terça-feira, 18 de janeiro de 2022

"Espero que termine esse governo Bolsonaro o quanto antes", diz FHC

GOVERNO BOLSONARO

Articulador do golpe que levou Bolsonaro ao poder, FHC critica a política externa do governo e diz que estragos ainda podem ser revertidos: "é fácil"

Brasil 247, 18/01/2022, 09:51 h Atualizado em 18 de janeiro de 2022, 10:34
(Foto: Reuters | PR)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que articulou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, abrindo caminho para a eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, agora quer que o atual governo termine "o quanto antes".

A declaração foi dada em uma entrevista ainda inédita à Cebri Revista, publicação trimestral que o think tank de relações internacionais fundado há 23 anos está lançando em fevereiro.

Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, FHC se refere à política externa de Bolsonaro. De acordo com o tucano, os estragos causados pelo atual governo ainda podem ser revertidos. "Espero que termine esse governo Bolsonaro o quanto antes, antes que o estrago seja muito grande. A volta não é difícil".

O ex-presidente afirmou que o Brasil precisa voltar a dialogar comos países vizinhos para reforçar sua imagem diante das grandes potências. "É fácil voltar porque um país como o Brasil tem um peso específico e colocando seu peso a favor da integração, ou melhor, do diálogo com esses vários países (vizinhos), sua voz será mais forte. Será mais ouvida. Ouvida por quem? Pela Europa, pelos EUA, pelo Japão, pela China, os que realmente têm poder no mundo. Se nós falamos por um conjunto, temos muito mais poder do que falando sozinhos. Eu acho que é uma lógica caipira: 'vamos nos isolar porque é melhor e estamos vivendo entre nós"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

PT foi o partido que mais ganhou filiados em 2021

PARTIDOS BRASILEIROS

PSL foi a legenda que mais perdeu apoiadores

Agência O Globo|31/12/2021 15:05
Felipe Freitas/iG

Os partidos brasileiros perderam, juntos, mais de meio milhão de filiados no último ano. Entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o número de cidadãos formalmente vinculados a alguma das 36 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caiu de 16.654.826 para 16.090.180.

A sigla que mais sofreu com a debandada de adeptos, de acordo com os dados oficiais da Justiça Eleitoral, foi o PSL, que até 2019 abrigava o presidente Jair Bolsonaro. Nesse período, seu contingente de filiados caiu de 462.861 para 76.776. Já o PT, do ex-presidente Lula, foi o partido que mais ganhou membros: 62.693 mil ao longo de um ano.

O MDB, agremiação com maior número de correligionários do Brasil, também amargou um encolhimento de seus quadros. Os registros oficiais apontam uma redução de 2.166.048 filiados em 2020 para 2.128.305 em 2021 — uma queda de 37.743 inscritos. Ainda assim, a legenda contabiliza 13,227% do total de eleitores filiados hoje.

As siglas que integram o chamado centrão — consideradas menos ideológicas e que formam a base de apoio do governo — também contabilizaram saídas, à exceção do Republicanos, que ganhou filiados. O PL, por exemplo, partido presidido pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto e que neste ano passou a abrigar Bolsonaro, viu seu contingente cair de 761.640 para 774.205 pessoas. O PP, liderado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, perdeu 26.450 nomes, assim como o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que tem menos 26.558 inscritos em comparação aos dados do ano passado.

Na direção contrária, o PT saltou de 1.544.532 eleitores filiados em 2020 para 1.607.225 no ano seguinte. A presidente da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), atribui o crescimento de 4,059% a um esforço para aumentar o número de inscritos e ao momento político pelo qual passa o país, a pouco menos de um ano da eleição presidencial, marcada para outubro de 2022.

"Lançamos este ano uma campanha de filiações ao PT que tem sido bem-sucedida, principalmente pelo resgate dos direitos políticos do presidente Lula. A expectativa em torno de sua candidatura está estimulando a participação política, especialmente da juventude e do povo mais pobre, que vê nele a esperança de mudar o país", afirmou ao GLOBO.

