terça-feira, 13 de agosto de 2019

Moro instruiu Lava Jato a não apreender celulares de Cunha! "Acho que não é uma boa"

Conversa Afiada, 2/08/2019
(Crédito: Agência Brasil)

De Severino Motta e Leandro Demori (The Intercept Brasil), no BuzzFeed News:

Na véspera da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), o então juiz da Lava Jato Sergio Moro convenceu os procuradores da força-tarefa de Curitiba a não pedir a apreensão dos telefones celulares usados pelo emedebista.

É o que indica um conjunto de mensagens trocados pelo aplicativo Telegram entre o então juiz e o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol.

Os diálogos entre o então juiz e o chefe dos investigadores ocorreram no dia 18 de outubro de 2016 e integram o pacote de mensagens enviados ao site The Intercept Brasil por fonte anônima. Os diálogos foram analisados pelo BuzzFeed News.

A exemplo de outros veículos jornalísticos, o BuzzFeed News decidiu publicar o conteúdo por considerar que se trata de informação de interesse público.

A decisão de não apreender os celulares de Cunha, que já não tinha mais foro privilegiado desde setembro de 2016, destoa do padrão da Lava Jato. Saíram dos celulares de executivos de empreiteiras, por exemplo, muitas anotações e mensagens que embasaram investigações.

No dia 18 de outubro de 2016, um dia antes da prisão de Cunha, o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, mandou mensagens ao então juiz.


• 11:45:25 Deltan: Um assunto mais urgente é sobre a prisão

• 11:45:45 Deltan: Falaremos disso amanhã tarde

• 11:46:44 Deltan: Mas amanhã não é a prisão?

• 11:46:51 Deltan: Creio que PF está programando

• 11:46:59 Deltan: Queríamos falar sobre apreensão dos celulares

• 11:47:03 [Moro]: Parece que sim.

• 11:47:07 Deltan: Consideramos importante

• 11:47:13 Deltan: Teríamos que pedir hoje

Após ouvir as ponderações do procurador, Moro responde o seguinte:


• 11:47:15 [Moro:] Acho que não é uma boa

Apesar da resposta, Deltan insiste e tenta agendar uma reunião com Moro para tratar do assunto:

• 11:47:27 Deltan: Mas gostaríamos de explicar razões

• 11:47:56 Deltan: Há alguns outros assuntos, mas este é o mais urgente

• 11:48:02 [Moro]: bem eu fico aqui até 1230, depois volto às 1400.

• 11:48:49 Deltan: Ok. Tentarei ir antes de 12.30, mas confirmo em seguida de consigo sair até 12h para chegar até 12.15

• 12:05:02 Deltan: Indo

Não há, nos diálogos, registros do que foi discutido na reunião presencial entre eles. Porém, pouco depois, às 14h16, Deltan envia nova mensagem a Moro dizendo que, após conversar com procuradores e ao levar em consideração o que foi dito pelo então juiz, a força-tarefa desistiu de pedir a apreensão dos celulares.

• 14:16:39 Deltan: Cnversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações

E Moro respondeu:

• 14:21:29 [Moro]: Ok tb

No dia seguinte às conversas, em 19 de outubro, Eduardo Cunha foi preso em Brasília.

Ao perceber a ação, o político disparou diversos telefonemas para parlamentares ligados ao então ministro Moreira Franco e ao então presidente Michel Temer. Tinha a esperança de que, com uma jogada, seria capaz de reverter a prisão.

Ao ser informado de que além de preso seria encaminhado para Curitiba, Cunha chegou a questionar os agentes responsáveis por sua prisão se deveria ou não levar ou entregar seu aparelho celular. Ouviu uma resposta negativa, segundo seus advogados.

Questionados pelo BuzzFeed News, tanto a força-tarefa da Lava Jato quanto o Ministério da Justiça disseram que os celulares de Cunha já haviam sido apreendidos.

De fato, no dia 15 de dezembro de 2015, os aparelhos telefônicos do então presidente da Câmara foram recolhidos na operação Catilinárias.

