sexta-feira, 12 de março de 2021

Morre Dr. Adalberto Viana, popular Dr. Cabano, advogado e político

     Dr. Adalberto Viana, popular Cabano

A noticia da morte do advogado Dr. Adalberto Viana da Silva, foi anunciada em primeira mão nas redes sociais, na noite desta sexta-feira, no Hospital Regional do Tapajós, na cidade de Itaituba, Estado do Pará, onde ele se encontrava internado, com coronavírus.

Dr. Cabano, como era popularmente conhecido, era advogado, foi prefeito do município de Aveiro, foi vereador em Itaituba e militante do MDB. Cabano há mais de duas semanas lutava contra a COVID - 19, tendo sido transferido de Santarém para Itaituba.

Cabano era filho do ex-prefeito de Itaituba, Raimundo Altamiro da Silva, gostava de discutir politica e era um combatente da linha de frente em favor do atual prefeito de Itaituba, Valmir Climaco de Aguiar.

Cabano deixa viúva a sra. professora Gessycléia, que atua nas redes estadual e municipal de Educação.


Flávio Dino anuncia apoio a Lula em 2022

“Acho que Lula é o nome mais indicado para ser candidato e, se ele for, de fato, eu, particularmente o apoiarei, sem dúvida alguma”, declarou o governador do Maranhão, Flávio Dino, (PCdoB-MA)

Brasil 247, 12/03/2021, 09:41 h Atualizado em 12/03/2021, 10:22
   Lula e Flávio Dino (Foto: Ricardo Stuckert)

Metrópoles - Embora tenha seu nome como um plano do PCdoB para a corrida eleitoral de 2022, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), diante da probabilidade de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, aponta que “sem dúvida alguma” estará no apoio ao petista.

Em entrevista ao Metrópoles, Dino avaliou o primeiro discurso de Lula após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações contra o petista, como uma sinalização à frente ampla.

“O posicionamento que ele adotou no discurso foi na direção de ser o articulador de um conjunto de forças capazes de derrotar o bolsonarismo. Esse foi o principal ponto. Você junta quem pode juntar com um programa amplo, que fale com o país inteiro, que pactue a nação contra a barbárie bolsonarista. E a reação foi positiva”, disse Dino.

“Acho que Lula é o nome mais indicado para ser candidato e, se ele for, de fato, eu, particularmente o apoiarei, sem dúvida alguma”, enfatizou o governador.

Reação positiva

Dino considerou um “sinal positivo” do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, reconhecer a liderança do ex-presidente e suas diferenças com o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).


“Um político como Rodrigo Maia, que hoje está no centro-direita, reagiu positivamente. Isso mostra que o discurso foi correto.”

Governo reconhece que mortes podem chegar a 3 mil por dia e que Bolsonaro "perdeu a narrativa"

Palácio do Planalto foi alertado pelo Ministério da Saúde que o Brasil poderá registrar uma média diária de mais de 2 mil mortes até abril, número que no pico poderá chegar a 3 mil. Cúpula do governo avalia que Jair Bolsonaro "perdeu a narrativa" de enfrentamento à pandemia e que Lula faz sombra a ele

Brasil 247, 12/03/2021, 09:22 h Atualizado em 12/03/2021, 09:22
(Foto: Divulgação)

O Palácio do Planalto foi alertado por técnicos do Ministério da Saúde que o Brasil poderá registrar uma média diária de mais de 2 mil mortes em março e até abril, número que no pico poderá chegar a 3 mil óbitos diários. De acordo com reportagem do jornalista Fabio Murakawa, no Valor Econômico, a avaliação de parte da cúpula do governo é que Jair Bolsonaro, que tenta culpar os governadores pela crise sanitária, “perdeu a narrativa” da pandemia e a vacinação – que poderia reverter a situação – avança lentamente no país.

O temor do Planalto foi agravado pelo discurso histórico feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (10). Na ocasião, Lula defendeu a criação de um comitê nacional para enfrentar a pandemia, além de defender a vacinação e responsabilizar o governo Bolsonaro pela omissão frente à crise. A volta de Lula ao cenário político, após a anulação das condenações impostas pelo ex-juiz Sergio Moro, associada a inação do governo frente à pandemia, também acendeu a luz de alerta em relação às chances de reeleição do ex-capitão em 2022.

