quinta-feira, 3 de junho de 2021

STF marca para 23 de junho a finalização do julgamento de Moro, condenado por parcialidade contra Lula

O STF já formou maioria que declarou que o ex-juiz da Lava Jato foi parcial no julgamento do ex-presidente Lula, mas dois ministros ainda não votaram: o decano, ministro Marco Aurélio Mello, e o presidente da Corte, ministro Luiz Fux

Brasil 247, 2/06/2021, 17:21 h Atualizado em 2/06/2021, 20:18
Sérgio Moro, condenado pelo STF, e o ex-presidente Lula (Foto: Divulgação)

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para o próximo dia 23 a retomada do julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso do tríplex do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informa o jornal O Globo.

Dois ministros ainda não votaram: o decano, ministro Marco Aurélio Mello, e o presidente da Corte, ministro Luiz Fux. No final de abril, o plenário do Supremo formou maioria para validar a decisão da Segunda Turma que considerou Moro parcial no caso do apartamento do Guarujá, mas o julgamento foi suspenso após pedido de vista do decano.

A data da retomada foi discutida pelos ministros que ainda não votaram para que o decano vote antes de sua aposentadoria, marcada para 5 de julho.

Colômbia registra quase 3.800 casos de violência policial contra manifestantes

A ONG Tremors divulgou nesta quarta-feira, 2, um relatório que contabiliza 3.789 casos de violência perpetrados pelas forças de segurança contra os manifestantes, que já estão nas ruas da Colômbia há 36 dias

Brasil 247, 2/06/2021, 22:15 h Atualizado em 2/06/2021, 22:15
Manifestantes e policiais se enfrentam durante protestos em Bogotá 
(Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)

TeleSur - A ONG Tremors divulgou nesta quarta-feira, 2, um relatório que contabiliza 3.789 casos de violência perpetrados pelas forças de segurança contra os manifestantes, que já estão nas ruas da Colômbia há 36 dias.

De acordo com o relatório atualizado que cobre de 28 de abril (início da greve) ao recente 31 de maio, aponta que dos casos de violência policial, 1.248 são vítimas de violência física, 1.649 detenções arbitrárias, 705 intervenções violentas e supostamente 45 homicídios perpetrado por membros da força pública.

Além disso, o documento dos Temblores também indica 65 vítimas com ferimentos nos olhos, 187 casos de tiros, 25 casos de violência sexual e seis casos de violência de gênero.

A ONG alerta o uso de armas letais por agentes do Esquadrão Móvel Antimotim (Esmad) contra os manifestantes, “registramos 20 casos de uso de arma Venom pela Esmad, inclusive em locais residenciais, além de disparos horizontais de ditos arma ", denunciam.

“Registramos também pelo menos 17 casos de intervenções violentas em que a força pública lançou gás lacrimogêneo vencido, além de casos de uso de sobrecarga com espigões e mármores”, detalha Temblores.

Respeitando a decisão do presidente colombiano, Iván Duque, de um maior destacamento de membros da Esmad e do Exército, a ONG rejeita a agressão física e a perseguição aos manifestantes que exigem uma mudança no modelo sociopolítico, o que contribui para acabar com a violência e diminuir a desigualdade social dramática.

“Esperamos que as entidades competentes investiguem com eficácia tanto os civis armados como os policiais envolvidos em atos de violência (...) Esperamos pronunciamentos de rejeição aos civis armados”, enfatiza o relatório Temblores.

O pronunciamento do presidente Bolsonaro e sua repercussão

O pronunciamento do presidente, em alguns aspectos, é resultado da pressão popular que começa a voltar as ruas, em virtude da insatisfação com a postura de Bolsonaro e com as ações ou falta delas, principalmente em se tratando de vacinas e de auxílio emergencial

(Foto: Reprodução)

Durante seu discurso, Bolsonaro tentou fazer uma retrospectiva positiva de seu governo, que está pressionado pelas ruas e pela CPI da Covid. Ele exaltou a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas pelo Brasil, falou da produção de IFA que se iniciará em breve no país, voltou a dizer que o governo federal não obrigou ninguém a ficar em casa - mas também não ajudou nas medidas de combate à pandemia - exaltou o auxilio emergencial - que em 2021 tem um valor pífio - e disse esperar um crescimento acima de 4% da economia brasileira neste ano.