A prisão de Cunha, quando optou-se por não apreender os novos aparelhos do político, aconteceu cerca de 10 meses depois, em 19 de outubro de 2016.

Temos algo que agradecer a Bolsonaro

t1noticias, 12 de agosto de 2019 09:39
Jair Bolsonaro /Palácio do Planalto Alan Santos/PR

Muitas críticas podem ser feitas ao presidente Bolsonaro, mas um mérito ninguém pode lhe tirar: ele conseguiu arrancar do rosto dos brasileiros a máscara de cordialidade utilizada até o seu surgimento enquanto figura midiática. 

Hoje, graças à idolatria a Bolsonaro, podemos identificar, com precisão, quais pessoas que se veem representadas por suas ideias homofóbicas, de menosprezo à mulher, de apologia à ditadura e de ataque à ciência, à cultura, ao meio ambiente, aos povos indígenas e aos quilombolas. 

Grande parte destas pessoas que o chamam de “mito” vivia acuada pelas transformações sociais das últimas décadas, reprimidas, com vergonha de externar seus preconceitos e se mostrar arcaicas e rançosas. Com a ascensão de Bolsonaro, encontraram seu porta-voz, um ser que não tinha pudor em gritar preconceitos e proclamar a intolerância. 

Logicamente, nem todos os 57 milhões de brasileiros que votaram no candidato do PSL se viam integralmente representados por seu discurso extremista. O que é apenas menos grave, já que esta parcela do eleitorado também escolheu Bolsonaro ciente do que ele representava, mas considerando que suas ideias torpes não o diminuíram enquanto pessoa e homem público. 

À época da campanha eleitoral, o candidato já carregava condenações judiciais por declarações homofóbicas e racistas. Já havia exaltado torturador em plena sessão da Câmara Federal, lamentado que a Ditadura Militar não tenha matado um número maior de pessoas e desdenhado dos familiares que procuravam os corpos de filhos e pais desaparecidos nos anos de chumbo. Também já havia utilizado a tribuna para enaltecer a atuação das milícias, defendido salário menor para as mulheres (a quem chama de “fraquejadas”) e adiantado que em seu governo não haveria “nem um centímetro” de terras demarcadas para indígenas e quilombolas. 

O político que ganhou notoriedade pelas declarações retrógradas dadas a programas de televisão foi crescendo progressivamente durante a campanha eleitoral. 

Reafirmo, ninguém votou desavisadamente em Bolsonaro. Havia os eleitores que se viam refletidos em seu discurso de ódio e havia aqueles que não se identificavam diretamente, mas que não consideravam suas falas graves ou simplesmente não se importavam com o que ele dizia, já que não se viam entre os alvos da intolerância estimulada pelo candidato. 

Talvez amenizasse a escolha dos eleitores se os valores desumanos do candidato fossem compensados por uma capacidade para administrar o país superior à dos seus concorrentes. Pelo contrário, o que se tinha era um político que sentou preguiçosamente em uma cadeira de deputado federal por quase três décadas, sem fazer absolutamente nada. Sem experiência, sem capacidade, sem equilíbrio.

Em resumo, ele nunca mostrou a mínima habilidade para ocupar a Presidência, somente deu provas de destempero. Seus eleitores nunca se viram diante do dilema se compensaria dar poder à intolerância para, em troca, ter um gestor competente. 

Ao abraçar Bolsonaro, o brasileiro decidiu retirar da cara a máscara da cordialidade e da tolerância, qualidades que, falsamente, eram consideradas características da nossa gente. Esse novo posicionamento é muito mais coerente com a realidade do país, que é um dos líderes mundiais em feminicídio, em assassinato de LGBTs e que se caracteriza pela existência de um abismo social entre brancos e negros. 

É ruim que um presidente tenha vindo para acirrar as diferenças e aprofundar a ruptura entre os grupos de brasileiros? Certamente! 

