terça-feira, 30 de julho de 2019

Jurista do Golpe: Bolsonaro é caso de interdição!

Reale Jr: estamos diante de um quadro de insanidade!

Conversa Afiada, 29/07/2019

(Charge: Aroeira)


Um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o jurista Miguel Reale Jr. criticou com veemência o presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira. Ex-ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, Reale disse que o chefe do Executivo federal quer destruir a sociedade civil ao desmerecer todo o corpo científico do país e ainda reverenciar o período ditatorial. “Nós estamos, realmente, dentro de um quadro de insanidade, a mais absoluta. Não é mais caso de impeachment, é caso de interdição”, disparou.

Em entrevista para o Esfera Pública, Miguel Reale Jr. classificou o presidente como “BolsoNero”, em alusão ao imperador romano, associado à tirania. “Isso é fascismo cultural. O que não estiver de acordo, com sua rasa compreensão, tem que ser queimado por isso que eu digo, ele é um ‘Bolsonero’”, disparou.
O jurista ainda condenou a iniciativa do governo federal de limitar a atuação dos conselhos profissionais Brasil afora ao definir que a filiação a essas entidades deva ser opcional, e não obrigatória, para o exercício da profissão. O projeto visa impactar diretamente nas regras de conduta de categorias como médicos, advogados e engenheiros, por exemplo.
“Bolsonaro está decompondo todo arcabouço de inteligência, crítica e pensamento situado na sociedade civil. Ele desmerece os organismos científicos. Ele acaba de propor um projeto de lei que elimina a necessidade de inscrição na OAB, CRM ou no Conselho Federal de Economia, ou seja, não sei se é um plano, ou algo alucinado de querer desconstituir tudo aquilo que compõe a inteligência, o pensamento e a sensibilidade brasileira”, alertou.
Miguel Reale Jr. também lamentou a postura de Bolsonaro, que atacou nesta segunda-feira o pai de presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, morto na ditadura militar. “Eu queria expressar minha solidariedade ao presidente da OAB, que foi ferido de forma inadmissível. É um fato gravíssimo”, repudiou.

Marco Aurélio diz que país vive "ambiente conflituoso" e "tempos estranhos"

“É um ambiente conflituoso, preocupa a todos e gera insegurança. Parece que a crise é indispensável”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que negou ter sugerido colocar uma “mordaça” em Jair Bolsonaro; “Eu sou amplamente a favor da liberdade de expressão e não sugeri colocar mordaça em quem quer seja, muito menos no presidente da República", afirmou

30 de julho de 2019, 19:20 h Atualizado em 30 de julho de 2019, 19:29
(Foto: Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)

247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, avalia que o cenário político nacional é de um “ambiente conflituoso” que “preocupa a todos”. “Tempos estranhos, onde vamos parar? Onde?”, indagou.

E completa: “É um ambiente conflituoso, preocupa a todos e gera insegurança. Parece que a crise é indispensável”

O ministro negou ter sugerido colocar uma “mordaça” em Jair Bolsonaro. “Eu sou amplamente a favor da liberdade de expressão e não sugeri colocar mordaça em quem quer seja, muito menos no presidente da República. Você não pode antecipadamente proibir alguém de veicular ideias”, afirmou o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Jamais preconizei censura. Sou a favor da liberdade de expressão, de manifestação. Quem precisa de mordaça sou eu”, acrescentou.

Reinaldo: Bolsonaro se torna aliado do PCC

O jornalista Reinaldo Azevedo afirma que Bolsonaro reconheceu o tribunal do crime do PCC; ele diz: "Jair Bolsonaro, quem diria?, tornou-se aliado objetivo do PCC e agora reconhece como válido o julgamento do tribunal desse partido do crime. 'Como? É isso mesmo, Reinaldo? Você não está exagerando?'

30 de julho de 2019, 18:19 h Atualizado em 30/07/2019, 18:28
Jornalista Reinaldo Azevedo (Foto: Foto: Ari Versiani/Ag.Ponto)

247 - O jornalista Reinaldo Azevedo afirma que Bolsonaro reconheceu o tribunal do crime do PCC. Ele diz: "Jair Bolsonaro, quem diria?, tornou-se aliado objetivo do PCC e agora reconhece como válido o julgamento do tribunal desse partido do crime. 'Como? É isso mesmo, Reinaldo? Você não está exagerando?'."

