quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Generais que cercam Bolsonaro questionam: "Onde está o Queiroz?"


"Cade o Queiroz?" - segundo a jornalista Andréia Sadi, que afirma haver conversado com todos os generais do governo Bolsonaro nos últimos dias, essa é a pergunta que todos fazem.

"Entre generais do futuro governo de Jair Bolsonaro, a pergunta nos bastidores é: Cadê o Queiroz?, em referência ao ex-motorista de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), deputado estadual e senador eleito" -escreveu Sadi, da GloboNews.

Bolsonaro mobilizou o fascismo via WhatsApp

Amadeu: o Golpe destruiu os parâmetros da realidade!

 Conversa Afiada, 12/12/2018
(Charge: Beto)

O Conversa Afiada reproduz trecho de entrevista concedida pelo sociólogo Sergio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, a Nina Fideles e Mayara Paixão, do Brasil de Fato:

(...) Como você avalia o uso do WhatsApp nas eleições e as maneiras de conter as fake news?

O que aconteceu no Brasil foi um processo de desconstrução dos parâmetros de realidade. Isso já havia acontecido na eleição do Donald Trump, nos Estados Unidos. Um grupo novo da extrema-direita norte-americana considera que o capitalismo não se desenvolve corretamente porque existe um predomínio no mundo todo do que eles chamam de marxismo cultural. Eles se colocam em uma posição de lutar contra o sistema e, obviamente, o que eles usam para isso não é razoável e historicamente sustentável, então se propõem a destruir o debate e trabalhar com dogmas. Eles fizeram isso numa parte dos EUA, na eleição do Trump, e deu certo.

No Brasil, o que aconteceu foi que durante o processo do golpe foram destruídos os parâmetros da realidade. É óbvio que os políticos são complicados, e que o PT é um partido que tem sim gente que entrou na corrupção. Agora, transformar o PT no partido mais corrupto do Brasil é perder a noção. É só olhar qualquer indicador que se vê que a corrupção é estrutural na elite brasileira e está no judiciário, além de ser alimentada, principalmente, por partidos de direita. O PT resistiu muito contra a corrupção e isso foi invertido.

Quem ajudou nesse processo foi a Globo, o núcleo duro do tucanato, o (Rodrigo) Janot. Eles não perceberam a nova direita que se aproveitava disso melhor que eles. Entraram pelos dutos do WhatsApp usando técnicas de big data para atingir pessoas específicas, com um determinado preconceito. Esse preconceito foi amplificado e as pessoas começaram a receber isso com “carinhas bonitinhas”, mas os textos eram feitos por profissionais através de disparos comprados no exterior.

Se o WhatsApp quer contribuir com a democracia, que ele entregue os metadados dos dois meses em que aconteceram essas eleições. Eu não quero saber o que as pessoas falaram e qual o conteúdo das mensagens, eu só quero os disparos que vieram do exterior. Não entregam porque estão protegendo esse grupo que assaltou e fraudou as eleições no Brasil, e isso, as pessoas precisam saber. Não estou dizendo que não existe fascismo no Brasil, que não existem grupos de extrema-direita, que não tem o antipetismo. Fizeram uma onda que nunca se viu. O debate eleitoral foi anulado, ninguém discutiu nada, e fizeram essa ação. É uma situação atípica que vai dar muito trabalho para desconstruir.

Foi preparado um caminho e o Bolsonaro se aproveitou disso?

Ele tomou a hegemonia. O núcleo duro do golpe não incluía o Bolsonaro. O Bolsonaro é um sujeito execrável e não é levado a sério, mas ele mobilizou o fascismo no Brasil. Essa direita norte-americana conhecida como alt-right, ou direita alternativa, tem um projeto de poder mundial através do radicalismo do neoliberalismo, e, do ponto de vista político, do Dark Enlightment, o iluminismo às avessas da obscuridade. Quer destruir os parâmetros da razão.

