quarta-feira, 22 de março de 2017

Moro manda PF conduzir coercitivamente um blogueiro por vazamento e provoca uma onda de manifestações contrárias

Isso depois de tantos vazamentos seletivos ocorridos na Operação Lava Jato. Conheça o fato e as manifestações de politicos, jornalistas e da entidade de classe dos jornalistas



Na postagem de Renato Rovai, editor da Revista Fórum em o Golpe avança: Eduardo Guimarães foi levado pra PF da Lapa e está incomunicável, neste 21 de Março de 2017, foi relatado que "o blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, foi levado em condução coercitiva para a Superintendência da PF em São Paulo. Sua esposa, Tina, disse que a polícia chegou às 6h da manhã esmurrando, não permitiram que Edu contatasse advogado e reviraram toda a casa, levando computador, celulares, cadernos e todo o material de trabalho dele".

Pedro Serrano, advogado de Eduardo, teria conversado com outros colegas blogueiros e dito que se trata de uma atitude típica de momentos autoritários.

É um claro avanço da Lava Jato, que começa a se desmoralizar perante a sociedade, buscando calar os veículos independente e blogueiros que lhe fazem contraponto.

Este blogue defende a organização de um ato ainda hoje em defesa de Eduardo Guimarães e da liberdade de imprensa.





O juiz Sergio Moro se negou a explicar por que quebrou o sigilo da fonte do jornalista Eduardo Guimarães, que, mesmo sem diploma, edita o blog da Cidadania. Questionado pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, sobre a violação de uma garantia constitucional, ele se limitou a repetir um bordão da ditadura militar: "sem comentários".

A decisão foi condenada pela Fenaj, pela ex-presidente Dilma Rousseff e por jornalistas de várias tendências ideológicas.


Confira as principais manifestações contrárias a determinação da Justiça, através do juiz federal, Sérgio Moro. 



Damous: condução coercitiva de Guimarães foi "façanha arbitrária" da Lava Jato

Deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) criticou em vídeo a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães: "Mais um abuso, mais uma arbitrariedade, mais uma ilegalidade, das inúmeras que essa chamada Operação Lava Jato produz". Para Damous, que também é mestre em direito Constitucional e do Estado, o juiz federal Sérgio Moro, que autorizou a ação, age "fora da lei".  "Não há necessidade de diploma para ser jornalista. E a questão da fonte, do sigilo, todo mundo que trabalha com informação tem que resguardar a sua fonte", rebateu.


"As violações de direitos presentes nesse caso se dão em vários aspectos", diz o deputado federal Padre João (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que assina a nota com os vice-presidentes do colegiado, Paulo Pimenta e Nilto Tatto. "Além de violar o direito fundamental da liberdade de expressão e negar o sigilo da fonte, o juiz vale-se de sua posição para intimidar aqueles que denunciam a ilegalidade de suas práticas", critica o texto, em referência a Sergio Moro.


Jornalista e editor da revista Fórum, Renato Rovai, relata que o advogado do blogueiro Eduardo Guimarães, o criminalista Fernando Hideo Lacerda, se mostrou chocado com a quantidade de arbitrariedades cometidas na ação contra o editor do Blog da Cidadania, e que "nunca imaginou que chegássemos a este ponto no Brasil".  "em 2015 o ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, disse o seguinte para definir que é válido o sigilo de fonte: "O sigilo da fonte não é um privilégio de jornalistas, mas 'meio essencial de plena realização do direito constitucional de informar'", destaca Rovai.



A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) foram duros ao criticar a Polícia Federal pela condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães: "A Polícia Federal ataca a liberdade de imprensa e de expressão do blogueiro – a mesma PF que tem vazado informações seletivamente de acordo com os próprios interesses, sem levar em consideração os interesses da sociedade", dizem as entidades em nota. "O SJSP e a Fenaj expressam seu veemente repúdio à arbitrariedade da Polícia Federal, pois a condução coercitiva do blogueiro também representa um terrível precedente, que coloca em risco um dos mais importantes princípios do jornalismo – garantir o direito da população à informação".



