quarta-feira, 21 de julho de 2021

Sem partido e sem alianças, Bolsonaro não tem planos para 2022 e divide sua base

Ausência de sinalização tem agravado fissuras na base mais fiel do bolsonarismo, resultando em algumas brigas públicas na militância governista. Alguns aliados esperam até que ele encontre um partido, outros entram em siglas como o PTB, mas há resistência

Brasil 247, 21/07/2021, 09:17 h Atualizado em 21/07/2021, 10:09
Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Metrópoles - Uma campanha eleitoral competitiva costuma levar tempo e dinheiro para ser planejada, mas a indefinição de Jair Bolsonaro em entrar para um partido tem deixado parte de seus apoiadores no escuro, enquanto adversários já costuram alianças visando à eleição de outubro do ano que vem. A ausência de sinalização de seu líder político tem agravado fissuras na base mais fiel do bolsonarismo, resultando em algumas brigas públicas na militância governista.

A recusa de Bolsonaro, desfiliado desde novembro de 2019 do PSL, em articular sua base partidária prejudica planos também nos estados, na opinião do cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB). “O Lula, que se coloca como principal adversário do Bolsonaro neste momento, já está negociando bastante com partidos e arrumando alianças nos estados, aparando arestas com antigos aliados. Os aliados de Bolsonaro, por outro lado, ainda estão num compasso de espera ou tentando articular compromissos que não têm garantia de que poderão ser cumpridos”, avalia ele em conversa com o Metrópoles.

Como precisa estar em um partido pelo menos seis meses antes da eleição, Bolsonaro vê sua janela se encurtar e pode ser obrigado a aceitar mais exigências do que gostaria para encontrar uma legenda. A ida para o Patriota, sua primeira opção, já foi considerada descartada até pelo presidente afastado da sigla e articulador da filiação, Adilson Barroso.

Um partido que está ativamente procurando apoiadores do presidente da República é o PTB, de Roberto Jefferson, que “esqueceu” o trabalhismo do nome do partido, mudou estatuto e cores (saíram preto, branco e vermelho, entraram verde e amarelo) e está expulsando parlamentares que votam contra a agenda conservadora.

Confira a íntegra no Metrópoles.

Em meio à pandemia, trabalhador está há um ano sem aumento real de salário

De acordo com estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mês de junho marcou um ano sem ganho real para os trabalhadores

Brasil 247, 21/07/2021, 08:37 h Atualizado em 21/07/2021, 09:21
(Foto: USP Imagens)

A crise econômica resultante da pandemia de Covid -19 fez com os reajustes salariais resultantes de acordos entre patrões e empregados ficassem em patamar igual ou abaixo da inflação. De acordo com o Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mês de junho marcou um ano sem ganho real para os trabalhadores.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o dado da Fipe está em linha com as negociações registradas pelo Ministério da Economia. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 8,9% em 12 meses, contra um reajuste médio de 8,3%. De acordo com um relatório do Banco Mundial a crise deverá impactar de forma negativa os salários e o nível de emprego no Brasil por um período de nove anos.

"No Brasil e no Equador, embora os trabalhadores com ensino superior não sofram os impactos de uma crise em termos salariais e sofram apenas impactos de curta duração em matéria de emprego, os efeitos sobre o emprego e os salários do trabalhador médio ainda perduram nove anos após o início da crise", destaca o relatório "Emprego em crise: Trajetórias para melhores empregos na América Latina pós-Covid-19".

domingo, 18 de julho de 2021

Filha de um militar ganha de pensão o mesmo que 163 famílias pobres

A maior pensão que o governo Bolsonaro pagou recorrentemente a uma pessoa, em 2020, foi de R$ 61,2 mil mensais; a beneficiária é filha de um militar e viúva de outros dois

18 de julho de 2021, 17:36 h Atualizado em 18 de julho de 2021, 17:36
(Foto: Marcos Corrêa/PR | Reuters)

Revista Fórum - Resquícios da ditadura militar e a disposição de Jair Bolsonaro em solidificar, cada vez mais, as Forças Armadas provocam trágicas distorções no país.

