quinta-feira, 20 de maio de 2021

Bolsonaro defendeu uso de cloroquina em 23 discursos oficiais

Pronunciamentos de Bolsonaro sobre cloroquina mostram que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello mentiu no depoimento desta quarta-feira (19) na CPI da Covid

Brasil 247, 20/05/2021, 04:48 h Atualizado em 20/05/2021, 04:59
(Foto: ABr)

Ao longo da primeira parte de seu depoimento à CPI da Covid, na quarta-feira, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello defendeu em várias respostas a versão de que o governo federal não prescreveu nem incentivou o uso de cloroquina por pacientes da Covid. Mas o histórico de declarações públicas de Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, desmente a versão do ex-ministro.

Sistematicamente, desde março do ano passado, em pelo menos 23 ocasiões, Bolsonaro fez apologia da cloroquina, que não tem eficácia para o tratamento da Covid.

Bolsonaro rejeitou o distanciamento social como método para evitar a propagação do vírus e apostou no discurso de que a cloroquina ajuda no combate à doença a um baixo custo e sem necessidade de paralisação da economia. Desde outubro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou estudos que comprovavam a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina para o fim, informa O Globo.

domingo, 16 de maio de 2021

Pela primeira vez, maioria da população apoia impeachment de Bolsonaro, aponta Datafolha

 A parcela da população que apoia o impeachment de Jair Bolsonaro aparece pela primeira vez numericamente à frente dos contrários ao afastamento. Segundo o levantamento, são favoráveis ao processo 49% dos entrevistados ouvidos pelo instituto, ante 46% que se dizem contrários à saída dele do cargo dessa forma

Brasil 247, 15/05/2021, 16:00 h Atualizado em 15/05/2021, 16:00
(Foto: REUTERS/Bruno Kelly)

A parcela da população que apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro aparece pela primeira vez numericamente à frente dos contrários ao afastamento, de acordo com pesquisa Datafolha revelada neste sábado (15) e publicada no jornal Folha de S.Paulo.

Segundo o levantamento, são favoráveis ao processo 49% dos entrevistados ouvidos pelo instituto, ante 46% que se dizem contrários à saída dele do cargo dessa forma.

A pesquisa ainda indica que cvaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom 24% dos entrevistados, queda de seis pontos percentuais em relação a dois meses atrás. Na pesquisa eleitoral, 54% disseram agora que não votariam de jeito nenhum na reeleição do atual mandatário. Em simulação de segundo turno com Lula, teve 32% das intenções de voto, ante 55% do petista.

A reprovação ao impeachment vai a 52% entre homens e no Sul do país. Também sobe para 60% entre entrevistados que dizem não ter medo do coronavírus, 57% entre evangélicos e 56% entre assalariados registrados.

Já o apoio ao afastamento cresce entre jovens de 16 a 24 anos (57%), moradores do Nordeste (também 57%), desempregados que procuram emprego (62%) e entrevistados que dizem ter muito medo do coronavírus (60%).

O Datafolha entrevistou presencialmente 2.071 pessoas em todo o Brasil na terça (11) e na quarta (12). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Com Lula liderando as pesquisas, Bolsonaro diz que sem voto auditável “esse canalha ganha por fraude”

A declaração foi durante ato com apoiadores na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste sábado (15). Disse que muitos querem “uma solução rápida para tudo”, mas que no governo dele “não desafiamos nem queremos confronto com ninguém”

Brasil 247,15/05/2021, 18:14 h Atualizado em 15/05/2021, 18:58
Sem uso de máscara, Jair Bolsonaro novamente provocou aglomeração, desta vez neste sábado (15) em um almoço com ruralistas em Brasília.

Em ato com apoiadores, principalmente do agronegócio, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste sábado (15), Jair Bolsonaro voltou a atacar o ex-presidente Lula.

Com Lula liderando as pesquisas, Bolsonaro o chamou de “bandido de 9 dedos” e disse que se as eleições de 2022 não tiverem voto auditável, o ex-presidente pode ganhar “pela fraude”.

“Se tiraram da cadeia o maior canalha da história do Brasil, se para esse canalha foi dado o direito de concorrer, o que me parece é que se não tivermos o voto auditável, esse canalha pela fraude ganha as eleições do ano que vem. Nós não podemos admitir um sistema eleitoral que é passível de fraude. E eu tenho dito se o nosso Congresso Nacional aprovar a PEC do voto auditável da Bia Kicis, e ela for promulgada, nos teremos voto impresso em 22″, disse Bolsonaro, sob gritos de "mito".

