sábado, 12 de dezembro de 2020

Aldo Fornazieri: Esquerda com lógica bolsonarista cometeu erros que na Europa teriam derrubado direções partidárias



Reprodução

Viomundo, 10/12/2020 - 08h10   FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint

A entrevista

Da Redação

“O partido está acéfalo”.

“O PT precisa ser resgatado, sequestrado que está pela burocracia”.

“É certo dizer que a sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Tudo mudou. Os dirigentes e políticos do PT também mudaram. Só que para pior.”

Com frases assim ácidas, o sociólogo e professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP), Aldo Fornazieri, provocou uma reação igualmente aguda da militância do PT.

Não foi o único, depois do fracasso do partido nas eleições municipais de 2020.

O professor Marcos Coimbra acredita que as eleições foram atípicas, por causa da pandemia: a esquerda não pode fazer o que faz melhor, que é militar nas ruas.

Em outro extremo, integrantes de tendências do PT chegaram a pedir a mudança da direção da sigla, o que a presidenta Gleisi Hoffmann classificou como “golpe”.

O ex-presidente Lula chamou para si a responsabilidade pelas decisões tomadas.

Aldo pontua, no entanto, que é comum na Europa a troca de direções partidárias depois de resultados eleitorais negativos.

As críticas de Aldo, como você mesmo pode ver na entrevista acima, não são dirigidas a Lula, nem mesmo exclusivamente ao PT.

Ele acha que a lógica da esquerda em geral tem ecos de bolsonarismo, quando se tenta interditar o debate sobre o fracasso relativo dela nas recentes eleições.

Critica caciques como o ex-governador baiano Jaques Wagner, que já se lançou pré-candidato ao Planalto.

E sugere que dirigentes do PT, Psol e PCdoB desconheçam o palavrório de Ciro Gomes, pois Aldo ainda vê no horizonte a possibilidade de uma frente de esquerda que atraia o PDT e o PSB — seria a única saída para evitar uma disputa entre João Doria e Jair Bolsonaro no segundo turno em 2022.

Fornazieri está longe de ser antipetista, foca suas críticas no PT por ser o maior partido de esquerda do Brasil e um dos maiores do mundo.

Ele acredita que a máquina partidária está sob controle dos mandatos, cuja lógica é não balançar o barco e tentar se reproduzir na próxima eleição.

E agora, segundo o sociólogo, é hora de balançar o barco.

Jair de Souza: Um raio xis dos EUA, “O Monstro e suas entranhas”



Wikipedia

Viomundo, 11/12/2020 - 15h17   FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint

por Jair de Souza

Está disponível para acesso ao público através do portal do Ministério das Comunicações da Venezuela (www.minci.gob.ve) o monumental livro do historiador venezuelano Vladimir Acosta, El Monstruo y sus entrañas (O monstro e suas entranhas).

Nesta extensa obra de mais de 780 páginas, Vladimir Acosta desenvolve uma profunda análise crítica dos Estados Unidos, como sociedade e como Estado, desde seus primórdios até a atualidade.

Embora faça uso de uma linguagem de fácil compreensão para o grande público, o autor se atém ao tradicional rigor histórico que caracteriza seus trabalhos .

Apoiando-se em fontes oriundas dos principais próceres e estudiosos dessa nação, vão sendo reveladas as principais características da sociedade estadunidense: seu acentuado fundamentalismo religioso, seu etnocentrismo, seu sentimento de superioridade de “povo escolhido”, seu racismo intrínseco e, como consequência, sua vocação imperialista.

O livro somente está disponível, por enquanto, em sua versão original em espanhol. Mas, vale muito a pena o esforço de leitura, pois o conteúdo apresentado e o nível da abordagem empregada estão em condições de satisfazer as expectativas dos estudiosos mais exigentes.