Para se ter uma ideia, a maior pensão que o governo federal pagou recorrentemente a uma pessoa, em 2020, foi de R$ 61,2 mil. A beneficiária é filha de um militar e viúva de outros dois, de acordo com informações da revista Piauí, que recorreu ao Portal da Transparência.

Com essa quantia, que ela recebe mensalmente, daria para o valor máximo do novo auxílio emergencial, que atinge R$ 375, pago a mulheres pobres que são chefes de família. Nesse caso, a superpensão de R$ 61,2 mil bancaria o auxílio de 163 mulheres que são chefes de família. Sem dúvida, é uma enorme distorção.

Leia a reportagem completa na Revista Fórum.

Relatos sobre a violência da direita golpista contra operários em Cuba

Entenda o que ocorreu em Camagüey, onde se iniciaram as manifestações da direita apoiada pelos EUA

Brasil 247, 18/07/2021, 13:14 h Atualizado em 18/07/2021, 13:42
Operário ferido em Camagüey (Foto: Miguel Febles Hernández)

Granma - “Enquanto nossas armas eram bandeiras cubanas e cartazes com slogans patrióticos, eles nos receberam com pedradas”, lembra Yunior Cardoso Fernández, referindo-se ao vandalismo ocorrido no último domingo na cidade de Camagüey, com o nefasto propósito de subverter a ordem.

Com força de vontade, uma barreira intransponível de trabalhadores, localizada nas entradas da ponte de Triana, impedia o avanço dos grupos de apátridas, contra-revolucionários e criminosos, que procuravam fazer o seu caminho, a qualquer custo, para chegar à sede de o Governo Provincial.

“O que se poderia esperar destes vândalos - declara indignado Yunior Cardoso - se a Revolução caísse! Nós nunca permitiremos isso. Quem se sente um verdadeiro patriota e ama a sua terra não pode ficar impassível perante ações como estas, que procuram entregar o país ao imperialismo”.

Manuel Arias Carmenates foi um dos trabalhadores que recebeu o impacto de várias pedras: “assim que ouvi o apelo do nosso Presidente, dirigi-me imediatamente ao local onde se encontrava o centro das perturbações, determinado a enfrentar aqueles elementos no serviço do governo dos EUA”.

“Apesar da situação tensa criada”, diz ele, “ninguém se moveu de seu posto. Vários camaradas receberam pedras na cabeça, o que mostra a baixa laia daqueles que compunham aquelas turbas, que desde o primeiro momento assumiram uma atitude de enfrentamento aberto com as forças da ordem pública”.

“Percebemos de imediato que também éramos seus inimigos para este tipo de pessoas, ainda que se confrontassem com operários, camponeses, mulheres, jovens, mesmo idosos, que vinham à cena para fazer valer o seu direito à defesa da Pátria e da Revolução”.

Contrariamente à matriz de opinião que a imprensa internacional e as redes sociais pretendem impor à Internet, Luis Villavicencio Rabí esclarece: “não tinha nada para uma manifestação pacífica, porque muitos de nós pudemos apreciar a forma violenta como agiram atirando pedras contra todos que encontraram em seu caminho”.

“Essa atitude covarde e odiosa - acrescenta - nada tem a ver com as pessoas humildes e trabalhadoras que, em meio a carências materiais de todos os tipos, resistem e enfrentam as vicissitudes atuais sem serem confundidas ou manipuladas por aqueles que apenas procuram destruir a unidade de tantos anos da Revolução”.

Com isso, concorda a professora Mercedes Escuredo Olazábal, que garante que os recentes distúrbios gerados por artimanhas bem montadas dos Estados Unidos têm a ver com a intenção perversa de causar caos, desestabilização e um estado de ingovernabilidade no país.

“Nessa provocação, o que prevaleceu foi a indecência, o uso da violência e o propósito de criar imagens de que aqui há abuso de poder. Para concretizar seus planos, alguns dos líderes foram pagos por seus senhores, o que os ratifica como mercenários a serviço de uma potência estrangeira”.

