quinta-feira, 25 de março de 2021

Ex-assessores de Bolsonaro sacaram 90% de salário pago por Flávio e Carlos

          O presidente Jair Bolsonaro, ao centro, e os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro 
Imagem: Reprodução/Flickr 

Amanda Rossi, Flávio Costa, Gabriela Sá Pessoa e Juliana Dal Piva 
Do UOL, em São Paulo e no Rio 
25/03/2021 04h00 

Seis pessoas que tiveram cargos no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, antes de 2007, sacaram pelo menos 90% dos salários que receberam quando se tornaram, anos depois, assessores de Flávio e Carlos Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) e na Câmara Municipal do Rio, respectivamente. Receberam R$ 1,58 milhão e retiraram, em dinheiro vivo, pelo menos R$ 1,41 milhão.

Esses seis funcionários tiveram sigilo bancário quebrado pela investigação da "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Como a quebra começa em janeiro de 2007, depois que essas pessoas já tinham saído da Câmara dos Deputados, não é possível saber o que fizeram com os salários que recebiam do gabinete de Jair Bolsonaro.

Procurado, o Planalto disse que não iria se manifestar. O advogado de Carlos Bolsonaro, Antonio Carlos Fonseca, disse que não irá se pronunciar porque os processos estão em sigilo.

Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro, afirmou, por nota, que "ao contrário do que tenta induzir a reportagem, Flávio Bolsonaro nunca monitorou os hábitos financeiros e de consumo dos servidores que trabalharam em seu gabinete na Alerj. A forma como administravam as próprias contas era responsabilidade apenas deles. Seria no mínimo absurdo o parlamentar fazer tal tipo de controle e, portanto, não passa de fantasia a ideia de que houve rachadinha em seu gabinete".

Método da rachadinha

O UOL teve acesso às quebras de sigilo da investigação da suposta "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, em setembro de 2020, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense, e veio, desde então, analisando meticulosamente as 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas -uma para cada um dos suspeitos. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou o uso dos dados resultantes das quebras de sigilos no processo contra Flávio, mas o Ministério Público Federal e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) recorreram junto ao Supremo Tribunal Federal. O UOL avalia que há interesse público evidente na divulgação das informações que compõem estas reportagens.

Os cálculos do UOL consideram os saques que, com certeza, têm origens nos salários recebidos. Ou seja, não é possível que esses valores sacados sejam fruto de outras fontes de renda.

Na série de reportagens "Anatomia da Rachadinha", o UOL revelou que quatro assessores de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados sacaram 72% do que receberam.

Em seguida, esses mesmos assessores foram trabalhar com Flávio Bolsonaro na Alerj, onde continuaram a sacar a maior parte dos salários.

O uso constante de dinheiro vivo levanta suspeitas porque dificulta o rastreio pelos órgãos de controle, apontam especialistas no combate à corrupção e investigadores criminais.

Esse padrão foi identificado pelos investigadores do MP-RJ como parte do método usado durante a "rachadinha" na Alerj. A partir dos saques, os salários eram transformados em dinheiro vivo para entregas a operadores da "rachadinha": nome pelo qual é conhecido o esquema ilegal de devolução de vencimentos de assessores de um político. A prática configura crime de peculato — roubo ou mau uso de dinheiro público.

"O senador Flávio Bolsonaro não praticou qualquer tipo de ilegalidade em seus mandatos. Todos os servidores que passaram pelo gabinete do parlamentar foram nomeados de acordo com as regras da Assembleia Legislativa e cumpriam suas funções dentro das normas da casa", declarou Wassef, por nota.

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Em seguida, esses mesmos assessores foram trabalhar com Flávio Bolsonaro na Alerj, onde continuaram a sacar a maior parte dos salários.

O uso constante de dinheiro vivo levanta suspeitas porque dificulta o rastreio pelos órgãos de controle, apontam especialistas no combate à corrupção e investigadores criminais.

Esse padrão foi identificado pelos investigadores do MP-RJ como parte do método usado durante a "rachadinha" na Alerj. A partir dos saques, os salários eram transformados em dinheiro vivo para entregas a operadores da "rachadinha": nome pelo qual é conhecido o esquema ilegal de devolução de vencimentos de assessores de um político. A prática configura crime de peculato — roubo ou mau uso de dinheiro público.