Porém, é muito bom que a gente possa identificar quem compartilha suas ideias, para que tenhamos condições de medir as pessoas com quem nos relacionamos. 

Flávio Herculano/Jornalista

terça-feira, 30 de julho de 2019

Jurista do Golpe: Bolsonaro é caso de interdição!

Reale Jr: estamos diante de um quadro de insanidade!

Conversa Afiada, 29/07/2019

(Charge: Aroeira)


Um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o jurista Miguel Reale Jr. criticou com veemência o presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira. Ex-ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, Reale disse que o chefe do Executivo federal quer destruir a sociedade civil ao desmerecer todo o corpo científico do país e ainda reverenciar o período ditatorial. “Nós estamos, realmente, dentro de um quadro de insanidade, a mais absoluta. Não é mais caso de impeachment, é caso de interdição”, disparou.

Em entrevista para o Esfera Pública, Miguel Reale Jr. classificou o presidente como “BolsoNero”, em alusão ao imperador romano, associado à tirania. “Isso é fascismo cultural. O que não estiver de acordo, com sua rasa compreensão, tem que ser queimado por isso que eu digo, ele é um ‘Bolsonero’”, disparou.
O jurista ainda condenou a iniciativa do governo federal de limitar a atuação dos conselhos profissionais Brasil afora ao definir que a filiação a essas entidades deva ser opcional, e não obrigatória, para o exercício da profissão. O projeto visa impactar diretamente nas regras de conduta de categorias como médicos, advogados e engenheiros, por exemplo.
“Bolsonaro está decompondo todo arcabouço de inteligência, crítica e pensamento situado na sociedade civil. Ele desmerece os organismos científicos. Ele acaba de propor um projeto de lei que elimina a necessidade de inscrição na OAB, CRM ou no Conselho Federal de Economia, ou seja, não sei se é um plano, ou algo alucinado de querer desconstituir tudo aquilo que compõe a inteligência, o pensamento e a sensibilidade brasileira”, alertou.
Miguel Reale Jr. também lamentou a postura de Bolsonaro, que atacou nesta segunda-feira o pai de presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, morto na ditadura militar. “Eu queria expressar minha solidariedade ao presidente da OAB, que foi ferido de forma inadmissível. É um fato gravíssimo”, repudiou.

Marco Aurélio diz que país vive "ambiente conflituoso" e "tempos estranhos"

“É um ambiente conflituoso, preocupa a todos e gera insegurança. Parece que a crise é indispensável”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que negou ter sugerido colocar uma “mordaça” em Jair Bolsonaro; “Eu sou amplamente a favor da liberdade de expressão e não sugeri colocar mordaça em quem quer seja, muito menos no presidente da República", afirmou

30 de julho de 2019, 19:20 h Atualizado em 30 de julho de 2019, 19:29
(Foto: Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)

247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, avalia que o cenário político nacional é de um “ambiente conflituoso” que “preocupa a todos”. “Tempos estranhos, onde vamos parar? Onde?”, indagou.

E completa: “É um ambiente conflituoso, preocupa a todos e gera insegurança. Parece que a crise é indispensável”

O ministro negou ter sugerido colocar uma “mordaça” em Jair Bolsonaro. “Eu sou amplamente a favor da liberdade de expressão e não sugeri colocar mordaça em quem quer seja, muito menos no presidente da República. Você não pode antecipadamente proibir alguém de veicular ideias”, afirmou o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Jamais preconizei censura. Sou a favor da liberdade de expressão, de manifestação. Quem precisa de mordaça sou eu”, acrescentou.

Reinaldo: Bolsonaro se torna aliado do PCC

O jornalista Reinaldo Azevedo afirma que Bolsonaro reconheceu o tribunal do crime do PCC; ele diz: "Jair Bolsonaro, quem diria?, tornou-se aliado objetivo do PCC e agora reconhece como válido o julgamento do tribunal desse partido do crime. 'Como? É isso mesmo, Reinaldo? Você não está exagerando?'