Ele disse que muitos ali querem “uma solução rápida para tudo”, mas que no governo dele “não desafiamos nem queremos confronto com ninguém”.

“Sei que muitos de vocês querem o imediatismo, a solução rápida para tudo. Pode ter certeza. Hoje meus 22 ministros estão perfeitamente alinhados com o propósito maior de servir a sua pátria, e de preservar a nossa liberdade com sacrifício até da própria vida se necessário for”, acrescento, afirmando que “o maior poder do Brasil não é o Executivo, não é o Judiciário e não é o Legislativo, o maior poder são vocês”.

Na sequência, ele aproveitou para atacar a imprensa dizendo “apanhar 24 horas por dia” da mídia. “Mas o que esses caras não entendem é que eu sou ‘imbrochável'”, disse.

Impeachment

A parcela da população que apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro aparece pela primeira vez numericamente à frente dos contrários ao afastamento, de acordo com pesquisa Datafolha revelada neste sábado (15) e publicada no jornal Folha de S.Paulo.

Segundo o levantamento, são favoráveis ao processo 49% dos entrevistados ouvidos pelo instituto, ante 46% que se dizem contrários à saída dele do cargo dessa forma.

Gleisi rebate ataque de Bolsonaro contra Lula: “você que é a fraude e será derrotado em 22”

Presidente nacional do PT rebateu diversos ataques de Jair Bolsonaro contra Lula. Segundo ele, o petista, que segue líder em todas as pesquisas de intenção de voto nas eleições de 2022, “só ganha se for na fraude”

Brasil 247, 15/05/2021, 13:06 h Atualizado em 15/05/2021, 14:05
Gleisi Hoffmann e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

A Presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, usou suas redes sociais neste sábado (15) para rebater diversos ataques de Jair Bolsonaro contra Lula. Segundo ele, o petista, que segue líder em todas as pesquisas de intenção de voto nas eleições de 2022, “só ganha se for na fraude”.

“Bolsonaro a fraude é vc! Resultado da fraude do impeachment, da fraude Sérgio Moro, da fraude fake news. Em 22 a fraude será derrotada, se antes não for impichada”, disse ela.

Lula lider

Temendo as pesquisas que já indicam uma larga vantagem de Lula, Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que Lula foi tornado elegível para se candidatar à Presidência em 2022, mas que só vencerá a eleição com fraude.

"Um bandido foi posto em liberdade, foi tornado elegível, no meu entender para ser eleito presidente. Na fraude. Ele só ganha na fraude o ano que vem", disse Bolsonaro em discurso no Mato Grosso do Sul.

“Se não for para revogar o desmonte, não faz sentido ganhar as eleições”, diz Bohn Gass

O líder do PT na Câmara, em entrevista à TV 247, criticou o desmonte dos serviços públicos promovido pelo governo Bolsonaro. Para o deputado, um eventual governo Lula deveria reverter o quadro com urgência. “Revogação vai ter que ser uma palavra de ordem agora, mas precisa do ambiente social com força, porque o Parlamento precisa de uma pressão externa”. 

Brasil 247, 14/05/2021, 18:54 h Atualizado em 14/05/2021, 19:04
(Foto: Leonardo Lucena)

O deputado federal Bohn Gass (PT-RS), líder do PT na Câmara, em entrevista à TV 247, condenou o desmonte dos serviços públicos promovidos pelo governo Bolsonaro. Ele defende que a política de “não valorização” do Brasil seja revertida em um eventual governo Lula.

“Se não for para revogarmos, não faz sentido ganharmos o governo. Tem que revogar. E, aliás, o tema da revogação acontece de várias formas. Têm revogações hoje no mundo das privatizações em vários países, do saneamento, das comunicações, na área da energia. Energia ninguém vende. Nos Estados Unidos, é o Exército que controla, porque é estratégico para o país. O Lula sempre fala da política do vira-lata. É isso que ela é. É não valorizar o Brasil”, disse.