Segundo a reportagem, a avaliação do governo é que o Brasil terá “seis semanas turbulentas” devido ao agravamento da pandemia e do colapso simultâneo do sistema de saúde em diversos estados.

Apesar da insistência de Bolsonaro em criticar os governadores em função das restrições impostas ao funcionamento de setores da economia e das medidas de distanciamento social, interlocutores do governo observam que a única vantagem política que pode ser capitalizada por Bolsonaro está na vacinação.

A situação, porém, é tida como incerta em função da baixa disponibilidade da oferta dos imunizantes em nível mundial e da incapacidade do governo em ampliar a vacinação no Brasil. Até esta quinta-feira (11), 9.294.537 pessoas haviam sido vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19, o que corresponde a penas 4,39% da população do país Outros 3.317.344 de brasileiros recebera, a segunda dose. O número corresponde a 1,57% da população. O Brasil registra mais de 270 mil mortes em decorrência do coronavírus.

Globonews e Jornal Nacional batem recordes de audiência ao mostrar discurso de Lula

A emissora da família Marinho, que participou da construção da farsa jurídica contra Lula na Lava Jato e vinha há anos adotando um noticiário majoritariamente negativo contra Lula, mudou o tom e o resultado foi imediato

Brasil 247, 12/03/2021, 17:36 h Atualizado em 12/03/2021, 18:21
        (Foto: Reuters | Reprodução)

O pronunciamento e a entrevista coletiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dessa quarta-feira (10) foi um fenômeno de mídia e fez subir a audiência até da Globo.

A emissora da família Marinho, que participou da construção da farsa jurídica contra Lula na Lava Jato e vinha há anos adotando um noticiário majoritariamente negativo contra Lula, mudou o tom e o resultado foi imediato.

Segundo o blog Telepadi, a audiência da Globonews foi 25% superior à soma dos demais canais de jornalismo no segmento pago no dia do pronunciamento de Lula. Na mesma quarta, o Jornal Nacional bateu nos 32 pontos de audiência, recorde do ano, com 46% de participação entre os televisores ligados na Grande São Paulo.

Tribunal manda prender Jeanine Añez e outros golpistas da Bolívia

De acordo com a agência de notícias boliviana Kawsachun News, Jeanine Añez e outros nove altos funcionários de seu governo são acusados ​​de terrorismo, sedição e conspiração no golpe de 2019 contra Evo Morales

Brasil 247, 12/03/2021, 15:47 h Atualizado em 12/03/2021, 16:14
    A senadora boliviana Jeanine Añez se autoproclama presidente da Bolívia 
(Foto: Facebook/Divulgação)

Sputnik Brasil - Um tribunal boliviano emitiu mandados de prisão para Jeanine Añez, a ex-presidente interina que tomou o poder em um golpe de Estado no final de 2019, ao lado de vários de seus ministros, alertando que são um "risco de fuga".

De acordo com a ação judicial compartilhada pela agência de notícias boliviana Kawsachun News, Añez e outros nove altos funcionários de seu governo são acusados ​​de terrorismo, sedição e conspiração.

Añez deixou o cargo no início de novembro, quando Luis Arce, do Movimento pelo Socialismo (MAS), assumiu o cargo, tendo vencido uma eleição esmagadora em 18 de outubro. A votação foi adiada várias vezes, gerando protestos e alimentando temores de uma virada ainda mais longe da democracia.