“Porém”, diz ela, “o que ficou demonstrado pela firmeza revolucionária do povo de Camagüey, que somos a maioria, é que, seja quem for, não será possível, porque aqui a direção, a ordem foi mantida em todos os momentos, estabilidade, tranquilidade e paz cidadã”.
Com o povo não há ruptura, há continuidade

Aurora Evia Pérez, aos 82 anos, defende "sua Revolução" com o mesmo espírito com que, em 1959, saiu para receber os barbudos que chegaram a Havana em uma caravana no dia 8 de janeiro.

Ela garante que o processo revolucionário, que tantas conquistas proporcionou ao povo na educação e na saúde, continuará, apesar da política hostil promovida pelo governo dos Estados Unidos contra a Ilha, agravada nos últimos anos, com a administração de Donald Trump e realizada por Biden.

Ela não entende, exceto por ingratidão, maldade e ignorância, como um grupo de pessoas patrocinadas pelo império são capazes de atos desestabilizadores com manifestações de desordem e vandalismo no país que tanto lhes deu.

Como se carregasse na mão o coração da avó, toda ternura, procurava uma forma única de dizer o quanto agradece ao Sistema de Saúde por manter a campanha de intervenção sanitária em todo o país, o papel dos médicos neste processo e o profissionalismo com quem tem trabalhado não para descuidar das pessoas longevas, mas para cuidar delas com especial atenção ao vírus mortal que as torna ainda mais vulneráveis.

Carregada daquela vitalidade que mobiliza os jovens, Caridad López, 26, comentou que os princípios e a continuidade da Revolução estão bem protegidos na maioria dos jovens como ela e que, se alguém duvidou, deve contar aos que vieram de fora hesitação, no domingo passado, em confirmar que as ruas pertencem aos revolucionários.

Um apelo à não violência e não ingerência nos assuntos do povo era também a reivindicação desta jovem licenciada do Instituto Superior de Artes.

“Nós, cubanos, estamos indignados com a situação que ocorreu em algumas partes da ilha, porque devemos, antes de tudo, agradecer à Revolução e estar convencidos de que tudo o que o Governo faz é a favor do povo”, disse Joanna Rodríguez.

“Os Estados Unidos não têm o direito de se intrometer nos assuntos do país. O povo cubano quer trabalhar em paz. Que retirem o bloqueio para que vejam como Cuba sai da situação econômica em que se encontra”.
Defenda a verdade com capa e espada

“Por nossa nação, por nossa família, por todos os nossos colegas, por todos aqueles que infelizmente estão com a pandemia, pelos médicos que estão lutando, por um povo inteiro, porque o que eu quero é uma melhoria para o meu país”.

Carlos Arnedo Pérez diz que foram essas as razões pelas quais saiu no domingo em defesa da Revolução diante da provocação que ocorreu no caminho em frente ao Hotel Saratoga e ao Capitólio Nacional.

"Temos que enfrentar todos aqueles que querem nos dividir, nos prejudicar e limpar a mente dos que estão confusos, porque uma intervenção militar neste país não seria para fazer o bem, mas para nos destruir."

Aos 40 anos, Carlos Arnedo Pérez é mágico de profissão e estuda Psicologia no curso para trabalhadores da Universidade de Havana, e é um daqueles que estão convencidos de que a rua, embora seja de todos, deve ser defendida, pela paz e segurança dos cidadãos, pelos revolucionários, “e defendê-la verdadeiramente”.

“Todos nós queremos ser melhores, viver melhor, mas precisamos ter as opções que bloqueiam o país. Enquanto isso, não podemos permitir que gerem ervas daninhas entre os cubanos para enfraquecer nossa unidade como povo”.

“O nosso Presidente, com a transparência que o caracteriza, deixou muito clara a mensagem de que estamos sujeitos ao diálogo, mas sempre de forma pacífica. Pode haver quem esteja confuso, mas nós, que não estamos [confusos], vamos lutar contra tudo o que se opõe a Cuba, para que o país continue sendo liderado por cubanos”.

