moro não foi imparcial”.

sábado, 1 de agosto de 2020

Após STF intimar, Facebook recua e bloqueia contas de bolsonaristas fora do Brasil

Facebook acatou uma determinação de bloqueio de contas de bolsonaristas na rede social após intimação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Não tivemos alternativa a não ser cumprir com a ordem de bloqueio global das contas enquanto recorremos ao STF”, diz a empresa

Brasil 247, 1/08/2020, 12:43 h Atualizado em 1/08/2020, 14:45
 
(Foto: Reuters | STF)

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes intimar o presidente do Facebook no Brasil por não bloquear perfis bolsonaristas fora do país na sexta-feira (31), a rede social recuou e acatou a determinação. A informação foi publicada no painel do jornal Folha de São Paulo. 

"O Facebook havia cumprido com a ordem de bloquear as contas no Brasil ao restringir a visualização das Páginas e Perfis a partir de endereços IP no país. Isso significa que pessoas com endereço IP no Brasil não conseguiam ver os conteúdos mesmo que os alvos da ordem judicial tivessem alterado sua localização IP", diz a empresa em posicionamento enviado ao jornal.

"A mais recente ordem judicial é extrema, representando riscos à liberdade de expressão fora da jurisdição brasileira e em conflito com leis e jurisdições ao redor do mundo. Devido à ameaça de responsabilização criminal de um funcionário do Facebook Brasil, não tivemos alternativa a não ser cumprir com a ordem de bloqueio global das contas enquanto recorremos ao STF", completa.

Em julho, a rede social tirou do ar 88 contas e páginas com operações ligadas a funcionários de Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro, o chamado gabinete do ódio. Também foram removidas 38 contas do Instagram envolvidas com irregularidades.

Na somatória, o esquema alcançava uma audiência de 2 milhões de pessoas, segundo a empresa Digital Forensic Research Lab (DRFLab), especializada no combate à desinformação.

Em maio, a Polícia Federal identificou Carlos Bolsonaro como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

Agualusa: “O caso do Brasil é exemplar de um poder público capturado pelo banditismo”

O escritor e jornalista José Eduardo Agualusa, que acaba de publicar o romance ‘Os Vivos e Os Outros’, avaliou na TV 247 que Jair Bolsonaro conquistou e manteve os 30% de popularidade depois que Edir Macedo, líder da Igreja Universal, declarou apoio ao seu governo.

Brasil 247, 31/07/2020, 17:06 h Atualizado em 31/07/2020, 17:57
  Escritor e jornalista José Eduardo Agualusa (Foto: Divulgação)

Por Stefani Costa - O escritor e jornalista José Eduardo Agualusa, em entrevista à TV 247, afirmou que “é preciso distinguir entre o que são projetos de fé e o que são projetos de burla” ao ser questionado sobre as recentes denúncias de corrupção, evasão de divisas e racismo por parte de pastores angolanos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), liderada pelo bispo evangélico Edir Macedo.

“Claramente a IURD e outros grupos que se afirmam como religiosos são, na realidade, grupos de bandidos, de charlatões que usam a fé como pretexto para roubar as pessoas. É disso que se trata, roubo”. 

O escritor destacou ainda que o Estado angolano tem despertado para essas ações perpetuadas por instituições religiosas ligadas ao Brasil. Segundo Agualusa, uma das exigências é a de que pastores apresentem um documento provando uma conclusão de licenciatura em Teologia. “Se você faz milagres, prove”.

O jornalista vê o atual governo brasileiro com preocupação, uma vez que Jair Bolsonaro, além do apoio de igrejas neopentecostais, também tem alicerce direto com as milícias. “É claramente um caso de alguém que foi catapultado para o poder por um grupo, por vários grupos, associados com o puro banditismo.”

Agualusa acaba de publicar o romance ‘Os Vivos e Os Outros’, com previsão de lançamento no Brasil em outubro. Na entrevista, ele também fala sobre o livro e sobre literatura.