A marca alcançada pelos petistas, segundo divulgou o próprio partido, representa um recorde no número de filiados. Hoje, de acordo com os números do TSE, a legenda detém 9,989% de todos os brasileiros vinculados a alguma sigla do país.
Continua após a publicidade

Outra legendas que nesse período registraram crescimentos — porém mais tímidos — foram o Psol, PTC e Avante, além do Republicanos.

Ao analisar o movimento de perda de filiados nos partidos como um todo, o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, disse entender que essas reduções fazem parte do fluxo de migração de políticos entre as legendas. "Acho que é natural, seguindo um movimento dos próprios candidatos: quando os deputados saem, levam seus filiados", observou.

No caso específico do partido que ele comanda, Rueda alega que não houve uma debandada, mas um equívoco. Ele atribui a queda drástica a um erro no preenchimento dos dados por parte da própria legenda.

"Em 2019, houve uma filiação em massa na ocasião da eleição de Bolsonaro. Mas a atual queda não significa que houve uma desfiliação em massa. Trata-se de um erro material, que será corrigido em abril", disse Rueda, argumentando que a queda é menor do que disponível na base de dados da Justiça Eleitoral.

O GLOBO aguardou por dois dias que o PSL enviasse o número de desfiliados que considera correto, mas não os recebeu até o fechamento desta reportagem.

Leia também

O TSE afirma que o preenchimento desses dados é de responsabilidade de cada legenda. De acordo com a lei dos partidos políticos, as siglas devem informar a lista com os dados dos filiados sempre na segunda semana dos meses de abril e outubro. De fato, por vezes, os partidos apresentam dificuldades para fazer a atualização da relação de filiados, mas sobretudo para retirar nomes de pessoas que morreram ou se desligaram da legenda naquele período. O GLOBO apurou que, embora algumas imprecisões sejam frequentes, dificilmente há grandes discrepâncias entre as informações reais e as disponíveis no TSE.

Descrédito na política

Para a ex-desembargadora eleitoral e integrante da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) Jamile Coelho, a perda de filiados e o esvaziamento dos partidos são um termômetro preciso do crescente descrédito que atinge a classe política há tempos.

"As siglas têm sido cada vez mais vistas como desnecessárias no cenário político e nas ações que atingem diretamente o cidadão. A flexibilização da fidelidade partidária, por exemplo, corrobora essa situação, assim como a crescente onda para se tentar legalizar a candidatura avulsa, o que hoje não é permitido", apontou.

Brasil, que era 3º destino global de investimentos com Dilma, cai para 10ª posição com Bolsonaro

ECONOMIA

Em 2021, o Brasil estava na oitava posição, na frente de Canadá e Austrália, que agora ultrapassaram o país

Brasil 247, 17/01/2022, 16:38 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 16:44
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O Brasil caiu para a 10ª posição nos destinos de investimentos globais, revela consultoria PwC, que faz pesquisa anual com presidentes de grandes companhias de todo o planeta. É o resultado do golpe de Estado e do governo Jair Bolsonaro. Em 2013, antes do golpe e durante o governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil ocupava a terceira posição.

Segundo a consultoria, entre os entrevistados, apenas 5% colocaram o País como um dos seus mercados com maior potencial. Em 2021, o Brasil estava na oitava posição, na frente de Canadá e Austrália, que agora ultrapassaram o país. A preferência dos investidores são Estados Unidos, China e Alemanha.

O presidente da PwC, Marcos Castro, o Brasil tem caído no ranking diante da pobreza da população e da falta de perspectivas de crescimento, diante das inúmeras crises. Por isso, a valorização do dólar frente ao real, que poderia estimular investimentos estrangeiros, não tem grande influência para os investidores.

“O País continua sendo uma aposta de consumo, mas já não está mais como prioridade nos investimentos”, afirma Castro. O Brasil é o 6º país mais populoso do mundo, atrás de China, Índia, EUA, Indonésia e Paquistão.

Datafolha: 81% dos brasileiros são a favor de comprovante de vacinação para entrar em local fechado

PANDEMIA

Outros 18% são contrários à cobrança do "passaporte" vacinal, e 1% não soube responder

Brasil 247, 17/01/2022, 17:53 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 18:00
(Foto: Shutterstock)

Pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta segunda-feira (17) mostrou que 81% da população brasileira disse ser favorável à apresentação de comprovante de vacinação contra Covid para a entrada em locais fechados.