Ex-senador da região de Beni, nordeste da Bolívia, Añez subiu ao poder no caos de novembro de 2019, quando uma campanha coordenada por forças nacionais e internacionais tentou anular a reeleição do então presidente Evo Morales no mês anterior. Depois que milícias de direita e forças policiais simpáticas bloquearam os legisladores do MAS e Añez se viu chefe de um parlamento, ela se declarou presidente interina em 12 de novembro

Fachin mantém anulação das sentenças contra Lula e manda caso ao plenário do STF

O ministro manteve sua decisão mediante recurso da PGR e deu prazo de cinco dias para que os advogados se manifestem

Brasil 247, 12/03/2021, 18:52 h Atualizado em 12 de março de 2021, 20:32
   Ministro Edson Fachin e Lula (Foto: STF | Ricardo Stuckert)

Sérgio Rodas, Conjur - O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, submeteu nesta sexta-feira (12/3) ao Plenário da corte sua decisão que decretou a incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba para julgar processos envolvendo o ex-presidente Lula e anulou as condenações do petista.

Na segunda (8/3), Fachin decidiu que a vara que tinha Sergio Moro como juiz titular é incompetente para processar e julgar os casos do tríplex no Guarujá (SP), do sítio de Atibaia, além de dois processos envolvendo o Instituto Lula. Com isso, as condenações do ex-presidente foram anuladas e ele voltou a ter todos os seus direitos políticos, se tornando novamente elegível. Os autos, que estavam no Paraná, devem agora ser enviados para a Justiça Federal de Brasília.

A Procuradoria-Geral da República apresentou agravo regimental nesta sexta. A PGR entende que a competência da 13ª Vara Federal Criminal do Paraná deve ser mantida para preservar a estabilidade processual e a segurança jurídica. Assim, as condenações manteriam sua validade, e os processos seriam continuados.

Fachin fundamentou sua decisão em dispositivos do Regimento Interno do STF. Entre eles, o artigo 22, parágrafo único, "b". O dispositivo autoriza o relator a submeter caso a apreciação de todos os ministros "quando, em razão da relevância da questão jurídica ou da necessidade de prevenir divergência entre as turmas, convier pronunciamento do Plenário".

O ministro deu cinco dias para a defesa de Lula se manifestar sobre o recurso. Depois disso, o caso será enviado ao presidente do STF, Luiz Fux, a quem caberá incluir o julgamento em pauta.

Mudança de entendimento

Ao declarar a incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba para julgar Lula, Edson Fachin revogou despacho de afetação do Habeas Corpus ao Plenário.

Em novembro de 2020, Fachin enviou o caso ao Plenário porque a defesa de Lula questionou a observância do precedente firmado pelo STF no julgamento da questão de ordem no Inquérito 4.310. Neste caso, o Supremo concluiu que Moro só teria competência para julgar os casos que teriam relação com a apuração de fraudes e desvio de recursos no âmbito da Petrobras.

No entanto, Fachin revogou a afetação ao Plenário por entender que a 2ª Turma do Supremo já havia, em diversos momentos, se pronunciado sobre a competência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

Idas e vindas

Depois da decisão, Fachin declarou que a suspeição de Moro perdeu o objeto. Ele tentava esvaziar o julgamento desde a última semana, como mostrou a ConJur. A ideia é preservar o "legado" da "lava jato" e evitar que a discussão sobre a atuação de Moro contamine os demais processos tocados pelo Ministério Público Federal do Paraná.

Contudo, o presidente da 2ª Turma do Supremo, Gilmar Mendes, colocou na pauta de terça-feira (9/3) o julgamento sobre a suspeição de Sergio Moro. O processo estava suspenso por pedido de vista do próprio ministro.

Fachin, entretanto, apresentou questão de ordem ao presidente da corte, Luiz Fux, argumentando que o HC havia perdido o objeto. Por isso, pediu o adiamento do julgamento.

No início da sessão de terça, a 2ª Turma, por 4 votos a 1, decidiu dar prosseguimento ao julgamento. Só Fachin ficou vencido; Gilmar, Nunes Marques, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski foram a favor da continuidade.

Prevaleceu o entendimento, firmado pela 2ª Turma em dezembro de 2018, de que o Habeas Corpus que discute a suspeição de Moro não seria afetado ao Plenário. Além disso, os ministros apontaram que há precedente do Supremo estabelecendo que, uma vez iniciado o julgamento pelo colegiado, o relator não alterar sozinho o órgão julgador — turma ou Plenário (AP 618).

Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram por reconhecer a parcialidade de Moro. Logo após Gilmar enunciar seu voto, o ministro Nunes Marques, que votaria em seguida, pediu vista. Caberá ao integrante mais novo da corte desempatar o julgamento. Por ora, dois ministros votaram para reconhecer a suspeição de Moro e dois para negar o pedido da defesa de Lula.

Em 4 de dezembro de 2018, os ministros Edson Fachin, relator, e Cármen Lúcia votaram por negar o Habeas Corpus da defesa de Lula, alegando falta de imparcialidade de Moro. O julgamento foi interrompido por pedido de vista de Gilmar. Porém, Cármen afirmou nesta terça que vai votar depois de Nunes Marques; portanto, pode estar sinalizando mudança de entendimento.

Futuro dos processos

Ao anular as condenações do ex-presidente, Fachin declarou "a nulidade apenas dos atos decisórios praticados nas respectivas ações penais, inclusive os recebimentos da denúncia". Ou seja, o ministro encontrou uma forma de manter válidas as quebras de sigilo, interceptações e material resultante de buscas e apreensões.

Como os autos serão enviados ao DF, o juiz que se tornar responsável pelos casos do ex-presidente ainda poderia usar os dados colhidos durante as investigações conduzidas por Moro, segundo a decisão de Fachin. No entanto, se Moro for declarado suspeito, isso não será mais possível, já que as provas estariam "contaminadas".

Em menos de um ano, Moro despenca, Lula dispara e empata com Bolsonaro nos dois turnos de 2022, diz Ipespe


Viomundo, 2/03/2021 - 13h07



Da Redação

O ex-presidente Lula mantém viés de alta na série histórica da pesquisa XP-Ipespe e está tecnicamente empatado na margem de erro com o presidente Jair Bolsonaro para a eleição presidencial de 2022.

No primeiro turno, em pesquisa estimulada, Bolsonaro tem 27% contra 25% de Lula.

O ex-juiz federal Sergio Moro, em derretimento, caiu de 16% para 10% entre maio do ano passado e março deste ano.

No mesmo período, Lula subiu de 17% para 25%.

Ciro Gomes se manteve estável, com 9%.

A soma de outros candidatos (Luciano Huck, Amoêdo, João Doria e Guilherme Boulos) acumula 16% das preferências.

A margem de erro da pesquisa é de 3,5% pontos para mais ou menos.

Em eventual segundo turno, Bolsonaro tem 41% e Lula, 40%.

Nas outras simulações de segundo turno, Bolsonaro hoje está adiante numericamente, mas empatado na margem de erro com Fernando Haddad (40% a 36%), Huck (37% a 32%), Ciro (39% a 37%) e Moro (31% a 34%).

Ele venceria Guilherme Boulos (40% a 30%) e o tucano João Doria (39% a 29%).

O dado ruim para Bolsonaro é que 52% dos entrevistados disseram que querem mudar tudo.

O Ipespe ouviu 800 pessoas, contactadas pelo telefone, entre os dias 9 e 11 de março.

Foi a primeira pesquisa Ipespe desde que os processos contra o ex-presidente Lula em Curitiba foram anulados.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Flávio e Carlos Bolsonaro coordenam ataques à Lula nas redes sociais

Ofensiva contra Lula, coordenada por Flávio e Carlos Bolsonaro, aconteceu menos de 24 após o ex-presidente defender a criação de um comitê nacional para enfrentar a pandemia, além de criticar a omissão e o negacionismo do governo Bolsonaro no enfrentamento à crise sanitária

Brasil 247, 11/03/2021, 12:51 h Atualizado em 11/03/2021, 13:12
   Flávio e Carlos Bolsonaro (Foto: Reuters)

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) voltaram a assumir a coordenação do chamado gabinete do ódio, responsável por disseminar fake news e atacar opositores do governo Jair Bolsonaro nas redes sociais para disparar, nesta quinta-feira (11), uma ofensiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O novo ataque contra Lula aconteceu menos de 24 após o ex-presidente ter realizado um discurso histórico em que defendeu a criação de um comitê nacional para enfrentar a pandemia, além de criticar a omissão e o negacionismo do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

De acordo com reportagem da jornalista Juliana Dal Piva, no UOL, Flávio e Carlos resgataram o trecho de uma entrevista de Lula, realizada no ano passado, em que ele proferiu uma frase que foi utilizada de forma maliciosa pela mídia hegemônica.

"Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises", disse Lula na época.

De acordo com a reportagem, as primeiras postagens contra Lula foram feitas por Carlos Bolsonaro em diversas redes sociais, como o Twitter e Telegram. A publicação foi replicada pelos seguidores, bolsonaristas e por simpatizantes da extrema direita logo em seguida.

Lula fez um dos melhores discursos de sua carreira: o resgate da política

ANÁLISE
          Lula durante pronunciamento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: fala 
          moderada e de apreço à políticaImagem: Edilson Dantas / Agência O Globo

Reinaldo Azevedo/Colunista do UOL/11/03/2021 06h55

O ex-presidente Lula fez nesta quarta um dos melhores pronunciamentos de sua carreira política, ainda que eu discorde de alguns aspectos pontuais. Não endosso, por exemplo, a crítica genérica às privatizações. A sua síntese para a gente sair do atoleiro econômico pode não ser a melhor porque o Estado não tem como investir. Não estava ali, no entanto, expondo um programa de governo. O que me interessou foi outra coisa: a fala de Lula (re)conferiu dignidade à política.

O cadáver adiado do udenismo até pode indagar: "Que país é este em que recebemos lições de um ex-presidiário?" É aquele que assistiu calado, quando não estava aplaudindo, a escalada de ações ilegais de Sergio Moro, alçado à condição de herói nacional e saudado com frequência por sua habilidade em ignorar as garantias legais. Afinal, seu propósito seria nobre: caçar corruptos. É o país que viu o doutor confessar em embargos de declaração que nem mesmo era o juiz natural do caso do tríplex.




Vivemos anos de insanidade judicial, de loucura mesmo! E caímos no atoleiro que aí está.

Lula passou 580 dias preso. Edson Fachin, o mesmo ministro do Supremo que anulou todos os processos que corriam na 13ª Vara Federal de Curitiba por reconhecer, finalmente, que Moro não era o juiz natural das causas, liderou os seis votos que mantiveram o ex-presidente na cadeia em abril de 2018 — nesse caso, ao arrepio do que dispõem a Constituição e o Código de Processo Penal. Assim, se você quiser saber que país é este que recebe lições de um ex-presidiário, convenham: a pergunta deve ser dirigida àqueles que contribuíram para coonestar a farsa.

DELÍRIO PUNITIVISTA
Vivemos a fase do delírio punitivista, pouco importando o que fizessem os procuradores da Lava Jato e o juiz. Afinal, havia um objetivo maior, que se sobrepunha ao devido processo legal: combater a corrupção. E muitos se desinteressaram de saber quais meios eram empregados para supostamente atingir esse fim. Sim, é preciso que a imprensa se pergunte que papel desempenhou nesse desastre.

Não havia Moro, afinal de contas, confessado em embargos de declaração que o juiz não era ele? Por que a admissão não causou espécie? "Ah, Reinaldo, porque há evidência de que houve corrupção". É verdade, e a dinheirama devolvida por alguns diretores da Petrobras o evidencia de maneira insofismável.

Ocorre que as provas contra Lula no tal processo jamais apareceram. A sentença condenatória de Moro tem de ser estudada nas faculdades de direito país afora como exemplo do que um juiz não deve fazer. E daí? Tudo parecia irrelevante diante da missão. Ainda agora, alguns textos malandros insistem que até se pode estar a fazer justiça, mas que isso enfraquece o enfrentamento da corrupção. Bem, quem diz atuar ao arrepio da lei sob o pretexto de fazer o bem são esquadrões da morte e milícias. Como sabemos, são todos bandidos, criminosos.