Falar que o Brasil é socialista? Por que temos direitos? Então quer dizer que Portugal, França, Bélgica, Holanda são socialistas. Os Estados Unidos têm mais direitos que nós. Para falar que a Ku Klux Klan é de esquerda é porque você não quer nem ouvir o líder, que diz que é da supremacia branca da extrema-direita americana. Esses caras têm um projeto de hegemonia, e usam esse termo inclusive. Tem um livro que sugiro chamado Kill All Normies, da pesquisadora americana Angela Nagel, que fez um levantamento sobre como atua essa direita alt-right.

Não é uma disputa onde um político que mostrasse despreparo e apresentasse dados falsos perderia votos. A realidade tem que ser destruída do ponto de vista simbólico para que eles tenham chance de debate. Para destruir os direitos mínimos que foram alcançados no Brasil, vão ter que convencer as pessoas que isso é bom. Não dá para convencer, porque é ruim, então o caminho é os factoides, com mentiras, ‘kit gay’ e perseguição.

Por que o Moro, que não era do grupo do Bolsonaro, virou? Porque ele se adequa. Ele é uma correia de transmissão para destruir a economia nacional. Agora, ele vai perseguir os sindicatos e as universidades, que são os centros que vão oferecer resistência a essa política de desmonte do país.

(...)

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Motorista sacava a grana dentro da Alerj

COAF: Fabrício fez 36 operações no local em 2016

Conversa Afiada, 12/12/2018
(Charge: Aroeira)

Por Leonardo Lellis, no site do detrito sólido de maré baixa:


A maior parte dos saques efetuados pelo ex-policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), monitorados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi feito em uma agência bancária do Banco Itaú na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde o filho do presidente eleito Jair Bolsonaro é deputado estadual e Fabrício foi seu assessor.

Ao todo, segundo relatório do Coaf, o ex-motorista sacou na mesma agência 159.983,71 reais em 36 operações ao longo de 2016, a maior parte delas em retiradas de até 5.000 reais — que podem ser feitas diretamente no caixa eletrônico. O segundo maior volume de saques (45.000 reais) se deu em outras duas agências também no centro do Rio, seguidos de 42.250 reais sacados em duas agências na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, bairro onde a família Bolsonaro tem residência.

“A conta teria apresentado aparente fracionamento nos saques em espécie, cujos valores estão diluídos abaixo do limite diário. Foi considerado fator essencial para a comunicação pela possibilidade de ocultação de origem/destino dos portadores”, afirma o relatório do Coaf.

O órgão também chamou atenção para uma concentração de saques em espécie nos guichês de atendimento também com indícios de fracionamento devido valores diluídos abaixo do limite diário na mesma data em locais próximos. O relatório destaca dez transações “aparentemente fracionadas” que totalizaram 49 mil reais na agência da Alerj e outra na Rua da Assembleia, no Centro do Rio.

(...)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Contra o autoritarismo de Bolsonaro, Bresser lança manifesto pela democracia

O presidente  continua procurando problemas internos e externos. Parece que ele ainda não entendeu que é presidente de um País multifacetado e que tem que ter um discurso para todos os brasileiros!

O economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira lança, nesta quinta-feira (13), o manifesto "Juntos pela Democracia", contra "o autoritarismo, o desprezo pelos direitos humanos, o colonialismo dependente, e o pouco caso em relação ao aquecimento global que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, vem insistentemente mostrando".

"A garantia das liberdades, dos direitos humanos individuais e sociais, do livre exercício da cidadania nos une, para além de eventuais diferenças e nuances ideológicas ou político-partidárias", diz trecho do documento.

A eleição já passou. Agora o discurso é o da pacificação, da união. O Brasil têm que, tanto internamente quanto externamente, buscar e viabilizar o que é melhor para o país.

Blindagem explicita:Raquel Dodge segurou ação contra Aécio 45 dias


Os bastidores da Operação da Polícia federal que fez busca no apartamento de Aécio Neves no Leblon (Rio de Janeiro) marcam o ápice da blindagem judicial dedicada ao tucano.

