O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, ouvido e preso pela CPI da Covid nesta quarta-feira, 7, fez declarações contraditórias durante depoimento à comissão no Senado ao comentar sobre a sua participação nas conversas com intermediários da Davati Medical Supply
bRASIL 247, 7/07/2021, 18:20 h Atualizado em 7/07/2021, 18:47
Roberto Dias e facada da Davati (Foto: Pedro França/Agência Senado | Reprodução)
O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, ouvido e preso pela CPI da Covid nesta quarta-feira, 7, fez declarações contraditórias durante depoimento à comissão no Senado ao comentar sobre a sua participação nas conversas com intermediários da Davati Medical Supply.
A Davati prometia a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, mas não era sequer credenciada pela farmacêutica para venda do imunizante.
Dias confirmou a ocorrência de jantar em Brasília com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, mas negou ter pedido propina de US$ 1 por dose, e disse que o encontro ocorreu por acaso. Ele também reconheceu que trocou mensagens por WhatsApp e email com intermediários da empresa.
Lacunas
O ex-diretor de Logística disse que o jantar com Dominghetti ocorreu por acaso, mas reconheceu que o seu ex-assessor e coronel da reserva Marcelo Blanco, que acompanhava Dominghetti no jantar, sabia que ele estava no restaurante.
Mensagem por áudio veiculada durante a sessão da CPI, obtida do celular de Dominghetti, que foi apreendido, mostra que o PM afirma a um interlocutor que teria uma reunião com Dias no dia 25 de fevereiro, o dia do jantar no restaurante de Brasília. Dias, no entanto, manteve a afirmação de que o encontro foi casual.
Durante a CPI, Dias jogou a responsabilidade da negociação de vacinas para a Secretaria Executiva da Saúde, controlada por militares, mas ao mesmo tempo confirmou que conversou até por WhatsApp com um representante da Davati dias antes do jantar. O ex-diretor de Logística diz que não estava negociando vacinas, mas apenas checando se a proposta era verdadeira.
Ele não repassou as propostas da Davati ao então secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco, apesar de ordem interna para centralizar as discussões sobre vacinas para a Covid-19 na área. Dias alegou falta de documentos.
Mesmo sinalizando que sofreu interferências da secretaria controlada pela ala militar, tendo dois de seus auxiliares trocados por militares, ele disse desconhecer as razões das exonerações dos seus auxiliares ou de quem partiu esta ordem, apesar da insistência dos senadores da CPI para saber do assunto com mais detalhes.
Preso
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, deu voz de prisão contra o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias durante sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira, 7.
"Ele vai ser recolhido agora pela polícia. Ele está mentindo desde de manhã. O senhor está detido pela presidência da CPI", declarou Aziz.
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