El Monstruo y sus entrañas — link para download:
https://bit.ly/2ID0XOX

Mandetta diz que avisou Bolsonaro sobre as 180 mil mortes – e ele o demitiu com raiva pelo aviso

“Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, afirmou o ex-ministro

Brasil 247, 12/12/2020, 07:29 h Atualizado em 12/12/2020, 07:29
   Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta (Foto: Reuters)

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, que avisou Jair Bolsonaro sobre as 180 mil mortes que o Brasil teria em 2020, em decorrência da covid-19. “Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, afirma.

“Eu tentava puxar ele logo para a fase proativa. Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber a responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa”, aponta. 

Saiba mais em reportagem da Reuters:



SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil ultrapassou nesta sexta-feira a marca de 180 mil mortes em decorrência da Covid-19, com o registro de 646 novos óbitos elevando o total de vítimas fatais da doença no país a 180.411, informou o Ministério da Saúde.

Também foram notificados 53.030 novos casos de coronavírus no Brasil, que engata o quarto dia consecutivo com mais de 50 mil infecções reportadas e atinge um total de 6.834.829, segundo a pasta.

Nesta semana, conforme os dados do governo, a contagem diária de novos casos ficou abaixo da marca de 50 mil apenas no domingo e segunda-feira, dias em que tradicionalmente há notificações reduzidas em função do represamento de testes aos finais de semana.

Estado mais afetado pela doença no país, São Paulo atingiu nesta sexta as marcas de 1.325.162 casos e 43.802 mortes.

Em entrevista coletiva, o secretário de Saúde paulista, Jean Gorinchteyn, indicou que nas últimas três semanas houve incrementos de 23,6% na média diária de casos, de 15,5% na média de internações e de 30,3% na média de óbitos no Estado.

Segundo ele, o movimento faz parte de um repique global da Covid-19. “Não é só o Brasil, não é só São Paulo que apresentou a recrudescência no número de casos”, afirmou, citando dados de países europeus e dos Estados Unidos.

O Brasil é o segundo país com maior número de mortes por coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro em casos, abaixo dos EUA e da Índia.

Justiça arquiva investigação contra Lula e seu filho Luis Cláudio em caso fake envolvendo Odebrecht

Judiciário de São Paulo determinou o arquivamento da investigação aberta contra o ex-presidente Lula e seu filho, Luis Claudio Lula da Silva, a partir da delação da Odebrecht. É a sétima investigação contra Lula que é arquivada em diferentes frentes da Justiça

Brasil 247, 11/12/2020, 09:00 h Atualizado em 11/12/2020, 09:14
   Lula e fachada da Odebrecht (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

O juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal de São Paulo, determinou nesta semana o arquivamento da investigação aberta contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho Luis Claudio Lula da Silva a partir da delação premiada de Alexandrino Alencar, executivo da Odebrecht, e de Emílio Odebrecht e Os delatores falaram sobre aportes à empresa Touchdown, do filho de Lula. 

O Judiciário entendeu que não estariam configurados os crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro porque Lula, na época dos fatos, não ocupava cargo público.

É a sétima investigação contra Lula que é encerrada por falta de provas. O ex-presidente foi condenado apenas em processos abertos na Operação Lava Jato de Curitiba, conduzidos pelo então juiz Sergio Moro.



O Supremo Tribunal Federal ainda analisará a suspeição de Moro e poderá anular essas condenações.

A informação sobre a decisão judicial foi publicada pela coluna Radar.

ABIN e GSI funcionam como órgãos auxiliares do Escritório do Crime

"Bolsonaro e os militares que colonizaram o aparelho de Estado, deslumbrados com o poder, já não distinguem o público do privado; o legal do criminoso. Aparelharam o Estado brasileiro num nível inaudito – muito mais profundo, até mesmo, que durante a ditadura de 1964/1985", diz o colunista Jeferson Miola

Brasil 247, 12/12/2020, 05:14 h Atualizado em 12/12/2020, 05:14
   Flávio e Jair Bolsonaro (Foto: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL)

Uma “guerra de bugios” é travada entre as facções da extrema-direita – a Globo/Moro-lavajatista e a bolsonarista – desde que Sérgio Moro se demitiu do ministério da Justiça.