O ministro Marco Aurélio Mello pediu parecer a Raquel Dodge sobre a investigação de Aécio no dia 11 de setembro e só recebeu resposta da procuradora-geral no dia 28 de outubro, 45 dias depois e com Aécio devidamente eleito deputado federal pelo estado de Minas gerais.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Bolsonaros nomearam todos os Queiroz e filha acumulou empregos

Se fosse dono do dinheiro, Queiroz seria milionário, no entanto, mora numa casa pobre na Zona Oeste do Rio

Por Marcelo Auler, em seu blog e para o Jornalistas pela Democracia - Pode ser mera coincidência. Ou mesmo um grande esforço, por parte de uma jovem determinada a vencer na vida. Mas, diante da revelação da Folha de S. Paulo, em 11 de janeiro passado – Bolsonaro emprega servidora fantasma que vende açaí em Angra – não chega a ser exagero imaginar que o hoje presidente eleito Jair Bolsonaro, bem como seu filho, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, podem ter abrigado outros servidores fantasmas em seus gabinetes. Agora depende apenas de uma boa apuração dos fatos.

Coincidência ou não, segundo informações recebidas pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), Nathalia Melo de Queiroz, filha mais velha do subtenente da PM Fabrício José Carlos de Queiroz, enquanto servidora da Assembleia Legislativa (março de 2011 e julho de 2012) e da Câmara dos Deputados (abril de 2016 a abril 2017), também esteve contratada em academias de ginásticas do Rio de Janeiro. Queiroz, como noticiado aqui em O$ mistério$ que rondam Queiróz, o "amigo" dos Bolsonaros, na condição de assessor do deputado Flavio Bolsonaro movimentou mais de R$ 1,2 milhão em conta bancária de forma, ao menos, pouco usual, por isso, colocada sob suspeita.

Não há nada que impeça servidores da ALERJ ou da Câmara Federal de acumularem serviço com outras atividades. Desde que consigam dar conta da carga horária exigida pelo serviço público. Mas nas duas casas legislativas não existe ponto. A frequência é atestada pelo parlamentar ao qual o servidor está relacionado. Na Câmara dos Deputados também há a possibilidade de o servidor trabalhar na chamada "base" do deputado. O que justificaria Nathalia ser servidora de Jair Bolsonaro em Brasília e continuar morando no Rio.

Estranho, porém é que Nathalia, nascida em abril de 1989, pouco depois de completar 18 anos, em setembro de 2007, tenha ingressado no quadro funcional da ALERJ e, quatro anos depois, em março de 2011, sem deixar o emprego público, passou a trabalhar como "recepcionista" da Norte Fitiness Center, Academia de Ginastica Ltda.. Ficou empregada ali até, provavelmente, julho de 2012. Segundo registros da Receita Federal, o CNPJ desta academia – 08.179.113/0001-08 – teve baixa em abril de 2013, ao ser incorporado ao de outra empresa.

Durante 17 meses ela acumulou os dois serviços. Sendo que na ALERJ, em 2011, tanto ocupou o cargo de "Dirigente do Serviço Público Federal" como o de "Assistente Administrativo", conforme informações recebidas pelo líder do PT, Paulo Pimenta. No fundo, exercia a função de assessora parlamentar.

Ela deixou o emprego da ALERJ em dezembro de 2016, no mesmo mês em que sua irmã menor, Evelyn, nascida em julho de 1994, portanto com 22 anos, assumiu uma função como "assessora parlamentar". Cargo no qual se encontra até hoje recebendo R$ 7.550,00 líquidos, como registra a folha de pagamento de outubro.

Continue lendo o texto no Blog de Marcelo Auler.


Cheque da 1a. dama não convence nem o Globo...

Será o Fiat Elba da Rosane Collor?

Conversa Afiada, 09/12/2018
O problema é o Transporte... O Fiat Elba derrubou o Collor. Quem o motorista agora vai derrubar?

O Conversa Afiada reproduz trechos de artigo de Bernardo Mello Franco, no Globo Overseas (empresa que tem sede na Holanda para lavar dinheiro e subornar agentes da FIFA com objetivo de ter a exclusividade para transmitir os jogos da seleção): 


(...) A notícia do cheque foi recebida com um silêncio incomum no bunker da transição. Na quinta-feira, ninguém falou. Flávio se limitou a escrever, no Twitter, que o PM daria “todos os esclarecimentos”. Na sexta, o futuro ministro Sergio Moro deu as costas à imprensa para não comentar o assunto.