BOLSONARO FEZ UM BALANÇO DAS AÇÕES DE SEU GOVERNO 

Por Ricardo Brito (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional nesta quarta-feira para fazer um balanço das ações do governo federal na pandemia, destacando medidas econômicas e o acordo de transferência de tecnologia para a produção da vacina AstraZeneca no país, além de criticar, de forma indireta, as medidas de restrição para conter a Covid-19.

"O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição, considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis", disse o presidente.

Durante o curto pronunciamento, de cerca de cinco minutos, foram registrados panelaços em diversas cidades brasileiras, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, mostrando o desgaste do presidente, que também está sob pressão na CPI da Covid no Senado.

Em sua fala, o presidente disse sentir profundamente cada vida perdida no país, mas exaltou o fato de que já se alcançou 100 milhões de doses de vacina distribuídas a Estados e municípios.

"Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa", prometeu ele, em meio a críticas ao governo quanto à lentidão na vacinação e no dia em que o próprio Ministério da Saúde reduziu a projeção de doses contra Covid-19 prevista para junho.

Bolsonaro ressaltou a assinatura do acordo de transferência de tecnologia no Brasil entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vai permitir a produção integral da vacina do laboratório no país, reforçando sua mudança de postura em relação às vacinas contra a Covid-19. Várias vezes o presidente minimizou a importância e eficácia dos imunizantes na pandemia.


INDIRETAMENTE BOLSONARO CRITICOU GOVERNADORES

O presidente disse que o governo dele não obrigou ninguém a ficar em casa e não foi responsável por fechar comércio, igrejas ou escolas, em uma crítica indireta a medidas adotadas por governadores e prefeitos para tentar frear a doença. Destacou também que "não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais".

Leia o pronunciamento na íntegra:

"Boa noite,

Sinto profundamente cada vida perdida em nosso país.

Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios.

O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta.

Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa.

Ontem, assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz.

Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a Covid no mundo.

O Nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.

Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea.

Destinamos, em 2020, 320 bilhões para o Auxilio Emergencial para atender aos mais humildes.

Esse montante equivale a mais de 10 anos de Bolsa Família. E mais de 190 bilhões para ajudar estados e municípios.

Alguns setores como bares e restaurantes, turismo, entre outros, em grande parte foram socorridos pelo nosso governo por meio do PRONAMPE (Programa Nacional de Apoio as Microempresas e Empresas de pequeno porte.)

Hoje mesmo sancionamos a nova lei do PRONAMPE, agora permanente, que pode destinar a vários setores até 25 bilhões de reais, onde 20% será destinado ao setor de eventos.

Terminamos 2020 com mais empregos formais que 2019. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil criou mais de 900 mil novos empregos.

O PIB projetado para 2021 prevê um crescimento da economia superior a 4%.

Só no 1º trimestre deste ano, a economia mostrou seu vigor, estando entre os países do mundo que mais cresceram.

Com o Congresso Nacional estamos avançando, aprovamos:

- A nova lei do gás;

- O marco legal do saneamento;

- A MP da Liberdade Econômica;

- O Banco Central independente; e

- E o novo marco fiscal.

Realizamos leilões de rodovias, portos e aeroportos.

Levamos internet para mais de 8 milhões de brasileiros em grande parte para as regiões Norte e Nordeste.

Ontem, a Bolsa de Valores bateu recorde histórico, a moeda brasileira se fortalece, e estamos avançando no difícil processo de privatizações.

A CEAGESP sob um comando honesto e responsável apresentou, além de lucro, um ambiente salutar entre os permissionários e funcionários.

Essa Companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos.

As estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais devido à corrupção sistêmica e generalizada. Hoje são lucrativas.

Nos dois primeiros anos do nosso Governo, a Caixa Econômica Federal bateu recorde de lucro mesmo reduzindo os juros do cheque especial, da casa própria, das micros e pequenas empresas e dos empréstimos às Santas Casas.

Estamos avançando na transposição do Rio São Francisco, levando água para todo o Nordeste.

