quarta-feira, 12 de maio de 2021

Agência alemã mostra que todos os indicadores pioraram no Brasil cinco anos depois do golpe contra Dilma

PIB per capita é menor que antes do impeachment, desigualdade e pobreza estão em alta, e democracia se deteriorou, mostram índices em reportagem da Deutsche Welle. Bolsonaro e pandemia marcaram o período

Brasil 247, 12/05/2021, 18:02 h Atualizado em 12/05/2021, 18:17
Dilma: o jogo com Lula foi tão duro ou mais que o impeachment 
(Foto: Leonardo Contursi/CMPA)

Por Bruno Lupion, da DW - Em 12 de maio de 2016, o Senado Federal afastava a então presidente Dilma Rousseff do cargo para dar continuidade ao seu processo de impeachment, concluído pouco mais de três meses depois.

A petista caiu por liberar créditos suplementares sem o aval do Congresso e atrasar o repasse de verbas a bancos que executam políticas públicas, com o objetivo de melhorar artificialmente as contas do governo, as chamadas pedaladas fiscais. O impeachment, porém, teve como pano de fundo outros motivos: recessão econômica intensa, enorme escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, protestos de rua embalados pela Operação Lava Jato e falta de apoio político no Congresso.

Dilma recebeu a notificação da decisão do Senado pela manhã, fez um último discurso com ministros e aliados dentro Palácio do Planalto, recebeu flores e mensagens de apoiadores e seguiu para a residência oficial. Apesar da insistência da petista em dizer que reverteria a decisão, havia entre seus correligionários um ar de derrota e melancolia.

Algumas horas depois, sem cruzar com Dilma, Michel Temer entrou no palácio e assumiu o cargo de presidente. No mesmo salão, agora repleto de políticos que não frequentavam o local desde o governo Fernando Henrique Cardoso, como líderes do DEM e do PSDB, e de outros que haviam mudado de lado, Temer deu posse ao seu novo ministério em clima de triunfo e excitação.

Nesses cinco anos, que abrangem a eleição de um presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, e a eclosão de uma pandemia mundial, o Brasil ainda não retomou o nível econômico que tinha no início da década passada, viu a pobreza e a desigualdade aumentarem e seus fundamentos democráticos se erodirem.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Pesquisa XP aponta Lula com 51% e Bolsonaro com 49% no segundo turno

Levantamento divulgado nesta terça-feira reforça a tendência de um segundo turno entre Bolsonaro e Lula em 2022. Ambos aparecem com 29% das intenções de voto no primeiro turno

Brasil 247, 11/05/2021, 16:20 h Atualizado em 11/05/2021, 16:25
   Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: ABr)

Pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta terça-feira (11) aponta o que já é esperado: o segundo turno da eleição presidencial em 2022 deve ser disputado por Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente Lula.

Na pesquisa estimulada, tanto Bolsonaro quanto Lula aparecem com 29% das intenções de voto no primeiro turno, seguidos por outros candidatos mais distantes: Ciro Gomes (9%), Sergio Moro (8%), Luciano Huck (5%) e outros.

Em um segundo turno entre Bolsonaro e Lula, o petista aparece numericamente à frente, embora dentro da margem de erro (empatados tecnicamente). Lula tem 42% das intenções de voto e Bolsonaro 40%. Apenas com os votos válidos, Lula tem 51% e Bolsonaro, 49%.

A margem de erro do levantamento é de 3.2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Governo é ruim/péssimo para 49%

Para 49% da população brasileira, o governo de Jair Bolsonaro é "ruim e péssimo" e 58% desaprovam a maneira de Bolsonaro governar o país. Somente 29% julgam o governo como "ótimo e bom" e 35% aprovam a administração do país pelo atual ocupante do Palácio do Planalto.

