Dado é do Instituto Chico Mendes, que monitora áreas de conservação federais
Cleide Carvalho Publicado: 17/06/13 - 9h30
Fonte: O Globo, 17/06/13
Cleide Carvalho Publicado: 17/06/13 - 9h30
Cerca de três mil garimpos clandestinos ameaçam unidades
de conservação, reservas indígenas e rios na região do Tapajós, no Sul
do Pará, a área mais preservada da Amazônia Legal. Em cada um trabalham
de dez a cem homens, mas alguns chegam a ter 500. Só num trecho de dois
quilômetros há 63 dragas cavando o leito do Rio Tapajós em busca de
ouro. O número está num relatório do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que monitora as unidades de
conservação federais. Segundo o documento, mesmo garimpos com
autorização de lavra não têm estudos de impacto ou licença ambiental.
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Neste trecho do Rio Tapajós onde as dragas operam está a maior
concentração acumulada de ouro. O problema é que a venda (do ouro) é clandestina,
fica muito pouco para o município — diz Valfredo Pereira Marques Júnior,
diretor de Meio Ambiente e Mineração da Secretaria de Meio Ambiente de
Itaituba.
A extração legal de ouro paga aos cofres públicos apenas
1% de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM), dos quais 12% vão para a União, 23%, para o estado e 65%, para o
município. Hoje, o ouro ocupa o segundo lugar na exportação mineral do
país, atrás apenas do ferro.
O ouro começou a ser explorado na
década de 50 no Rio das Tropas, afluente do Tapajós, e sempre foi a
principal fonte de renda da população. Com o aumento do preço no mercado
internacional, acentuado a partir de 2008, só a região de Itaituba —
que inclui os municípios de Trairão, Jacareacanga e Novo Progresso —
recebeu cerca de cinco mil novos garimpeiros.
A rapidez da
destruição assusta até quem apoia o garimpo. Em fevereiro, o deputado
federal Dudimar Paxiúba (PSDB-PA), de Itaituba, ex-garimpeiro, discursou
na Câmara federal e se disse preocupado pelo fato de as reservas
naturais “estarem sendo depredadas com rapidez impressionante”.
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Pelo menos metade das dragas chegaram de dezembro para cá. Os
clandestinos são ousados, operam também com escavadeiras na mata. E não é
só o ouro. Estão retirando areia, pedras, brita e cassiterita — conta
Marques Júnior.
Segundo o Sindicato das Indústrias Minerais do
Estado do Pará, só em 2010 foram dadas pelo Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM) duas mil autorizações para a instalação de
lavras de garimpo na região. Segundo levantamento do GLOBO, das 610
lavras garimpeiras de ouro ativas no país, 473 estão no Pará, sendo 457
em Itaituba. Alguns garimpos ainda são manuais e usam mercúrio, poluindo
a água e contaminando peixes.
Em abril, o governo do Pará proibiu
dragas e pás carregadeiras no leito do Tapajós. Houve protestos dos
garimpeiros e foi iniciada uma negociação. Segundo Marques Junior, uma
instrução normativa deve ser editada pelo estado este mês.
Apenas
em Itaituba, a estimativa é que sejam retirados cerca de 250 quilos de
ouro por mês e que 80% do dinheiro em circulação venham do garimpo. A
compra e venda de ouro é tão comum que há balanças para pesar o metal em
farmácias, bares e armazéns.
Fonte: O Globo, 17/06/13
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