Na infraestrutura, o nosso Governo tem construído pontes, duplicado rodovias, terminando obras paradas há décadas, como a BR-163 no Pará.

Ainda neste ano, será concluída a Ferrovia Norte-Sul, que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo, é a retomada do modal ferroviário no Brasil.

Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América.

O nosso Governo joga dentro das 4 linhas da constituição, considera o direto de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis.

Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.

Que Deus abençoe o nosso Brasil".


REPERCUSSÕES DO PRONUNCIAMENTO

Governo errou  nome da vacina

Em legenda durante pronunciamento de Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira, 2, o governo errou o nome da vacina da farmacêutica britânica AstraZeneca. “Astrazenica”, estava escrito no vídeo.

No jornal O Globo, o jornalista Ancelmo Gois comenta: "que vacina não é prioridade para o governo de Jair Bolsonaro já está mais do que claro, mas errar o nome de fabricante, que tem fornecido milhões de doses para o país, é novidade para esta administração”.

“A imagem acima está disponível no perfil TV BrasilGov, no YouTube. É o trecho do pronunciamento de hoje em que o governo federal legenda o nome da farmacêutica britânica AstraZeneca como... Astrazenica. Dessa eu nunca ouvi falar”, continuou.

Bolsonaro espalha fake news em rede nacional ao falar sobre prejuízos de estatais

Jair Bolsonaro voltou a espalhar fake news sobre as estatais brasileiras em governos anteriores nesta quarta-feira (2), desta vez em rede nacional de televisão e rádio.

Em pronunciamento, Bolsonaro afirmou que "as estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais, devido a corrupção sistêmica e generalizada", e citou a Caixa Econômica Federal como exemplo: "bateu recorde de lucro, mesmo reduzindo juros".

Em maio, Bolsonaro já havia feito tal alegação, que é falsa. No primeiro ano do governo Lula, em 2003, a Caixa teve o maior lucro de sua história até então.

"Em 2004, o banco voltou a ter lucro: 1,4 bilhão de reais. Em 2005, o lucro da Caixa subiu 46% em relação ao ano anterior e foi de 2,07 bilhões. Em 2006, novo recorde: 2,38 bilhões de lucro. Em 2007, 2,5 bilhões de reais de lucro. No ano de 2008, lucro líquido de 3,9 bilhões de reais, 62,3% superior ao registrado no ano anterior. Em 2009, lucro de 3 bilhões de reais. Em 2010, último ano do governo Lula, o lucro da Caixa subiu 25% em relação a 2009 e fechou o ano em 3,8 bilhões", relatou o site Socialista Morena à época.

Durante seu discurso, Bolsonaro tentou fazer uma retrospectiva positiva de seu governo, que está pressionado pelas ruas e pela CPI da Covid. Ele exaltou a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas pelo Brasil, falou da produção de IFA que se iniciará em breve no país, voltou a dizer que o governo federal não obrigou ninguém a ficar em casa - mas também não ajudou nas medidas de combate à pandemia - exaltou o auxilio emergencial - que em 2021 tem um valor pífio - e disse esperar um crescimento acima de 4% da economia brasileira neste ano.

CPI rebatem pronunciamento de Bolsonaro: celebra vacinas com atraso de 432 dias e quase 470 mil mortes

"O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’", dizem os membros da CPI da Covid em resposta ao pronunciamento em rede nacional de Bolsonaro
Membros da CPI da Covid divulgaram uma nota rebatendo o pronunciamento de Jair Bolsonaro em rede nacional na noite desta quarta-feira (2).

Durante seu discurso, Bolsonaro exaltou a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas pelo Brasil, falou da produção de IFA que se iniciará em breve no país, voltou a dizer que o governo federal não obrigou ninguém a ficar em casa - mas também não ajudou nas medidas de combate à pandemia - exaltou o auxílio emergencial - que em 2021 tem um valor pífio - e disse esperar um crescimento acima de 4% da economia brasileira neste ano.

"Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19", diz a nota, assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz, pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues, pelo relator, Renan Calheiros, e demais membros do colegiado.