Jornalistas Paulo Nogueira e Kiko Nogueira, editores do Diário do Centro do Mundo, criticaram o juiz Sérgio Moro pela condução coercitiva do advogado e blogueiro Eduardo Guimarães. "É um gesto concreto, de simbolismo claro. O que está sendo dito ao jornalismo que se opõe ao golpe é: calem a boca", disse Paulo Nogueira. "Um magistrado de primeira instância determina quais vazamentos valem e quais não valem. De tabela, decide que jornalista é quem está do seu lado", criticou Kiko Nogueira.


Condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, nesta terça-feira, 21, foi criticada pelo jornalista Ricardo Noblat, do Globo. "Jornalista que publica informações vazadas não comete crime. Ninguém mais do que a PF vaza informações que lhe interessam", disse o jornalista em sua conta no Twitter. Noblat também criticou o juiz Sérgio Moro por ter autorizado a condução de Eduardo Guimarães. "Agora, o juiz Moro, que autorizou a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, para depor  deve melhores explicações a respeito".



Jornalista George Marques, do site The intercept Brasil, ironizou em seu Twitter a ação da Polícia Federal no processo que resultou na condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, na manhã desta terça-feira. O motivo é a investigação da fonte que vazou para Guimarães a condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março do ano passado. A justificativa é de que Guimarães não seria jornalista. "Não sabia que a policia federal havia ganho o poder de definir quem pode e quem não pode ser jornalista. Já estão emitindo carteirinha tbm?", escreveu Marques.



Jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, também fez coro às críticas à condução coercitiva do blogueiro e advogado Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, determinada pelo juiz federal Sérgio Moro. "Um perigo enorme é criado quando a polícia detém jornalistas. A direita gosta de criticar a Venezuela, mas muitos defendem isso", disse Greenwald.



O Consultor Jurídico, o maior portal jurídico do Brasil, reforça as críticas à decisão do juiz Sérgio Moro, de querer arrancar à força do blogueiro Eduardo Guimarães quem lhe informou que o ex-presidente Lula seria alvo de condução coercitiva.  "Como o Judiciário não pode obrigar jornalistas a revelar suas fontes, o juiz Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, determinou a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães para que ele diga, em depoimento à Polícia Federal, quem passa informações ao seu blog", disse Pedro Canário, editor do Conjur. Ele lembra que o sigilo da fonte é "prerrogativa constitucional qualificada como garantia institucional da própria liberdade de expressão", segundo disse o ministro Celso de Mello.




Embora se coloque num campo ideológico oposto ao de Eduardo Guimarães, o jornalista Reinaldo Azevedo afirma que o editor do Blog da Cidadania foi alvo de uma arbitrariedade determinada por Sergio Moro. "Se a razão da condução foi o tal vazamento, trata-se de algo inaceitável. E não falo só por ele, mas também por mim e por todo mundo. Se aceito que se cometa uma arbitrariedade contra quem não gosto, ponho, é inevitável, uma corda no meu próprio pescoço", diz Reinaldo



Colunista Kennedy Alencar criticou o silêncio do juiz Sérgio Moro, que disse "sem comentários" sobre a polêmica condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães nesta terça-feira, 21. "Não é uma resposta razoável. São necessárias explicações mais detalhadas da parte de Moro. O sigilo da fonte é uma garantia constitucional. Quebrá-lo fere a liberdade de informação", diz Kennedy. "A Operação Lava Jato tem sido marcada por vazamentos. Não dá para adotar dois pesos e duas medidas em relação a quais vazamentos podem ou não ser tolerados por policiais, procuradores e juízes. Aceitar isso é flertar com perigosa tentação autoritária", afirmou.