Seu colega Onyx Lorenzoni não exibiu a mesma frieza e se destemperou diante das câmeras. Questionado, ele tentou desviar o foco atacando a imprensa, o PT e o Coaf. Chegou a insinuar que o órgão teria se omitido no escândalo do mensalão — o deputado integrou a CPI dos Correios e sabe que isso não ocorreu. Irritado, ele ainda perguntou quanto um repórter ganhava antes de abandonar a entrevista.

O presidente eleito cancelou a presença em mais uma cerimônia militar e foi para casa. Em nota, alegou ordens médicas para ficar em repouso. Cinco dias antes, ele ostentava disposição no estádio do Palmeiras. Deu a volta olímpica com os jogadores e ergueu a taça do Campeonato Brasileiro, que pesa 15 quilos.

À noite, Bolsonaro deu sua primeira versão sobre o caso. Ao site O Antagonista, atribuiu o repasse do PM a um empréstimo não declarado. “Ele estava com problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil”, disse, indicando a existência de outros cheques. Sobre o fato de o repasse ter ido para Michelle, ele afirmou: “Foi para a conta da minha esposa porque eu não tenho tempo de sair”.

Faltou explicar por que a operação não foi declarada à Receita e por que alguém que movimentou ao menos R$ 1,2 milhão em um ano precisaria pedir dinheiro emprestado a um deputado que recebe R$ 33 mil por mês.

O PM tinha prestígio com o clã Bolsonaro. Além dele, a mulher e as duas filhas estiveram penduradas no gabinete de Flávio. Uma das herdeiras também ocupou cargo de confiança no gabinete do presidente eleito.

Ao acompanhar o noticiário, o cientista político Sérgio Praça se lembrou de outro rolo que envolveu um cheque suspeito para uma primeira-dama. Aconteceu em 1991, quando Rosane Collor ganhou um Fiat Elba do esquema PC. A descoberta ajudou a desvendar o laranjal que pagava as despesas pessoais do presidente Fernando Collor, eleito com a promessa de combater a corrupção.

Em tempo: sobre o Fiat Elba e a queda de Collor, ir à IstoÉ quando Mino Carta a dirigia: 

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Caminhoneiros travam Via Dutra contra decisão de Fux

Vem aí uma nova Greve?

Conversa Afiada, 10/12/2018
Empresas de transporte deixaram de repassar aos caminhoneiros o frete conquistado na Greve de maio (Reprodução: Foco Regional de Volta Redonda)

Do portal A Voz da Cidade, de Barra Mansa-RJ:


(...) caminhoneiros deram início a mais uma paralisação na Via Dutra na manhã desta segunda-feira, 10. Eles estão concentrados na altura dos Km 275 e 281 da rodovia, tendo gerado cerca de seis quilômetros de congestionamento no sentido Rio. A paralisação teve inicio por volta das 5h19min, havendo uma interdição total da pista no km 275, mas às 7h23 a faixa da esquerda foi liberada (...) Segundo informações da Policia Rodoviária Federal, durante essa madrugada quatro caminhões teriam sido apedrejados.

(...) Dois caminhoneiros foram conduzidos pela PRF para a 90ª Delegacia de Polícia de Barra Mansa, mas já foram liberados.

(...) Na última quinta-feira, 6, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, determinou a suspensão da fiscalização com aplicação de multa por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para os veículos flagrados descumprindo a tabela do frete mínimo. Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga do Sul Fluminense (Sindicat), Francisco Wilde, (...) depois da decisão do ministro, as empresas pararam de repassar o frete que conquistaram na última paralisação no mês de maio.

De acordo com Wilde os caminhoneiros se concentrarão na altura da Flumidiesel, parando os caminhões que seguirem sentido Rio de Janeiro e, no posto Metano, os que estiverem indo sentido São Paulo. Ambos estão concentrados em Barra Mansa. "O movimento será em todo Brasil", disse.

O Fascismo é o último refúgio do Capitalismo em decomposição

Unidade, solidariedade e utopia para vencer a Direita!