Para Manuela, Bolsonaro sentiu o peso das ruas

"Bolsonaro sentiu o poder das ruas e seu pronunciamento cheio de mentiras só mostra que esse Brasil com recorde de vacinados existe só na cabeça dele", postou Manuela D'Ávila, em seu twitter, ao comentar o pronunciamento em rede nacional de Jair Bolsonaro, que mereceu um gigantesco panelaço da população brasileira. 


Luana Araújo culpa Bolsonaro pela expansão da pandemia e diz que cloroquina aumentou mortalidade

A médica infectologista Luana Araújo, em seu depoimento à CPI da Covid nesta quarta (2), culpou Jair Bolsonaro pela expansão da pandemia e mortes no Brasil. Segundo a especialista, há estudos que comprovam o “aumento da mortalidade por uso de cloroquina e hidroxicloroquina”

Brasil 247, 2/06/2021, 11:38 h Atualizado em 2 de junho de 2021, 12:31
Luana Araújo e Jair Bolsonaro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado | 
REUTERS/Adriano Machado)

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo culpou Jair Bolsonaro pela expansão da pandemia e mortes no Brasil.

Questionada pelo relator da Comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se a indicação de cloroquina feita por Bolsonaro “estimulou que a população abandonasse medidas farmacológicas, como o uso de máscara e distanciamento social”, Luana reforçou a responsabilidade do governo federal na propagação do vírus.

“Quando as pessoas defendem algo que não tem comprovação científica, você expõe pessoas desse grupo a uma extrema vulnerabilidade. A partir do momento que vulnerabiliza as pessoas com informações incorretas, não podemos esperar resultado positivo", ressaltou.

Luana argumentou “que há estudos, nesse caso uma meta-análise feita de maneira correta, que há aumento da mortalidade por uso de cloroquina e hidroxicloroquina”.

A profissional ainda questionou a recomendação do uso da cloroquina como tratamento precoce estabelecida por alguns médicos, medida rechaçada pela Organização Mundial da Saúde e entidades médicas. “Quando a gente tem uma decisão pessoal, é uma coisa. Quando se transforma em política pública, é outra. Autonomia médica faz parte da nossa prática. Mas não é licença para experimentação. Ela precisa ser feita com base em alguns pilares: volume de conhecimento científico, pilar da ética e pilar da responsabilização”.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Médico, Otto Alencar desmascara Nise Yamaguchi: “não sabe o que é vírus, brincou com a cara do povo brasileiro”

Durante depoimento da médica à CPI, o senador Otto Alencar revelou que a médica conselheira de Bolsonaro não tem apreço pela ciência: "A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro”

Brasil 247, 1/06/2021, 14:46 h Atualizado em 1/06/2021, 16:14
Nise Yamaguchi e Otto Alencar (Foto: Agência Senado)

Conselheira de Jair Bolsonaro, a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce e da imunidade de rebanho, foi desmascarada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico, durante seu depoimento à CPI da Covid.

Otto Alencar fez uma série de perguntas a Nise, como os nomes dos pacientes que passaram por seus testes de tratamento precoce contra a Covid e sobre seu conhecimento a respeito do coronavírus. “A senhora se transformou em infectologista de uma hora para outra, como muitos no Brasil”, disse o parlamentar.

“Me diga por favor a diferença entre um protozoário e um vírus”, pedi Otto. Nise responde que o primeiro tem um organismo celular e o vírus tem DNA ou RNA. “Não é isso. Não é isso, não. A senhora não soube nem explicar o que é um vírus”, rebateu o senador.

Otto Alencar perguntou em seguida sobre se a médica sabia a qual família pertencia o coronavírus. Nise disse que sim e começou a remexer papéis. “Pode buscar nos livros, que a senhora tem aí porque a senhora não sabe. Não estudou. De médico audiovisual esse plenário tá cansado. De gente que viu e não leu, e não se aprofundou. Eu falo na condição de quem tem lido tudo sobre essa matéria”, respondeu o senador.

Otto Alencar indagou ainda: “A senhora fez exames pré-clínicos e clínicos para os pacientes nos quais usou hidroxicloroquina?” Nise começou a responder: “A hidroxicloroquina é usada há muitos anos...”. Otto: “Para outra doença, minha senhora, para malária. A senhora está errada. A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro”.