Jornalista avalia que a condução coercitiva autorizada pelo juiz Sergio Moro contra o jornalista Eduardo Guimarães "foi um ato de vingança pessoal, que atropela normas fundamentais de direitos civis". ele afirma ainda que Moro agiu "de forma triplamente ilegal" ao "decretar a condução coercitiva de quem não se negou a depor. Obrigar uma pessoa a abrir mão de seu sigilo de fonte e agir contra uma pessoa com quem mantém uma disputa jurídica".





Jornalista Luis Costa Pinto engrossou o coro de críticas a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, feita nesta terça-feira, 21, por determinação do juiz Sérgio Moro. "O precedente aberto foi muito grave. Descemos não um degrau, mas 10 lances de escada na construção de um Estado Democrático de Direito. Sérgio Moro não podia ter estraçalhado com conquistas da sociedade civil", disse Costa Pinto em seu Facebook.  "Ele o fez. Haverá, em pouco tempo, quem o imite. Vivemos de recuos sobre recuos. Grave, muito grave


CIRO GOMES: MORO VIOLENTOU O DIREITO, AS LEIS E A DEMOCRACIA



Ciro Gomes é o primeiro presidenciável a protestar contra a decisão do juiz Sergio Moro de quebrar o sigilo da fonte do jornalista Eduardo Guimarães, violando uma garantia constitucional.

"Não posso calar diante da aberração que está acontecendo agora no Brasil: o juiz Sérgio Moro, violentando o direito, as leis e a democracia, mandou conduzir coercitivamente um blogueiro que o critica", afirmou Ciro.

"Os democratas e adeptos do estado de direito não podemos aceitar este ato arbitrário!".

terça-feira, 21 de março de 2017

Eduardp Guimarães: Não é Moro que define quem é ou não jornalista

Editor do Blog da Cidadania, que foi conduzido coercitivamente nesta terça-feira e teve o sigilo de suas fontes quebrado, assim como seus equipamentos de trabalho apreendidos, rebateu, por meio de sua defesa, nota do juiz Sergio Moro, que negou sua condição de jornalista, reconhecida pela Federação Nacional dos Jornalistas.

"A Defesa repudia a nota oficial da Justiça Federal do Paraná, que, de maneira autoritária e contrariando o posicionamento do STF, pretende definir quem é ou não jornalista de acordo com juízos de valor sobre as informações e opiniões veiculadas em determinado meio de comunicação. Condicionar a qualificação de 'informação jornalística' ao conteúdo das manifestações não tem outro nome: é censura".

A decisão de Moro foi repudiada pela presidente eleita Dilma Rousseff, pelo presidenciável Ciro Gomes e por dezenas de jornalistas, das mais variadas tendências.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Punir corruptos é uma coisa. Arruinar a economia e quebrar empresas, outra


"Há mais um elemento a corroborar a suspeita de sabotagem à indústria nacional: segundo o ministério da agricultura, as denúncias envolvendo o setor de produção de carne já têm mais de sete anos. Por que, então, somente agora e neste contexto político marcado pelo desmonte de vários segmentos nacionais foi deflagrada a megaoperação policial?", diz o colunista Robson Sávio Reis Souza, ao comentar a Operação Carne Fraca.

"Uma coisa é apurar a participação de pessoas físicas em esquemas fraudulentos e puni-las nos limites da lei. Outra coisa, é transformar operações policiais em panfletagem midiática direcionada a acabar com o nome e a reputação das empresas, o que pode destruí-las. E, assim, destruir também uma das bases da economia".

Reinaldo diz que Moro passou a fazer política

Pena que ele só descobriu agora

Blogueiro de Veja comenta o vídeo em que o juiz agradece o apoio da população, na página criada por sua mulher na internet, "e sugere que, sem este, a história poderia ser outra".

"Todas essas ações têm nome. E o nome disso é política. É o que fazem os procuradores quando dão coletivas em off.

É o que faz Moro quando apela diretamente à população", diz Reinaldo Azevedo.

Segundo ele, "os porras-loucas desses três entes — PF, MPF e Judiciário — decidiram exercer o controle da política e dos políticos" no Brasil.