Nesta guerra entre as 2 facções criminosas, o bando do Sérgio Moro ganhou pontos com a revelação de que a ABIN e o GSI agiram para acobertar a milícia Escritório do Crime e salvar Flávio Bolsonaro dos processos nos quais ele responde por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção.

O escândalo confirma que a obsessão de Bolsonaro em aboletar o diretor da ABIN Alexandre Ramagem na direção da Polícia Federal tinha como fundamento a proteção do clã miliciano e dos seus múltiplos negócios criminosos.




Bolsonaro e os militares que colonizaram o aparelho de Estado, deslumbrados com o poder, já não distinguem o público do privado; o legal do criminoso. Aparelharam o Estado brasileiro num nível inaudito – muito mais profundo, até mesmo, que durante a ditadura de 1964/1985.

Eles mantêm controle total das instituições e manietam órgãos de investigação, influenciam nomeações nos MPs estaduais, controlam o procurador-geral da República e recebem toda sorte de “deferências” nos tribunais, como na esdrúxula decisão do ex-presidente do STJ que livrou da prisão preventiva o sócio do clã miliciano Queiroz e sua esposa.

Casos escabrosos, como o tráfico internacional de 39 kg de cocaína no AeroCoca da FAB; os atentados à Constituição e a ameaça de intervenção militar; o laranjal do PSL; o atentado terrorista contra o Porta dos Fundos; o assassinato da Marielle; a espionagem de opositores; o depósito de R$ 89 mil do Queiroz na conta da 1ª-miliciana Michele; casos como dos familiares de milicianos empregados nos gabinetes do clã miliciano, da vizinhança tinhosa do Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra etc, são abduzidos do noticiário e engavetados com notável rapidez pelos órgãos judiciais e de investigação.

A “face visível” da atuação dos militares no governo – maioria dos ministérios, quase 7 mil cargos públicos, controle de estatais etc – é catastrófica. A gestão genocida da pandemia, o colapso energético no Amapá e o desmanche econômico do país e da soberania nacional são evidências muito vivas disso.

A “face oculta” da atuação dos militares citada acima, contudo, que se reflete na tutela das instituições e na orquestração da guerra híbrida, não é menos catastrófica e não é menos letal à democracia e ao Estado de Direito que a barbárie, o racismo e o extermínio que suas políticas produzem.

O governo [militar] do Bolsonaro age da mesma maneira que a ditadura agia: espiona, fabrica dossiês e persegue professores, ativistas, servidores públicos, intelectuais, jornalistas e opositores do regime.

O governo militar rompe o estatuto republicano, controla e aparelha as instituições de Estado e as direciona para atender interesses particulares e dos autocratas no poder.

Neste contexto, a ABIN e o GSI não funcionam como órgãos de Estado, porque com a tomada de assalto do poder pelo clã miliciano com os militares, estas instituições foram convertidas em verdadeiras repartições do Escritório do Crime no Estado brasileiro – funcionam como órgãos auxiliares da milícia Escritório do Crime.

A oligarquia dominante, canalha na sua essência, que golpeou a democracia para impedir a eleição do Lula para conseguir finalmente tomar o poder com milicianos e militares porque através da via eleitoral foi derrotada, tem nas suas mãos a responsabilidade de tomar a única decisão que este escândalo comporta, que é o impeachment do genocida Bolsonaro e a prisão de todos envolvidos neste crime contra a República e a democracia.