O senador indagou também qual é o exame que tem que se fazer para saber se o paciente tem imunidade celular ou não, para saber se houve imunidade de rebanho e falou sobre algumas de suas conclusões e orientações médicas:

“A senhora não sabe a diferença entre protozoário e vírus. Uma medicação para protozoário (caso da cloroquina, desenvolvida para tratamento contra a Malária) nunca poderia ser recomendada contra um vírus”.

“A senhora brincou com o povo brasileiro ao falar em imunidade de rebanho, em tratamento por cloroquina”, disse ainda. “A senhora maculou a sua imagem tomando essa iniciativa. Pode ter sido na tentativa de querer ajudar, mas pode ter sido também para querer ser ministra da Saúde e não conseguiu”, completou.

Sargento traficou cocaína sete vezes em aviões da FAB antes de ser preso

O sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens oficiais antes de ser preso na Espanha, em junho de 2019, durante uma missão oficial de Jair Bolsonaro e comitiva, rumo ao Japão, para reuniões com a cúpula do G20

Brasil 247, 31/05/2021, 07:12 h Atualizado em 31/05/2021, 07:12
Avião da FAB e o Segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues 
(Foto: Reprodução)

O sargento da FAB (Força Aérea Brasileira) Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens oficiais antes de ser preso na Espanha, em junho de 2019, depois de desembarcar de um avião com Jair Bolsonaro (sem partido). É o que apontam dados da investigação da PF (Polícia Federal), revelada em reportagem do portal UOL.

A documentação do inquérito policial revela ainda que o esquema continuou com a participação de outros militares brasileiros, mesmo depois da prisão de Manoel Rodrigues.

A reportagem relembra que o sargento foi preso em flagrante, após denúncia anônima, com posse de 39 quilos de cocaína avaliados em R$ 6,4 milhões, minutos após desembarcar no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Era uma missão oficial do presidente Jair Bolsonaro e comitiva, rumo ao Japão, para reuniões com a cúpula do G20.

Em todas as sete viagens oficiais em que a investigação aponta que houve tráfico, o sargento trocou mensagens cifradas com a mulher Wilkelane Nonato Rodrigues que indicam sucesso na empreitada criminosa. Foram quatro voos domésticos (São Paulo e Recife) e três internacionais com escalas na Espanha, onde a droga era entregue.

Bernardo Mello Franco: Bolsonaro joga gasolina na fogueira dos protestos

“É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”, afirma o jornalista Bernardo Mello Franco em referência a Jair Bolsonaro

Brasil 247, 1/06/2021, 07:11 h Atualizado em 1/06/2021, 07:28
(Foto: Reprodução / Ricardo Stuckert)

“Na primeira fala após os atos que pediram seu impeachment no sábado, o presidente adotou tom de deboche e atacou os manifestantes. Disse que ‘faltou erva’ e ‘faltou dinheiro’ para encher as ruas”, afirma o jornalista Bernardo Mello Franco em sua coluna publicada no jornal O Globo. “Jair Bolsonaro resolveu jogar gasolina na fogueira dos protestos contra o governo”, diz. “É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”, acrescenta.

O colunista destaca que, “em outra frente, ele (Bolsonaro) fechou um acordo com a Conmebol para sediar a Copa América em plena pandemia”. “A ideia gerou uma nova onda de críticas no momento em que o país se aproxima das 500 mil mortes pela Covid; Bolsonaro está sob pressão”, continua.

“Com a popularidade em queda, ele vê a CPI avançar sobre o ‘gabinete das trevas’ e é assombrado pelo favoritismo do ex-presidente Lula nas pesquisas. Ao atacar os manifestantes, o capitão tenta ressuscitar o antipetismo para mobilizar a direita em sua defesa. É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”.