Em seu blog, o jornalista destaca que "o presidente voltou a se comportar como o deputado destrambelhado do baixo clero, que falava o que lhe dava na cabeça oca de informação e limites, pouco importando se suas palavras agrediam valores consagrados na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos do Homem ou, sei lá, numa lei de condomínio."

Reinaldo ainda diz que "nesta segunda, algo já prenunciava a frase desastrada desta terça sobre a barbárie havida no presídio de Altamira, no Pará. Este que se fez o líder da nação brasileira silenciou a respeito, preferindo defender o armamento da população como resposta à ação ensandecida de um morador de rua que, em surto, matou duas pessoas. Nota à margem: tal indivíduo, dado o histórico, só circulava livremente por incúria de várias esferas do Poder Público do Rio. Adiante."

Militares se aliaram a Bolsonaro pelo poder, mas vivem mal-estar no governo, diz Celso Amorim

Ex-chanceler Celso Amorim avalia que o apoio dos militares ao governo Jair Bolsonaro Creio se deve a "possibilidade de volta ao poder" , mas que "há um certo mal-estar entre eles e o governo; ainda segundo o diplomata, o Brasil nunca havia tido um presidente "nem na época dos militares, do tipo de extrema-direita, com as características ideológicas como as de Bolsonaro, com ódio reprimido de classe, racial e de gênero"

Brasil247, 30 de julho de 2019, 16:29 h Atualizado em 30 de julho de 2019, 16:37
Celso Amorim: militares controlam os excessos de Bolsonaro

Sputnik - O ex-chanceler do Brasil, Celso Amorim, deu uma entrevista à Sputnik Mundo, publicada nesta terça-feira (30), comentando as eleições na Argentina, a prisão de Lula, o escândalo da Vaza Jato e o acordo Mercosul-União Europeia.

Celso Amorim foi ministro das Relações Exteriores do Brasil durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e também com Itamar Franco. Com Lula, foi um dos pivôs da construção dos BRICS e destacado interlocutor internacional do Brasil.

Na entrevista concedida em espanhol à Sputnik Mundo, um dos pontos tratados foi justamente a sua opinião em relação ao ex-presidente petista, com o qual sua carreira tem relação próxima. Amorim afirmou que entende que há participação dos EUA com autoridades brasileiras, questionou o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e afirmou ter esperança que Lula seja colocado em prisão domiciliar.

"A parcialidade do juiz Moro se mostra em detalhes e o visível acordo entre ele e os procuradores, e por si mesmo demonstra que o processo é insustentável. Mantemos a esperança firme e lutamos pela liberdade de Lula, mas a cada dia novas coisas são tentadas. O quadro político é hoje mais favorável. Poderíamos chegar à saída de Lula em dois meses, com prisão domiciliar", destacou Amorim, lembrando da solidariedade do Papa Francisco e também do prêmio Nobel da Paz, Pérez Esquivel.

O ex-chanceler também afirmou acreditar que há "indícios fortes de cooperação real e profunda" entre autoridades brasileiras e funcionários do Departamento de Justiça dos EUA.

Em um dos pontos da entrevista, Amorim comentou o que pensa sobre o vínculo entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com os militares brasileiros.

Oitocentos advogados pedem afastamento de Moro

Na esteira do derretimento institucional, da crise penitenciária, da verborragia protofascista bolsonariana e da reportagem mais importante em tempos recentes (a Vaza Jato), um abaixo-assinado de advogados e juristas com mais de 800 adesões defendeu a liberdade de imprensa e sugeriu algo de forte impacto na cena política: o afastamento de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça

Brasil247, 30 de julho de 2019, 19:53 h
(Foto: Marcelo Camargo - ABR)

247 - Na esteira do derretimento institucional, da crise penitenciária, da verborragia protofascista bolsonariana e da reportagem mais importante em tempos recentes (a Vaza Jato), um abaixo-assinado de advogados e juristas com mais de 800 adesões defendeu a liberdade de imprensa e sugeriu algo de forte impacto na cena política: o afastamento de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que "o texto será divulgado no evento que ocorre nesta terça (30), no Rio, em apoio ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que está divulgando diálogos de Moro com procuradores da Operação Lava Jato."