65% defendem intervenção do Estado para retomar a economia

A pesquisa mostra também que, para 65% dos pesquisados, o caminho para retomar a economia é "mudar a política com mais investimentos do governo para o Brasil voltar a crescer". Para 25%, o caminho é "manter a política econômica atual com as reformas" e buscar "maior participação das empresas privadas para retomar o crescimento". 10% disse não saber ou não quis responder.

Bolsonaro chama de 'porcaria' projeto que trata de maconha para fins medicinais

 Jair Bolsonaro qualificou o projeto de lei que autoriza a venda de medicamentos derivados da maconha como “porcaria” e sinalizou que poderá vetar a proposta, caso ela seja aprovada pelo Congresso


Brasil 247, 11/05/2021, 11:15 h Atualizado em 11/05/2021, 11:50
 (Foto: ABr | REUTERS/Amir Cohen)

Jair Bolsonaro criticou, na manhã desta terça-feira (11), um projeto de lei que autoriza a venda de medicamentos derivados da cannabis (nome científico da maconha) para fins medicinais. Bolsonaro qualificou a proposta como uma “porcaria” e sinalizou que poderá veta-lá, caso ela seja aprovada pelo Congresso.

“Hoje uma comissão da Câmara vota a liberação da maconha. Tem o veto depois, é difícil...Eles agora podem até aprovar, sem ser o voto nominal, mas tem o veto”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada, de acordo com o jornal O Globo. “Ridículo até, né, um país com tantos problemas (e) o cara desperdiçando força para votar uma porcaria de um projeto desses”, completou.

O texto está sendo analisado por uma comissão especial da Câmara nesta terça-feira. Além do uso medicinal, o relatório do deputado Luciano Ducci (PSB-PR) também prevê o uso da maconha em pesquisas científicas e na indústria.

Presidente da Anvisa faz autocrítica e diz que se arrependeu de ir a manifestação com Bolsonaro sem máscara

Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse em seu depoimento à CPI da Covid, que se arrepende de ter aparecido sem máscara ao lado de Jair Bolsonaro durante uma manifestação no ano passado. "Hoje tenho plena ciência de que se pensasse mais 5 minutos não teria feito”, disse

Brasil 247, 11/05/2021, 13:44 h Atualizado em 11/05/2021, 13:47
 (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Reprodução)

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse em seu depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira (11), que se arrepende de ter aparecido sem máscara ao lado de Jair Bolsonaro durante uma manifestação de apoio ao governo, em março do ano passado. "É óbvio que em termos da imagem que isso passa, hoje tenho plena ciência de que se pensasse mais 5 minutos não teria feito”, afirmou.

"Estive no Planalto com o presidente naquele dia, havia uma manifestação e quando cheguei ele foi até perto dos apoiadores. Aguardei a interação, tratamos do que tinha que tratar. Hoje, tenho a consciência de que se eu tivesse pensado mais cinco minutos, não teria feito até porque não era um assunto que precisasse de urgência para ser tratado. Não refleti na questão da imagem negativa. Depois disso, nunca mais houve esse tipo de comportamento meu”, disse Torres ao ser questionado sobre o fato.

"A conduta do presidente difere da minha. As manifestações que faço são todas no sentido do que a ciência determina. Naquela época, o que preconizava o Ministério era o uso de máscaras usadas por profissionais de saúde, entre outros grupos. Não havia consenso sobre uso de máscara pela população", completou.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

"Quem ordenou a chacina no Jacarezinho foi o Bolsonaro", diz André Barros

“O governador do Rio de Janeiro é o famoso ninguém”, falou o advogado à TV 247, afirmando que Cláudio Castro nem mesmo teria credibilidade ou autoridade perante a polícia para ordenar uma ação como a do Jacarezinho. 

Brasil 247, 10/05/2021, 16:37 h Atualizado em 10/05/2021, 17:06
André Barros (Foto: Divulgação)

O advogado André Barros em entrevista à TV 247 nesta segunda-feira (10), afirmou categoricamente que a ordem para a realização da chacina na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, partiu de Jair Bolsonaro.

