sábado, 12 de dezembro de 2020

A pandemia que já fecha hospitais não assusta o presidente e sua boiada

"Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai", escreve Gilvandro Filho

Brasil 247, 12/12/2020, 14:08 h Atualizado em 12/12/2020, 14:08
   Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa - PR)

Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia - Nessa sexta-feira, 11, centenas de mães e gestantes deixaram de atendidas pelo CISAM, o Centro de Saúde Amaury de Medeiros, hospital de referência da rede pública do Estado de Pernambucano. A “Maternidade da Encruzilhada”, carinhosa e respeitosamente assim conhecida, pelo bairro onde está localizada, na Zona Norte do Recife, suspendeu o seu atendimento e sabe-se lá quando vai reabrir – espera-se que logo. O motivo: boa parte do seu quadro de profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e funcionários, foi contaminado pelo Coronavírus e contraiu a Covid-19. Alguns, reinfectados.

No mesmo dia, o tenente reformado do Exército, que hoje ocupa, de maneira inadequada, o “comando” da Nação, passeava em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, entregando submarino cuja produção e investimento não tiveram o dedo dele. E, claro, dando entrevistas pra variar desastradas. Um dia antes, ele jactou-se de ser o Brasil o país que “melhor enfrentou” a pandemia que, segundo ele, está “no finzinho”. E não mencionou os 180 mil mortos pela doença que o Brasil alcançava, no mesmo dia. A cavilosa aparição do presidente da TV soou como um deboche, ao estilo de quase todas as suas aparições da mídia, seja qual for o motivo ou a pauta.


Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai. Para ele vale mais arregaçar as mangas na guerra política que mantém contra determinada vacina, de São Paulo, por sua origem ser chinesa.



Vale mais o vale tudo ideológico que inunda os cérebros ocos dos que o seguem, caninamente. Pouco importa o resto. Pouco importa a quantidade absurdamente crescente de brasileiros e brasileiros que predem as duas vidas por conta do “show” que o governo federal acha que deu no trato à maior tragédia sanitária da história da Humanidade.


Na mesma e esquecível semana que teve ainda um bizarra e inoportuna exposição de trajes do primeiro-casal no momento da possa, o presidente zerou a alíquota de importação de armas de fogo, dando prosseguimento ao seu projeto pessoal de armar a população “de bem”, sabe-se lá para que. A retirada de tributos para revólveres e pistolas atende ao lobby fortíssimo que tem na própria “família presidencial” os maiores interessados e os mais ativos porta-vozes. Basta ver as fotos costumeiras, aparentemente desnecessárias, do presidente e seus filhos, posando com vistosas armas na cintura.

Fotos que ilustram bem um país onde cresce o número de assassinatos à medida que se libera o bang-bang. O mesmo país onde se nega educação e saúde, pra não falar mais da segurança. O país que chegou, nessa mesma semana, ao milésimo dia de silêncio das autoridades sobre os mandantes da execução da vereadora Marielle Franco e do seu assessor Anderson Gomes. Crime praticado por elementos já presos, um deles vizinho de condomínio do presidente da República.

Sobre o CISAM, tema que abriu este texto, o Governo de Pernambuco divulgou nota oficial explicando: “O número de afastamento de profissionais nesta semana foi maior do que a capacidade de remanejamento. A reserva técnica atual é insuficiente para suprir a necessidade de 38 enfermeiros e 39 técnicos para recompor as escala”. O Estado, como a maioria da federação está exaurindo a oferta de leitos para pacientes de Covid-19. A “gripezinha” que, segundo o presidente e sua boiada, só assusta “bundões” e “maricas”.

Gilvandro Filho - Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?

Bolsonaro cogita demitir Ernesto Araujo e nomear o golpista Temer para o Itamaraty

Mirando a reeleição, governo pretende levar o MDB, partido tido como independente, para a órbita da aliança com Jair Bolsonaro

Brasil 247, 12/12/2020, 13:03 h Atualizado em 12/12/2020, 13:16
   Michel Temer e Jair Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters | Marcos Corrêa/PR)

Reportagem publicada no portal Veja indica que Michel Temer, que assumiu a presidência após um golpe de estado, é tratado pelo governo como um personagem central para emplacar uma estratégia de ampliar seu leque de apoio político e pavimentar o caminho para a reeleição, em 2022. Temer foi até sondado a ocupar um ministério no governo de Jair Bolsonaro.

