quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Política/O PMDB e suas gaiatices

O PMDB, partido mais fisiológico do Brasil, segundo reconhecem alguns - muito poucos - dos próprios peemedebistas, não sabe mais o que dizer para se livrar dessa pecha, desse estigma. Guloso por um carguinho qualquer, o PMDB insiste em contestar a convicção quase unânime de que, além do fisiologismo compulsivo, tem demonstrado uma espantosa incompetência para gerir a coisa pública. Aqui no Pará, tem sido assim.

Nas últimas décadas, o PMDB, quando muito, é coadjuvante. Já levou peia em sucessivas eleições para o governo do Estado, entre as quais a última, quando seu candidato ficou em terceiro lugar. O PMDB, todavia, não é apenas fisiológico e incompetente. Também é oportunista.

Com um faro apurado por um carguinho qualquer, o PDMDB também cultiva uma habilidade especial para perscrutar os horizontes políticos. Quando vislumbra alguma possibilidade, por mais remota que seja, de descolar uma aliança que alimente sua gula, então o PMDB está lá.

O PMDB, nesse sentido, é como o “gaiato no navio” daquela música conhecida.

Ninguém nota o PMDB, ninguém lhe dá importância, mas eis que de repente - e não mais que de repente - lá está ele, o gaiato no navio, esgueirando-se com as mãos estendidas em direção a um cargo qualquer.

Como não tem mais justificativas para contestar a evidência de seu apetite patológico por cargos, o PMDB, por suas lideranças, se põe a fazer gaiatices. Assim ocorre por lá e por aqui. Nacionalmente, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), se entretém em mandar recados para o governo sobre indicação de cargos. Diz ele, por exemplo: “O governo do PMDB não se fará à sombra de nenhum governo [...] Não ganhamos a eleição para ganhar tapinhas nas costas e cantar o hino, mas para governar. Queremos o direito de indicar nomes qualificados [...] Seremos cobrados nas ruas.”

Só pode ser gaiatice desse pessoal. Só pode.

Ninguém cobra o PMDB com base nas qualidades dos nomes que indica. As cobranças ao PMDB se fazem em decorrência da avaliação de alguns primados éticos que toda agremiação partidária deveria ter, mas o partido não tem. Exemplos não faltam. Um deles, mais eloquente, é a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Feudo do PMDB nos últimos anos, a Funasa se transformou num sumidouro de dinheiro. Quem constatou não foi a Imprensa, odiada pelos fisiologistas do PMDB. Quem constatou foi a Controladoria Geral da União (CGU), que passou a lupa em contratos e convênios e chegou à conclusão de que nada menos de R$ 500 milhões foram desviados dos cofres da Funasa. E por aqui?

Por aqui, o PMDB, que entrou de gaiato na aliança que venceu a eleição de outubro do ano passado, diz que sua participação no governo, expressa em cargos, é proporcional ao seu peso como partido. Isso não passa de uma gaiatice produzida pelo oportunismo e pelo fisiologismo que estão no DNA do PMDB e de suas principais lideranças.

O PMDB, também por aqui, tem dado demonstrações inequívocas de incompetência. Ananindeua é sua principal vitrine. Lá, uma adolescente deu à luz no vaso sanitário de um posto de saúde administrado pelo governo peemedebista. E ninguém, jamais, em tempo algum, na história deste Estado, poderá se esquecer dos escândalos que já marcaram a história de governos do PMDB. Os escândalos foram de tais dimensões que provocaram até renúncias.

A sociedade precisa ficar de olho no PMDB. Precisa marcá-lo. Precisa acompanhar atentamente o que fazem seus apaniguados que estão em secretarias e órgãos do segundo e terceiro escalões. Todos precisam se lembrar sempre que o PMDB, embora tente, não consegue afastar de seus ombros, de sua imagem e de seu DNA o estigma da incompetência e do fisiologismo.

Todos precisam, enfim, se lembrar que o PMDB é o sinônimo do atraso e do oportunismo.

Fonte: O Liberal, de 02/02/11

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