Segundo o deputado, é necessário um debate com diversos setores da sociedade para criar “pressão externa” sobre o Congresso. “Vários países do mundo que fizeram privatizações, eles mudaram. Por isso que defendo que a gente tem que ter um programa, isso é importante. A eleição do Lula deve ter uma consistência programática numa frente de esquerda, ancorada não só em partidos de esquerda, entidades sociais. Vai ter bom diálogo com a intelectualidade, com os artistas, com o mundo da cultura, setores nacionalistas no Exército. Aí é a sociedade. Precisamos fazer esse debate social, porque não faz nenhum sentido nós termos a volta do presidente da República e não termos mais BNDES, Banco Central, Caixa Econômica Federal, que também estão querendo entregar, Banco do Brasil, Eletrobras e todas vinculadas, a Petrobras, as refinarias para poder fazer política pública, porque são através desses órgãos que você faz uma política pública. Então, vamos ter que, sim, fazer o debate, temos que revogar. Revogação vai ter que ser uma palavra de ordem agora, mas precisa do ambiente social com força, porque o Parlamento precisa de uma pressão externa, e o Parlamento está num outro padrão, não subserviente a essa lógica imposta hoje”.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

CPI já tem provas de crime sanitário cometido por Bolsonaro e vai propor seu indiciamento

"Vemos que o crime contra a saúde pública já está caracterizado”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE). De acordo com o parlamentar e outros membros da CPI, já existem informações suficientes que apontaram para a tentativa de Jair Bolsonaro em boicotar a aquisição de vacinas

Brasil 247, 14/05/2021, 15:00 h Atualizado em 14/05/2021, 15:00
Senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Jair Bolsonaro (Foto: Agência Senado | ABr)

O grupo majoritário da CPI da Covid, formado por senadores oposicionistas e independentes, acreditam haver elementos suficientes que levam à incriminação Jair Bolsonaro por crime sanitário, ou seja, contra a saúde pública. No relatório final, a Comissão Parlamenta de Inquérito pode pedir ao Ministério Público Federal (MPF) o indiciamento dele.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, membros da CPI avaliaram que já conseguiram informações suficientes para entender a tentativa de Bolsonaro de boicotar a aquisição de vacinas, pois acreditava na imunização natural, ou imunidade de rebanho. Senadores disseram que os depoimentos prestados até o momento na CPI confirmaram que Bolsonaro e seus comandados sabiam do impacto da pandemia sobre a população e deveriam ter agido para minimizar seus efeitos.

"Vemos que o crime contra a saúde pública já está caracterizado”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro suplente da CPI. "Quando você deixa de adotar medidas, você está de forma culposa cometendo crime contra a saúde pública. Mas, quando você tem os meios e não age, então existe dolo", acrescentou.

Em depoimento nessa quinta-feira (13), o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que a empresa fez ao menos quatro ofertas de doses de vacinas contra a Covid-19 em 2020, mas o governo não deu resposta à farmacêutica e, por consequência, deixou 70 milhões de doses travadas.

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta apresentou na comissão uma carta que teria entregue a Bolsonaro, em março do ano passado, mostrando estimativas de que o Brasil poderia chegar a 180 mil mortes pela Covid-19 até o fim de 2020, se medidas não fossem adotadas principalmente políticas de isolamento social.

Parlamentares também citaram a pressão dentro do governo para o uso de cloroquina, medicamento sem comprovação científica para o tratamento contra a Covid-19. Mandetta confirmou que a presidência elaborou um decreto que mudava a bula do remédio.

Crimes

Trabalha-se com duas hipóteses sobre os crimes cometidos por Bolsonaro. No âmbito administrativo, ele pode ser acusado de crime de responsabilidade por atuar contra o direito à saúde. Em outra esfera, os parlamentares próximos ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), citaram o crime de epidemia, previsto no Código Penal e que seria praticado pela ação de promover a transmissão da doença.

De acordo com o senador Rogério Carvalho, a próxima etapa seria provar o crime contra a vida. Na prática, seria demonstrar que o crime contra a saúde pública resultou nas mortes de pessoas.

"Em relação ao crime contra a vida, precisa ser provado quantas mortes poderiam ter sido evitadas se tivessem sido tomadas as medidas adequadas. Sabemos que o vírus é matemático, tem alta capacidade de propagação. Mas, para provar que houve o crime contra a vida, agora precisamos trazer para a comissão especialistas, investigar estudos epidemiológicos, que possam sustentar essa tese", afirmou.