Renan: em apenas um dia, o governo deixou de comprar 130 milhões de doses de vacinas

"O negacionismo nos posicionou como segundo país com maior número de mortes", aponta ainda o senador

Brasil 247, 1/06/2021, 06:33 h Atualizado em 1/06/2021, 07:16
Renan Calheiros (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, publicou importante artigo nesta terça-feira, em que relata o trabalho da comissão e o estrago causado ao país pela administração negacionista de Jair Bolsonaro, que empurrou remédios inúteis e perigosos para a população brasileira, como a cloroquina, e sabotou a compra de vacinas. Leia abaixo:

O eclipse do negacionismo

Por Renan Calheiros – O trabalho da CPI para iluminar os escombros, resgatar a verdade e inculpar eventuais responsáveis é longo e promissor. Os timoneiros são os fatos. Em respeito ao direito de defesa, ao contraditório, é prematuro apontar os culpados pelo morticínio. Mas já é possível, com dados sujeitos a confirmação, fazer um balanço parcial. O saldo revela quanto a omissão, dolosa ou não, impactou as mortes e perdas irreparáveis. Cada ato deliberado e negacionista, cada equívoco, cada sabotagem à ciência se eternizou em mortes.

Após a primeira etapa de depoimentos, podemos afirmar que milhares de vidas poderiam ter sido preservadas com escolhas sensatas, responsáveis e científicas. Ao fim dos trabalhos, teremos como quantificar o número de óbitos evitáveis, que redundaram em lágrimas e destruição de famílias. A estatística assombrosa poderia ter sido atenuada se maiores tivessem sido a compreensão e o engajamento do governo. As escolhas vão desde a compra tempestiva de vacinas até recomendações elementares, como distanciamento, uso de máscaras, ações orgânicas com estados e renda digna e continuada para quem precisa.

O retrospecto do obscurantismo sugere um método de recusa sistemática das vacinas e prioridade de estratégias anticientíficas. Do Butantan, foram desprezadas, em cinco meses, três ofertas de 60 milhões ou 100 milhões de doses, com disponibilidade de 5,5 milhões já em dezembro de 2020. As seis propostas da Pfizer — 70 milhões — foram ignoradas por seis meses, e 1,5 milhão seriam aplicadas em 2020. Em dezembro de 2020, poderíamos ter vacinado 7 milhões de brasileiros.

Em apenas um dia, 18 de agosto de 2020, o governo deixou de comprar 60 milhões da CoronaVac e outros 70 milhões da Pfizer: 130 milhões de doses, mais da metade dos nossos habitantes. No consórcio Covax, o Brasil recusou doses para 50% da população, optando por inexplicáveis 10%. A matemática é apartidária e reveladora: o Brasil, de maneira contumaz e deliberada, abriu mão de milhões de imunizantes durante o ano de 2020.

O negacionismo nos posicionou como segundo país com maior número de mortes, com a exasperante marca que supera mais de 460 mil vítimas até agora. Em plena pandemia, recursos públicos foram desperdiçados na produção de cloroquina, ineficaz para a Covid-19. Uma receita duplamente mortal, já que retirou recursos das vacinas, e o medicamento acarreta efeitos colaterais graves. A má gestão no desabastecimento de oxigênio de Manaus pode receber qualquer nome, menos gestão. O governo tinha conhecimento de que a calamidade era iminente. Que fez para impedir a tragédia?

Na CPI, vivenciamos a angústia de suportar a pantomima de depoimentos despudorados, apesar do verniz e das formalidades. É como assistir a alguém pisoteando cadáveres, sem nenhuma empatia, como se ali estivesse diante de um embate político. É escárnio, desrespeito e uma aposta mortífera de que tudo não passa de uma “tormenta passageira”. Grave erro de diagnóstico. A pandemia é a mais profunda e incurável cicatriz da nossa história. Os que atuam para bolhas de convertidos carregarão a vergonha e a desonra para o resto dos dias.

Positivo é que a CPI, de forma inédita, gerou uma rede espontânea de colaboradores e reconectou o Parlamento com a sociedade. Nos chegam vídeos, áudios e documentos que contribuem para desmontar farsas maquinadas no gabinete do ódio e no ministério da doença. Temos uma rede de checagem, um gabinete do bem, voluntário, em defesa da luminosidade, da ciência e da vida. Essa interação ganhou um forte impulso depois que abrimos a perguntas dos internautas, todas pertinentes.