Outros 18% são contrários à cobrança do "passaporte" vacinal, e 1% não soube responder, segundo o levantamento divulgado pela Folha de S. Paulo. A medida já é adotada por diversos estados e municípios, mas sofre oposição do governo Jair Bolsonaro.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, os grupos mais favoráveis ao comprovante de vacina em locais fechados são mulheres (87%), pessoas com mais de 60 anos (87%), com ensino fundamental (86%) e que ganham até dois salários mínimos (85%).

Presidência da Frente Parlamentar Evangélica está em disputa entre bolsonaristas e apoiadores de Lula

ELEIÇÕES DE 2022

Racha na Assembleia de Deus divide bolsonaristas e apoiadores de Lula e define perfil da base parlamentar nas eleição e negociações para o novo governo

Brasil 247, 17/01/2022, 09:12 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 09:12
Bispo Manoel Ferreira com Lula e Silas Malafaia com Bolsonaro (Foto: Arquivo Pessoal | Isac Nóbrega/PR)

As eleições de 2022 estão no centro de uma verdadeira guerra que divide a poderosa bancada evangélica no Congresso, composta por 115 deputados e 13 senadores. Em disputa, a presidência da Frente Parlamentar Evangélica que poderá ser ocupada por um parlamentar apoiador de Lula ou um bolsonarista.

O embate definirá a relação da liderança parlamentar evangélica com o provável governo Lula e será chave nas negociações do novo governo entre a eleição e a posse.

O racha acontece na Assembleia de Deus, a maior denominação evangélica do Brasil, e tem trocas de acusações e ofensas, informa Bela Megale, em O Globo.

Os deputados Cezinha de Madureira (PSD-SP) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) são os protagonistas do embate. Cezinha pertence ao ligado ao Ministério de Madureira, comandado pelo bispo Manoel Ferreira.

No início de junho, Lula manteve um longo encontro com o bispo Ferreira, que é o presidente da Assembleia de Deus - Ministério de Madureira. Ele apoiou os governos do PT, rompeu e sinaliza o retorno à aliança.

Exército encomenda 'brindes' que incluem bolsas de manicure

ISSO PODE?

Lista de brindes inclui desde bolsas de manicure, caixas de chá em madeira laqueada, taças e garrafas de vinho, entre outros itens

Brasil 247, 17/01/2022, 14:07 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 16:00
(Foto: ABr)

O comandante-geral do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, encomendou uma série de brindes diferenciados, que somam R$ 580 mil, para presentear os visitantes que passarem pelo seu gabinete. De acordo com a coluna Radar, da revista Veja, a lista inclui desde bolsas de manicure até caixas de chá em madeira laqueada, taças e garrafas de vinho, entre outros itens.

Segundo a reportagem, foram encomendados "50 kit manicure”, cada um com nove peças acondicionadas em estojo de couro sintético preto, com parte interna de veludo, ao preço total de R$ 2.744. A lista inclui ainda dez caixas de chá em madeira laqueada, que sairão por 600 reais cada.O comandante encomendou estojos com taças de vinho e compartimento para garrafa de 750 ml.

“O brinde mais caro entre todos será um troféu estandarte do Comandante do Exército, que custará 710 reais cada um. A compra inclui até 20 destes troféus, por R$ 14.200”, ressalta a reportagem. Também foram encomendados medalhas, bolsas, mouses e até conjuntos de xícaras.

Segundo o edital, os brindes são de “material de apoio e divulgação institucional, para atender necessidades do Gabinete do Comandante do Exército”.