O que está podre nessa carne?


Cafezinho abre o jogo da PF

Conversa Afiada, 19/03/2017


O Conversa Afiada reproduz irretocável análise do Miguel do Rosário no Cafezinho:

Considerações e estatísticas sobre a Operação Carne Fraca
O problema da Operação Carne Fraca é o seguinte.

A Polícia Federal, claramente, esqueceu que a sua função é proteger o cidadão, as empresas e o governo.

A PF, ao invés disso, inverteu seu papel: tornou-se uma espécie de agência adversária da sociedade. Sua meta tem sido agredir o cidadão, destruir empresas e derrubar governos.

Se a PF identificou, há mais de dois anos, que havia problemas no mercado de carne, deveria ter alertado o governo, as empresas e os cidadãos, para que ninguém tivesse prejuízo. O governo não seria vítima de mais um processo de instabilidade, as empresas não estariam sujeitas a prejuízos bilionários, e os cidadãos não se arriscariam a consumir produtos de qualidade duvidosa.

É o mesmo problema que vimos na Operação Lava Jato. Enquanto os serviços de segurança de outros países entendem que sua missão é proteger as empresas nacionais e defender os interesses do país, o nosso sistema de repressão vê tudo com as lentes de um agente inimigo.

Alguns protestaram contra as preocupações de ordem econômica levantadas por analistas: ora, disseram eles, vocês queriam que o brasileiro continuasse comendo carne estragada?

Em primeiro lugar, sem exageros. A PF encontrou problemas em 21 unidades, num total de quase cinco mil empresas, e suspeita de crimes praticados por 33 servidores, num universo de 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura.

Não há notícia, até agora, de que a PF mandou recolher algum tipo de carne. As denúncias de “carne estragada”, portanto, estão apenas no campo da especulação, com base em conversas reservadas entre executivos.

Uma das denúncias, de que uma empresa misturava “papelão” às carnes, parece já ter caído por terra. Foi “mal entendido” da PF, que divulgou uma gravação, em que um executivo falava, na verdade, da embalagem do produto.

Um mal entendido que pode custar vários bilhões de dólares à nossa economia…

Do jeito que a PF e a mídia noticiaram a operação, a população brasileira ficou alarmada e compradores da carne brasileira, do mundo inteiro, também.

Ficou parecendo que a gente passou dois anos comendo carne estragada, o que não é verdade.

Os frigoríficos brasileiros, em seu esforço para ganhar os mercados mais exigentes do mundo, fizeram investimentos bilionários para aprimorar a qualidade da produção brasileira de carne.

Ninguém é santo e não se deve pôr a mão no fogo de ninguém. Mas houve sensacionalismo irresponsável sim. A PF de Curitiba, notoriamente, queria dar “outro susto” no governo.

Em virtude da personalidade do delegado responsável pela operação, que já conhecemos da Lava Jato, não seria nenhuma surpresa se essa violência toda foi motivada pela obsessão política para pegar Lula. Há anos que circulava a mentira, na internet, de que o filho de Lula seria um dos proprietários ocultos da Friboi. É possível que o delegado tenha suspeitado de que havia alguma veracidade nesse boato.

Não houvesse o impeachment, a PF e a mídia estaria usando essa operação como mais um instrumento para “derrubar” o governo.

Levantar o impacto econômico da operação e criticar o seu sensacionalismo é, obviamente, importante. Sem economia, não há cultura, não há política, não há impostos, não há vida.

Sem economia, não teremos nem como pagar a fiscalização necessária para supervisionar a qualidade da nossa carne.

Pensando nisso, O Cafezinho fez uma ampla pesquisa, junto a órgãos oficiais do governo brasileiro e dos EUA, para a gente ter uma ideia da importância da carne para a economia brasileira.