A matéria ainda sublinha que "o documento alega, entre outras coisas, que o ex-juiz está atuando fora dos limites da lei no caso da investigação dos hackers presos na semana passada sob a acusação de grampear o próprio ministro e diversas outras autoridades."

Assinam o documento, entre outros, Geraldo Prado, Celso Antônio Bandeira de Mello, Alberto Toron, Aury Lopes, Marco Aurélio de Carvalho, Carol Proner, Giselle Citadino, Weida Zancaner, Antonio Carlos de Almeida Castro, Kerarik Boujikian e Roberto Podval.

Bolsonaro tinha só 18 anos quando diz ter recebido a informação sobre a morte de Santa Cruz

Blog do Juca Kfouri 30/07/2019 06h00 

Jair Bolsonaro é um provocador. 

Parece querer que o 1/3 do eleitorado que o apoia entre em guerra com o 1/3 que não o apoia. 

As barbaridades ditas sobre a morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que, segundo ele, teria sido morto pelos próprios companheiros, são mais uma prova disso. 

"E eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz. Essa é a informação que eu tive na época", disse Bolsonaro enquanto cortava o cabelo. 

Ora, Fernando Santa Cruz foi morto em 23 de fevereiro de 1974, quando Bolsonaro tinha apenas 18 anos. 

Quem acredita que "na época", alguém lhe daria uma informação dessas?

Além do mais, o atestado de óbito não deixa dúvidas ao registrar "em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro". 

Se não bastasse, Bolsonaro, em palestra a estudantes da Universidade Federal Fluminense, em 2011, especulou que Santa Cruz "deve ter morrido bêbado em algum acidente no carnaval". 

Mas ele já não sabia do "justiçamento" desde 1974? 

Não, não tem método em tanta insanidade. 

Só tem a loucura e é preciso dar um basta antes que seja tarde demais.

sábado, 27 de julho de 2019

Greenwald: novas provas vão mostrar que Moro atuou como procurador contra Lula!

Volume de material sobre a #VazaJato é maior que a do Snowden!

Conversa Afiada, 10/06/2019
(Charge: Aroeira)

Do UOL:

Um dos autores da série de reportagens iniciada ontem pelo site The Intercept Brasil, que mostra como trocas de mensagens entre o então juiz federal Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato podem ter ditado os rumos das eleições no país, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald disse em entrevista hoje ao UOL que ainda possui um grande volume de dados não publicados que reforçariam a atuação indevida do ex-magistrado para influenciar em prisões e guiar a opinião pública.

Greenwald --que também é um dos fundadores do site-- diz que o volume de material obtido por ele neste caso supera o da principal reportagem de sua carreira, que comprovou, em parceria com o ex-agente da CIA e da NSA Edward Snowden, no ano de 2013, o monitoramento indevido de informações privadas em massa pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Àquela altura, o banco de dados analisado era o maior já obtido por uma investigação jornalística. As reportagens publicadas no jornal britânico The Guardian deram a ele o Prêmio Pulitzer de Jornalismo e fama mundial.

Cauteloso ao falar sobre as próximas revelações, o jornalista diz já ter uma certeza: "Moro era um chefe da força-tarefa, que criou estratégias para botar Lula e outras pessoas na prisão, se comportando quase como um procurador, não como juiz".

Casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), Greenwald --que adotou o Rio de Janeiro como abrigo depois de ter sido ameaçado após as reportagens feitas com Snowden-- se vê às voltas com uma nova onda de ataques homofóbicos e acusações nas redes sociais sobre um suposto partidarismo na publicação das reportagens.