*Tradução por Juca Simonard

'Só Deus me tira do cargo', diz Bolsonaro. Lira e Aras agradecem o elogio





Leonardo Sakamoto
Colunista do UOL
18/07/2021 11h50

Ao deixar o hospital na manhã deste domingo (18), após tratar de uma obstrução intestinal, Jair Bolsonaro repetiu que só a intervenção divina o removeria do cargo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o procurador-geral da República, Augusto Aras, devem ter ficado lisonjeados com o elogio.

"Querem derrubar o governo? Já disse, só Deus me tira daquela cadeira. Será que não entenderam que só Deus me tira daquela cadeira", afirmou.

Tivesse o presidente um histórico de democrata, a declaração seria vista apenas como uma boba reafirmação sobre sua saúde. Mas como não é o caso, fica mais uma vez a impressão de que ele quer se perpetuar na função, reforçando as declarações golpistas que ele vem dando quanto à eleição de 2022.

A questão é que o milagre que mantém Bolsonaro no cargo, mesmo acusado de mais de duas dezenas de crimes de responsabilidade e com 126 pedidos de impeachment apresentados, não é operado nem pelo Pai, nem pelo Filho, muito menos pelo Espírito Santo. Mas por Santo Arthur e por Santo Augusto.

O presidente da Câmara mantém o impeachment em um limbo político, sem engavetar, nem dar prosseguimento a nenhum dos pedidos. Dessa forma, mantém Bolsonaro sob rédea curta, atendendo às necessidades do centrão em emendas, cargos e apoio a projetos de lei e mudanças infralegais que interessam aos grupos que ele representa.

Lira, representante do interesse de centenas de deputados que arrendaram o apoio ao presidente, diz que falta "materialidade" aos crimes de responsabilidade e que um processo não teria apoio da casa neste momento. Traduzindo: por que uma boa parte do Congresso Nacional iria querer sacrificar sua galinha dos ovos de ouro se, quanto mais vulnerável, mais Jair entrega?

Como há um viés de melhor na economia, o que reduz a insatisfação do empresariado, e as grandes manifestações ainda não são grandes, nem frequentes o bastante para pressionar o parlamento, segue o jogo.

Ao mesmo tempo, Augusto Aras, desejoso de uma indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, tem colocado a Procuradoria-Geral da República como escudeira dos interesses pessoais do presidente da República. Há fartos elementos para que uma denúncia seja feita ao STF por crimes cometidos por Bolsonaro antes e durante a pandemia, o que faria com que, pelo menos, a Câmara se pronunciasse em sua cumplicidade. Mas ele já deixou claro que, se depender dele, nada vai sair de lá.

Diante de uma PGR que agiu como espectadora das ações do Poder Executivo, omitindo-se de suas funções constitucionais, a ministra Rosa Weber teve que constranger publicamente o órgão a abrir um inquérito, transformando noticia-crime apresentada por senadores em investigação para entender se Bolsonaro prevaricou ao ignorar informações sobre a corrupção na compra da Covaxin.

Sentindo-se livre, leve e solto, o presidente segue atacando as instituições. Não à toa, ao deixar o hospital, aproveitou para bombardear novamente nosso sistema de votação e a Justiça Eleitoral. Falou em fraudes e disse que os contrários à introdução do voto impresso querem impedir que a eleição seja auditável. Uma dupla mentira, pois ele não apresenta uma mísera prova sequer e ignora que o sistema eletrônico de votação já é auditável e nunca demonstrou falhas que comprometessem o resultado do desejo popular.

Da mesma forma que usou sua doença para faturar politicamente, ele utiliza a saída do hospital para, mais uma vez, atiçar seus seguidores mais fiéis e preparar terreno para o golpismo em caso de derrota nas eleições do ano que vem, além de jogar uma cortina de fumaça sobre as más notícias de hoje, como as denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e as rachadinhas de sua família.