Conversa Afiada, 10/12/2018


Reunidos para celebrar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em São Paulo nesta segunda-feira (10), representantes da esquerda latino-americana e europeia defenderam o aprofundamento da democracia, para além dos tradicionais marcos liberais, como forma de combater o avanço da extrema-direita fascista em todo o mundo. 

O euro-deputado pelo Partido Comunista Português, João Pimenta, o deputado do Parlasul e ex-chanceler da Argentina Jorge Taiana, o integrante do departamento internacional do Syriza (partido do campo democrático da Grécia) Nektarios Bougdanis, e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) identificaram o crescimento de formas políticas autoritárias como uma nova etapa, mais violenta e agressiva, da ofensiva capitalista, que se alimenta do ódio decorrente do agravamento das desigualdades criadas por essas mesmas estruturas. 

Esse "mal-estar" generalizado é então instrumentalizado pela mídia tradicional, que insufla o sentimento de ódio aos imigrantes, na Europa, ou contra aqueles que lutam pelos direitos dos desfavorecidos, para assim exterminar com todos aqueles que ousam questionar essa nova ordem neoliberal, que tenta se impor como hegemônica, desde a eclosão da crise econômica internacional de 2007. 
Portugal

Para o euro-deputado João Pimenta, o fascismo não é uma reação ao capitalismo, mas uma criação do capitalismo para intensificar a exploração e salvar o sistema. "É a expressão mais terrorista do poder monopolista". Segundo ele, os setores mais reacionários da classe dominante "apostam no fascismo" e na violência da guerra como "saídas" para o aprofundamento da crise que já dura mais de uma década. 

Ele diz que essa onda autoritária ataca "os mais elementares direitos políticos, sociais e humanos", e vão desde invasões a países soberanos, como a Síria, a bloqueios "ilegais e criminosos", como contra Cuba e Venezuela, até a militarização da questão dos refugiados, a perseguição a partidos comunistas, e ao apoio ao governo nazifascista da Ucrânia. Tudo isso em benefício dos interesses norte-americanos, que se articula localmente com setores das elites de cada país.

Pimenta afirma ainda que a imprensa é conivente com a ascensão da extrema-direita como forma de combater as forças políticas de esquerda que ocupam o poder, como no caso português. "É necessário reconhecer que reação, fascista e anticomunismo sempre andaram de mãos dadas. Não se trava o fascismo ignorando a luta de classes. Trava-se o avanço da extrema-direita organizando a luta dos trabalhadores pelos seus interesses, expondo a real natureza dessas forças e do sistema que as gera, as alimenta e as coloca no governo para afirmar da forma mais brutal o seu poder", afirmou o português. 

Para ele, o combate ao extremismo fascista deve ir além do repúdio e da indignação, e deve se converter em apoio às forças políticas que combatem as "as raízes socioeconômicas e ideológicas do monstro". Para o Brasil, ele defende a construção de uma "ampla frente democrática" para barrar a ascensão fascista representada pela eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência.
Argentina 

O argentino Jorge Taiana ressaltou que a América Latina foi a primeira região a sentir os avanços do neoliberalismo, ainda durante a década de 1990, bem como os latino-americanos foram os primeiros a reagirem a essa proposta ideológica que se baseia na destruição do Estado, e que agora emerge também em toda a Europa. 

"Sobretudo nos países desenvolvidos, essa onda neofascista é resultado da destruição neoliberal ao estado de bem-estar social. Foi isso que criou o mal-estar que hoje vemos nas ruas de Paris, e também na Holanda, na Bélgica. É o mesmo mal-estar que víamos na nossa região ao final do século 20", anotou Taiana. 

Segundo ele, esse desmantelamento ocorreu sem a devida resistência por parte da esquerda tradicional europeia, que renunciou à luta contra o avanço do sistema financeiro, perdendo assim o seu lugar de questionamento, crítica e transformação do status quo. Esse discurso de mudança foi agora apropriado pela direita fascista. 