A reportagem diz que a proposta, recebida de maneira oficiosa, foi transmitida por Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência e braço direito de Bolsonaro. Em conversa recente, Rochinha indagou o ex-presidente s ele aceitaria assumir o Itamaraty, hoje ocupado por Ernesto Araújo. A solução destravaria dois nós do governo: poderia ser uma solução para levar o MDB, partido tido como independente, para a órbita da aliança com Bolsonaro, ao mesmo tempo em que limaria Araújo do cargo, tirando de cena um importante foco de instabilidade dentro do Executivo.

Após 180 mil mortes, Bolsonaro diz que “liberdade vale mais do que a própria vida”

Em meio à pandemia do novo coronavírus, que já causou 180 mil mortes no Brasil, Bolsonaro voltou mais uma vez a diminuir o fato, dizendo que a “população deve evitar pânico” e que “liberdade das pessoas vale mais do que a própria vida”

Brasil 247, 12/12/2020, 13:58 h Atualizado em 12/12/2020, 14:40
    Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)

Reuters - Jair Bolsonaro afirmou nesse sábado que a população não deve ser tomada pelo pânico e frisou que a liberdade das pessoas vale mais do que a própria vida.

Em meio ao avanço da pandemia de Covid-19 no país, com aumento de casos e óbitos e adoção de medidas restritivas por parte dos governos locais, o presidente da República não falou diretamente sobre a doença.

“Não deixem que pânico nos domine, a nossa liberdade não tem preço, ela vale mais que a nossa própria vida”, afirmou ele em um breve discurso em um formatura da Marinha.




O presidente Bolsonaro ainda fez no discurso uma citação a uma passagem bíblica ao afirmar que “se te mostras fraco no dia da angústia é que tua força é pequena”, mencionando o provérbio “quando o Estado avança sobre direitos e liberdades individuais, dificilmente ele recua”.

Participaram do evento, o vice-presidente, Hamilton Mourão, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa.

A trajetória de Napoleão, o despertar do povo brasileiro e o futuro de Lula


Viomundo, 10/12/2020 - 18h13  FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint
                                Fotos: Wikimedia Commons e Ricardo Stuckert

Vivaldo Barbosa*

Napoleão Bonaparte foi amado e odiado, vitorioso e derrotado. Mas sempre lembrado. Uma das maiores personalidades de toda a História.

Depois de atingir o ápice de suas vitórias, conquistas, glória, Napoleão começou seu calvário ao ser derrotado em Leipzig e teve que voltar para casa.

Seus adversários vieram em seu encalço, invadiram a França, entraram em Paris. Antes, em 1812, Napoleão entrou em Moscou.

Depois, em 1814, o Czar Alexandre entrou em Paris. Napoleão foi enxotado para a Ilha de Elba. Em seu caminho foi xingado, enxovalhado, vaiado.

Menos de um ano depois, Napoleão volta à França, vai recebendo adesões de seus ex-soldados, de seus exércitos, do povo e até da classe política que o havia destronado.

Todos passaram a lembrar-se do bem que havia feito à França e aos franceses, diante do descalabro e da catástrofe que foram seus sucessores.

As ideias e os feitos da Revolução Francesa que Napoleão havia ajudado a propagar e levar para o mundo, o orgulho nacional afirmado, os benefícios alcançados pelo povo, o bem estar geral, a dignidade de um povo e de um País, o Código Civil, em meio a erros e contradições em que ele se meteu. O povo francês o elegeu novamente em plebiscito nacional.

Durou pouco, Cem Dias, veio Waterloo, a pá de cal, e as forças estrangeiros o derrubaram de vez.

À medida que o tempo foi passando, o prestígio de Napoleão foi sendo recuperado, o seu papel para a França e os franceses foi sendo melhor compreendido, voltou a ser amado e reconhecido até por críticos anteriores.