Há quem tenha acreditado que ele se acalmaria após a conversa com o presidente do STF, da mesma forma que existem adultos que acreditam em Papai Noel. Após uma semana em que ameaçou um golpe eleitoral, usou expressões chulas para se referir às investigações da CPI da Covid, xingou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, incentivou a intimidação do Senado pelas Forças Armadas, Jair ganhou um cafezinho de Luiz Fux e uma nova tentativa de reconciliação. Ressalte-se que o papel do ministro seria cuidar da Constituição, não passar pano para um presidente.

Após testar limites, Bolsonaro sempre puxa o freio, apaziguando membros de outros poderes e gerando análises do tipo "ele foi contido" em uma parte da opinião pública. Em questão de dias, recomeça tudo novamente. Neste caso, voltou à carga através de postagens enquanto internado. Agora, completa o serviço com uma coletiva à imprensa, em frente ao hospital. Detalhe: sem máscara de proteção.

E para que não haja dúvidas de suas intenções, ele ainda aproveitou para defender remédios que até o próprio Ministério da Saúde já considerou ineficazes para o tratamento da covid.

"O que me surpreende é de ver o mundo, alguns países investindo em remédio para curar a covid, e aqui, quando você fala de cura para covid, parece que você é criminoso. Não pode falar em cloroquina, ivermectina", disse.

Poder, pode. Mas não funciona e só fará mal à população. Tal como a guerra que ele trava diariamente, seja de uma cama de hospital, da cadeira no Palácio do Planalto ou em pré-campanha eleitoral em algum lugar do Brasil, viajando com nossos impostos.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Veja as contradições no depoimento de Roberto Dias, preso pela CPI

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, ouvido e preso pela CPI da Covid nesta quarta-feira, 7, fez declarações contraditórias durante depoimento à comissão no Senado ao comentar sobre a sua participação nas conversas com intermediários da Davati Medical Supply

bRASIL 247, 7/07/2021, 18:20 h Atualizado em 7/07/2021, 18:47
Roberto Dias e facada da Davati (Foto: Pedro França/Agência Senado | Reprodução)

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, ouvido e preso pela CPI da Covid nesta quarta-feira, 7, fez declarações contraditórias durante depoimento à comissão no Senado ao comentar sobre a sua participação nas conversas com intermediários da Davati Medical Supply.

A Davati prometia a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, mas não era sequer credenciada pela farmacêutica para venda do imunizante.


Lacunas

O ex-diretor de Logística disse que o jantar com Dominghetti ocorreu por acaso, mas reconheceu que o seu ex-assessor e coronel da reserva Marcelo Blanco, que acompanhava Dominghetti no jantar, sabia que ele estava no restaurante.

Mensagem por áudio veiculada durante a sessão da CPI, obtida do celular de Dominghetti, que foi apreendido, mostra que o PM afirma a um interlocutor que teria uma reunião com Dias no dia 25 de fevereiro, o dia do jantar no restaurante de Brasília. Dias, no entanto, manteve a afirmação de que o encontro foi casual.

Durante a CPI, Dias jogou a responsabilidade da negociação de vacinas para a Secretaria Executiva da Saúde, controlada por militares, mas ao mesmo tempo confirmou que conversou até por WhatsApp com um representante da Davati dias antes do jantar. O ex-diretor de Logística diz que não estava negociando vacinas, mas apenas checando se a proposta era verdadeira.

Ele não repassou as propostas da Davati ao então secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco, apesar de ordem interna para centralizar as discussões sobre vacinas para a Covid-19 na área. Dias alegou falta de documentos.

Mesmo sinalizando que sofreu interferências da secretaria controlada pela ala militar, tendo dois de seus auxiliares trocados por militares, ele disse desconhecer as razões das exonerações dos seus auxiliares ou de quem partiu esta ordem, apesar da insistência dos senadores da CPI para saber do assunto com mais detalhes.
Preso

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, deu voz de prisão contra o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias durante sessão da CPI da Covid nesta quarta-feira, 7.