DE VOLTA AO PRONUNCIAMENTO

A fala de Lula poderia estar cheia de rancor, voltada apenas para o passado. Mas não. Ele falou sobre o futuro e disse que vai conversar com todas as forças políticas do país -- suponho que exclua o bolsonarismo -- porque todas foram eleitas e representam a vontade do povo. "Ah, olha o caminho da bandalheira aí..." Não! A bandalheira não está em admitir, como é o correto, a representatividade do Congresso Nacional, mas na compra perniciosa de apoio -- agora e antes.

O ex-presidente fez um firme pronunciamento em defesa da vacina, devidamente protegido por uma máscara -- e assim também estavam seus assessores -- e criticou duramente o negacionismo de Bolsonaro. Mais: falou diretamente ao povo:
"Eu vou tomar minha vacina e quero fazer propaganda pro povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que podem livrar você do covid. Mas, mesmo tomando vacina, não ache que você possa tomar a vacina e já tirar a camisa, ir pro boteco, pedir uma cerveja gelada e ficar conversando, não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, você precisa continuar usando máscara e utilizando álcool em gel."

Lula soube tornar a sua dor menor do que a de milhares de famílias enlutadas e não perdeu o notável senso de didatismo que sempre teve. Não ameaça a população nem com negacionismo nem com a polícia. Era como se uma onda de senso de ridículo tomasse o país, e, mais do que nunca, o discurso negacionista de Bolsonaro se revelou em todo o seu despudorado absurdo. Parece que até o biltre se deu conta. Estávamos nós também nos acostumando à truculência, à falta de empatia, ao discurso destrambelhado. E Lula recolocou as coisas no lugar:
"É essa dor que a sociedade brasileira está sentindo agora que me faz dizer pra vocês: a dor que eu sinto não é nada diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas. É muito menor que a dor que sofrem quase 270 mil pessoas que viram seus entes queridos morrerem. Seus pais, seus avós, sua mãe, sua mulher, seu marido, seu filho, seu neto, e sequer puderam se despedir dessa gente na hora que nós sempre consideramos sagrada: a última visita e o último olhar na cara das pessoas que a gente ama. E muito mais gente está sofrendo. E por isso eu quero prestar a minha solidariedade nesta entrevista às vítimas do coronavírus. Aos familiares das vítimas do coronavírus. Ao pessoal da área da saúde, sobretudo. De toda a saúde, privada e pública."

SIM, OUTROS FALARAM

Sim, é claro que outros políticos expressaram a sua solidariedade ao povo e fizeram críticas muito duras ao desgoverno em curso. Mas nenhum deles foi vítima de uma das maiores farsas judiciais da história, a maior havida no Brasil. Ninguém transitou do céu ao inferno como Lula, perdendo, no percurso, a mulher, um irmão e um neto -- o que rendeu uma penca de piadas infames daquelas pessoas que compunham a Lava Jato.

E, no entanto, ali estava ele, fazendo a defesa da política. Afirmou:
"Às pessoas que me destratam durante todos esses anos, eu quero dizer pra vocês. Eu quero conversar com a classe política. Porque, muitas vezes, [Fernando] Haddad, muitas vezes, [Guilherme] Boulos, muitas vezes, a gente se recusa a conversar com determinados políticos: é da nossa natureza.

Mas veja, eu gostaria que. no Congresso Nacional. só tivesse gente boa, gente de esquerda, gente progressista, mas não é assim. O povo não pensou assim. O povo elegeu quem ele quis eleger. Nós temos que conversar com quem está lá para ver se a gente conserta esse país."

Eis aí.

"Ah, então jamais houve corrupção no país?", pergunta-se aqui e ali. A indagação é tão errada que inexiste a resposta certa. Houve, há e haverá. E tem de ser duramente combatida. Segundo o devido processo legal. Não se cometem crimes para combater os crimes.