30 de julho de 2019, 18:19 h Atualizado em 30/07/2019, 18:28
Jornalista Reinaldo Azevedo (Foto: Foto: Ari Versiani/Ag.Ponto)

247 - O jornalista Reinaldo Azevedo afirma que Bolsonaro reconheceu o tribunal do crime do PCC. Ele diz: "Jair Bolsonaro, quem diria?, tornou-se aliado objetivo do PCC e agora reconhece como válido o julgamento do tribunal desse partido do crime. 'Como? É isso mesmo, Reinaldo? Você não está exagerando?'."

Em seu blog, o jornalista destaca que "o presidente voltou a se comportar como o deputado destrambelhado do baixo clero, que falava o que lhe dava na cabeça oca de informação e limites, pouco importando se suas palavras agrediam valores consagrados na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos do Homem ou, sei lá, numa lei de condomínio."

Reinaldo ainda diz que "nesta segunda, algo já prenunciava a frase desastrada desta terça sobre a barbárie havida no presídio de Altamira, no Pará. Este que se fez o líder da nação brasileira silenciou a respeito, preferindo defender o armamento da população como resposta à ação ensandecida de um morador de rua que, em surto, matou duas pessoas. Nota à margem: tal indivíduo, dado o histórico, só circulava livremente por incúria de várias esferas do Poder Público do Rio. Adiante."

Militares se aliaram a Bolsonaro pelo poder, mas vivem mal-estar no governo, diz Celso Amorim

Ex-chanceler Celso Amorim avalia que o apoio dos militares ao governo Jair Bolsonaro Creio se deve a "possibilidade de volta ao poder" , mas que "há um certo mal-estar entre eles e o governo; ainda segundo o diplomata, o Brasil nunca havia tido um presidente "nem na época dos militares, do tipo de extrema-direita, com as características ideológicas como as de Bolsonaro, com ódio reprimido de classe, racial e de gênero"

Brasil247, 30 de julho de 2019, 16:29 h Atualizado em 30 de julho de 2019, 16:37
Celso Amorim: militares controlam os excessos de Bolsonaro

Sputnik - O ex-chanceler do Brasil, Celso Amorim, deu uma entrevista à Sputnik Mundo, publicada nesta terça-feira (30), comentando as eleições na Argentina, a prisão de Lula, o escândalo da Vaza Jato e o acordo Mercosul-União Europeia.

Celso Amorim foi ministro das Relações Exteriores do Brasil durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e também com Itamar Franco. Com Lula, foi um dos pivôs da construção dos BRICS e destacado interlocutor internacional do Brasil.

Na entrevista concedida em espanhol à Sputnik Mundo, um dos pontos tratados foi justamente a sua opinião em relação ao ex-presidente petista, com o qual sua carreira tem relação próxima. Amorim afirmou que entende que há participação dos EUA com autoridades brasileiras, questionou o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e afirmou ter esperança que Lula seja colocado em prisão domiciliar.

"A parcialidade do juiz Moro se mostra em detalhes e o visível acordo entre ele e os procuradores, e por si mesmo demonstra que o processo é insustentável. Mantemos a esperança firme e lutamos pela liberdade de Lula, mas a cada dia novas coisas são tentadas. O quadro político é hoje mais favorável. Poderíamos chegar à saída de Lula em dois meses, com prisão domiciliar", destacou Amorim, lembrando da solidariedade do Papa Francisco e também do prêmio Nobel da Paz, Pérez Esquivel.

O ex-chanceler também afirmou acreditar que há "indícios fortes de cooperação real e profunda" entre autoridades brasileiras e funcionários do Departamento de Justiça dos EUA.

Em um dos pontos da entrevista, Amorim comentou o que pensa sobre o vínculo entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com os militares brasileiros.

