Francisco
Rafael delatou empresários e políticos que dificultam as aquisições das
permissões para negociatas das áreas de garimpos.
Francisco Rafael da Silva, teme por sua vida |
De
acordo com o empresário, um grupo formado por empresários e políticos
chegam a cobrar 300 reais por uma carteira de garimpeiro e trinta mil
reais pela Permissão de Exploração de Lavras Garimpeiras (PLG), com o
intuito de dificultar a legalização dos garimpeiros e dos garimpos,
visando a desvalorização e a compra das áreas por preços simbólicos e
posteriormente revenda para as empresas multinacionais por valores que
chegam ao patamar de dois milhões de reais.
Um
mês após a operação Eldorado, desencadeada pela Polícia Federal em
diversos estados do Brasil, o que culminou com o fechamento de vários
comércios de compra de ouro e prisão de diversas pessoas em Itaituba e
região, o empresário Francisco Rafael da Silva, da Karu Metais, alega
ser vítima de perseguições por um grupo de que comanda irregularmente o
setor mineral em Itaituba.
Após sentir-se rejeitado em diversos meios de comunicação onde tentou levar ao conhecimento público, o que diz ser a realidade do maior fator econômico de Itaituba e região, Rafael procurou a redação do Jornal Folha do Oeste, onde disse ser filho natural de Itaituba, onde vive a 55 anos e conhecedor de toda a sociedade itaitubense. Falando francamente a nossa reportagem, com relação a origem do ouro comprado em Itaituba, o empresário disse que a comercialização é feita baseada nas informação repassadas pelo garimpeiro, portanto, não tendo como identificar fielmente onde o produto foi extraído.
“Em virtude de minha boa vontade e confiança nas pessoas, eu sofri as conseqüências de ser confundido como um dos magnatas do comércio ilegal de ouro na região, fato este desmentido pelo próprio delegado da Polícia Federal, que reconheceu haver um equívoco nas investigações. Nas investigações eu era tido como um bilionário, dono de mansões, de garimpos, dragas no Teles Pires, formação de quadrilha e com possibilidade de atrapalhar a administração pública,” relatou.
Rafael questiona como as denúncias de forma errôneas foram direcionadas justamente a sua pessoa que está a apenas a cinco anos da atividade de compra de ouro, enquanto que muitos estão a mais de 30 anos e não foram citados nas denúncias. “Será que esses ditos grandes compradores nunca compraram ouro ilegal? O fato é que nós não aceitamos comprar ouro para algumas pessoas e o nosso crescimento no mercado preocupa essa máfia que age contra as pessoas de bem do município.”
Questionado para que o mesmo citasse nomes que poderiam está com interesse em lhe prejudicar, o empresário citou o nome do empresário Dirceu Frederico, pelo mesmo ter problemas pessoais com Francisco Rafael. “O Dirceu não gosta de mim desde a época em que eu trabalhava na Celpa. Um desentendimento que ocorreu no 'Clube dos Trinta', onde eu proibi sua entrada. Outra questão foi uma dívida de entorno de oitocentos gramas que eu tive que constituir advogado para receber, além de outras contendas que tivemos na área comercial,” declarou.
Citando outros nomes que vêm tentando lhe prejudicar ao longo dos anos, Rafael disse que na sua concepção está claro o interesse de alguém em ligar seu nome ao comércio ilegal de ouro. “Eu não sou bandido. Não é em meu comércio que se faz negociatas que prejudicam a garimpagem na região. Quem faz certos acertos em Itaituba e não é segredo pra ninguém é o Ivo Preto, o advogado Antunes, Sérgio Aquino, Seme Sefrian, do meio ambiente, Afábio Borges. Daí vem o seu Peninha e seu Vilmar, e lá por trás, tranquilamente está sentado o prefeito Valmir Climaco. E quem pinta esses homens de anjinho para a sociedade é o SBT,” disparou.
Afirmando que esse grupo age contra os garimpeiros na região, Rafael denunciou que se alguém for tirar uma carteira de garimpeiro com validade de um ano tem que pagar trezentos reais, dizendo que lhe cobraram duzentos. No caso de pessoas que têm garimpo, para tirar uma PLG têm que gastar trinta mil reais. Mas segundo o empresário, o valor cobrado não é para pagar taxa do governo, mas sim para ratear entre o referido grupo.
As denúncias do empresário vão mais além com relação às possíveis negociatas do grupo envolvendo a Amot e Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ele afirmou que após os membros desse grupo identificarem que o proprietário do garimpo não tem condições de custear o valor cobrado, oferecem em torno de três vezes mais o valor cobrado para a legalização pela compra do garimpo que se encontra paralisado por não possuir a permissão, fazendo com que o dono venda o garimpo, que posteriormente é vendido pelo grupo a empresas internacionais por valores exorbitante, chegando ao patamar de dois milhões de reais.
“Esse grupo vem agindo no agenciamento dessas situações, nunca em favor do garimpeiro. Eles conseguiram apreender cerca de cem maquinários e aplicaram 80 mil reais de multa para que os proprietários dos maquinários chegarem ao acordo de pagarem duzentos gramas por mês, o que dá em torno de 20 quilos de ouro. Isso foi feito pela Secretaria de Mineração de Itaituba que fez o rateio o que deu em uma grande confusão,” denunciou.
O empresário disse ainda que o mesmo grupo tentou negociar com os dragueiros para fazerem uma cooperativa para que pudessem continuar trabalhando na região, entretanto, como não deu certo, eles denunciaram e tentaram jogar a culpa no deputado Dudimar.
“O fato do deputado Dudimar Paxiúba haver declarado ser contra a exploração de ouro por essas dragas potentes no leito do Rio Tapajós, não teve nada haver com a Operação Eldorado. A operação não investigou a esse respeito, mas sim a extração e comércio ilegal de ouro das áreas indígenas.
O pleito defendido pelo deputado eu sou totalmente a favor. Eu não concordo que o Rio Tapajós seja destruído por essas pessoas irresponsáveis que pra cá vieram e estão tendo apadrinhamento das autoridades locais. Eu sou contra a destruição do meu ambiente. Já defendi a praia do Sapo, estando na luta em defesa da praia do meio onde estão tirando areia constantemente.
Francisco Rafael nos informou que a operação Eldorado partiu de uma exigência do atual vereador eleito de Jacareacanga Valter Tertulino, quando convidado pelos indígenas para retornar a direção da Funai. De acordo com o empresário, a condição imposta por Valter, seria a retirada de todos os garimpeiros da região indígena, ocasião em que declarou já haver conseguido a retirada de quinhentos garimpeiros. Reunião esta, que teria sido gravada em vídeo, o que chegou ao conhecimento da Polícia Federal, que desde o mês de fevereiro vinha atuando nas investigações que redundaram na operação Eldorado.
Para Rafael, o fato de ter sido preso na operação Eldorado representou prejuízo em sua vida social, entretanto, representou negativamente para sua empresa, que além dos dias em que passou com estabelecimento fechado, está tendo um grandioso trabalho para resgatar todos os nossos clientes.
Com relação às denúncias prestadas ao Jornal Folha do Oeste, o empresário confessou que, por se tratar de um grupo que julga perigoso, teme por sua vida, entretanto, pelo bem de Itaituba, não poderia deixar de levar ao conhecimento da população os citados fatos.
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