Em todos os cantos, nos diversos extratos sociais, acima de tudo no povo, o amor a Napoleão era cada vez mais forte. E por toda a Europa e em diversas partes do mundo. Ao lado de ódios intransponíveis, claro.

Após décadas, seus restos mortais voltaram para a França e ele foi recolocado como o grande herói, a grande referência na França. Mesmo com sérios defeitos que carregava.

Lula, no Brasil, foi amado intensamente, saiu do governo com mais de 80% de aprovação, mas sofreu ataques virulentos, viveu o seu calvário por um judiciário parcial, acovardado, com conexões com os Estados Unidos e inteiramente entregue aos meios de comunicação.

Chegou ao disparate de ser preso para que pudessem tomar o poder para realizar o projeto conservador, fisiológico, entreguista, de retirada de direitos que se abateu sobre o Brasil e o nosso povo.

Hoje, tudo isso é um fracasso: um governo inerte, deixando o brasileiro naufragar na pandemia, o projeto neoliberal dá mostras que não resolve os dramas da nação e o sofrimento do povo. Como em todas as épocas, em todos os lugares.

Incompetentes e até tresloucados governam, colocam-se submissos aos interesses dos Estados Unidos e dos grupos econômicos.

O conservadorismo, e seu braços mais forte de atuação política, os meios de comunicação, vivem dilemas: dizem não gostar do Bolsonaro mas amam seu governo neoliberal, entreguista e concentrador.

Não encontram saída: o herói que fabricaram está se desmanchando. Só lhes resta continuar massacrando Lula e mantê-lo fora, exilado ou em Elba ou em Santa Helena, para onde mandaram Napoleão.

O povo está percebendo, lembrando-se do que foi feito de melhor para a vida dele e de quem o fez: o aumento dos salários, a superação da pobreza e da miséria, avanços na educação, em ciências, os filhos nas escolas técnicas e nas faculdades, mais comida na mesa, água para os nordestinos, mais casas para muitas famílias.

O orgulho de um Brasil que caminhava, que podia dar certo. E de outras coisas.

Isto é lento, o poder dos meios de comunicação e de quem manda no Brasil é muito forte, mas vem vindo com força irreversível, incontrolável.

As eleições agora foram por questões locais.

As próximas, nacionais, vão tocar na vida do brasileiro e ele vai se lembrar da vida que começou a ter e da desgraça que veio depois.

O povo vai reconhecendo de maneira cada vez mais forte o papel que Lula teve na sua vida. Esperem e verão.

* Vivaldo Barbosa é advogado, professor e coordenador do Movimento O Trabalhismo. Brizolista e trabalhista histórico, foi deputado federal constituinte pelo PDT e secretário da Justiça de Brizola.

Aldo Fornazieri: Esquerda com lógica bolsonarista cometeu erros que na Europa teriam derrubado direções partidárias



Reprodução

Viomundo, 10/12/2020 - 08h10   FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint

A entrevista

Da Redação

“O partido está acéfalo”.

“O PT precisa ser resgatado, sequestrado que está pela burocracia”.

“É certo dizer que a sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Tudo mudou. Os dirigentes e políticos do PT também mudaram. Só que para pior.”

Com frases assim ácidas, o sociólogo e professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP), Aldo Fornazieri, provocou uma reação igualmente aguda da militância do PT.

Não foi o único, depois do fracasso do partido nas eleições municipais de 2020.

O professor Marcos Coimbra acredita que as eleições foram atípicas, por causa da pandemia: a esquerda não pode fazer o que faz melhor, que é militar nas ruas.

Em outro extremo, integrantes de tendências do PT chegaram a pedir a mudança da direção da sigla, o que a presidenta Gleisi Hoffmann classificou como “golpe”.

O ex-presidente Lula chamou para si a responsabilidade pelas decisões tomadas.

Aldo pontua, no entanto, que é comum na Europa a troca de direções partidárias depois de resultados eleitorais negativos.

As críticas de Aldo, como você mesmo pode ver na entrevista acima, não são dirigidas a Lula, nem mesmo exclusivamente ao PT.

Ele acha que a lógica da esquerda em geral tem ecos de bolsonarismo, quando se tenta interditar o debate sobre o fracasso relativo dela nas recentes eleições.