O governador do estado, Cláudio Castro (PSC), não teria nem credibilidade suficiente para ordenar algo do tipo, segundo Barros. "Quem ordenou a chacina obviamente foi o Bolsonaro. O governador do Rio de Janeiro é o famoso ninguém. Ninguém sabe quem é o governador atual. Ele não tem a menor importância política. Não dá nem entrevista. É óbvio que quem deu a ordem foi o Bolsonaro".

O advogado destacou que a ação policial trata-se de um genocídio, visto que a suposta "guerra às drogas" sempre tem como foco os territórios de favela, ainda que o tráfico aconteça nos mais diversos locais, desde os mais pobres até os de elite. "É um genocídio porque a maconha e a cocaína são vendidas em toda a cidade do Rio de Janeiro, por todas as classes, e eles só ficam na favela. Isso é bom registrar".

A chacina, segundo Barros, foi também um meio utilizado por Bolsonaro para afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs limites às ações policiais durante a pandemia. "Ele veio 12 horas antes, encontrou o governador e a polícia que foi mandada para fazer isso atacou o Supremo Tribunal Federal porque o Bolsonaro quer implantar uma ditadura no Brasil e não respeita sequer a Suprema Corte do país. A ditadura cassou três ministros do STF. O Bolsonaro quer cassar o STF inteiro".

Caso Bolsonaro seja questionado sobre a ordem para efetuar as execuções no Jacarezinho, responderá afirmativamente, porque ele não esconde quem de fato é, afirmou o advogado. "Ele é isso, todo mundo sabe quem é o Bolsonaro, há 500 anos. Um homem que apoia a tortura, que tem como ídolo um facínora que colocava as pessoas de cabeça para baixo, amarradas da cabeça aos pés, enquanto dez pessoas quebravam essa pessoa com choques, paus e barras de ferro, que era o coronel Brilhante Ustra".

Lula avança rumo à frente com o centro

"O road show de Lula em Brasília na semana passada, por exemplo, avançou bem mais do que se imagina na formação de uma frente das esquerdas com parte do centro para 2022", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Brasil 247, 10/05/2021, 11:08 h Atualizado em 10/05/2021, 11:58
 (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Enquanto a platéia se distrai com a CPI e as aglomerações e arreganhos de Jair Bolsonaro, os movimentos políticos mais importantes vão se desenrolando em modelo iceberg – a gente vê a ponta, mas não tem ideia do tamanho das coisas abaixo da superfície, e nem de seu alcance. O road show de Lula em Brasília na semana passada, por exemplo, avançou bem mais do que se imagina na formação de uma frente das esquerdas com parte do centro para 2022.

Nas conversas com caciques de partidos desse campo, como Gilberto Kassab (PDS), Rodrigo Maia (em transição do DEM para o PDS), José Sarney (MDB), Eunício Oliveira (CE) e outros, Lula acenou com o que interessa: o PT vai abrir mão de candidaturas a governos estaduais onde seus futuros parceiros tiverem nomes fortes, em troca de seu apoio nacional. Isso deve acontecer em dois dos três principais colégios eleitorais do país, o Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Com isso, o petista abre diálogo tanto com forças de esquerda, como o PSOL e o PSB, que tendem a se aglutinar em torno de Marcelo Freixo para governador do Rio e avança muitas casas no jogo para conquistar o PSD de Gilberto Kassab. Em Minas, o candidato deverá ser o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Em Pernambuco, o acordo é com o PSB, e em outros estados do Nordeste, com o MDB. Por enquanto, nenhum desses partidos admite abertamente a aliança. Kassab diz que lançará candidato a presidente. Mas, se as coisas continuarem nesse rumo, PSD e MDB vão desembocar na candidatura do petista.