PT fará série de programas voltados aos evangélicos

ELEIÇÕES DE 2022

Iniciativa faz parte de estratégia para melhorar comunicação do partido e atrair religiosos; a deputada Benedita da Silva, ex-governadora do Rio, é evangélica

Brasil 247, 17/01/2022, 05:13 h Atualizado em 17 de janeiro de 2022, 05:23
Lula com Gleisi Hoffmann e Benedita da Silva em encontros com envangélicos (Foto: PT)

"De olho em um segmento considerado prioritário, o PT planeja lançar em fevereiro um programa voltado só para evangélicos na TV da legenda no YouTube. A iniciativa será replicada em redes sociais. A criação do programa faz parte da estratégia da sigla de aprimorar a comunicação do partido e alavancar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", informa a jornalista Julia Chaib, em reportagem publicada na Folha de S. Paulo.

"A gente ainda tem de andar bastante, por mais que tenhamos melhorado, investido, o pessoal da extrema-direita tem uma rede mais capilarizada do que nós", disse a ela a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR). "O PT tenta ampliar a vantagem entre evangélicos, que estão divididos entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro. De acordo com o Datafolha, 39% dos evangélicos votariam em Lula contra 33% em Bolsonaro. No segundo turno, há empate técnico: 46% dos religiosos declaram intenção de eleger o petista, enquanto 44% escolheriam Bolsonaro", informa ainda Julia Chaib.

Bolsonaro fez reunião secreta com novos investigadores do caso Adélio e quer culpar a esquerda por suposta facada

ELEIÇÕES DE 2022

Reunião aconteceu em dezembro e não constou da agenda oficial de Jair Bolsonaro; documentário de Joaquim de Carvalho aponta furos na versão oficial

Brasil 247, 16/01/2022, 19:43 h Atualizado em 16 de janeiro de 2022, 21:05
(Foto: Reprodução | REUTERS/Ricardo Moraes)

O polêmico caso da "facada de Juiz de Fora", que foi objeto de um documentário de Joaquim de Carvalho que registrou mais de 1,5 milhão de visualizações, em que o jornalista aponta os furos da versão oficial, pode ganhar novos rumos, depois que Jair Bolsonaro promoveu o delegado que havia investigado o caso e fez com que a Polícia Federal apontasse um outro delegado para promover uma nova investigação.

"Insuflado por aliados que compartilham da conspiração de que há um mandante para o atentado à faca que sofreu em setembro de 2018, o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se com investigadores no Palácio do Planalto no início de dezembro passado. O objetivo do encontro, nunca revelado na agenda presidencial, era pedir que policiais considerassem novas hipóteses de apuração envolvendo o ex-garçom Adélio Bispo, que esfaqueou Bolsonaro às vésperas do primeiro turno durante uma agenda de campanha em Juiz de Fora (MG)", informa a jornalista Laryssa Borges, em reportagem publicada na revista Veja.

"A Polícia Federal concluiu que Bispo agiu sozinho, mas o presidente nunca se convenceu do veredicto e é constantemente estimulado a exigir nova apuração. Por trás dos pedidos para que o caso volte à tona está a estratégia de bolsonaristas de vincular o autor da facada a partidos políticos de esquerda e usar uma antiga filiação de Adélio ao PSOL como suposto elemento de prova de que Bolsonaro teria sido alvo de uma conspirata de 'comunistas'. Desidratado nas pesquisas de intenção de votos, com parciais de 23% a 24% a depender do instituto que realizou o levantamento, o presidente quer usar o episódio da facada no discurso de campanha e atribuir a esquerdistas posições extremadas, como o atentado que sofreu", prossegue a jornalista.

Jatinho

"No mundo das conspirações bolsonaristas, uma das novas 'linhas de investigação' discutidas na reunião de dezembro foi a hipótese de Adélio Bispo ter utilizado um jatinho com um prefixo frio para se deslocar até a cidade mineira e desferir o golpe de faca contra o presidente. Outra conjectura aventada no passado mas agora revisitada por apoiadores presidenciais é a de que o crime teria tido participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) – desta vez o braço paraguaio da facção. O delegado que atuava no caso Adélio, Rodrigo Morais Fernandes, foi transferido no final do ano passado para um posto em Nova York e substituído por Martin Bottaro Purper, que já atuou em casos envolvendo o PCC", escreve ainda a jornalista.

A hipótese levantada por Jair Bolsonaro foi ridicularizada por Rubens Valente, jornalista e escritor, e colunista do Uol.