"Dizem que eu e meu marido somos de esquerda, mas nem Moro, nem a Lava Jato, dizem que os argumentos [das reportagens] são falsos", resume. Em relação ao fato de as reportagens terem sido veiculadas sem que os citados fossem ouvidos previamente, o jornalista defende a legitimidade das matérias, que na avaliação dele poderiam ter sua publicação barradas na Justiça.

Leia a seguir trechos da entrevista de Glenn Greenwald ao UOL:

Próximos passos da investigação

Moro era o chefe da força-tarefa da Lava Jato. É muito difícil para falar [sobre os próximos passos], porque o processo jornalístico é importante para confirmar o que temos em mãos.

Temos mais materiais envolvendo o papel do Moro na Lava Jato, mostrando que ele é um chefe da força-tarefa, que criou estratégias para botar Lula e outras pessoas na prisão, e atuou quase como um procurador, não como juiz.

Glenn Greenwald
Arquivo maior que o do Caso Snowden

Eu acho que [esta] é uma das mais importantes reportagens que eu fiz na minha carreira. Nunca vou comparar nada com o caso do Snowden, porque para mim foi uma dos mais importantes episódios do jornalismo nos últimos 20 ou 30 anos. Mas eu compararia essa reportagem de agora com o caso do Snowden. Talvez a única diferença é que o caso do Snowden foi muito global, e isso é mais doméstico. É sobre um país muito grande e muito importante, agora mais do que nunca por vários motivos.

O tamanho do arquivo que temos é maior do que o arquivo que recebemos do Snowden. E, até aquele ponto, era o maior vazamento da história do jornalismo.

Eu acho que as consequências pelo menos para o Brasil serão iguais ou maiores que as consequências do Snowden. [A Lava Jato] é um processo que durou cinco anos, botou muitas pessoas e dois ex-presidentes na prisão. Que tirou a pessoa que estava liderando a corrida presidencial em 2018 [o ex-presidente Lula], deixando alguém como [Jair] Bolsonaro ganhar. Para mim, qualquer material que mostra que tinham comportamentos e ações antiéticas e corruptas nesse processo é enorme.

Convite de Bolsonaro a Moro x reputação da Lava Jato

Sobre essa questão do Moro e Bolsonaro, é muito interessante.

Temos conversas que ainda não reportamos sobre o Moro estar pensando na possibilidade de aceitar uma oferta do Bolsonaro, caso ele ganhasse. Isso foi antes da eleição, acho que depois do primeiro turno.

E tem pessoas dentro da força-tarefa da Lava Jato, outros procuradores, falando que isso iria destruir a reputação da Lava Jato, porque iria criar uma percepção de que o tempo todo não foi uma apuração contra a corrupção, nem uma apuração do Judiciário. Mas uma apuração política para impedir a esquerda e empoderar a direita.

E o fato de que o mesmo juiz que condenou o principal adversário do Bolsonaro e depois receber essa oferta para ser muito poderoso já foi muito estranho para o mundo. Mas o fato de que ele fez isso usando um comportamento proibido é ainda pior.

Como podemos ter um ministro da Justiça que todo mundo sabe que quebrou as regras básicas da Justiça? É impossível.

E mais ainda quando todo mundo sabe que fez isso para impedir o adversário principal do presidente de concorrer, e isso o ajudou a ganhar a eleição.

Outros lados x possível censura

Obviamente quando estamos reportando sobre os juízes, o ministro e os procuradores mais poderosos do país, sabíamos da possibilidade de que se pedíssemos comentários antes da publicação, eles vão diretamente para os amigos no tribunal e pegam uma ordem de censura proibindo a publicação.

Geralmente o jornalista deve procurar comentários quando se está publicando uma reportagem sobre alguém, mas há exceções.

E imediatamente quando publicamos mandamos mensagens para Moro, para Deltan [Dallagnol], para a força-tarefa da Lava Jato, para todo mundo falando: qualquer comentário que vocês tenham nós vamos incluir no minuto que vocês mandarem. Mas foi para evitar a possibilidade de conseguirem impedir a publicação com ordem de um juiz que apoia a Lava Jato.

