Prefeitura de São Paulo reconheceu que houve distribuição de cestas básicas na zona norte da cidade, mas negou relação com a campanha pela reeleição de Bruno Covas. Guilherme Boulos, do PSOL, disse que irá tomar as "medidas cabíveis"
Brasil 247, 27/11/2020, 12:04 h Atualizado em 27/11/2020, 14:45
(Foto: Reprodução)
A Prefeitura de São Paulo (SP) reconheceu que houve distribuição de cestas básicas na Brasilândia, zona norte da cidade, na última quinta-feira (26).
Durante o dia, "viralizou" nas redes sociais um vídeo que registrou a atividade na Raulino Galdino da Silva: durante a entrega das cestas, houve panfletagem e um carro de som tocou o jingle de campanha do atual prefeito Bruno Covas (PSDB). Ao menos um dos veículos que aparece na imagem traz um adesivo com o número do candidato.
O adversário de Covas no 2º turno, Guilherme Boulos (PSOL), considerou a denúncia "gravíssima", a três dias da eleição, e disse que tomará "as medidas cabíveis." A Guarda Civil Metropolitana (GCM) abriu uma sindicância para apurar o ocorrido, que repercutiu principalmente no Twitter e levou a expressão "crime eleitoral" à lista de palavras mais postadas na rede no início da noite.
A atividade, segundo a prefeitura, faz parte do programa Cidade Solidária, instituído em abril por meio do Decreto 59.377, como resposta à "crise de emprego e renda" agravada pela pandemia de covid-19.
"O Cidade Solidária iniciou sua ação em parceria com as entidades civis inseridas no Pacto por Cidades Justas e com ação direta de um conjunto de secretarias municipais que desenvolvem ações sociais nos territórios", diz a nota.
"Todas as entidades parceiras assinaram um termo de adesão com a Prefeitura de São Paulo se comprometendo a executar a distribuição das cestas respeitando integralmente às recomendações do Ministério Público Eleitoral. Qualquer ação por parte das entidades que não tenha respeitado a recomendação descumpre o acordo estabelecido no termo de adesão e será apurada."
Em entrevista à revista Carta Capital, o diretor do PSDB na Brasilândia, Emilson Almeida da Silva, ressaltou que a atividade não tinha relação com a campanha tucana. "Um rapaz que veio aqui (...) parou com o carro aqui de campanha com o negócio [som] ligado. Aí nós mandamos desligar. Não tem nada a ver com campanha, a entidade existe há mais de 20 anos", disse.
O Brasil de Fato conversou com a assessora da campanha de Bruno Covas (PSDB), Manuela Sá, na tarde de quinta (26). Primeiro, ela afirmou desconhecer a atividade.
"Não dá para saber se o que tem dentro daquela caixa é cesta básica. Posso garantir que não é um ato oficial de campanha. É um vídeo, que está circulando, e ninguém sabe. Mas não tem a fala de ninguém dizendo que é um ato de campanha. Tem um jingle tocando, uma fila e aquelas caixas, mas não dá para saber", disse.
Em seguida, a campanha divulgou uma breve nota sobre o caso: "A campanha de Bruno Covas não distribui cestas básicas. É inadmissível que, há três dias das eleições, este tipo de conduta esteja sendo compartilhada. Apesar dos ataques e das fake news, vamos manter a nossa postura de mostrar aos eleitores o que fizemos nos últimos anos à frente da prefeitura da capital e o que vamos realizar nos próximos 4 anos."
Segundo levantamento do instituto XP/Ipespe, divulgado na última quinta (26), Covas tem 48% das intenções de votos contra 41% de Boulos, que teria subido nove pontos em relação à pesquisa anterior.