Aliados de Lula e Alckmin avaliam que aliança entre os dois já está consolidada

ELEIÇÕES DE 2022

Correligionários do ex-presidente do ex-governador minimizam desgastes e projetam a chapa para as eleições de 2022

Brasil 247, 16/01/2022, 04:25 h Atualizado em 16 de janeiro de 2022, 04:35
(Foto: Ricardo Stuckert)

A chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais deve mesmo ser formada com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e busca um novo partido. "Aliados do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) avaliam que a construção da chapa conjunta está pavimentada e que a união demonstrou, nesta semana, resistir a desafios de ordem programática e partidária", aponta reportagem de Carolina Linhares, publicada na Folha de S. Paulo.

"A leitura de quem acompanha as conversas entre Lula e Alckmin é a de que ambos querem fazer a chapa acontecer e, para isso, estão dispostos a superar diferenças –a união pode ser anunciada em fevereiro. O ex-governador abandonou os movimentos para disputar novamente o Palácio dos Bandeirantes e se concentrou em debater o país. Lula, por sua vez, não viu mais surgirem especulações de nomes de vices depois que o de Alckmin entrou na roda. Petistas afirmam que, na opinião do ex-presidente, o jantar que os reuniu publicamente demonstrou que as resistências no partido e na opinião pública foram menores que o esperado", prossegue a jornalista.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Governo Bolsonaro discute volta do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões em 2022

DINHEIRO PÚBLICO

Hoje, o Orçamento de 2022 aprovado por deputados e senadores prevê um valor menor, de R$ 4,9 bilhões. O fundão é a principal verba pública das campanhas

Por FOLHAPRESS/otempo, 14/01/22 - 13h02
Técnicos do Ministério da Economia trabalham com a possibilidade de remanejar cerca de R$ 800 milhões, hoje alocados em outras despesas, para elevar o valor do fundo até o máximo permitido em lei

Foto: Pixabay/Reprodução

O governo Jair Bolsonaro (PL) avalia elevar novamente o valor do fundo eleitoral para este ano e resgatar o montante que havia sido estabelecido inicialmente pelo Congresso, de R$ 5,7 bilhões –quase o triplo dos recursos de 2020.
Hoje, o Orçamento de 2022 aprovado por deputados e senadores prevê um valor menor, de R$ 4,9 bilhões.

O fundão eleitoral é a principal verba pública das campanhas e foi inflado no Congresso com o apoio de uma ampla gama de partidos – o centrão, que hoje abriga Bolsonaro, a esquerda, que apoia a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de outras siglas fora da órbita desses dois pré-candidatos.

Técnicos do Ministério da Economia trabalham com a possibilidade de remanejar cerca de R$ 800 milhões, hoje alocados em outras despesas, para elevar o valor do fundo até o máximo permitido em lei.


A interpretação de auxiliares do presidente é que o governo precisa ampliar o valor por ele ter sido previsto em regra da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Do contrário, a interpretação é que o presidente correria risco de descumprir a lei.
A própria equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) reconhece que analisa se o valor chegará aos R$ 5,7 bilhões ou ficará nos R$ 4,9 bilhões estabelecidos quando a lei orçamentária foi aprovada, dias antes do Natal.


"O Ministério da Economia (Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento) está analisando a compatibilidade entre a LOA [Lei Orçamentária Anual] e a LDO para definir o valor", afirmou a pasta em resposta à reportagem.
A elaboração do Orçamento da União é feita em duas etapas e envolve governo e Congresso. A primeira é a LDO, que é enviada pelo Executivo ao Congresso no primeiro semestre de cada ano e estabelece as diretrizes para a elaboração do Orçamento do ano seguinte. A segunda etapa é a LOA, enviada no final de agosto de cada ano e que define o Orçamento em si.

A análise em curso pela equipe de Guedes tem como pano de fundo um impasse sobre a interpretação da LDO de 2022.

Em julho do ano passado, o Congresso incluiu na lei uma regra para estipular o valor do fundo eleitoral –uma fatia das emendas de bancada que seja equivalente a 25% do orçamento da Justiça Eleitoral em 2021 e 2022. A conta resultou no valor de R$ 5,7 bilhões, maior patamar desde que o fundo foi instituído em 2017.