Rússia vence a corrida contra o coronavírus e realizará a vacinação em massa de sua população já em outubro

"A vacina contra a infecção pelo coronavírus, desenvolvida pelo instituto Gamalei, completou suas pesquisas clínicas", disse o ministro da Saúde Mikhail Murashko

Brasil, 1/08/2020, 05:52 h Atualizado em 1/08/2020, 10:50
(Foto: REUTERS / Dado Ruvic)

Sputnik – O ministro da Saúde da Rússia declarou que os testes de vacina contra a pandemia foram completados, enquanto país deverá dar início à vacinação em massa já em outubro. Falando com a Sputnik, o ministro da Saúde russo Mikhail Murashko declarou: "A vacina contra a infecção pelo coronavírus, desenvolvida pelo instituto Gamalei, completou suas pesquisas clínicas."

Na etapa atual, estão sendo colhidos os documentos necessários para o registro oficial da vacina, que precederá seu uso.

Sobre o uso do medicamento, Murashko afirmou que "estamos nos preparando para que em outubro comece a vacinação em massa contra o coronavírus."

Além disso, médicos e professores deverão ser os primeiros a ser vacinados.

Contudo, ainda são esperadas pelo menos duas declarações oficiais sobre os testes clínicos de outras vacinas desenvolvidas na Rússia nos próximos 45 dias.

Ainda no último dia 29, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, havia dito que a situação do coronavírus na Rússia havia se estabilizado, contudo, em algumas regiões a situação ainda é complicada.

Mesmo assim, nos meses de junho e julho o número de infectados caiu pela metade, em comparação com os números recordes em maio, mas a situação ainda poderá se agravar.

De “Memórias do cárcere” ao réquiem da Lava-Jato

"Sem uma profunda reforma democrática nas vísceras dos aparatos de coerção, nos centros de vigilância e inteligência, a segurança será cada vez mais instrumento político para reforço das desigualdades e para repressão ao pluralismo democrático", escreve o advogado Marco Aurélio Carvalho

Brasil 247, 01/08/2020, 07:55 h Atualizado em 01/08/2020, 22:18
   Deltan Dallagnol, Polícia Federal e FBI (Foto: Agência Brasil | Reuters)

Em 1936, sem qualquer acusação formal, o escritor Graciliano Ramos foi retirado de sua residência e conduzido para um presídio em Maceió.

Sem provas e sem julgamento, permaneceu 11 meses no cárcere. Percorreu delegacias, foi embarcado em um navio-prisão e teve passagens pela Colônia Correcional, em Ilha Grande, e pela Casa de Detenção, no Rio de Janeiro. “Memórias do Cárcere”, um livro com mais de duzentos personagens, conta a saga do escritor em cadeias sórdidas e o convívio que ele teve com presos políticos e com presos comuns.

O arbítrio havia nascido muito antes. A serpente choca os seus ovos. O Decreto n° 22.332, de 10 de janeiro de 1933, criou uma repartição pública com o objetivo de “entrever e coibir comportamentos políticos divergentes”. De acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, “constavam de suas atribuições examinar publicações nacionais e estrangeiras e manter dossiês de todas as organizações políticas e de indivíduos considerados suspeitos”.

Quase 90 anos depois, o jornalista Rubens Valente, em julho passado, descobriu uma unidade do Ministério da Justiça que realiza trabalho típico de órgãos de segurança e inteligência com foco em manifestantes antifascistas presentes nos protestos pelo País afora.

O trabalho ilegal e sem transparência do Ministério da Justiça resultou na produção de dossiês sobre um grupo de quase 600 pessoas, todas críticas ao governo atual. A lista de vigiados inclui servidores federais e estaduais de segurança e também professores universitários, inclusive o renomado professor Paulo Sérgio Pinheiro, titular aposentado da Universidade de São Paulo, ex-secretário nacional de direitos humanos e relator das Nações Unidas em matérias de direitos humanos. A este grupo, além do repúdio ao arbítrio, o consolo vem de uma frase de Graciliano Ramos no livro “Vidas Secas”: “tenham paciência, apanhar do governo não é desfeita”.

No rastro deste dossiê, poucos dias atrás, o Procurador-Geral da República, com informações bombásticas, fez o réquiem da lava-jato com um dado estarrecedor: a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, reuniu dados armazenados de 38 mil pessoas e mais de 50 mil documentos.

As falas da Procuradoria perturbaram o ambiente no Ministério Público. Cada qual tem uma justificativa. Uns acusam. Outros, agora na retaguarda, se defendem. O escritor encarcerado mais uma vez elucida o quiproquó. “É fácil se livrar das responsabilidades. Difícil é escapar das consequências por ter se livrado delas”, escreveu Graciliano Ramos no romance “Angústia”.