"O senador Flávio Bolsonaro não praticou qualquer tipo de ilegalidade em seus mandatos. Todos os servidores que passaram pelo gabinete do parlamentar foram nomeados de acordo com as regras da Assembleia Legislativa e cumpriam suas funções dentro das normas da casa", declarou Wassef, por nota.

A advogada Ana Cristina Siqueira Valle teve um relacionameto de 8 
anos com Jair Bolsonaro   Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Mudança de padrão

Do grupo de seis ex-assessores, pelo menos quatro têm algum grau de parentesco com o presidente Jair Bolsonaro ou com uma de suas ex-mulheres.

Juliana Siqueira Guimarães Vargas, prima de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro, passou pouco mais de três anos na Câmara dos Deputados, entre 1999 e 2003. Imediatamente em seguida, foi trabalhar com Flávio Bolsonaro na Alerj, onde ficou por oito anos, até 2011.

Os dados mostram que, entre 2007 e 2011, Juliana recebeu R$ 326 mil da Alerj, entre salários e benefícios, e sacou pelo menos R$ 244 mil (75%).

A análise do UOL constatou uma mudança de padrão nos saques de Juliana. Até o começo de 2008, a prima de Ana Cristina sacava praticamente tudo o que recebia da Alerj. A principal forma de retirar o dinheiro era por grandes saques únicos.

Mas, a partir do segundo semestre de 2008, Juliana passou a fazer mais saques fracionados, especialmente no valor de R$ 500. Também começou a sacar menos, em torno de 70% do que recebia.

Juliana é casada com o coronel do Exército Maurício da Costa Vargas. Hoje, Vargas está lotado no gabinete do Comandante do Exército, em Brasília.

Um padrão semelhante de movimentação bancária ocorreu com Michelle Almeida dos Santos. Teve cargo no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados por cerca de oito meses, entre 2002 e 2003.

Saiu do posto em Brasília para assumir uma vaga na Alerj, com Flávio Bolsonaro. Ficou três anos, passou um ano fora e voltou para mais quatro anos.

No período compreendido pela quebra de sigilo, Michelle recebeu R$ 374 mil da Alerj, entre salários e benefícios. Sacou pelo menos R$ 270 mil (72%).

Assim como Juliana, Michelle teve o hábito de sacar, de uma vez só, a maior parte do salário nos primeiros anos do cargo. Isso mudou em 2009, quando passou a fazer mais saques fracionados — principalmente nos valores de R$ 500, R$ 510 e R$ 550. Nos meses que antecederam sua exoneração, seu volume de saques despencou. O UOL procurou Juliana e Michelle por email, mas não obteve retorno.

O UOL procurou Juliana e Michelle por email, mas não obteve retorno.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Sob pressão, Bolsonaro segue sugestão de Lula e anuncia criação de comitê contra a Covid-19

"Da nossa parte, um comitê se reunirá toda semana pra decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus", disse Jair Bolsonaro. Iniciativa foi sugerida pelo ex-presidente Lula há cerca de 15 dias

Brasil 247, 24/03/2021, 11:31 h Atualizado em 24/03/2021, 16:25
  (Foto: Reprodução)

Jair Bolsonaro afirmou que irá criar um comitê com a participação de representantes dos governos estaduais, do Congresso e da União para combater a pandemia de Covid-19. Iniciativa acontece cerca de 15 dias após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender, durante um discurso histórico, a criação de uma junta para enfrentar a crise sanitária.

"Da nossa parte, um comitê se reunirá toda semana pra decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus. É unanimidade a intenção de nós, cada vez mais, nos dedicarmos à vacinação em massa no Brasil”, disse Bolsonaro após uma reunião realizada nesta quarta-feira (24), no Palácio da Alvorada.

Segundo o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a união entre os poderes visa fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma “articulação nos três níveis, para prover à população brasileira com agilidade uma campanha de vacinação que possa atingir uma cobertura vacinal capaz de reduzir a circulação do vírus”.

Apesar do anúncio, Bolsonaro voltou a defender o "tratamento precoce” contra a Covid-19 com medicamentos como a ivermectina e hidroxicloroquina, que não possuem eficácia cientifica comprovada e têm o uso desaconselhado por autoridades médicas

"Tratamos também de possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, de que respeita o direito e o dever do médico em tratar os infectados", disse Bolsonaro.

terça-feira, 23 de março de 2021

“Kássio é agente do bolsonarismo e deve ser denunciado no plano internacional”, diz Pedro Serrano

À TV 247, o jurista Pedro Serrano disse que o ministro Kassio Nunes Marques "demonstrou não saber o que é garantismo" e afirmou que o ministro está a serviço do bolsonarismo. "E nós temos que falar isso claramente e partir com esta denúncia inclusive no plano internacional", afirmou.