RODRIGO MAIA

A melhor leitura e a melhor síntese do discurso de Lula veio da pena de um político liberal, que, tudo indica, não estará ao lado de Lula ou de quem o PT escolher para disputar a Presidência em 2022. Escreveu Rodrigo Maia no Twitter:
"Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro. Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência e o SUS; o outro defende a cloroquina e um tal de spray israelense. Um defende uma política externa independente; outro defende a subserviência. Um defende política ambiental; outro a política da destruição. Um respeita e defende a democracia; o outro não sabe o que isso significa. Um fundou um partido e disputou 4 eleições; o outro é um acidente da história. Tenho grandes diferenças com o Lula, principalmente na economia, mas não precisa ser petista fanático para reconhecer a diferença entre o ex-presidente e o atual".

É isso! De fato, não precisa.

Que se note: é muito pouco provável que eu vote num candidato do PT no primeiro turno. Se o nome do partido passar para o segundo, vai depender de quem seja o adversário. Por óbvio, este texto não é uma declaração de voto ou de adesão ao petismo.

A exemplo de Maia, dou relevo a quem dignifica a política como o lugar da resolução de conflitos, em oposição àquele que faz da destruição a sua profissão de fé.

Não entender isso corresponde a não entender nada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

quarta-feira, 10 de março de 2021

Discurso de Lula coloca Bolsonaro na defensiva e leva família do presidente a passar recibo

Gerson Camarotti, colunsta do G1 10/03/2021 17h37 Atualizado há 3 horas

          O presidente da República, Jair Bolsonaro, usa máscara de proteção contra a Covid-19 em             cerimônia no Palácio do Planalto para sancionar projetos de lei que ampliam a capacidade 
de aquisição de vacinas pelo governo     Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confrontando a política do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia de coronavírus teve efeito imediato: o governo foi para defensiva.

Segundo aliados próximos de Bolsonaro, a volta de Lula ao jogo eleitoral e o forte discurso do petista nesta quarta-feira (10) causaram grande impacto no presidente e em familiares.

Toda a expectativa de Bolsonaro era polarizar a disputa com o PT. Mas a aposta era no ex-ministro Fernando Haddad. “Lula foi para o ataque e deixou a família atordoada”, explicou ao Blog um aliado próximo do presidente.

Um sinal claro de que a família presidencial passou recibo foi a mensagem do senador Flávio Bolsonaro nas redes sociais — replicada pelo ministro Fábio Faria (Comunicações) e por aliados bolsonaristas — logo depois do discurso de Lula.

O filho do presidente pediu aos seguidores que compartilhassem uma foto de Bolsonaro com a inscrição “Nossa arma é a vacina”.

O gesto foi visto como uma decisão política de polarizar o debate com Lula, que criticou no discurso a prioridade de Bolsonaro à liberação da compra de armas.



Outro gesto evidente foi do próprio Bolsonaro que, pouco depois do discurso de Lula, apareceu de máscara em solenidade no Palácio do Planalto — o que não é habitual — para sancionar a lei que facilita a compra de vacinas contra a Covid-19.

Como revelou levantamento do G1 no site de fotos da Presidência, a última vez em que Bolsonaro usou máscara em um evento oficial foi em 3 de fevereiro, na sessão solene de abertura do ano legislativo do Congresso. Desde então, houve 36 eventos oficiais em Brasília e outras cidades — entre os quais solenidades, audiências, encontros com embaixadores e formaturas — com a participação do presidente. Em todos, ele estava sem máscara, à exceção da cerimônia desta quarta.

O discurso de Bolsonaro na cerimônia no Planalto foi quase uma justificativa para as críticas de Lula.

O presidente tentou demostrar que empreendeu esforços para a compra de vacinas, sem explicar por que não fechou contrato ano passado com Pfizer para aquisição de 70 milhões de doses de vacina. Disse que a mãe já se vacinou, mas não explicou a resistência dele próprio em se vacinar.

Diante da cobrança pública de Lula, Bolsonaro foi obrigado a admitir mais uma vez a defesa de uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina.

Ao defender o que chama de atendimento precoce, o presidente emendou e defendeu que médicos adotem o tratamento com remédios e disse que praticamente todos os servidores do Planalto que pegaram coronavírus usaram esses medicamentos sem precisar de internação hospitalar.

Mas não citou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, internado com o quadro clínico agravado quando contraiu Covid.

Gerson Camarotti, comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012