O extrato parcial do negacionismo exibe um placar de mortes que não para de subir, um conjunto de inações que não para de se repetir. Atitudes que, antes, durante e ainda agora, causam indignação e perplexidade. Ao final da CPI, haverá um balanço definitivo para o conhecimento da sociedade. A sensação é que assistimos ao fim de prolongado eclipse, quando as sombras vão se dissipando, e a luz vai ressurgindo gradualmente e renovando a vida.

*Senador (MDB-AL) e relator da CPI da Covid

Omar Aziz aponta culpa de Bolsonaro e diz que "já há prova suficiente para indiciamento"

“Ele se reunia muito mais com o ‘gabinete paralelo’ do que com o ministro da Saúde”, diz o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM)

Brasil 247, 1/06/2021, 06:19 h Atualizado em 1/06/2021, 06:19
Omar Aziz e Pazuello com Bolsonaro 
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Alan Santos/PR)

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), avalia que os crimes de Jair Bolsonaro, que empurrou cloroquina, remédio ineficaz e perigoso para os brasileiros, e sabotou a compra de vacinas, já estão demonstrados. “Já temos provas suficientes de que o Brasil não quis comprar vacina”, disse ele, ao serviço Broadcast Político. “Isso não tem mais o que provar. Tenha a certeza de que a CPI não vai dar em pizza.” Aziz também afirmou ser impossível não responsabilizar Bolsonaro.

Aziz diz que ele apostava na imunidade de rebanho e no tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina. “Essas duas coisas estão diretamente ligadas a ele. Não tem jeito. Ele (Bolsonaro) foi quem falou diretamente sobre cloroquina”, destacou. “Ele se reunia muito mais com o ‘gabinete paralelo’ do que com o ministro da Saúde”, observoa. “Comportamento atípico em relação a qualquer líder mundial. Nem em uma republiqueta, que não tem absolutamente nada, o líder fica sem máscara, fica falando esse tipo de coisa."

Sob risco de apagão, país joga fora energia que sobra, e conta de luz sobe

O motivo do desperdício é a deficiência na capacidade de transmitir a energia de uma região que está com eletricidade sobrando para outra que está com déficit 
Imagem: Tarso Sarraf/Folhapress

Filipe Aneretta
Do UOL, em São Paulo
01/06/2021 04h00

O apagão de aproximadamente 20 minutos que atingiu diversos estados na última sexta-feira (28) está relacionado a um problema maior no sistema elétrico brasileiro: a dificuldade de transmitir energia entre as regiões. Mesmo com a seca que afeta principalmente o abastecimento de Sul e Sudeste, o Brasil eventualmente ordena que usinas no Norte e Nordeste parem de produzir eletricidade. Quando isso acontece, usinas hidrelétricas expulsam água sem passar pelas turbinas, eólicas (vento) giram suas pás em vão, enquanto o consumidor paga por energia importada de vizinhos ou gerada por térmicas que precisam ser acionadas.

Energia fica presa O motivo do desperdício é a deficiência na capacidade de transmitir a energia de uma região que está com eletricidade sobrando para outra que está com déficit.

A chamada "limitação de intercâmbio" é um problema comum em países com dimensões continentais, mas que poderia ser minimizado com mais investimento e planejamento, segundo especialistas.

No Brasil, o atraso na instalação de linhas de transmissão piora a situação.

O apagão de sexta-feira aconteceu após uma falha na linha que leva eletricidade produzida na usina Belo Monte, no Pará, ao Sudeste e Centro-Oeste. O caso mostra como a distribuição entre regiões é vital para o abastecimento nacional.

No mesmo dia, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que a conta de luz ficará mais cara a partir de junho. A medida repassa ao consumidor o custo do acionamento de usinas térmicas e da importação de eletricidade.

Ainda na sexta-feira, o governo publicou um alerta de emergência hídrica (seca) em cinco estados do Sul e do Sudeste. A falta de chuva que afeta essas regiões desde o ano passado fez despencar o nível dos reservatórios, e deverá haver mais controle sobre a vazão das barragens para evitar um apagão pior.