Brasil 247, 23/03/2021, 17:56 h Atualizado em 23/03/2021, 18:19
   Pedro Serrano: as pessoas ainda não compreenderam o que é uma democracia

O jurista Pedro Serrano fez duras críticas ao ministro Kassio Nunes Marques pelo seu voto contra a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro na retomada do julgamento pela segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feria (23).

Em participação ao vivo na TV 247 durante o intervalo do julgamento do STF, Pedro Serrano afirmou que o ministro Nunes Marques "demonstrou não saber o que é garantismo".

"Utilizou a expressão com evidente déficit cognitivo. É muito ruim o voto dele neste momento", disse Serrano. Ao ser questionado sobre a expectativa em torno do julgamento da suspeição de Moro, Pedro Serrano disse que não deve se esperar benefícios ao ex-presidente Lula.

"Há uma tentativa de golpe da extrema-direita, usando o Supremo Tribunal Federal contra Lula mais uma vez. Nós não devemos ter uma postura leniente, otimista. Não estmos em luta. O ministro Kassio foi agente do bolsonarismo, ele não foi agente da Constituição. E nós temos que falar isso claramente e partir com esta denúncia inclusive no plano internacional", afirmou.

Cármen Lúcia muda voto e STF declara Moro suspeito

Ministra alterou seu entendimento de 2018 sobre a suspeição de Sergio Moro e considerou que o ex-juiz foi parcial ao julgar Lula. Julgamento da Segunda Turma é concluído com placar de 3 a 2 a favor do habeas corpus do ex-presidente

Brasil 247, 23/03/2021, 18:03 h Atualizado em 23/03/2021, 18:19
Ministra Cármen Lúcia durante sessão extraordinária. (12/03/2020) 
(Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, alterou seu voto de 2018 no julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e entendeu que o então magistrado, no âmbito da Lava Jato, foi parcial na condução dos processos contra o ex-presidente Lula. Com isso, a Corte declara Moro suspeito por um placar de 3 a 2.

“Todo mundo tem direito a um julgamento justo, de um tribunal imparcial, com um juiz independente”, disse. No caso do Lula, em seu entendimento, houve “a quebra do direito de um paciente, que não teve direito a um julgamento imparcial”. Apesar de acolher o habeas corpus da defesa, ela considerou que Moro não deve pagar as custas dos processos.

A ministra evitou fazer críticas à Lava Jato - como fizeram Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, nesta terça e também na última sessão do julgamento, há duas semanas - e insistiu que seu voto tratava “deste paciente” em particular, referindo-se a Lula.

Antes de Cármen Lúcia, o ministro Kássio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro, trouxe argumentos contraditórios para defender que Moro não poderia ser considerado suspeito nos julgamentos do ex-presidente Lula. Segundo ele, “não basta que o juiz seja simpatizante de certas ideias” para ser considerado suspeito.
Mensagens hackeadas

Nunes Marques também se manifestou abertamente contra o uso jurídico das mensagens hackeadas dos procuradores da Lava Jato por Walter Delgatti, mesmo elas não estando no habeas corpus da defesa de Lula. Ele alegou diversas vezes que não poderiam usar no julgamento “provas obtidas por meios ilícitos” e ainda “fruto de crime” para declarar a suspeição de Moro.

E usou o discurso oficial da Lava Jato ao afirmar que, “mesmo que [as conversas] sejam lícitas, não é possível afirmar que sejam fidedignas”, pois “os diálogos podem ter sido alterados”. “Não podemos errar, como se supõe que errou o ex-juiz Sergio Moro”, disse. “Dois erros não fazem um acerto”, completou, numa espécie de garantismo seletivo do Judiciário.

segunda-feira, 22 de março de 2021

MPF escondeu cargo de embaixadora para não perder foro contra Lula

Segundo as novas conversas apresentadas ao STF, procuradores da Lava Jato pretendiam usar depoimento de uma embaixadora sueca para acusar Lula de tráfico internacional de influência. Mas como ela têm prerrogativa de foro, o grupo de Curitiba tentou "minimizar" o posto ocupado pela testemunha

Brasil 247, 22/03/2021, 16:18 h Atualizado em 22/03/2021, 16:28
   (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reprodução)

Conjur - Procuradores do Ministério Público Federal queriam usar o depoimento de uma embaixadora sueca para enquadrar Lula no crime de tráfico internacional de influência. Como pessoas que atuam em cargo diplomático têm prerrogativa de foro, o grupo de Curitiba tentou "minimizar" o posto ocupado pela testemunha. A informação integra novo laudo enviado pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal.