Estratégias contra censura no exterior

No Reino Unido, eu trabalhava com o [jornal] The Guardian e, lá, não há direito de liberdade de imprensa na Constituição. Então é comum que os jornais sejam proibidos antes da publicação. Jornalistas britânicos trabalham muitas vezes em segredo e publicam sem pedir comentários exatamente para evitar essa possibilidade.

Em países mais repressivos, ainda jornalistas fazem isso o tempo todo. Nós temos episódios recentes aqui de jornalistas censurados e proibidos de publicar, ou mandados para tirar artigos da internet. São casos muito extremos. Então achamos que foi totalmente justificado. Não só para evitar esse risco, mas também porque os documentos falam de quem eles falam.

E sabemos que Moro, Deltan e a força-tarefa têm microfones muito grandes e podem responder de um jeito muito rápido, que todo mundo vai ouvir. E foi exatamente isso que aconteceu. Acho que foi totalmente justificável por conta do risco concreto disso acontecer.

Jornalista nega relação com ataques hackers

Antes desses ataques [nas últimas semanas, os celulares de Moro e de procuradores da Lava Jato foram alvo de ataques hackers] já tínhamos recebido todo o nosso material.

Qualquer tentativa de hackear acontecidas nas últimas duas ou três semanas não têm nada a ver com o material que recebemos. Todos os arquivos que recebemos vieram muito antes disso. O próprio Moro disse que qualquer pessoa que invadiu o telefone dele não conseguiu retirar nada. Ou seja: não tirou nada.

Ataques nas redes sociais

Não estou vendo defesas ao que Moro fez. Eu estou vendo ataques contra mim, contra meu marido, alegando que somos da esquerda, mas não vejo defesas.

O que estão tentando fazer é enganar as pessoas dizendo que a publicação pode ser fake news (e vi isso com a postagem do [juiz federal] Marcelo Bretas). Nem Moro, nem Lava Jato argumentam que os documentos são falsos. Apuramos muito antes de publicar isto. Até agora não vi ninguém defendendo o que ele fez.

(...)

Bolsonaro ameaça Greenwald: talvez pegue uma cana! Presidente (sic) chama Glenn e Miranda de "malandros"

Conversa Afiada, 27/07/2019

De Diego Garcia, na Fel-lha:

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (27), em evento no Rio, que o jornalista americano Glenn Greenwald "talvez pegue uma cana aqui no Brasil".

Greenwald é editor do site The Intercept Brasil, que tem publicado desde 9 de junho reportagens com base em diálogos vazados do ministro Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Bolsonaro disse ainda que Greenwald e o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) são “malandros” por terem se casado e adotado dois filhos no país. 

Bolsonaro fazia referência a uma portaria publicada por Moro, nesta sexta-feira (26), que estabelece um rito sumário de deportação de estrangeiros considerados "perigosos" ou que tenham praticado ato "contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal".

“Ele [Glenn] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou o presidente.

A portaria do Ministério da Justiça foi publicada em meio às divulgações do Intercept Brasil, que revelou, em trocas de mensagens privadas entre o ex-juiz e procuradores da força-tarefa, ingerência do atual ministro sobre as investigações da operação.

“Quando o Moro falou comigo, que teria carta branca, eu teria feito um decreto. Tem que mandar para fora quem não presta. Não tem nada a ver com o caso dele [Glenn]”, continuou o presidente.

Greenwald é cidadão dos Estados Unidos e mora no Rio de Janeiro. Ele é casado com um brasileiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos adotivos, também nascidos no país.

(...)

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Dino: "não tenho medo de ditador, de subditador, de projeto de ditador" Respeite o Nordeste, Bolsonaro!

Conversa Afiada, 22/07/2019
Dino sobre Bolsonaro: "não tenho medo de cara feia" (Créditos: Lula Marques/Agência PT)

O Conversa Afiada reproduz trechos da entrevista do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) ao jornal O Imparcial, de São Luís:


(...) O Imparcial: Bolsonaro se referiu ao senhor como “o pior” dentre os governadores “de Paraíba”. O que o senhor acha disso?