Não se trata apenas de comércio exterior. Carne significa proteína, principal nutriente para a vida humana. Qualquer desorganização do setor poder trazer insegurança alimentar não apenas para os nossos 206 milhões de habitantes, mas para o planeta inteiro, visto que bilhões de seres humanos, em todo mundo, dependem da carne brasileira.

Além disso, a concorrência internacional é feroz. E o nosso concorrente mais direto é os Estados Unidos, país cujos órgãos de segurança trabalham afinados para defender os interesses econômicos de suas empresas. Se você ler os boletins do Departamento de Agricultura dos EUA, verá que ele está repleto de análises e sugestões sobre como as empresas americanas de carne podem superar os seus concorrentes.

Vamos às estatísticas, que trazem números atualizados, compilados com exclusividade pelo Cafezinho.

São três tabelas. A primeira mostra o ranking mundial de produção, exportação e consumo doméstico de carne. Note que o Brasil é líder nos três itens. É grande produtor, grande exportador e grande consumidor.

Com isso, o Brasil é, naturalmente, alvo da cobiça internacional pelos três motivos. Os nossos concorrentes querem reduzir a nossa exportação, para diminuir o nosso market share e aumentar o deles. Querem tomar conta da nossa produção, adquirindo nossas empresas. E querem dominar o nosso mercado interno, um dos maiores do mundo.

Não estamos falando, portanto, apenas da nossa exportação de carnes, que gerou $ 14 bilhões de dólares em 2016, ou mais de 42 bilhões de reais, mas também de um dos maiores mercados do mundo, que movimenta centenas de bilhões de reais.

Observe, na tabela 2, que as exportações brasileiras de carnes cresceram fortemente desde 2002: mais de 344%.

Considerando apenas a exportação brasileira de carnes industrializadas, houve um crescimento de mais de 200%.

Na terceira tabela, note que a carne é o nosso terceiro item de exportação mais importante. O primeiro é soja, que os estrangeiros querem dominar através da liberação, pelo governo Temer, de vendas de terras a estrangeiros.

O minério de ferro nos foi tomado pela privatização da Vale.

Falta agora dominar a indústria brasileira de carnes. Observe que o valor agregado da carne é um dos maiores entre os produtos básicos exportados. A nossa soja é vendida por 378 dólares a tonelada. O ferro é entregue lá fora a 41 dólares a tonelada. O ferro é mais barato que o contêiner onde ele vai guardado.

A carne, porém, foi vendida em 2016 pelo preço médio de $ 2.121 dólares a tonelada, se considerarmos também o produto industrializado, e $ 2.053 dólares considerando apenas a carne em natura. É um produto caro, que gera muitos empregos, impostos e renda no Brasil.

A Polícia Federal e o Judiciário, por isso mesmo, deveriam tratar o setor com muito cuidado, protegendo suas empresas, defendendo o cidadão, e evitando transformar investigações importantes em mais um fator de desestabilização política.

O Judiciário, por sua vez, ao aprisionar R$ 1 bilhão das empresas, dificulta que elas resolvam seus problemas internos, o que pode levá-las a paralisar suas atividades, com consequências danosas para toda a cadeia produtiva da carne, o que irá se refletir no único setor da nossa economia que vínhamos mantendo longe da crise: a agropecuária.

Essa lógica da “pegadinha”, que o MPF inclusive quer transformar em regra, onde o objetivo é produzir um vilão e subsidiar a mídia com um espetáculo, não é o papel da PF ou do Judiciário.

Não se espere, contudo, da imprensa brasileira, que deveria estimular um debate de ideias fundamental para evitarmos esse tipo de coisa, nenhum bom senso. A própria mídia fomentou a subversão da Polícia Federal, do MP e do Judiciário, que se tornaram agências inimigas do próprio país. A mídia só está pensando em como faturar com a crise.