De acordo com as conversas, os procuradores queriam denunciar Lula por tráfico de influência e corrupção no caso da compra de nove caças suecos. Para isso, precisavam achar algum servidor público que teria sido "corrompido" pelo petista.

O caso era considerado fraco pelos procuradores, mas eles encontraram uma embaixadora sueca para ser arrolada como testemunha. Por causa do foro, Athayde Ribeiro Costa disse em 10 de agosto de 2016 que que dava para "alterar [o cargo]" da embaixadora.

Jerusa, provavelmente a procuradora Jerusa Burmann Viecelli, concorda e ajuda com a empreitada. "Tirei a foto da embaixadora e a referência ao cargo no texto. Paulo [Galvão], dá uma olhada?"

O tráfico de influência pune, com pena de dois a cinco anos e multa, a corrupção de funcionários estrangeiros por brasileiros.

Defendem o ex-presidente Lula os advogados Cristiano Zanin, Valeska Martins, Eliakin Tatsuo e Maria de Lourdes Lopes.

Caso fraco

O caso dos caças sempre foi considerado fraco pelos integrantes do MPF de Curitiba. Como eles queriam pegar Lula mesmo assim, resolveram ouvir até Antonio Palocci, mesmo depois das oitivas de todas as testemunhas de acusação e defesa.

O processo dos caças começou no Paraná. Como se tornou "difícil" — nas palavras do procurador Paulo Galvão — fixar a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba, o caso foi para Brasília.

Curitiba sugeriu aos colegas do Distrito Federal que Palocci, delator de plantão do MPF, fosse ouvido de forma extemporânea, já que a oitiva das demais testemunhas já havia ocorrido.

Conforme mostrou a ConJur em 1º de março deste ano, o MPF não via "nada de anormal" na compra dos caças suecos. O ex-presidente acabou virando réu mesmo assim.

Dois meses antes da apresentação da denúncia formal pelo MPF do Distrito Federal, o assunto foi abordado pelo procurador identificado como "Orlando SP", provavelmente Orlando Martello, que atuava no Paraná.

Orlando comenta que as investigações apontaram não haver "nada de anormal" na opção pelos caças suecos, mostrando que "a questão foi vista mais como uma opção política justificável".

21 Sep 16

• "12:56:41 Orlando SP Sobre os caças. Nada de anormal na escolha. Tinha escolha normal, mas dentro da aeronáutica a questão foi vista mais como uma opção política, justificável em razão de transferência de tecnologia. Não correu boato sobre a escolha. Houve um upgrade no equipamento, depois de fechado o contrato, no valor aproximado de 1 bi. O detalhe é que uma empresa brasileira do RS foi constratada para auxiliar na implementação dos programas, transferência de tecnologia etc., mas o boato aí é que tinha favorecimento para filho de brigadeiro. A questão, entretanto, foi investigada pelo MP(F) e arquivaram a questão".

 Leia a petição na íntegra:



Cenário de 5 mil mortes diárias no Brasil é real, alertam especialistas

“Nós que trabalhamos com análise epidemiológica vemos que, infelizmente, não é impossível", afirmou o coordenador do Infogripe da Fiocruz, Marcelo Gomes, sobre a catástrofe sanitária que ocorre no Brasil

Brasil 247, 22/03/2021, 15:40 h Atualizado em 22/03/2021, 16:28
Coveiros com trajes de proteção enterram homem morto pela Covid-19 em 
cemintério em São Paulo 04/06/2020 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Especialistas do boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmaram nesta segunda-feira (22) que um cenário com números ainda mais altos de mortes por Covid-19, de 4 mil ou 5 mil óbitos por dia é possível em meio à catástrofe sanitária e humanitária que vive o País.

Segundo o coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, 23 das 27 unidades da federação registram tendência de novos casos, internações e mortes por covid-19 nas últimas semanas.

“Temos um conjunto muito grande de Estados com tendência de crescimento de casos e hospitalizações. Alguns apresentam estabilidade, mas muito incipiente. É muito preocupante”, afirmou Marcelo Gomes ao jornal Valor.