Flávio Dino: Em primeiro lugar, é muito lamentável que o presidente da República se dirija a uma parte do país de modo depreciativo, utilizando uma expressão marcadamente preconceituosa e que embute essa visão de superioridade de alguns sobre outros. Então, nossa primeira atitude é de defesa do nosso estado, da nossa região e, portanto, de repúdio, protesto e indignação a esse tipo de tratamento, que pode ensejar inclusive medidas de ordem judicial. Em segundo lugar, nós infelizmente confirmamos que o presidente da República é movido por um sentimento de sectarismo, de divisão do país, de extremismos e de busca de conflito e de confronto permanente como instrumento de exercício do Governo, que constitui uma anomalia – algo indesejável, pois atrapalha o desenvolvimento do país. Em terceiro lugar, do ponto de vista pessoal, fica uma indignação por uma agressão injusta, desrespeitosa em relação ao trabalho sério que é feito no nosso estado. (...)

O Imparcial: O senhor acha que essas constantes quebras de decoro do presidente podem ser motivo de um Impeachment?

Flávio Dino: Nós temos o artigo 85, da Constituição, que é regulado pela lei 1079. Permanentemente, ele vem se aproximando da incidência desses dispositivos normativos. É uma reflexão que, algum momento, vai se colocar na Câmara e no Senado. Não cabe a mim tratar desse assunto, pois é de outras competências. Mas, aparentemente, vai se construindo um caminho em que ele [Bolsonaro] vai, cada vez mais, governando para poucos, de modo agressivo. Sem dúvida, é um debate que, infelizmente, vai se colocando por conta desse conjunto de atitudes e declarações. (...) 

O Imparcial: O senhor mencionou uma possível denúncia à Procuradoria Geral da República por racismo. Vai em frente?

Flávio Dino: Nós [os governadores do Nordeste] solicitamos e estamos esperando explicações da presidência da República. Teremos uma reunião no dia 29, em Salvador, e provavelmente este tema estará na pauta. Eu não tomarei nenhuma atitude individual, porque acho que não me cabe, na medida em que, embora eu tenha merecido um “destaque” – de, na ótica dele, ser o pior governador -, eu sempre coloco na frente o que achei de mais grave, que foi o ataque à região e a todos os cidadãos e cidadãs dela; e o anúncio de uma determinação de perseguição contra um conjunto de governadores. Nós vamos aguardar o que ele dirá para decidir providências jurídicas que iremos tomar.

O Imparcial: Como o senhor vê ser considerado o pior governador no ponto de vista do Bolsonaro?

Flávio Dino: Olha, realmente, eu dormi bem a noite toda. Não embalou meu sono, pois não é uma opinião que altere a minha vida. Eu me preocupo muito com a opinião das pessoas, pois sou político e cidadão aberto a opiniões e sugestões, mas sobretudo à opinião do povo maranhense, que me elegeu e reelegeu. Então, não é a opinião isolada do presidente da República, movido por ódio e preconceito, que vai afetar minha atuação. Acredito nos valores democráticos e republicanos e não afasto um milímetro da minha atuação. Não tenho medo de cara feia, de grito, não tenho medo de nada disso. Não tenho medo de ditador, de subditador, de projeto de ditador. Então, vou manter a minha atitude sempre respeitosa, sempre no plano político e ideológico, como faço, nunca no plano pessoal, e pronto a colaborar com o Governo Federal naquilo que interessar ao meu estado. É meu dever defender o estado para que o Governo Federal respeite o Maranhão e respeite o Nordeste. (...)

Em tempo: ao contrário do que diz o Jair Messias, Flávio Dino foi apontado como o melhor governador do Brasil, segundo pesquisa do portal Congresso em Foco.

Moro e Deltan, os valentões, fogem do “caso Flávio”. E ainda: Globo e STF

Blog do Reinaldo Azevedo, 22/07/2019 06h20

Os folguedos de Flávio Bolsonaro (centro) desarrumaram o discurso oficial dos paladinos Deltan Dallagnol (esq.) e Sério Moro (dir.): sobrou a empulhação

A valentia loquaz de Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, tem um limite: não desagradar ao governo Bolsonaro. E nisso ele encontra um parceiro e tanto: Sergio Moro. Novos diálogos revelados pelo site "The Intercept Brasil" demonstram a administração política que Dallagnol dá até às suas declarações. Um episódio ilustra a politicagem na força-tarefa de maneira constrangedora.