O enfrentamento à escalada fascista, na visão do argentino, passa pela denúncia internacional das violações aos direitos humanos cometidas por essas forças intolerantes e, internamente, pelo reforço do trabalho de base, junto aos trabalhadores e movimentos sociais. "A forma de se contrapor ao fascismo é defender os trabalhadores, camponeses, o direito dos aposentados, estudantes, e de todos os movimentos sociais. Não podemos dar de presente à direita fascista a representação do mal-estar contra a globalização." 
Brasil

Para a deputada Maria do Rosário, na transição da ditadura para a democracia, o Brasil não foi capaz de construir uma cultura política capaz de barrar futuros avanços do autoritarismo. Segundo ela, em matéria de direitos humanos e enfrentamento ao fascismo, "é preciso ir até o fim".

"Instituímos uma Comissão Nacional da Verdade, mas não fomos até o fim. Não conseguimos dimensionar para o Brasil o que é a tortura. Deixamos também que a tortura, no período democrático, fosse praticada contra os pobres e os negros dentro das delegacias e dos presídios. Não enfrentamos até o fim o tema das violações dos direitos humanos. Sem uma cultura democrática, está aí o retrocesso. O fascismo se alimenta da tortura que pratica." 

Para Rosário, a extrema-direita, que ascende no Brasil e no mundo, desrespeita os direitos humanos desde o primeiro artigo da Declaração Universal, que diz que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos."

Ela também destacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um grande defensor dos direitos humanos, pelos programas de combate à fome e à pobreza, pelos esforços de erradicação do trabalho escravo, dentre outras ações. "Lula conseguiu instituir a ideia de que as pessoas têm direitos. Hoje ele é um preso político. Hoje os direitos humanos não estão mais em vigor, mesmo limitadamente. E a democracia está presa, junto com Lula, e nós precisamos libertá-la."
Grécia

Segundo o grego Nektarios Bougdanis, a atual ascensão da extrema-direita, também chamada na Europa de "alternativa de direita", "carrega todas as ideias repulsivas do racismo, da xenofobia, da homofobia, do sexismo", ao mesmo tempo em que e está alinhada com as políticas neoliberais defendidas pelo grande capital. 

Ele ressaltou que a experiência dos governos progressistas da América Latina – de figuras como Lula, o ex-presidente venezuelano Hugo Chavez, o atual presidente boliviano Evo Morales – serviram de "inspiração preciosa" para a esquerda europeia. 

Ele defendeu também a criação de "frente progressista internacional", aos moldes do que a esquerda europeia vem construindo com o Fórum Europeu de Forças Progressistas, que reúne do comunistas, verdes e social-democratas, com a função de realizar grandes conferências internacionais, além de articular esforços regionais. "É necessário achar respostas para as grandes questões do nosso tempo. Precisamos de unidade, solidariedade e manter a utopia."

(...)

Rússia manda aviões de guerra para proteger a Venezuela

Vai invadir, Bolsonaro?

Conversa Afiada, 10/12/2018
Estamos esperando o bolsomínimo... (Crédito: Aleksei Nikolsky/Sputnik)


A Rússia enviou para a Venezuela dois bombardeiros com capacidade nuclear para manobras militares conjuntas entre os dois países. Segundo o Ministério da Defesa venezuelano, esses exercícios servirão para "preparar a defesa do país caso seja necessário". No fim de semana, o governo chavista voltou a aumentar a retórica contra os Estados Unidos, a quem acusa de sabotagem econômica.

Os dois aviões Tu-160 chegaram ao aeroporto de Maiquetía, nos arredores de Caracas nesta segunda-feira, 10, depois de uma viagem de 10 mil quilômetros. Segundo o ministério de Defesa da Rússia, as aeronaves percorreram o espaço aéreo internacional "estritamente" dentro da lei e foram escoltados, em alguns momentos da viagem, por caças noruegueses.

Os aviões, que foram utilizados nas operações militares russas na Síria, foram acompanhados também de um avião cargueiro An-124 e de um avião de passageiros Il-62. O Tu-160 é capaz de carregar mísseis nucleares e convencionais com um alcance de até 5,5 mil quilômetros.

"Devemos dizer ao povo venezuelano e ao mundo que cooperamos (com a Rússia) em várias áreas e também nos preparando para a defesa da Venezuela até o último palmo de terra caso seja necessário", disse o ministro de Defesa venezuelano, Vladimir Padrino.

(...)

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