Critica caciques como o ex-governador baiano Jaques Wagner, que já se lançou pré-candidato ao Planalto.

E sugere que dirigentes do PT, Psol e PCdoB desconheçam o palavrório de Ciro Gomes, pois Aldo ainda vê no horizonte a possibilidade de uma frente de esquerda que atraia o PDT e o PSB — seria a única saída para evitar uma disputa entre João Doria e Jair Bolsonaro no segundo turno em 2022.

Fornazieri está longe de ser antipetista, foca suas críticas no PT por ser o maior partido de esquerda do Brasil e um dos maiores do mundo.

Ele acredita que a máquina partidária está sob controle dos mandatos, cuja lógica é não balançar o barco e tentar se reproduzir na próxima eleição.

E agora, segundo o sociólogo, é hora de balançar o barco.

Jair de Souza: Um raio xis dos EUA, “O Monstro e suas entranhas”



Wikipedia

Viomundo, 11/12/2020 - 15h17   FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint

por Jair de Souza

Está disponível para acesso ao público através do portal do Ministério das Comunicações da Venezuela (www.minci.gob.ve) o monumental livro do historiador venezuelano Vladimir Acosta, El Monstruo y sus entrañas (O monstro e suas entranhas).

Nesta extensa obra de mais de 780 páginas, Vladimir Acosta desenvolve uma profunda análise crítica dos Estados Unidos, como sociedade e como Estado, desde seus primórdios até a atualidade.

Embora faça uso de uma linguagem de fácil compreensão para o grande público, o autor se atém ao tradicional rigor histórico que caracteriza seus trabalhos .

Apoiando-se em fontes oriundas dos principais próceres e estudiosos dessa nação, vão sendo reveladas as principais características da sociedade estadunidense: seu acentuado fundamentalismo religioso, seu etnocentrismo, seu sentimento de superioridade de “povo escolhido”, seu racismo intrínseco e, como consequência, sua vocação imperialista.

O livro somente está disponível, por enquanto, em sua versão original em espanhol. Mas, vale muito a pena o esforço de leitura, pois o conteúdo apresentado e o nível da abordagem empregada estão em condições de satisfazer as expectativas dos estudiosos mais exigentes.

El Monstruo y sus entrañas — link para download:
https://bit.ly/2ID0XOX

Mandetta diz que avisou Bolsonaro sobre as 180 mil mortes – e ele o demitiu com raiva pelo aviso

“Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, afirmou o ex-ministro

Brasil 247, 12/12/2020, 07:29 h Atualizado em 12/12/2020, 07:29
   Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta (Foto: Reuters)

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, que avisou Jair Bolsonaro sobre as 180 mil mortes que o Brasil teria em 2020, em decorrência da covid-19. “Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, afirma.

“Eu tentava puxar ele logo para a fase proativa. Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber a responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa”, aponta. 

Saiba mais em reportagem da Reuters:



SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil ultrapassou nesta sexta-feira a marca de 180 mil mortes em decorrência da Covid-19, com o registro de 646 novos óbitos elevando o total de vítimas fatais da doença no país a 180.411, informou o Ministério da Saúde.

Também foram notificados 53.030 novos casos de coronavírus no Brasil, que engata o quarto dia consecutivo com mais de 50 mil infecções reportadas e atinge um total de 6.834.829, segundo a pasta.

Nesta semana, conforme os dados do governo, a contagem diária de novos casos ficou abaixo da marca de 50 mil apenas no domingo e segunda-feira, dias em que tradicionalmente há notificações reduzidas em função do represamento de testes aos finais de semana.

Estado mais afetado pela doença no país, São Paulo atingiu nesta sexta as marcas de 1.325.162 casos e 43.802 mortes.

Em entrevista coletiva, o secretário de Saúde paulista, Jean Gorinchteyn, indicou que nas últimas três semanas houve incrementos de 23,6% na média diária de casos, de 15,5% na média de internações e de 30,3% na média de óbitos no Estado.

Segundo ele, o movimento faz parte de um repique global da Covid-19. “Não é só o Brasil, não é só São Paulo que apresentou a recrudescência no número de casos”, afirmou, citando dados de países europeus e dos Estados Unidos.