Dallagnol recebe um convite da reportagem do "Fantástico", da TV Globo, para dar uma entrevista sobre o fim do foro especial para deputados e senadores, uma das militâncias a que se dedicou a direção de jornalismo da emissora. A personagem principal da notícia, que receberia tratamento necessariamente negativo, dadas as circunstâncias, era o deputado Paulo Pimenta (RS), do PT. Processo de que é réu sairia do Supremo e iria para a primeira instância porque relativo a caso anterior ao mandato e sem relação com este. Mas o "Fantástico" deixa claro que se vai falar também sobre Flávio Bolsonaro.

No dia 21 de janeiro deste ano, Dallagnol envia a seguinte mensagem a seus pares no grupo "Filhos de Januário 3" (conforme o original): DALLAGNOL – 16:44:44 – Pessoal, temos um pedido de entrevsita do fantástico sobre foro privilegiado. O caso central é bom, envolvendo o Paulo Pimenta, se isso for verdade rs. O risco é eles decidirem no fim focar no Flávio Bolsonaro e usarem nossas falas nesse outro contexto. De um modo ou de outro, o que temos pra falar é a mesma coisa. Além disso, algumas informações que buscam não temos (são da PGR). A questão é se é conveniente darmos entrevista para essa reportagem ou não. Eu não vejo que tenhamos nada a ganhar porque a questão do foro já táo foro já tá definida. Diferente de uma matéria sobre prisão em segunda instância.

Que coisa fabulosa! Notem que, segundo o coordenador da força-tarefa, "o caso central é bom, envolvendo o Paulo Pimenta". Ou por outra: bater num petista era uma vantagem e estava adequado à metafísica influente na turma. E, de fato, a mensagem enviada pela Globo, repassada por Dallagnol, deixa claro: "suspeita contra o Pimenta será nosso principal case numa reportagem sobre os casos em que políticos perderam o foro, devido ao entendimento do Supremo de que a prerrogativa só existe para crimes cometidos durante o mandato e que dizem respeito ao mandato." Mas aí acrescenta o jornalista (no caso, da RBS, filiada no Rio Grande do Sul): "Citaremos também o caso F. Bolsonaro, que surgiu após o início da nossa apuração". 

E aí Dallagnol treme nas bases: "O risco é eles decidirem no fim focar no Flávio Bolsonaro e usarem nossas falas nesse outro contexto." A desconfiança do procurador não faz jus à fidelidade da emissora à Lava Jato, de quem é a mais vistosa e poderosa porta-voz — e não apenas da força-tarefa de Curitiba. 

Dallagnol não vê nada de útil em conceder a entrevista porque eles já ganharam a batalha do fim do foro especial. E falar sobre Flávio não lhe pareceu conveniente… Se fosse só para malhar o petista Pimenta, aí seria bom… Mas Flávio??? 

NÃO ERA A PRIMEIRA VEZ

Não era a primeira vez que Dallagnol evidenciava que melhor seria não mexer muito com o Zero Um. No mesmo grupo, no dia 8 de dezembro do ano passado, escreveu: 

DALLAGNOL – 09:04:38 – Em entrevistas, certamente vão me perguntar sobre isso [Flávio]. Não vejo como desviar da pergunta, mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1) é algo que precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas. 

Em outra conversa, com o procurador Roberson Pozzombon (o "Robito", aquele com quem queria criar empresa de palestras em nome das respectivas mulheres para "lucrar"), o próprio allagnol pondera: 

"DALLAGNOL – 10:04:00 – Não sei se convém o nível 2. Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco como com RD [Raquel Dodge]. Vamos depender dele pra reformas… Não sei se vale bater mais forte 

CADÊ O VALENTÃO?