A matéria mais lida na Folha trata do potencial lucro da mídia com as necessárias operações de marketing que as empresas terão de fazer para recuperar os terríveis danos causados à sua imagem…






Não sei se estarei vivo em 2018, mas se for candidato, é para ganhar, disse Lula


Lula discursa em 'inauguração popular" da transposição do rio São Francisco | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (19), em Monteiro (PB), que os seus opositores "rezem" para que ele não seja candidato à Presidência em 2018. Em clima de campanha, o petista disse que querem evitar sua volta ao poder.

"Nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que o que eles querem é tentar evitar que eu seja candidato. E está longe para decidir candidatura. Só quando tiver convenção do partido", disse.

"Agora, Ricardo [Coutinho (PSB), governador da Paraíba], quero olhar para sua cara, olhar na cara desse povo, olhar na tua cara, Dilma [Rousseff], e dizer: eles [que] peçam a Deus para eu não ser candidato! Porque se eu for, é para ganhar (...) Porque sei colocar o povo para sonhar com emprego e a salário. Pelo amor de Deus, não prejudique o povo brasileiro ", declarou.

Ao lado de Dilma, de governadores, senadores e deputados que o apoiam, Lula fez a "inauguração popular" do eixo leste da transposição do rio São Francisco, que fora inaugurado oficialmente pelo presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 10.

A paternidade da obra, que começou a sair do papel em 2007, no primeiro governo Lula, virou tema de debate nos últimos dias.

Em se discurso hoje, o petista voltou a dizer que é vítima de perseguição política e judicial. "Vocês estão vendo o que querem fazer com esquerda, o que fizeram com a Dilma e o que estão tentado fazer comigo também. Só queria avisar, dar o recado para eles. De que, se eles quiserem brigar, vão brigar na rua para que o povo possa na verdade ser o senhor da razão nessa disputa", afirmou, sendo interrompido em vários momentos pelo público que o saudava.

Lula é réu em cinco processos e correr o risco de ficar inelegível em 2018 caso seja condenado em segunda instância. Ele também foi citado nas delações da Odebrecht, mas o conteúdo ainda não foi divulgado.


Multidão acompanha discursos dos ex-presidentes Lula e Dilma | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

"Digo todo santo dia: eu estou à espera de um empresário me denunciar. Que eles digam se tem um real na minha conta. Eu duvido que algum deles seja melhor ou igual a mim. Duvido! Aprendi a andar de cabeça erguida, de pescoço esticado, não por arrogância. Quero dizer para eles se querem me prejudicar criem vergonha", discursou.

Ao falar antes de Lula, Dilma afirmou que um "segundo golpe" está sendo articulado para impedir a candidatura do ex-presidente.


Dilma disse que "segundo golpe" está sendo articulado | Credito das fotos: Beto Macário/UOL

"Estou aqui para dizer, assim como vieram aqui e contaram mentiras da transposição, eles contarão mentiras para que não tenhamos eleições livres, abertas, amplas. Impedirão? Não! O povo desse país não suporta um segundo golpe. Esse segundo golpe é impedir que os candidatos populares sejam colocados à disposição do povo. O Lula é um desses. Vamos nos encontrar com a democracia. É o único jeito da gente lavar a alma do povo", disse Dilma.

Os dois ex-presidentes também receberam a medalha Epitácio Pessoa, que é a mais alta comenda da Assembleia Legislativa da Paraíba.

Antes, os dois passaram por Campina Grande, também na Paraíba, que será uma das cidades beneficiadas com as águas da transposição.
Paternidade da transposição 
 
O ex-presidente também cobrou a paternidade da obra de transposição. "Eles dizem agora que a obra não tem paternidade. Pois eu não tenho vergonha. Dilma, eu, Ricardo [Coutinho] e muitos outros temos orgulho de dizer: somos pai, irmão, tio, primo e sobrinho da transposição das águas do rio São Francisco. Temos orgulho."

"O eixo norte está parado desde que essa companheira [Dilma] foi golpeada. É preciso retomar as obras. É preciso que os 5% que faltam do eixo leste sejam feitos para gente não ver nordestino ir para São Paulo por conta da seca, tem que ir passear", afirmou o petista.