Nesses entendimentos, o PT pode ficar com a candidatura ao Senado, com as vices ou até mesmo com a possibilidade de eleger chapas fortes para a Câmara dos Deputados. Depois de tantos anos no poder, Lula está convencido da importância de eleger maioria no Congresso para governar no presidencialismo à brasileira.

Também Jair Bolsonaro trabalha para 2022 – aliás, só trabalha. Ainda sem partido, e na perspectiva de se filiar a uma legenda nanica para chamar de sua, o presidente tenta consolidar o apoio de partidos médios e grandes do Centrão que podem lhe garantir tempo de TV na campanha: PP e Republicanos, sobretudo. Além de postos no governo, Bolsonaro tem feito farta distribuição de verbas e emendas para parlamentares dessas legendas e fim de manter sua fidelidade.

Mas há controvérsias se o Centrão estará mesmo no palanque do presidente da República se a sua popularidade despencar muito até lá. Aí vem o outro lado da estratégia: manter o discurso radical e ativar suas milícias nas redes. A guerra mal começou.

Renan: 'Governo não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI'

"O Brasil virou o cemitério do mundo. O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI", afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid

Brasil 247, 10/05/2021, 15:17 h Atualizado em 10/05/2021, 15:56
Senador Renan Calheiros (MDB-AL) (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o governo Jair Bolsonaro e senadores aliados estão equivocados ao dizer que as investigações da comissão vão "dar em nada".

"Os fatos falam por si. O Brasil virou o cemitério do mundo. O fato de terem transformado o Brasil nisso não ficará impune. Seria a desmoralização de todos nós da CPI", afirmou o parlamentar, de acordo com relatos publicados pela coluna de Mônica Bergamo.

De acordo com o emedebista, "se houver provas sobre os morticínios, haverá, sim, responsabilização". "A CPI não é uma briga de governo e oposição. Nem de grupos ideológicos. Ela quer mostrar a verdade. E vai mostrar o que aconteceu e o que fizeram para salvar, ou não salvar, vidas", disse.

Na plataforma Worldometers, que disponibiliza dados globais sobre a pandemia, o País tem a segunda maior quantidade de mortes (422 mil) provocadas pela Covid-19 - só fica atrás dos Estados Unidos (595 mil).

O Brasil tem o terceiro maior número de infectados (15,1 milhões), atrás de Índia (22,9 milhões) e EUA (33,4 milhões).

Pazuello tentará fugir da CPI pela segunda vez e está com medo de ser preso

Ex-titular da pasta da Saúde estaria temendo ser preso por seguir determinações de Bolsonaro para propagandear cloroquina, atrasar compra da vacina contra o novo coronavírus e também por negligenciar o colapso da saúde em Manaus

Brasil 247, 10/05/2021, 11:54 h Atualizado em 10/05/2021, 11:54
(Foto: ABr | Reuters)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teme a qualquer momento ser preso e tenta, pela segunda vez, fugir de seu depoimento na CPI da Covid-19 no Senado que apura irregularidades da gestão federal no combate à pandemia.

Segundo reportagem do portal Correio Braziliense, parlamentares relatam que a estratégia seria conseguir um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o depoimento como testemunha. Nestas situações, o depoente se compromete a falar a verdade e, caso minta, pode responder por crime.

O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, disse à reportagem que se trata de um "artifício jurídico" para obter o adiamento ou a mudança na condição de testemunha. "Pazuello pode querer usar um artifício jurídico para driblar a CPI, dizendo que hoje ele é investigado num Inquérito Criminal deflagrado pelo Aras e que, nessa condição, não pode prestar compromisso de dizer a verdade, para não produzir prova contra si ou ainda tentar um habeas corpus no STF para não comparecer", afirma Randolfe.

O maior temor de Pazuello é a comprovação de que ele seguiu ordens de Jair Bolsonaro para propagandear cloroquina, atrasar compra da vacina contra o novo coronavírus e também por negligenciar o colapso da saúde em Manaus em janeiro, no momento em que o governo já sabia da falta de insumos na capital.