Pois é… Nada disso lembra aquele procurador sempre valentão, que dava plantão nas redes sociais quando algo estava em votação no Supremo e que saía por aí tonitruando a sua moralidade impecável, posando, se necessário, de vítima; afirmando que a função que exercem os membros da força-tarefa lhes cobra quase uma dedicação de mártires — no seu caso, um mártir que anunciou à própria mulher ganhos líquidos de R$ 400 mil com palestras em 2018, pouco antes de Dallagnol decidir entre a coragem e covardia, ficando com a segunda. A conversa começa com o envio de um link de reportagem do UOL sobre o depósito de R$ 24 mil que Fabrício Queiroz fizera na conta de Michelle Bolsonaro, mulher do, à época, presidente eleito: 

DELTAN DALLAGNOL – 00:56:50 – https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/07/bolsonaro-diz-que-ex-assessor-tinha-divida-com-ele-e-pagou-a-primeira-dama.htm 

DALLAGNOL – 00:58:15 – [imagem não encontrada] DALLAGNOL – 00:58:15 – [imagem não encontrada] 

DALLAGNOL – 00:58:38 – COAF com Moro 

DALLAGNOL – 00:58:40 – Aiaiai 

JULIO NORONHA – 00:59:34 – 

DALLAGNOL – 01:04:40 – [imagem não encontrada)

JANUÁRIO PALUDO – 07:01:20 – Isso lembr 

PALUDO – 07:01:48 – Lembra algo Deltan? 

PALUDO – 07:03:08 – Aiaiai 

JERUSA VIECILLI – 07:05:24 – Falo nada … Só observo 

DALLAGNOL – 08:47:52 – Kkk 

DALLAGNOL – 08:52:01 – É óbvio o q aconteceu… E agora, José? 

DALLAGNOL – 08:53:37 – Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? 

DALLAGNOL – 08:54:21 – Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo? 

DALLAGNOL – 08:58:11 – Agora, Bolso terá algum interesse em aparelhar a PGR, embora o Flávio tenha foro no TJRJ. Última saída seria dar um ministério e blindar ele na PGR. Pra isso, teria que achar um colega bem trampa 

ATHAYDE RIBEIRO COSTA – 08:59:41 – É so copiar e colar a ultima denuncia do Geddel 

ROBERSON POZZOBON – 09:02:52 – Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse 

POZZOBON – 09:03:19 – A questão é quanto ele estará disposto a ficar no cargo com isso ou se mais disso vir 

Moro, como sabemos, silenciou sobre o caso Fabrício. O paladino contra a corrupção enfiou o rabo da moralidade entre as pernas e preferiu fugir do assunto. Fez o mesmo também em outro caso que chega a ser vexaminoso: o de seu colega de ministério Marcelo Álvaro Antonio (Turismo) e o laranjal que o cerca. 

Os diálogos divulgados neste domingo mostram a parcialidade e o direcionamento político da "luta contra a corrupção" travada por Moro e Dallagnol, entre outros. 

A VAGA NO STF 

E agora muito importante corre o risco de se perder em meio às conversas. Escreve Dallagnol: 

DALLAGNOL – 08:54:21 – Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo? 

No dia 12 de maio, em entrevista a Milton Neves, da Band, Bolsonaro afirmou que, ao convidar Moro para o Ministério da Justiça, prometeu que o indicaria para uma vaga no Supremo. Ficou claro que tal promessa tinha feito parte do pacote de ofertas para que aceitasse a pasta. No dia seguinte, o ministro da Justiça desmentiu o chefe. E ficou o dito pelo não-dito. 

Notem que, muito antes, ainda em dezembro, Dallagnol já tratava da indicação de seu amigo de fé, irmão, camarada para a vaga no tribunal. E ainda deixa claro que, se Moro resolvesse se engajar na apuração das lambanças havidas no gabinete de Flávio, a indicação não sairia. 

E Moro, como sabemos, não se engajou. 

Só não sei se haverá tempo para ser ministro do Supremo. 

Digam: a Lava Jato não lhes parece, a cada dia, mais isenta, mais independente, mais imparcial e interessada apenas em combater os malfeitores? 

Ah, sim: os valentes todos afirmam não reconhecer a autenticidade das conversas. A Globo diz não comentar conversa de seus jornalistas com fontes. Mas não nega, claro!, o envio da mensagem. Nem poderia. Ela é verdadeira, a exemplo de todas as outras.