Lula ainda voltou a falar sobre a reforma da Previdência e disse que sabe a fórmula para evitar mudanças na legislação.

"Esse governo que está aí não tem noção do que significa a aposentadoria rural para o povo do Nordeste (...) Se eles quiserem ouvir e resolver, só tem uma saída [para a Previdência]: é gerar emprego e dar aumento do salário, e assim tornar a Previdência superavitária. Se eles doutores não sabem, me peçam conselho que eu sei como é que faz", declarou.

Para Lula, o pobre é a "solução". "A matemática é simples. Já provamos que, no primeiro mandato, que um pobre não é problema, é a solução. É problema quando ele não tem dinheiro para comprar um quilo de feijão, um chinelo, um pão, um caderno para o filho", finalizou.

Carlos Madeiro Colaboração para o UOL, em Monteiro (PB)

Lava Jato vai acabar com o Brasil antes de acabar com a corrupção



"Em três anos de atuação a única coisa que a Lava Jato conseguiu foi mostrar algo que as pessoas bem informadas já sabiam há muito tempo: que a relação entre governos e empresários é espúria.
Que não se faz negócios com o governo sem pagar pedágio; que não se faz doação eleitoral sem uma boa contrapartida. O que a Lava Jato conseguiu foi mostrar ao mundo que o Brasil é um país de corruptos", diz o colunista Alex Solnik.
"Lava Jato não melhorou o país, não melhorou a vida de um só brasileiro. Não encheu a barriga de ninguém. Trouxe o desemprego em massa como maior legado. E não vai acabar com a corrupção".

Barrar Lula no tapetão é golpear a esperança

 

Desde que ficou evidente o fracasso do golpe de 2016, que produziu a maior depressão econômica da história do Brasil e levou ao poder um governo repleto de investigados por corrupção, o projeto da direita brasileira passou a ser barrar a candidatura presidencial do ex-presidente Lula no tapetão judicial.
 
Para que isso ocorra, ele precisa ser condenado em primeira e segunda instância antes da próxima disputa presidencial.
 
No entanto, esse projeto esbarra num elemento novo: a resistência do povo brasileiro, que viveu, neste domingo, 19 de março de 2017, um dia histórico, com a inauguração popular da transposição do São Francisco.
 
A imagem captada pelo fotógrafo Ricardo Stuckert na cidade de Monteiro (PB) revela o que Lula representa para o povo sofrido do Brasil: a esperança de dias melhores.

Lula: querem me crucificar, mas vou lutar até o fim pelo povo nordestino



Num evento épico, em que água finalmente chegou ao sertão depois de mais de um século de espera, mais de vinte mil pessoas exaltaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente eleita, mas deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, que conceberam e executaram a transposição do São Francisco.
 
“O presidente Lula deixou um projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento", disse Dilma.
 
“Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era carcaças de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar a fome, não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não tínhamos cisternas para o homem da terra", lembrou o governador Ricardo Coutinho.
 
“Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus. Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou Lula, no ponto alto da festa.
 
“Se querem me crucificar, criem vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi. Essa gente não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste é ignorante, ignorantes são eles”, afirmou.

Mistério: por que a Folha escondeu os R$ 50 milhões de Aécio Neves?

Por que um assunto tão relevante para o Brasil não mereceu a primeira página do jornal? Se fosse Lula, Dilma ou alguém do PT seria igual?
 

Uma propina de R$ 50 milhões da Odebrecht e da Andrade Gutierrez ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) não mereceu a manchete da Folha, que preferiu esconder o assunto e apontar como tema principal da edição deste domingo uma suposta divisão dos nordestinos em relação à transposição do São Francisco, sem nenhum embasamento científico.
 
Curiosamente, o mesmo jornal que fez estardalhaço com os pedalinhos da ex-primeira-dama Marisa Letícia em Atibaia (SP) desta vez avaliou que R$ 50 milhões pagos no exterior não são um assunto tão relevante.