O Brasil é o segundo país com maior número de mortes por coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro em casos, abaixo dos EUA e da Índia.

Justiça arquiva investigação contra Lula e seu filho Luis Cláudio em caso fake envolvendo Odebrecht

Judiciário de São Paulo determinou o arquivamento da investigação aberta contra o ex-presidente Lula e seu filho, Luis Claudio Lula da Silva, a partir da delação da Odebrecht. É a sétima investigação contra Lula que é arquivada em diferentes frentes da Justiça

Brasil 247, 11/12/2020, 09:00 h Atualizado em 11/12/2020, 09:14
   Lula e fachada da Odebrecht (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

O juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal de São Paulo, determinou nesta semana o arquivamento da investigação aberta contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho Luis Claudio Lula da Silva a partir da delação premiada de Alexandrino Alencar, executivo da Odebrecht, e de Emílio Odebrecht e Os delatores falaram sobre aportes à empresa Touchdown, do filho de Lula. 

O Judiciário entendeu que não estariam configurados os crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro porque Lula, na época dos fatos, não ocupava cargo público.

É a sétima investigação contra Lula que é encerrada por falta de provas. O ex-presidente foi condenado apenas em processos abertos na Operação Lava Jato de Curitiba, conduzidos pelo então juiz Sergio Moro.



O Supremo Tribunal Federal ainda analisará a suspeição de Moro e poderá anular essas condenações.

A informação sobre a decisão judicial foi publicada pela coluna Radar.

ABIN e GSI funcionam como órgãos auxiliares do Escritório do Crime

"Bolsonaro e os militares que colonizaram o aparelho de Estado, deslumbrados com o poder, já não distinguem o público do privado; o legal do criminoso. Aparelharam o Estado brasileiro num nível inaudito – muito mais profundo, até mesmo, que durante a ditadura de 1964/1985", diz o colunista Jeferson Miola

Brasil 247, 12/12/2020, 05:14 h Atualizado em 12/12/2020, 05:14
   Flávio e Jair Bolsonaro (Foto: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL)

Uma “guerra de bugios” é travada entre as facções da extrema-direita – a Globo/Moro-lavajatista e a bolsonarista – desde que Sérgio Moro se demitiu do ministério da Justiça.

Nesta guerra entre as 2 facções criminosas, o bando do Sérgio Moro ganhou pontos com a revelação de que a ABIN e o GSI agiram para acobertar a milícia Escritório do Crime e salvar Flávio Bolsonaro dos processos nos quais ele responde por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção.

O escândalo confirma que a obsessão de Bolsonaro em aboletar o diretor da ABIN Alexandre Ramagem na direção da Polícia Federal tinha como fundamento a proteção do clã miliciano e dos seus múltiplos negócios criminosos.




Bolsonaro e os militares que colonizaram o aparelho de Estado, deslumbrados com o poder, já não distinguem o público do privado; o legal do criminoso. Aparelharam o Estado brasileiro num nível inaudito – muito mais profundo, até mesmo, que durante a ditadura de 1964/1985.

Eles mantêm controle total das instituições e manietam órgãos de investigação, influenciam nomeações nos MPs estaduais, controlam o procurador-geral da República e recebem toda sorte de “deferências” nos tribunais, como na esdrúxula decisão do ex-presidente do STJ que livrou da prisão preventiva o sócio do clã miliciano Queiroz e sua esposa.

Casos escabrosos, como o tráfico internacional de 39 kg de cocaína no AeroCoca da FAB; os atentados à Constituição e a ameaça de intervenção militar; o laranjal do PSL; o atentado terrorista contra o Porta dos Fundos; o assassinato da Marielle; a espionagem de opositores; o depósito de R$ 89 mil do Queiroz na conta da 1ª-miliciana Michele; casos como dos familiares de milicianos empregados nos gabinetes do clã miliciano, da vizinhança tinhosa do Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra etc, são abduzidos do noticiário e engavetados com notável rapidez pelos órgãos judiciais e de investigação.