Regiões que consomem mais do que produzem

Com exceção de Roraima, todos os estados são conectados pelo SIN (Sistema Interligado Nacional). A rede é dividida em quatro subsistemas (ou submercados): Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

A classificação é diferente da divisão regional geográfica —o Maranhão está no subsistema Norte; Acre e Rondônia ficam no subsistema SE/CO.








O SE/CO é o que mais gera e o que mais consome energia. Em março, foi responsável por 52% da geração nacional e consumiu 58%.

O Sul também é deficitário (consome mais do que produz). Em regra, os dois subsistemas precisam trazer eletricidade do Norte ou do Nordeste para dar conta da demanda.

Desde o ano passado, o Brasil também importa regularmente energia da Argentina e do Uruguai.


Energia que depende da época do ano

O subsistema Norte produz energia excedente principalmente no primeiro semestre, quando os rios estão altos. A principal fonte de geração na região vem das hidrelétricas "fio d'água", que não têm grandes reservatórios.

João Sanches, diretor da consultoria Trinity Energia, afirma que a opção pela construção de usinas fio d'água, como a de Belo Monte, evitou maiores impactos ambientais do alagamento de grandes áreas. Por outro lado, a geração ficou ainda mais dependente do regime de chuvas e da cheia dos rios.

O subsistema Nordeste também depende do período do ano. Sua maior geração acontece no segundo semestre, quando os ventos impulsionam a produção nas usinas eólicas.

Falta estrutura para aproveitar energia

O fato de o Norte e o Nordeste conseguirem produzir energia excedente em semestres diferentes poderia suprir a carência de outras localidades, ou ao menos reduzir o problema.

Mas a transmissão entre regiões esbarra na infraestrutura limitada. Sem rede para transportar mais eletricidade, parte da energia excedente fica presa na região de origem.

Quando o limite de transmissão é atingido e o subsistema não pode mais absorver a própria energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), órgão privado ligado ao Ministério de Minas e Energia, ordena o desligamento de turbinas, para não sobrecarregar a rede.

Ou seja, há potencial de energia desperdiçado.

O que diz o governo

Questionado pelo UOL, o ONS não respondeu quantas vezes precisou pedir o desligamento de turbinas por causa dos limites de transmissão entre regiões nos últimos anos. Também não informou uma estimativa da energia desperdiçada nesses casos.

O ONS reconheceu a existência do problema e alegou "algumas intercorrências, como, linhas do sistema de transmissão planejadas para a integração da usina Belo Monte, que não foram completamente implantadas".

Segundo o ONS, "as instalações que faltavam do sistema de integração da usina Belo Monte foram novamente licitadas e vêm sendo implementadas".

O ONS também declarou que o sistema de transmissão vem sendo expandido para escoar o crescimento das fontes eólica e fotovoltaica (solar) no Nordeste e no norte de Minas Gerais.

A EPE, empresa federal de pesquisa energética também ligada ao Ministério de Minas e Energia, disse que houve atraso nas obras de transmissão concedidas à empresa Abengoa. As linhas estavam previstas para entrar em operação até 2017.

"A não implantação dessas obras dentro do cronograma previsto implicou restrições na operação do sistema de transmissão, ao longo dos últimos anos, estendendo-se até os dias de hoje", afirmou a EPE.

O UOL procurou a Abengoa para comentar o caso, mas a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Ainda segundo a EPE, obras de expansão do sistema de transmissão com conclusão prevista para março de 2023 ampliarão a capacidade de exportação das regiões N e NE em 2,5 GW.

O que dizem especialistas

Segundo Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV, transmitir energia em territórios vastos é um desafio também para grandes economias globais, como os EUA e a União Europeia.

Por isso, é natural que o país ainda sofra limitações nessa troca de energia entre pontos distantes.

Juliana Chade, gerente de preços da consultoria MegaWhat, afirma que a dificuldade de transmitir energia excedente do Nordeste é relativamente recente, fruto da expansão de usinas eólicas na região.

"Antes [o subsistema NE] era muito mais importador de energia. Agora consegue ser exportador, mas as linhas de transmissão ainda estão sendo construídas."

Para João Sanches, da Trinity Energia, o problema que estamos vivendo vem da falta de planejamento e investimentos de médio e longo prazo —principalmente em linhas de transmissão e diversificação das fontes energéticas.