O chamado fundão eleitoral foi criado após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir, em 2015, o financiamento privado de campanhas, na esteira dos escândalos da Operação Lava Jato. Com isso, o Brasil acabou se tornando o país que mais destina recursos públicos para campanhas eleitorais no mundo, na comparação com 25 das principais nações do planeta. A verba é distribuída aos partidos, em linhas gerais, de acordo com o tamanho das bancadas na Câmara e no Senado.
Pressionado por sua base mais ideológica, Bolsonaro vetou o dispositivo da LDO.


Em dezembro, porém, congressistas de diversos partidos da esquerda à direita se uniram para derrubar o veto presidencial, o que restabeleceu a regra que estipula o valor de R$ 5,7 bilhões.
Legendas do centrão também apoiaram a derrubada do veto, como o PP de Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil), e o PL de Valdemar Costa Neto, ao qual Bolsonaro se filiou no fim de novembro.
O problema é que na votação da proposta orçamentária, que é a etapa seguinte na elaboração das despesas e receitas do ano seguinte, foi aprovada uma dotação menor, de R$ 4,9 bilhões.
A diferença abriu um impasse dentro do governo. Na avaliação de técnicos, a Economia é obrigada a pedir a reposição dos valores até a cifra estipulada na LDO.


No entanto, a visão de que o valor máximo se trata de uma imposição ainda não é consenso. A questão tem gerado discussões internas no Executivo e no Legislativo.


Congressistas e especialistas levantam dúvidas se o Palácio do Planalto é obrigado a aumentar o valor, ou se a regra da LDO representa um teto, não um mínimo. Qualquer valor que seja fixado no Orçamento acabará beneficiando o próprio presidente Bolsonaro e partidos da base aliada.

A possibilidade de seguir o valor estipulado pela LDO, ampliando o que já está previsto na LOA, divide especialistas em Orçamento.

Vista como uma questão técnica, também causou divergência entre congressistas na época da votação do Orçamento. Líderes do centrão, por exemplo, diziam acreditar que deveria valer o determinado pela lei de diretrizes, ou seja, R$ 5,7 bilhões.

Para Élida Pinto, professora da FGV-SP e procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, as diretrizes funcionam como um teto, não como uma imposição rígida. Portanto, na avaliação dela, se o Executivo pagar o valor maior, será porque assim escolheu.

"A LDO não obrigou [o governo] a gastar R$ 5,7 bilhões. Apenas autorizou a expansão até esse montante, como uma espécie de sublimite máximo. A LOA o respeitou, mas alocou valor um pouco abaixo: R$ 800 milhões a menos", disse.

Um consultor legislativo ouvido reservadamente pela reportagem afirmou que a questão é polêmica. Argumentou que a legislação eleitoral prevê que os repasses aos partidos devem ser feitos segundo o montante estabelecido pela LOA, que é a lei orçamentária.

Por outro lado, a LDO é a legislação que estabelece as diretrizes para a própria aprovação do Orçamento. E essa legislação fixou um parâmetro para o fundão eleitoral, que passou a ser composto por emendas impositivas de bancadas.

No entanto, o Orçamento foi aprovado em desacordo com esse parâmetro, o que poderia ser interpretado como uma ilegalidade, levando o governo a optar pela ampliação da reserva para o fundo eleitoral conforme prevê a LDO.

Bolsonaro, que sempre foi crítico dos partidos do centrão, se aliou a essas legendas, fiadores do aumento do valor do fundo. O presidente costuma dizer que não fará uso de recursos públicos em sua campanha, mas, candidato à reeleição, deve ser um dos beneficiados da mudança.

Seus aliados mais pragmáticos nunca esconderam preocupação com o financiamento de uma campanha presidencial.

Eles sabem que, neste ano, as condições são muito diferentes de 2018, e o principal adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conta com grande fatia do fundo eleitoral.

Dirigentes partidários se queixam ainda que as campanhas são caras e, desde que o STF proibiu financiamento privado, precisam recorrer cada vez mais ao fundão.