A “face visível” da atuação dos militares no governo – maioria dos ministérios, quase 7 mil cargos públicos, controle de estatais etc – é catastrófica. A gestão genocida da pandemia, o colapso energético no Amapá e o desmanche econômico do país e da soberania nacional são evidências muito vivas disso.

A “face oculta” da atuação dos militares citada acima, contudo, que se reflete na tutela das instituições e na orquestração da guerra híbrida, não é menos catastrófica e não é menos letal à democracia e ao Estado de Direito que a barbárie, o racismo e o extermínio que suas políticas produzem.

O governo [militar] do Bolsonaro age da mesma maneira que a ditadura agia: espiona, fabrica dossiês e persegue professores, ativistas, servidores públicos, intelectuais, jornalistas e opositores do regime.

O governo militar rompe o estatuto republicano, controla e aparelha as instituições de Estado e as direciona para atender interesses particulares e dos autocratas no poder.

Neste contexto, a ABIN e o GSI não funcionam como órgãos de Estado, porque com a tomada de assalto do poder pelo clã miliciano com os militares, estas instituições foram convertidas em verdadeiras repartições do Escritório do Crime no Estado brasileiro – funcionam como órgãos auxiliares da milícia Escritório do Crime.

A oligarquia dominante, canalha na sua essência, que golpeou a democracia para impedir a eleição do Lula para conseguir finalmente tomar o poder com milicianos e militares porque através da via eleitoral foi derrotada, tem nas suas mãos a responsabilidade de tomar a única decisão que este escândalo comporta, que é o impeachment do genocida Bolsonaro e a prisão de todos envolvidos neste crime contra a República e a democracia.

Afinal, é esta oligarquia – canalha na sua essência, vale repetir – que detém o poder total: tem poderes plenos para dar o destino que os criminosos merecem, porque domina o parlamento, a política, a mídia, as finanças e o judiciário.
Relatórios para defender Flávio Bolsonaro podem ter sido produzidos por Abin paralela dentro própria agência, aponta reportagem do portal The Intercept Brasil divulgada neste sábado (12)

Brasil 247, 12/12/2020, 10:52 h Atualizado em 12/12/2020, 11:08
   Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz (Foto: Reprodução)

The Intercept Brasil - Os relatórios produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência para alimentar a defesa de Flávio Bolsonaro são um indício de que há um aparato clandestino de espionagem e polícia política funcionando nos porões do governo Jair Bolsonaro.

O colunista Guilherme Amado, da revista Época, publicou reportagem nesta sexta-feira mostrando que a Abin produziu pelo menos dois relatórios. Eles instruíram Flávio Bolsonaro e seus advogados sobre como agir para conseguir documentos capazes de anular o processo judicial a que o senador responde pela acusação de desviar salários de funcionários de gabinete. 

O caso conhecido como o das rachadinhas envolve o ex-assessor Fabrício Queiroz, amigo do presidente da República, preso em junho na casa do advogado Frederick Wassef, que trabalhou para Jair Bolsonaro e para o próprio Flávio.




Nesses dois documentos, segundo a Época, a Abin descreve o que diz ser uma organização criminosa na Receita Federal, de onde partiram as informações que deram início à investigação. O objetivo dos relatórios era contribuir com a tese da defesa de Flávio de que houve uma devassa ilegal dos dados fiscais dele. Um dos relatórios traz no campo destinado a esclarecer sua finalidade a descrição “Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”, segundo a Época.

A existência de uma Abin clandestina era uma suspeita alimentada há tempos em Brasília. Ela existia publicamente desde que o próprio presidente Bolsonaro revelou ter um "sistema particular de informações" em uma reunião com ministros. Agora, a história ganha um novo caminho para a possível descoberta desse aparato ilegal.

Nesta sexta-feira, o Intercept conversou com uma fonte da Abin, que deu detalhes do caso. A fonte revelou que tanto ela como seus colegas desconfiam da mesma pessoa como sendo a responsável pelo relatório. Trata-se de Marcelo Bormevet, um policial federal cedido à agência que é também um bolsonarista entusiasmado nas redes sociais.

Leia a íntegra da matéria no portal The Intrercept Brasil