"Ele vai ser recolhido agora pela polícia. Ele está mentindo desde de manhã. O senhor está detido pela presidência da CPI", declarou Aziz.

Omar Aziz responde às Forças Armadas: 'não aceitarei intimidação'

Em discurso no Senado, o presidente da CPI da Covid cobrou posicionamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dizendo que a ameaça feita contra ele atinge todo o Senado

Brasil 247, 7/07/2021, 21:07 h Atualizado em 7/07/2021, 21:36
Presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD) respondeu à nota das Forças Armadas contra ele. Durante a sessão da CPI nesta quarta-feira, 7, o senador lembrou de atuais casos de corrupção no Ministério da Saúde envolvendo militares e foi atacado duramente pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Ao interrogar o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, Aziz declarou que “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo, fazia muitos anos". A declaração foi o motivo do ataque da cúpula militar contra ele.

Em sessão no Senado Federal, após divulgação da nota, Aziz destacou que sua fala “foi pontual”. “Membros das Forças Armadas e alguns reformados… Não se falava um ‘ai’ das FA. Hoje um sargento da aeronáutica [Roberto Dias] foi depor e foi preso, porque mentiu, foi o que pediu um dólar por vacina. O coronel Élcio [Franco, secretário executivo da pasta e aliado do general e ex-ministro Eduardo Pazuello] foi homem da Covaxin”, afirmou o senador referindo-se aos mais recentes escândalos de corrupção envolvendo o governo de Jair Bolsonaro.

“E vou afirmar aqui o que disse na CPI novamente. Podem fazer 50 notas contra mim, só não me intimidem. Porque quando estão me intimidando, presidente [Rodrigo Pacheco], e vossa excelência não falou disso, estão intimidando essa casa aqui”, destacou.
Ataque ao Senado

Ele criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), por não dar ênfase na intimidação dos militares à Casa Legislativa. “A nota é desproporcional, presidente. É muito desproporcional. V. Exa. como presidente do Senado deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou um membro dessa casa. Deveria dizer que a nota é desproporcional, ‘eu não aceito que intimide um senador da República’. É disso que eu esperava de V.Exa.”, afirmou.

"V.Exa. não se referiu à intimidação que foi feita pela nota das Forças Armadas. Ninguém teve uma relação melhor do que eu, quando governador, com as Forças Armadas no meu estado, mas convivi com grandes generais, Villas Bôas, grande comandante do Exército brasileiro”, continuou.

Ele ainda ressaltou que não pautou os pedidos para depoimento à CPI da Covid do ministro da Defesa, general Braga Netto, e do ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos. “Em respeito às Forças Armadas, não convoquei”, argumentou.
Nota dos militares

Em nota publicada nesta quarta-feira, 7, a cúpula militar negou ter militares envolvidos em corrupção no Ministério da Saúde e disse que a “narrativa” do senador Aziz “atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”.

“O ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção. Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, assinala o texto.

“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, finalizam os militares no documento.

Lula dispara e vence Bolsonaro com 23 pontos de vantagem, diz pesquisa PoderData

Ex-presidente Lula subiu 12 pontos percentuais e tem 43% das intenções de voto para o primeiro turno das eleições de 2022. Jair Bolsonaro aparece em segundo, com 29%, uma queda de quatro pontos em relação ao levantamento anterior

Brasil 247, 7/07/2021, 19:54 h Atualizado em 7/07/2021, 20:07
(Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

Pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira (7) mostra que o ex-presidente Lula subiu 12 pontos percentuais e tem 43% das intenções de voto. Jair Bolsonaro aparece em segundo, com 29%, numa queda de quatro pontos em relação ao levantamento realizado em junho.

Ciro Gomes aparece com 6%, mesmo percentual do governador João Doria, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem 3%.

Nas simulações de segundo turno, Lula vence Bolsonaro por uma diferença de 23 pontos percentuais, por 55% a 32%.