Oitocentos advogados pedem afastamento de Moro

Na esteira do derretimento institucional, da crise penitenciária, da verborragia protofascista bolsonariana e da reportagem mais importante em tempos recentes (a Vaza Jato), um abaixo-assinado de advogados e juristas com mais de 800 adesões defendeu a liberdade de imprensa e sugeriu algo de forte impacto na cena política: o afastamento de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça

Brasil247, 30 de julho de 2019, 19:53 h
(Foto: Marcelo Camargo - ABR)

247 - Na esteira do derretimento institucional, da crise penitenciária, da verborragia protofascista bolsonariana e da reportagem mais importante em tempos recentes (a Vaza Jato), um abaixo-assinado de advogados e juristas com mais de 800 adesões defendeu a liberdade de imprensa e sugeriu algo de forte impacto na cena política: o afastamento de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que "o texto será divulgado no evento que ocorre nesta terça (30), no Rio, em apoio ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que está divulgando diálogos de Moro com procuradores da Operação Lava Jato."

A matéria ainda sublinha que "o documento alega, entre outras coisas, que o ex-juiz está atuando fora dos limites da lei no caso da investigação dos hackers presos na semana passada sob a acusação de grampear o próprio ministro e diversas outras autoridades."

Assinam o documento, entre outros, Geraldo Prado, Celso Antônio Bandeira de Mello, Alberto Toron, Aury Lopes, Marco Aurélio de Carvalho, Carol Proner, Giselle Citadino, Weida Zancaner, Antonio Carlos de Almeida Castro, Kerarik Boujikian e Roberto Podval.

Bolsonaro tinha só 18 anos quando diz ter recebido a informação sobre a morte de Santa Cruz

Blog do Juca Kfouri 30/07/2019 06h00 

Jair Bolsonaro é um provocador. 

Parece querer que o 1/3 do eleitorado que o apoia entre em guerra com o 1/3 que não o apoia. 

As barbaridades ditas sobre a morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que, segundo ele, teria sido morto pelos próprios companheiros, são mais uma prova disso. 

"E eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz. Essa é a informação que eu tive na época", disse Bolsonaro enquanto cortava o cabelo. 

Ora, Fernando Santa Cruz foi morto em 23 de fevereiro de 1974, quando Bolsonaro tinha apenas 18 anos. 

Quem acredita que "na época", alguém lhe daria uma informação dessas?

Além do mais, o atestado de óbito não deixa dúvidas ao registrar "em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro". 

Se não bastasse, Bolsonaro, em palestra a estudantes da Universidade Federal Fluminense, em 2011, especulou que Santa Cruz "deve ter morrido bêbado em algum acidente no carnaval". 

Mas ele já não sabia do "justiçamento" desde 1974? 

Não, não tem método em tanta insanidade. 

Só tem a loucura e é preciso dar um basta antes que seja tarde demais.

sábado, 27 de julho de 2019

Greenwald: novas provas vão mostrar que Moro atuou como procurador contra Lula!

Volume de material sobre a #VazaJato é maior que a do Snowden!

Conversa Afiada, 10/06/2019
(Charge: Aroeira)

Do UOL:

Um dos autores da série de reportagens iniciada ontem pelo site The Intercept Brasil, que mostra como trocas de mensagens entre o então juiz federal Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato podem ter ditado os rumos das eleições no país, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald disse em entrevista hoje ao UOL que ainda possui um grande volume de dados não publicados que reforçariam a atuação indevida do ex-magistrado para influenciar em prisões e guiar a opinião pública.

Greenwald --que também é um dos fundadores do site-- diz que o volume de material obtido por ele neste caso supera o da principal reportagem de sua carreira, que comprovou, em parceria com o ex-agente da CIA e da NSA Edward Snowden, no ano de 2013, o monitoramento indevido de informações privadas em massa pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Àquela altura, o banco de dados analisado era o maior já obtido por uma investigação jornalística. As reportagens publicadas no jornal britânico The Guardian deram a ele o Prêmio Pulitzer de Jornalismo e fama mundial.

Cauteloso ao falar sobre as próximas revelações, o jornalista diz já ter uma certeza: "Moro era um chefe da força-tarefa, que criou estratégias para botar Lula e outras pessoas na prisão, se comportando quase como um procurador, não como juiz".

Casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), Greenwald --que adotou o Rio de Janeiro como abrigo depois de ter sido ameaçado após as reportagens feitas com Snowden-- se vê às voltas com uma nova onda de ataques homofóbicos e acusações nas redes sociais sobre um suposto partidarismo na publicação das reportagens.

"Dizem que eu e meu marido somos de esquerda, mas nem Moro, nem a Lava Jato, dizem que os argumentos [das reportagens] são falsos", resume. Em relação ao fato de as reportagens terem sido veiculadas sem que os citados fossem ouvidos previamente, o jornalista defende a legitimidade das matérias, que na avaliação dele poderiam ter sua publicação barradas na Justiça.

Leia a seguir trechos da entrevista de Glenn Greenwald ao UOL:

Próximos passos da investigação

Moro era o chefe da força-tarefa da Lava Jato. É muito difícil para falar [sobre os próximos passos], porque o processo jornalístico é importante para confirmar o que temos em mãos.

Temos mais materiais envolvendo o papel do Moro na Lava Jato, mostrando que ele é um chefe da força-tarefa, que criou estratégias para botar Lula e outras pessoas na prisão, e atuou quase como um procurador, não como juiz.

Glenn Greenwald
Arquivo maior que o do Caso Snowden

Eu acho que [esta] é uma das mais importantes reportagens que eu fiz na minha carreira. Nunca vou comparar nada com o caso do Snowden, porque para mim foi uma dos mais importantes episódios do jornalismo nos últimos 20 ou 30 anos. Mas eu compararia essa reportagem de agora com o caso do Snowden. Talvez a única diferença é que o caso do Snowden foi muito global, e isso é mais doméstico. É sobre um país muito grande e muito importante, agora mais do que nunca por vários motivos.

O tamanho do arquivo que temos é maior do que o arquivo que recebemos do Snowden. E, até aquele ponto, era o maior vazamento da história do jornalismo.

Eu acho que as consequências pelo menos para o Brasil serão iguais ou maiores que as consequências do Snowden. [A Lava Jato] é um processo que durou cinco anos, botou muitas pessoas e dois ex-presidentes na prisão. Que tirou a pessoa que estava liderando a corrida presidencial em 2018 [o ex-presidente Lula], deixando alguém como [Jair] Bolsonaro ganhar. Para mim, qualquer material que mostra que tinham comportamentos e ações antiéticas e corruptas nesse processo é enorme.

Convite de Bolsonaro a Moro x reputação da Lava Jato

Sobre essa questão do Moro e Bolsonaro, é muito interessante.

Temos conversas que ainda não reportamos sobre o Moro estar pensando na possibilidade de aceitar uma oferta do Bolsonaro, caso ele ganhasse. Isso foi antes da eleição, acho que depois do primeiro turno.

E tem pessoas dentro da força-tarefa da Lava Jato, outros procuradores, falando que isso iria destruir a reputação da Lava Jato, porque iria criar uma percepção de que o tempo todo não foi uma apuração contra a corrupção, nem uma apuração do Judiciário. Mas uma apuração política para impedir a esquerda e empoderar a direita.

E o fato de que o mesmo juiz que condenou o principal adversário do Bolsonaro e depois receber essa oferta para ser muito poderoso já foi muito estranho para o mundo. Mas o fato de que ele fez isso usando um comportamento proibido é ainda pior.

Como podemos ter um ministro da Justiça que todo mundo sabe que quebrou as regras básicas da Justiça? É impossível.

E mais ainda quando todo mundo sabe que fez isso para impedir o adversário principal do presidente de concorrer, e isso o ajudou a ganhar a eleição.

Outros lados x possível censura

Obviamente quando estamos reportando sobre os juízes, o ministro e os procuradores mais poderosos do país, sabíamos da possibilidade de que se pedíssemos comentários antes da publicação, eles vão diretamente para os amigos no tribunal e pegam uma ordem de censura proibindo a publicação.