Além do representante da Pfzier e de Mandetta, a CPI ouviu o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.
Dados

Na plataforma Worldometers, que disponibiliza números globais sobre a pandemia, o País tem 15,4 milhões de casos, atrás de Índia (24,3 milhões) e Estados Unidos (33,6 milhões).

O Brasil registrou até o momento 430 mil mortes, número que só é inferior ao dos EUA (598 mil).

Esse vídeo é revelador. Acesse e assista:

Em queda livre, Bolsonaro volta a atacar Lula: "filho do capeta"

"E a turma ainda quer votar nesse filho do capeta aí", disse o presidente a apoiadores. Na sequência, ele alertou: "Ó, se esse cara voltar, nunca mais vai sair. Escreve aí, tá?"

Brasil 247, 14/05/2021, 13:17 h Atualizado em 14/05/2021, 15:03
(Foto: Reprodução)

Temendo a ascensão do ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais e em queda livre nos índices de aprovação, Jair Bolsonaro redobrou seus ataques contra o petista em conversa com apoiadores nesta sexta-feira (14).

"E a turma ainda quer votar nesse filho do capeta aí", disse o presidente.

Na sequência, Bolsonaro alertou: "Ó, se esse cara voltar, nunca mais vai sair. Escreve aí, tá?".

Antes dessa fala, uma apoiadora fez uma criança falar para Bolsonaro: "prende o Lula, por favor". Ele reagiu rindo, mas não comentou.

Lula: "estou pronto para ser candidato"

"Não fui candidato em 2018 porque criaram uma farsa judicial", afirmou o ex-presidente Lula. "Estou pronto para ser candidato no próximo ano", disse Lula à emissora pública estadunidense PBS

Brasil 247, 14/05/2021, 12:20 h Atualizado em 14/05/2021, 12:45
Ex-presidente Lula (Foto: Stuckert)

Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou que está pronto para disputar novamente o Palácio do Planalto. "Não fui candidato em 2018 porque criaram uma farsa judicial. Não há nenhum processo judicial contra mim agora. E agora posso me candidatar à presidência", disse o petista em entrevista para a PBS, televisão de caráter público e educativo dos EUA. "Estou pronto para ser candidato no próximo ano", acrescentou.

"Não posso me preocupar com essas pesquisas agora porque, no momento, a pandemia ainda é uma questão de segurança no Brasil. E agora estamos chegando no inverno e talvez chegue uma nova onda", afirmou.

O ex-presidente também disse que o chefe da Casa Branca, Joe Biden, está fazendo um bom trabalho, mas precisa olhar mais para a América Latina. "O Biden está fazendo um bom trabalho para os EUA. Acredito que ele tem que se abrir um pouco mais, porém, para a América Latina e América do Sul, porque os presidentes dos EUA, eles se esquecem da América Latina".

De acordo com pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira (12), Lula venceria Bolsonaro por 41% a 23% no primeiro turno e por 55% a 32% no segundo.

Na terça, a pesquisa XP/Ipespe mostrou Lula e Bolsonaro com 29% das intenções de voto no primeiro turno, seguidos por Ciro Gomes, do PDT (9%). Depois apareceram Sérgio Moro (8%), Luciano Huck (5%) e outros.

Globo censura o nome de Lula ao noticiar Datafolha no Jornal Nacional e em toda a programação

Principal telejornal da emissora mostrou apenas a avaliação de Jair Bolsonaro, ignorando o cenário para 2022, em que o ex-presidente Lula aparece como líder disparado e com possível vitória no primeiro turno. Na Globonews, o comentarista Carlos Alberto Sardenberg seguiu a mesma linha

Brasil 247, 13/05/2021, 22:53 h Atualizado em 13/05/2021, 22:55
  Lula, William Bonner e Renata Vasconcellos (Foto: Brasil247 | Reprodução)

A TV Globo tem ignorado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao noticiar a pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, que mostra o petista liderando disparado e com possibilidade de vitória já no primeiro turno.

No primeiro turno, a pesquisa mostra Lula com 41% dos votos totais, contra 23% de Jair Bolsonaro - 18 pontos de diferença. No segundo turno, Lula aparece com 55% e Bolsonaro, 32%. Outros candidatos, como Sergio Moro, Ciro Gomes, Luciano Huck e João Doria aparecem com percentuais de 7% para baixo.