No Brasil de hoje, permeado pela sensação de normalidade institucional, mas repleto de posturas autocráticas tóxicas, identifica-se, por todo canto, aquilo que já foi chamado de “entulho autoritário” pela Ordem dos Advogados do Brasil, presidida brilhantemente por Raymundo Faoro nos anos da redemocratização. Alguns menos e outros mais visíveis, os restos da ditadura permanecem espalhados em nossa sociedade.

O arcabouço institucional do Estado que prendeu arbitrariamente Graciliano Ramos, com as devidas diferenças históricas, é semelhante ao mecanismo que faz dossiês contra antifascistas ou conduz operações anticorrupção, embaladas por motivos legítimos, mas na penumbra do direito, ocultando o protagonismo político e ferindo de morte a premissa ontológica da imparcialidade.

Entrelaçados, o combate à corrupção e a sistemática promoção da segurança (vigilância, inteligência e outros disfarces), acabam por desaguar nos vestígios e traços do autoritarismo secular que nos rodeiam.

O combate à corrupção sob a égide da “Lava-Jato”, hoje cada vez mais desvendada, tem sido um mecanismo político e partidário de conquista do poder – vale notar como o juiz Moro correu para abraçar e ser acolhido como estrela do novo governo logo no primeiro momento.

A propalada política de segurança – sem mencionar a ostentação do verde-oliva nas vitrines da Esplanada – nada mais é do que um biombo para manter o aparato policial – inclusive nos estados – mobilizado a partir de valores antidemocráticos e de ações depreciativas em relação às políticas raciais e de igualdade de gênero.

Sem uma profunda reforma democrática nas vísceras dos aparatos de coerção, nos centros de vigilância e inteligência, a segurança será cada vez mais instrumento político para reforço das desigualdades e para repressão ao pluralismo democrático.

A serpente choca os seus ovos. “Quebrem-se os ovos - enquanto ainda é tempo”, escreveu o cineasta Ruy Guerra em uma espécie de convocação para os que lutam pela democracia, pelo direito e por justiça.

Eis o grande desafio que motiva e mobiliza centenas de advogados e operadores do Direito no Grupo Prerrogativas.

Facebook bloqueia bolsonaristas no mundo todo acatando STF

Tecmundo, 08/2020 às 15:56
      Imagem: b9

O Facebook anunciou em nota oficial neste sábado (01) que vai cumprir a ordem de bloqueio de 16 contas de apoiadores e aliados do presidente Jair Bolsonaro exatamente como determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A ordem de bloqueio das contas faz parte do “inquérito das fake news”, que tenta desmontar e punir os responsáveis por uma rede de produção de notícias falsas com ataques a autoridades, inclusive a ministros do próprio STF.

Alexandre de Moraes, responsável pela determinação, ampliou a multa originalmente aplicada ao Facebook por cumprir os bloqueios de maneira parcial. Depois de 8 dias ignorando o pedido da Corte, a empresa bloqueou o acesso às contas apenas por pessoas registradas no Brasil na rede social. Contudo, o conteúdo era facilmente acessado mudando configurações da própria plataforma de Mark Zuckerberg. Agora, o bloqueio das ditas contas é global.

Depois da ampliação da multa e da possibilidade de responsabilização criminal do responsável pelo Facebook no Brasil, a rede social resolveu cumprir a ordem, ainda que em protesto. Mesmo assim, a empresa terá que pagar R$ 1,92 milhão devido aos vários dias de descumprimento. O Twitter, que recebeu a mesma ordem de bloqueio, a cumpriu prontamente.

Em nota, o Facebook mostrou preocupação com a suposta quebra de jurisdição do STF. Confira na íntegra.

O Facebook havia cumprido com a ordem de bloquear as contas no Brasil ao restringir a visualização das Páginas e Perfis a partir de endereços IP no país. Isso significa que pessoas com endereço IP no Brasil não conseguiam ver os conteúdos mesmo que os alvos da ordem judicial tivessem alterado sua localização IP. A mais recente ordem judicial é extrema, representando riscos à liberdade de expressão fora da jurisdição brasileira e em conflito com leis e jurisdições ao redor do mundo. Devido à ameaça de responsabilização criminal de um funcionário do Facebook Brasil, não tivemos alternativa a não ser cumprir com a ordem de bloqueio global das contas enquanto recorremos ao STF — porta-voz do Facebook.