A pesquisa PoderData ouviu 2.500 pessoas por telefone, entre os dias 5 e 7 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos e a divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.

Confira os números:

Confira simulações de segundo turno:

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Lula lidera pesquisa presidencial no estado de São Paulo

Nos dois cenários traçados pelo Ipespe, ele aparece numericamente à frente de Jair Bolsonaro, enquanto a chamada "terceira via" não decola

Brasil 247, 2/07/2021, 05:06 h Atualizado em 2/07/2021, 07:55
(Foto: Ricardo Stuckert)

O Instituto Ipespe, que fez pesquisa sobre a sucessão para o governo de São Paulo, também traçou cenários sobre a disputa presidencial no estado. No primeiro cenário, o ex-presidente Lula tem 30% das intenções de voto, contra 29% de Jair Bolsonaro, 7% de Ciro Gomes, 7% de João Doria e 6% de Luiz Henrique Mandetta. No segundo, Lula aparece com 32%, contra 29% de Bolsonaro, 10% de Ciro Gomes, 8% de Mandetta e 2% de Eduardo Leite. A pesquisa foi feita por telefone.

Na disputa estadual, o ex-governador tucano Geraldo Alckmin como favorito. No principal cenário, ele tem 21% das intenções de voto. Alckmin, no entanto, seria superado por uma eventual aliança entre Fernando Haddad, do PT, e Guilherme Boulos, do Psol, que, somados, teriam 26% (14% de Haddad e 12% de Boulos).

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Pedido de impeachment de Bolsonaro contra Dilma cai como luva para si mesmo

Imagem: Ricardo Moraes/Reuters/Evaristo Sá/AFP


Josias de Souza, Colunista do UOL
01/07/2021 03h07

Enfeitiçado pelo próprio feitiço, Bolsonaro descobre da pior maneira que a Terra é plana, mas dá voltas. Em pedido de impeachment que protocolou na Câmara em março de 2015 contra Dilma, o capitão disparou balas perdidas que acertam a sua própria Presidência. Falou de despreparo, desvios éticos, más companhias e abandono da sociedade.

Decorridos seis anos, há na peça que Bolsonaro esgrimiu contra Dilma parágrafos que poderiam ser reproduzidos num pedido de impeachment contra ele próprio sem mexer numa vírgula. Bastaria fazer um ajuste de gênero, trocando "denunciada" por denunciado. Num dos parágrafos, a transposição é tão perfeita que Bolsonaro poderia dedicar a si mesmo numa leitura em frente ao espelho.

Diz o seguinte: "Mais do que despreparo, mostra-se evidente a omissão da denunciada [Dilma] ao deixar de adotar medidas preventivas e repressivas para combater o câncer da corrupção em seu governo, mantendo, perto de si e em funções de alta relevância da administração federal, pessoas com fortes indícios de comprometimento ético e desvios de conduta. Deixou de agir em defesa da sociedade da qual é responsável máxima na administração pública."

Em julho de 2015, o deputado Eduardo Cunha, então mandachuva da Câmara, desengavetou 11 pedidos de impeachment protocolados contra Dilma. Um deles era o de Bolsonaro. Cunha deu dez dias ao capitão para promover ajustes no seu documento, "adequando-o aos requisitos da Lei número 1.079/1950 e do regimento interno da Câmara dos Deputados." A lei mencionada por Cunha define os crimes de responsabilidade.

Suprema ironia: quando pegava em lanças contra Dilma, Bolsonaro era um deputado do baixo clero filiado ao PP, partido do centrão que ajudou Eduardo Cunha a puxar o tapete da então inquilina do Planalto. Agora, Bolsonaro é um presidente sem partido que se casou com o centrão e acorrentou o seu futuro aos humores de Arthur Lira, um cacique do PP que o Planalto ajudou a transformar numa caricatura de Cunha.

Escorada no centrão, a base partidária que dá suporte a Bolsonaro no Congresso é muito parecida com a de Dilma. Para ficar idêntica, faltam apenas a traição e o impeachment.