Afinal, é esta oligarquia – canalha na sua essência, vale repetir – que detém o poder total: tem poderes plenos para dar o destino que os criminosos merecem, porque domina o parlamento, a política, a mídia, as finanças e o judiciário.
Relatórios para defender Flávio Bolsonaro podem ter sido produzidos por Abin paralela dentro própria agência, aponta reportagem do portal The Intercept Brasil divulgada neste sábado (12)

Brasil 247, 12/12/2020, 10:52 h Atualizado em 12/12/2020, 11:08
   Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz (Foto: Reprodução)

The Intercept Brasil - Os relatórios produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência para alimentar a defesa de Flávio Bolsonaro são um indício de que há um aparato clandestino de espionagem e polícia política funcionando nos porões do governo Jair Bolsonaro.

O colunista Guilherme Amado, da revista Época, publicou reportagem nesta sexta-feira mostrando que a Abin produziu pelo menos dois relatórios. Eles instruíram Flávio Bolsonaro e seus advogados sobre como agir para conseguir documentos capazes de anular o processo judicial a que o senador responde pela acusação de desviar salários de funcionários de gabinete. 

O caso conhecido como o das rachadinhas envolve o ex-assessor Fabrício Queiroz, amigo do presidente da República, preso em junho na casa do advogado Frederick Wassef, que trabalhou para Jair Bolsonaro e para o próprio Flávio.




Nesses dois documentos, segundo a Época, a Abin descreve o que diz ser uma organização criminosa na Receita Federal, de onde partiram as informações que deram início à investigação. O objetivo dos relatórios era contribuir com a tese da defesa de Flávio de que houve uma devassa ilegal dos dados fiscais dele. Um dos relatórios traz no campo destinado a esclarecer sua finalidade a descrição “Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”, segundo a Época.

A existência de uma Abin clandestina era uma suspeita alimentada há tempos em Brasília. Ela existia publicamente desde que o próprio presidente Bolsonaro revelou ter um "sistema particular de informações" em uma reunião com ministros. Agora, a história ganha um novo caminho para a possível descoberta desse aparato ilegal.

Nesta sexta-feira, o Intercept conversou com uma fonte da Abin, que deu detalhes do caso. A fonte revelou que tanto ela como seus colegas desconfiam da mesma pessoa como sendo a responsável pelo relatório. Trata-se de Marcelo Bormevet, um policial federal cedido à agência que é também um bolsonarista entusiasmado nas redes sociais.

Leia a íntegra da matéria no portal The Intrercept Brasil

Haddad: “só teremos paz com eleições livres e reparação histórica ao Lula”

Para o ex-ministro, a injustiça da perseguição judicial contra Lula pode ainda ser revertida. “O Lula está vivo, está forte, na minha opinião, gostaria de se reapresentar para o eleitorado”, afirmou. Haddad falou também à TV 247 sobre os resultados da eleição de 2020, do arrefecimento do antipetismo, de alianças para 2022, da relação entre Brasil e Estados Unidos e outros temas. 

Brasil 247, 11/12/2020, 17:52 h Atualizado em 11/12/2020, 17:58
    Fernando Haddad e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

Ex-ministro da Educação e candidato à presidência em 2018 pelo Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad concedeu entrevista à TV 247 na qual falou sobre a necessidade de executar uma reparação histórica acerca da perseguição judicial que sofreu o ex-presidente Lula pelas mãos da Lava Jato e do ex-juiz da força tarefa Sergio Moro.

Para Haddad, o correto seria que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecesse de uma vez por todas a parcialidade e, portanto, a suspeição de Moro no processo contra Lula, o que já está mais que evidente. “No mundo ideal, o que você teria? Um Judiciário, com base nas evidências, que são absurdas, dizendo que o juiz que se porta dessa maneira não é um juiz adequado para julgar a causa. Recentemente o Supremo anulou um processo, anulou uma sentença com argumentos muito mais frágeis do que aqueles que foram levados ao Supremo no caso do Moro. O Moro grampeou advogado do réu, o Moro vazou áudios ilegais, acho que o Moro violou uns dez dispositivos do código de processo penal no processo do Lula. Não falta argumento para anular a sentença. E se isso acontecer, acho que as pessoas não deveriam ter medo de uma fragilização institucional. Ao contrário”.

