Buenos Aires, 23 out (EFE).- A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, conseguiu neste domingo sua reeleição com uma vitória sem precedentes desde o retorno da democracia ao país, mais de 53% dos votos e 36 pontos de vantagem sobre o segundo candidato mais votado, o socialista Hermes Binner, segundo os primeiros dados provisórios.
A vitória de Cristina, que se dava por certa desde o arrasador triunfo que colheu nas primárias do mês passado de agosto, evita o segundo turno e abre a porta para a maioria absoluta do Governo no Congresso argentino.
A vantagem da presidente, anunciada com 15,5% da apuração, poderia subir nas próximas horas, à medida que se contabilizem os votos da província de Buenos Aires, a mais povoada do país e principal reduto peronista.
Cerca de 76% do censo eleitoral - 28,6 milhões dos argentinos - votou em uma jornada que transcorreu com absoluta normalidade.
Cristina venceu em todo o país salvo na pequena província de San Luis - berço do candidato presidencial Alberto Rodríguez Saá - e bateu recordes históricos nas regiões mais empobrecidas.
A moderação e os apelos à unidade que marcaram o último ano de Governo, desde que ficou viúva do ex-presidente Néstor Kirchner, foram, segundo analistas locais, decisivos para virar o quadro de desgaste que tinha acumulado na primeira etapa da gestão que estreou em 2007.
Além disso, Cristina manteve a política de direitos humanos iniciada por seu marido, com os julgamentos dos repressores da ditadura militar (1976-1983), melhorou significativamente pensões e salário mínimo e aprofundou em estratégias populistas de subsídios, como a ajuda universal por filho.
Políticas que, em conjunto, permitiram ampliar seus apoios na parte da classe média urbana como demonstra seu triunfo, sem precedentes, na cidade de Buenos Aires, governada pelo conservador Mauricio Macri.
Não por ser esperada a vitória foi menos comemorada, e milhares de pessoas saíram às ruas de Buenos Aires após o fechamento das urnas para participar de uma festa popular na Praça de Maio e celebrar o triunfo de sua candidata.
Cristina começou o dia com uma emotiva lembrança à figura de Néstor Kirchner, ao votar na cidade de Río Gallegos, na Patagônia, onde tem fixada sua residência.
Os simpatizantes de seu partido, a Frente para a Vitória, têm além disso outros motivos para comemorar porque seus candidatos venceram em oito das nove províncias onde se elegia governador.
Na província de Buenos Aires, o atual governador, Daniel Scioli, venceu com facilidade, com uma vantagem de mais de 40 pontos, o peronista dissidente Francisco de Narváez, um empresário de origem colombiana que não duvidou em reconhecer imediatamente sua derrota.
Também esperado foi o segundo lugar de Hermes Binner, que com 16,9% dos votos, até agora, passa do Governo da província de Santa Fé para se transformar em líder da oposição argentina como cabeça de uma Frente Ampla que pretende prestar homenagem à força homônima uruguaia.
Uma surpresa, mas desagradável, foi a do candidato radical, Ricardo Alfonsín, que conseguiu apenas 13,21% dos votos e perdeu a segunda posição que tinha conseguido nas eleições primárias de agosto passado.
A derrota de Alfonsín, que baseou sua campanha em tentar imitar a imagem de seu pai, o falecido Raúl Alfonsín, o primeiro presidente democrático após a ditadura, provavelmente levará a União Cívica Radical a revisar seus erros e sua estratégia política.
O peronista dissidente e governador de San Luis, Alberto Rodríguez Saá, ficou com 7,33%.
A outra surpresa do dia foi do esquerdista Jorge Altamira, com 2,12%, um trotskista que já tinha conseguido um 'milagre' nas primárias de agosto ao conseguir os votos necessários para se manter na luta presidencial e que neste domingo venceu candidatos mais conhecidos, como Elisa Carrió, de Coalizão Cívica, a grande perdedora da jornada.
Elisa conseguiu apenas 1,66% dos votos e, longe de renunciar, assegurou que liderará seu reduzido grupo parlamentar.
Eduardo Duhalde, ex-presidente, ex-governador de Buenos Aires e caudilho esquecido do peronismo, foi o outro grande derrotado, com o pior resultado em sua trajetória política.
Duhalde, que presidiu o país entre 2002 e 2003, se limitou a conseguir 5,6% dos votos que também não o farão renunciar à política.
Fonte: Msn Notícias, 24/10/2011