Gomes diz que há grande chance de o país ultrapassar 3 mil óbitos nos próximos dias. Um cenário pior, com 4 ou 5 mil mortes diárias não pode ser descartado. “Nós que trabalhamos com análise epidemiológica vemos que, infelizmente, não é impossível. É uma marca muito alta, mas não dá para descartar”, afirmou.

Segundo o médico Walter Cintra, professor da pós-graduação em administração hospitalar da EAESP-FGV, cenas como a do ex-governador de Goiás Helenês Cândido, que morreu na semana passada dentro de uma ambulância após dias de espera por uma UTI, vão se tornar mais frequentes. “Estamos numa situação desesperadora, quando as pessoas começam a morrer por falta de UTI.”

Dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) divulgados neste domingo (21) mostram o pior domingo de toda pandemia, superando os números recordes de 14 de março. Foram registradas 1.290 mortes decorrentes da covid-19 nas últimas 24 horas, com um total de 294.042 óbitos.

No período, foram 47.774 casos oficiais de covid-19, totalizando 11.998.233 acumulados desde o início da pandemia no Brasil. O país fecha a semana, entre 14 e 20 de março, com o maior número de óbitos, 15.661 vítimas em sete dias. A média móvel também é recorde, com 2.259 óbitos decorrentes da doença, valendo o mesmo para as infecções, com 73.552 casos.

Manifesto da elite econômica sela isolamento de Bolsonaro

"A turma do PIB era o elemento que faltava no cerco que está se apertando em torno de Bolsonaro, e a carta deixa claro que também eles estão cansados do capitão", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Brasil 247, 22/03/2021, 11:06 h Atualizado em 22/03/2021, 17:28
    (Foto: Reuters | Reprodução | Marcos Corrêa/PR)

Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

O ingrediente novo no cenário é o manifesto de empresários, banqueiros e economistas pressionando Jair Bolsonaro a tomar medidas efetivas contra a Covid, criticando o governo e derrubando o discurso da falsa dicotomia entre pandemia e economia. Mas a questão que moveu nomes como Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, Pedro Malan e Rubens Ricúpero, Armínio Fraga e Persio Arida, entre outros, a se juntarem nesse chega pra lá a Bolsonaro parece ir além da pandemia: nas entrelinhas, está escrito que essa turma não vai apoiar um golpe.

A carta dos empresários e banqueiros veio a público junto com os recentes arreganhos ameaçadores do presidente da República. Na sexta, ele voltou a falar em estado de sítio e prometeu que “medidas duras”virão. Apesar de reações no Judiciário e no Legislativo, neste domingo Bolsonaro aproveitou o próprio aniversário para fazer ameaças veladas, afirmando que “só Deus”o tira do cargo, e que vai fazer tudo o que puder para preservar o direito do povo de “ir e vir”.

Dos dois fatos, tira-se uma conclusão: Bolsonaro está isolado, falando sozinho, uma espécie de D.Quixote do mal investindo contra os moinhos de vento vermelhos. Quando confrontado pelo presidente do STF, Luiz Fux, negou intenção de decretar estado de sítio. Diante da nota do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, de que não há condições que justifiquem tal medida, nada comentou e seguiu adiante nos delírios. Também finge não perceber a cada vez mais forte pressão dos neoaliados do Centrão para que mude de comportamento, sob o risco de perder a base parlamentar.

O que fará agora com a carta dos empresários, banqueiros e economistas? A turma do PIB era o elemento que faltava no cerco que está se apertando em torno de Bolsonaro, e a carta deixa claro que também eles estão cansados do capitão. O certo, o lógico, o racional para um presidente encurralado como ele seria ceder, e até oportunidade para isso ele tem: na quarta-feira, na reunião com os chefes dos demais poderes para tratar de uma ação unificada contra a pandemia.

Conseguirão os desesperados assessores convencer Bolsonaro de que é preciso frear a marcha da insensatez? Façam suas apostas. Ganha uma cartela de cloroquina quem acertar.