O Jornal Nacional desta quinta mostrou apenas o recorte da pesquisa sobre a avaliação de governo de Bolsonaro, ignorando todos os cenários da disputa presidencial de 2022.Na Globonews, o comentarista Carlos Alberto Sardenberg seguiu a mesma linha (assista aqui).

quinta-feira, 13 de maio de 2021

CPI: gerente-geral da Pfizer confirma que empresa ofereceu 70 milhões de doses de vacina, rejeitadas por Bolsonaro

Carlos Murillo, gerente-geral da Pfizer na América Latina, concedeu depoimento à CPI e confirmou que o governo de Jair Bolsonaro rejeitou 70 milhões de doses da vacina. País hoje encontra-se à beira de um apagão de vacinas, com poucos insumos e imunizantes

Brasil 247, 13/05/2021, 12:03 h Atualizado em 13/05/2021, 13:10
Gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, ao lado 
do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM) 
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou em depoimento à CPI da Covid-19 nesta quinta-feira (13) que a empresa fez ao menos quatro ofertas de doses de vacinas contra a Covid-19 em 2020 que não foram fechadas. Segundo o representante da Pfizer, as negociações começaram em maio e em agosto foi feita a primeira oferta ao Brasil, com dois quantitativos disponíveis: 30 milhões e 70 milhões de doses. A primeira leva de imunizantes chegaria no final de abril.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou o representante sobre a oferta de vacinas: "A oferta feita pelo governo em 2020 foi de 6 milhões de doses, como disse o ministro Pazuello, ou de 70 milhões?". "Foram 70 milhões de doses", respondeu Murillo.

O dirigente afirmou que o laboratório fez mais duas ofertas, em 18 de agosto e 26 de agosto. Nesta última também foram ofertas 30 e 70 milhões de doses, mas o governo brasileiro ignorou a proposta.

"A proposta de 26 de agosto tinha validade de 15 dias. Passados 15 dias, o governo não rejeitou e nem aceitou a oferta", explicou o técnico da Pfizer. Calheiros também perguntou sobre as cláusulas do contrato que o governo classificou como “leoninas” e Murillo respondeu que “não concordamos com esse posicionamento”.

"Começamos as reuniões em maio e junho. Foram reuniões iniciais e exploratórias. Como resultados, no mês de julho, fornecemos uma expressão de interessa, em que resumimos as condições do processo que a Pfizer estava realizando em todos os países no mundo", acrescentou.

"Tivemos outras reuniões no mês de agosto. Em 6 de agosto, o ministério manifestou interesse. Em 14 de agosto, oferecemos nossa primeira oferta - de 30 milhões de doses e de 70 milhões de doses. O cronograma de entrega era o final de 2020 e inicio de 2021. Em 26 de agosto, fizemos uma terceira oferta (por 30 e 70 milhões de doses), mas tínhamos conseguido mais doses para o final de 2020", continuou.

Doses negadas, apagão de vacinas

Em depoimento na CPI, nessa quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten afirmou que, em setembro de 2020, a Pfizer encaminhou ao governo Jair Bolsonaro a Pfizer encaminhou ao governo brasileiro, em setembro de 2020, uma carta dizendo estar disposta a colaborar com a oferta de vacina ao Brasil.

O ex-chefe da Secom disse que soube da carta somente no dia 9 de novembro e que, até então, o Executivo federal não tinha tomado providência alguma. Wajngarten afirmou que, nesse dia, procurou Bolsonaro para avisá-lo da correspondência. Wajngarten também disse que iniciou tratativas com Murillo, à época representante da Pfizer no Brasil, com quem teve uma reunião. O governo alegou entraves burocráticos e necessidade de mudança na legislação brasileira para atender cláusulas do contrato oferecido pela farmacêutica norte-americana.

O depoimento de Fábio Wajngarten à CPI da Covid indicando que Bolsonaro negligenciou o país ao rejeitar a oferta da Pfizer por vacinas, aliado a falas xenofóbicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a China que arranharam ainda mais a relação já desgastada com o país, o Brasil deu mais um passo para o que os gestores de saúde estão temendo que é o “apagão das vacinas” provocado pela escassez de insumos.

Essa escassez de insumos vem da gestão do general Eduardo Pazuello, segundo coluna do jornal O Estado de S. Paulo , que ordenou que estados e municípios não guardassem a segunda dose da vacina distribuída em março, quando a orientação inicial era guardar metade para a segunda dose.