A perseguição contra Lula e as consequências que tal ato provocou contra o Brasil ainda podem ser reparadas, segundo o ex-ministro. Para ele, o Brasil voltaria a ter paz caso a suspeição de Moro fosse julgada e Lula fosse liberado para participar da eleição presidencial em 2022. “Eu entendo que já houve injustiças em vários países do mundo, e essas injustiças às vezes foram corrigidas a tempo e às vezes não. Essa injustiça dá para corrigir a tempo. O Lula está vivo, está forte, na minha opinião, gostaria de se reapresentar para o eleitorado, até por uma questão de defesa da sua própria honra e do seu legado, então tem todo direito de fazê-lo, e o país estaria em paz, ele ganhando ou perdendo. As coisas estariam resolvidas, traria um pouco de paz para esse país. Eu sempre ouvi dizer: ‘não há paz sem justiça’. É um velho ditado que acho que vale em todos os tempos. Traria um pouco de paz se nós tivéssemos eleições livres em 2022, e eleições livres, efetivamente, a gente só teria com a reparação histórica feita ao Lula”.




Antipetismo

Com a desmoralização de Moro, que já está em curso, Haddad disse acreditar que o antipetismo “artificial”, criado a partir de uma narrativa fantasiosa da Lava Jato, sumirá, como já está ocorrendo. “Aquele antipetismo mais artificial, que foi criado com base em uma narrativa fictícia, esse está voltando para o eixo com a desmoralização do Moro. Quando a Lava Jato transbordou para os outros partidos, ela desapareceu do noticiário e da agenda política do país. Outro dia perguntaram para o Fernando Henrique [Cardoso] o que fazer com o Aécio e com o Serra, e ele teve que dizer: ‘esqueleto a gente enterra’. Ou seja, o próprio jornalista tem pudores em abordar um tucano. E aí nós não estamos falando em indícios, suposições. Estamos falando de conta no exterior, cartão de crédito internacional pago por empreiteiro, coisa palpável, não estamos falando de ilações”.

Segundo Haddad, há, porém, “um antipetismo que vai durar enquanto durar essa loucura que é o Brasil em termos de desigualdade e intolerância”. 

Aliança com PDT e PSB

“A gente não deve fechar as portas para aliados de uma vida. Esses partidos sempre estiveram juntos. Obviamente que há cicatrizes a serem superadas, sobretudo de 2018, mas eu entendo quando um partido está correndo em raia própria”, disse Haddad sobre uma possível aliança com o PDT de Ciro Gomes, que se omitiu no segundo turno da eleição presidencial de 2018 quando o então candidato do PT enfrentava Jair Bolsonaro, e o PSB.

O ex-ministro alertou que é preciso traçar estratégias para impedir principalmente que o segundo turno em 2022 seja dominado pela direita e extrema direita, o cenário mais favorável a este campo. “Eu sempre disse e continuo dizendo: é muito importante tentar construir unidade no primeiro turno, mas é um país pluripartidário que tem dois turnos. Então é importante também trabalhar o ambiente do segundo turno, inclusive com quem não é de esquerda. Será que a direita vai toda cometer o mesmo erro que cometeu em 2018 se o cenário for o mesmo? É óbvio que eles estão trabalhando para não ser. Eles vão trabalhar e vão contar até com uma parte da esquerda para que o PT perca força, tem sempre gente disposta a fazer o trabalho que a direita até hoje não conseguiu fazer. O melhor cenário para eles é Bolsonaro e eles no segundo turno, mais ou menos o que aconteceu no Rio de Janeiro, para nos obrigar a votar na direita para evitar a vitória da extrema direita”.