Geralmente o jornalista deve procurar comentários quando se está publicando uma reportagem sobre alguém, mas há exceções.

E imediatamente quando publicamos mandamos mensagens para Moro, para Deltan [Dallagnol], para a força-tarefa da Lava Jato, para todo mundo falando: qualquer comentário que vocês tenham nós vamos incluir no minuto que vocês mandarem. Mas foi para evitar a possibilidade de conseguirem impedir a publicação com ordem de um juiz que apoia a Lava Jato.

Estratégias contra censura no exterior

No Reino Unido, eu trabalhava com o [jornal] The Guardian e, lá, não há direito de liberdade de imprensa na Constituição. Então é comum que os jornais sejam proibidos antes da publicação. Jornalistas britânicos trabalham muitas vezes em segredo e publicam sem pedir comentários exatamente para evitar essa possibilidade.

Em países mais repressivos, ainda jornalistas fazem isso o tempo todo. Nós temos episódios recentes aqui de jornalistas censurados e proibidos de publicar, ou mandados para tirar artigos da internet. São casos muito extremos. Então achamos que foi totalmente justificado. Não só para evitar esse risco, mas também porque os documentos falam de quem eles falam.

E sabemos que Moro, Deltan e a força-tarefa têm microfones muito grandes e podem responder de um jeito muito rápido, que todo mundo vai ouvir. E foi exatamente isso que aconteceu. Acho que foi totalmente justificável por conta do risco concreto disso acontecer.

Jornalista nega relação com ataques hackers

Antes desses ataques [nas últimas semanas, os celulares de Moro e de procuradores da Lava Jato foram alvo de ataques hackers] já tínhamos recebido todo o nosso material.

Qualquer tentativa de hackear acontecidas nas últimas duas ou três semanas não têm nada a ver com o material que recebemos. Todos os arquivos que recebemos vieram muito antes disso. O próprio Moro disse que qualquer pessoa que invadiu o telefone dele não conseguiu retirar nada. Ou seja: não tirou nada.

Ataques nas redes sociais

Não estou vendo defesas ao que Moro fez. Eu estou vendo ataques contra mim, contra meu marido, alegando que somos da esquerda, mas não vejo defesas.

O que estão tentando fazer é enganar as pessoas dizendo que a publicação pode ser fake news (e vi isso com a postagem do [juiz federal] Marcelo Bretas). Nem Moro, nem Lava Jato argumentam que os documentos são falsos. Apuramos muito antes de publicar isto. Até agora não vi ninguém defendendo o que ele fez.

(...)

Bolsonaro ameaça Greenwald: talvez pegue uma cana! Presidente (sic) chama Glenn e Miranda de "malandros"

Conversa Afiada, 27/07/2019

De Diego Garcia, na Fel-lha:

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (27), em evento no Rio, que o jornalista americano Glenn Greenwald "talvez pegue uma cana aqui no Brasil".

Greenwald é editor do site The Intercept Brasil, que tem publicado desde 9 de junho reportagens com base em diálogos vazados do ministro Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Bolsonaro disse ainda que Greenwald e o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) são “malandros” por terem se casado e adotado dois filhos no país. 

Bolsonaro fazia referência a uma portaria publicada por Moro, nesta sexta-feira (26), que estabelece um rito sumário de deportação de estrangeiros considerados "perigosos" ou que tenham praticado ato "contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal".

“Ele [Glenn] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou o presidente.

A portaria do Ministério da Justiça foi publicada em meio às divulgações do Intercept Brasil, que revelou, em trocas de mensagens privadas entre o ex-juiz e procuradores da força-tarefa, ingerência do atual ministro sobre as investigações da operação.

“Quando o Moro falou comigo, que teria carta branca, eu teria feito um decreto. Tem que mandar para fora quem não presta. Não tem nada a ver com o caso dele [Glenn]”, continuou o presidente.

Greenwald é cidadão dos Estados Unidos e mora no Rio de Janeiro. Ele é casado com um brasileiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos adotivos, também nascidos no país.

(...)