Manifestantes estendem faixa ‘genocida mora aqui’ em frente a condomínio de Bolsonaro

Manifestantes estenderam uma faixa “genocida mora aqui” em frente ao condomínio de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

Brasil 247, 22/03/2021, 18:10 h Atualizado em 22/03/2021, 18:19
   (Foto: Reprodução)

Manifestantes estenderam uma faixa “genocida mora aqui” em frente ao condomínio de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O condomínio Vivendas da Barra também é o endereço de um acusado de assassinato, Ronnie Lessa, réu pelo assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Governo Bolsonaro lança ultimato a diplomatas venezuelanos para que saíam do Brasil

Desde janeiro, a Venezuela tem suprimento de oxigênio a hospitais brasileiros e agora é atacada pelo governo Jair Bolsonaro que falou em “regime ilegítimo da Venezuela” para apoiar a política golpista dos EUA

Brasil 247, 22/03/2021, 18:02 h Atualizado em 22/03/2021, 18:19
Nicolás Maduro e Jair Bolsonaro 
(Foto: © EPA/Miguel Gutierrez/Agência Lusa | ABr)

Novamente, o governo Jair Bolsonaro está querendo retirar os diplomatas da Venezuela do país, numa forma de atacar o governo de Nicolás Maduro. Os diplomatas receberam um ultimato para deixar o país através de notificação feita pela Polícia Federal (PF), que falou em “regime ilegítimo da Venezuela”. A data limite é 2 de abril, segundo coluna de Bela Megale no jornal O Globo.

O governo Bolsonaro, capacho dos Estados Unidos, reconhece o “governo” do golpista Juan Guaidó, que representa uma parlamento sem respaldo popular e se autoproclamou presidente da Venezuela.

Contra a medida, o deputado federal Paulo Pimenta (PT) anunciou que vai ingressar nesta segunda-feira, 22, com aditamento a um pedido de habeas corpus que impetrou no ano passado, no Supremo Tribunal Federal (STF), o qual garantiu a permanência dos diplomatas venezuelanos no país.

Ataques a Venezuela, que garantiu oxigênio para Brasil

“Se naquele momento o ministro entendeu que os diplomatas venezuelanos não podiam sair do Brasil por causa da pandemia, hoje a situação é muito mais grave e delicada”, disse o parlamentar. “Neste momento, em situação dramática aqui e lá, nada justifica essa postura criminosa do governo brasileiro contra os diplomatas venezuelanos”.

Ele lembrou que, desde janeiro a Venezuela, tem viabilizado “toda condição possível para o suprimento de oxigênio a hospitais”. O governo Maduro disponibilizou pessoal médico e oxigênio para ajudar a crise sanitária no Brasil causada pela pandemia do novo coronavírus e o desgoverno Bolsonaro. Amazonas e Amapá têm recebido oxigênio enviado pelo governo da Venezuela.

“Estão sendo expulsos de maneira gratuita, desnecessária e injustificável”, disse Pimenta. “É quase inacreditável que pessoas que estão nos ajudando neste momento, inclusive ampliando o apoio logístico para os dois estados, sofram tamanha perseguição”.

“O governo Bolsonaro, nesse momento tão grave da pandemia, mais uma vez, de maneira inexplicável, adota medidas ilegais e, por meio da PF, estabelece um prazo para que os diplomatas venezuelanos deixem o nosso país. Isso mostra não só uma atitude hostil gratuita contra o povo venezuelano, como também desrespeito com a vida dos brasileiros, particularmente de Estados do Norte, que têm recebido ajuda da Venezuela para tratar de doentes de Covid-19”, disse o deputado.

#ForaBolsonaroGenocida ganha as ruas de São Paulo

Cartazes com a hashtag #ForaBolsonaroGenocida, denunciando as cerca de 300 mil mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil e o negacionismo de Jair Bolsonaro, amanheceram afixados em várias ruas de São Paulo

Brasil 247, 22/03/2021, 14:05 h Atualizado em 22/03/2021, 14:22
  cartazes-#bolsonarogenocida-ruas-são paulo

Uma série de cartazes com a hashtag #ForaBolsonaroGenocida denunciando as cerca de 300 mil mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil e o negacionismo de Jair Bolsonaro ganharam as ruas de São Paulo nesta segunda-feira (22).

A hashtag #ForaBolsonaroGenocida faz referência a intimação recebida pelo youtuber Felipe Neto no dia 15 deste mês, quando ele foi por chamado para depor por crime contra a Lei de Segurança Nacional (LSN), por ter chamado Jair Bolsonaro de genocida.

A intimação foi fruto de uma queixa-crime noticiada à polícia pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente. A LSN vem sendo utilizada pelo governo Bolsonaro para perseguir opositores e críticos.