Eleições 2020

Sobre as eleições municipais de 2020, Haddad avaliou que houve um movimento do eleitorado partindo da extrema direita para a direita, com o fortalecimento de partidos que oferecem risco à democracia. A esquerda, para o ex-ministro, não cresceu e nem diminuiu. “O que aconteceu foi o esvaziamento de alguns partidos importantes. O PSDB o mais afetado, na sequência o PSB, muito afetado pela votação de primeiro turno, e uma migração de votos para partidos que eram base do antigo regime militar. Todos esses políticos do PSC, PSL, DEM, Republicanos, são oriundos do partido que dava sustentação ao regime militar, e foram esses partidos que mais cresceram, e que na minha opinião têm pouco compromisso com uma agenda democrática. São partidos perigosos do ponto de vista da estabilidade democrática, para não falar de alguns valores caros à democracia que as pessoas esquecem. A laicidade do Estado é um tema da democracia, não é um tema que envolve religião, pelo contrário, preserva a religião separando-a do Estado. E eles põem em xeque esses valores da democracia moderna. Acho que houve efetivamente um deslocamento da extrema direita para a direita e a esquerda infelizmente ficou do mesmo tamanho”.

Racismo

Amplamente debatido em 2020, com casos como os assassinatos de George Floyd nos Estados Unidos e de João Alberto Silveira Freitas em Porto Alegre, o racismo também foi analisado por Haddad.

Para ele, episódios racistas tendem a aumentar nos próximos anos como uma reação ao avanço dos negros, muito favorecidos pelas políticas de inclusão dos governos do PT. “Prevejo que o racismo, que sempre foi negado nesse país, vai recrudescer em um certo sentido por uma razão: justamente porque ele está sendo superado materialmente. Racismo se supera materialmente, não é só idealmente. É o negro na universidade, é o negro empreendedor, é o negro médico, é o negro advogado, é o negro desembargador, é o negro presidente da República; o negro e a negra”.

Relação Brasil-EUA

Mesmo com a derrota do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Haddad não se mostrou confiante de que a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca surtirá efeitos positivos na política internacional ou na relação com o Brasil. “Se você fizer um balanço da relação do Brasil com os Estados Unidos, não é verdade que ela se torna mais fácil com os democratas no poder. Eles funcionam como império e não vão deixar de funcionar como império porque teve alternância no poder. Teve alternância no poder para dentro, para fora não teve alternância nenhuma”. Ele pontuou, porém, que “faz diferença ter uma pessoa menos propensa a conflito armado, que quer distensionar o ambiente na sua região”.

O ex-ministro disse que, para uma mudança nos Estados Unidos ocorrer de fato, o ideal seria a vitória de um candidato como o senador Bernie Sanders, que participou das prévias do partido Democrata. “Não nutro ilusões a respeito do governo Biden. Outra coisa seria o Sanders, seria uma mudança de cultura nos Estados Unidos, não seria uma mera alternância no poder, seria quase uma revolução conceitual. Você poderia abrir um horizonte humanitário no mundo sabe Deus com que proporções. Para sonhar com um mundo totalmente diferente do que a gente vive, a gente tinha que pensar em uma liderança como ele. O Biden é um cara do establishment”.

Dino diz que escândalo da Abin justifica impeachment de Bolsonaro

O governador do Flávio Dino (PCdoB-MA) defende que o escândalo envolvendo o uso pessoal da Abin para favorecer Flávio justifica o impeachment de Jair Bolsonaro. “Não é apenas crime de responsabilidade, sujeito a impeachment. É também crime comum e ato de improbidade”, defendeu o chefe do executivo maranhense

Brasil 247, 12/12/2020, 11:08 h Atualizado em 12/12/2020, 11:41
   Flávio Dino e Jair Bolsonaro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Adriano Machado/Reuters)

O governador do Flávio Dino (PCdoB-MA), que também é ex-juiz, usou suas redes sociais neste sábado (12) para ressaltar que o escândalo envolvendo o uso pessoal da Abin para favorecer Flávio Bolsonaro, no "caso Queiroz", justifica o impeachment de Jair Bolsonaro. 

