247 - A defesa de Marcelo Odebrecht, comandada pelo advogado Nabor Bulhões, foi responsável pelo manifesto que acusa a força tarefa da Operação Lava Jato de usar métodos piores que os da ditadura e compara a investigação à Inquisição. O documento é assinado por 104 advogados, entre defensores dos réus da ação e personalidades do meio jurídico dissociadas dos processos.
Segundo a Folha, citando 10 dos nomes que assinam a carta, Bulhões teria sugerido a iniciativa após ter sido acusado de incompetência por Marcelo Odebrecht. O jornal sustenta que o réu mais importante da Lava Jato entrou em desespero após ter negado seu pedido de liberdade pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
A carta provocou reações fortes dos procuradores e juízes da Lava Jato, que a acusaram de ser "falatório" e parte de um "complô" dos advogados. O presidente do PT, Rui Falcão, soltou uma nota apoiando-a.
Nabor, que disse ter assinado a carta como profissional do direito, não como advogado de Marcelo, entende que atribuir protagonismo a algum advogado pela elaboração do documento "seria ignorar o sentimento geral de perplexidade" dos que o assinaram.
A estratégia teve também a participação de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, de Mônica, mulher do executivo, e advogados da empresa. A ideia de criticar os métodos da Lava Jato foi acertada entre Nabor e Emílio em Salvador.
Emílio ligou para advogados que estavam relutantes em assinar o documento.
"Eu não sei quem patrocinou a carta. Eu mudaria algumas coisas com as quais não concordo. Acho que não faz sentido falar em ditadura quando estamos num Estado democrático. Se foi estratégia da Odebrecht ou não, o que não sei, isso não muda em nada o manifesto. O que interessa são as ideias", afirma Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende políticos como o senador Edison Lobão (PMDB-MA) na Lava Jato.
Fonte: Brasil 247, 24/01/2016
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