"Caso confirmado, o uso da ABIN para interesses exclusivamente pessoais de Bolsonaro não é apenas crime de responsabilidade, sujeito a impeachment. É também crime comum e ato de improbidade administrativa", disse Dino. 

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu pelo menos dois relatórios de orientação para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a defesa do parlamentar sobre o que deveria ser feito para obter os documentos com o objetivo de embasar um pedido de anulação do caso Fabrício Queiroz. Os documentos foram enviados em setembro para o filho de Jair Bolsonaro. A Abin é um órgão do Estado brasileiro e sua apropriação pela família Bolsonaro, para cobertura de crimes, é um escândalo sem precedentes.

De acordo com informações publicadas pela coluna de Guilherme Amado, a Abin detalhou o funcionamento da suposta organização criminosa em atuação na Receita Federal (RFB), que, segundo suspeita dos advogados de Flávio, teria analisado de forma ilegal os dados fiscais dele para fornecer o relatório que gerou o inquérito das rachadinhas.

Um dos documentos é autoexplicativo ao definir a razão daquele trabalho.

Em derrota diplomática histórica, Bolsonaro fica de fora da cúpula do clima, onde estarão 80 chefes de Estado

Brasil 247, 10/12/2020, 21:29

O Brasil ficou de fora da lista de palestrantes da Cúpula da Ambição Climática 2020 (Climate Ambition Summit), evento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que deverá reunir cerca de 80 chefes de estado. O evento será virtual e ocorrerá no sábado (12).

A exclusão do Brasil, que tem adotado política de relaxamento à preservação do Meio Ambiente, está sendo vista como uma das piores derrotas diplomáticas desde o início do governo de Jair Bolsonaro. 

Segundo o jornalista Jamil Chade, colunista do UOL, o Itamaraty ainda busca uma solução para a crise política e, extra-oficialmente, a chancelaria ainda aposta na inclusão do Brasil no evento. Para o governo, a situação não é definitiva e a esperança é de que exista espaço para reverter.

Nas Américas foram incluídos Uruguai, Argentina, Colômbia, Peru, Belize, Cuba, Costa Rica, Equador, Jamaica, Guatemala, Honduras, Panamá e Canadá. Também estão na relação países da Europa e a China. Além do Brasil, ficaram de fora o México e os Estados Unidos.

Nesta semana, o governo brasileiro apresentou suas metas de emissões de gases de efeito estufa para o ano de 2060 e submeteu seus planos para a ONU. Os objetivos foram considerados como inferiores ao que se esperava do Brasil.

Frota pede desculpas ao ex-presidente Lula no twitter

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que anteriormente disparou diversos ataques a Lula, usou sua conta no Twitter para pedir desculpas ao ex-presidente, citando a sétima denúncia que foi arquivada por inconsistência de provas. “Gostem ou não, acho que devemos algumas desculpas ao Lula”, disse

Brasil 247,12/12/2020, 10:20 h Atualizado em 12/12/2020, 10:37
   (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que anteriormente disparou diversos ataques a Lula, usou sua conta no Twitter neste sábado (12) para pedir desculpas ao ex-presidente. 

“Gostem ou não, acho que devemos algumas desculpas ao @LulaOficial . Olhando de 2014 para 2020 e como tudo aconteceu, e o que estamos vivendo com Bolsonaro, a justiça está reparando erros”, disse o deputado, que participou ativamente da campanha de Jair Bolsonaro e rompeu com o extremista meses após sua eleição.


Frota ainda citou em sua postagem como argumento o fato de a sétima denúncia contra Lula ser arquivada por inconsistência de provas, no âmbito da operação Lava Jato, que sentenciou o petista arbitrariamente.