General Pazuello contratou defensor de milicianos como advogado na CPI da Covid, escreve jornalista Luciano Martins Costa

Estratégia do general Pazuello para enfrentar interrogatório na CPI da Covid será preparada por advogado defensor de milicianos

Brasil 247, 10/05/2021, 04:44 h Atualizado em 10/05/2021, 05:03
  Eduardo Pazuello (Foto: Reprodução)

“O general Eduardo Pazuello contratou o advogado carioca Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, que foi seu assessor no Ministério da Saúde, para preparar sua estratégia no enfrentamento da CPI da Covid”, escreve o jornalista Luciano Martins Costa no Facebook.

“Zoser Hardman, como é conhecido, tem vasta experiência como defensor de milicianos no Rio de Janeiro, entre eles o PM Daniel Santos Benitez Lopez, condenado por envolvimento no assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em 2011 e o ex-vereador Cristiano Girão, condenado por ligação com a milícia e que já foi apontado como mandante da morte da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018.

A estratégia a ser provavelmente adotada pelo general, segundo o noticiário, será pedir habeas-corpus para garantir o direito de se manter calado diante dos senadores da comissão.

Pode até funcionar, mas essa manobra não vai ocultar o fato mais relevante. A imprensa hegemônica se concentra no acompanhamento da CPI, mas, subjacente à análise das responsabilidades pelo desastre sanitário, está evidente a contaminação do governo pelo crime organizado.

A leitura de um livro recém-lançado pela Editora Unesp, "Máfia, poder e antimáfia", do jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, ilumina fortemente esse fenômeno: a tolerância com os grupos criminosos chefiados por policiais no Rio leva o crime organizado para dentro do Estado.

Respaldado por um dos mais sólidos currículos no estudo de organizações criminosas em todo o mundo, Maierovitch descreve didaticamente como se processa esse envenenamento.

O fato de o ex-ministro, general da ativa do Exército brasileiro, ter abrigado em sua pasta um cidadão com tantas relações no submundo do crime, ainda que como advogado, não deveria passar despercebido pelo escrutínio dos jornalistas, porque evidencia como as milícias se infiltraram no núcleo do poder federal.

Não é absurdo supor que, por contato imediato de sua farda com tais elementos, Pazuello também transmite essa nódoa ao Exército brasileiro.

Essa circunstância coloca sobre os membros da CPI no Senado uma responsabilidade ainda maior: não se trata apenas de apontar os culpados que, por negação ou omissão, patrocinaram as mais de 420 mil mortes da pandemia; trata-se principalmente de obstruir o projeto criminoso de poder que ameaça a República”.

Codevasf é a estatal usada por Bolsonaro no "bolsolão", o esquema de compra de deputados com recursos desviados do orçamento

Governo desviou R$ 3 bilhões para os parlamentares por meio da compra de tratores em valores superfaturados. Por isso, o esquema é também chamado de "tratoraço"

Brasil 247, 10//05/2021, 06:33 h Atualizado em 10/05/2021, 06:33
  Jair Bolsonaro (Foto: Reuters/Ueslei Marcelino)

O jornalista Breno Pires, do Estado de S. Paulo, revela nesta segunda-feira mais detalhes sobre o "bolsolão", esquema também conhecido como "tratoraço". que consiste no desvio de verbas do orçamento federal para a compra de deputados federais. A estatal utilizada no esquema é a Codevasf, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco.

"O esquema de um orçamento secreto montado pelo presidente Jair Bolsonaro para garantir apoio no Congresso atropela a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e posições assumidas por ele na campanha e já no exercício do mandato. Na liberação sigilosa de R$ 3 bilhões para serviços de obras e compras de tratores e máquinas agrícolas indicados por um grupo escolhido a dedo de deputados e senadores, no final do ano passado, o governo atropelou ao menos três exigências da legislação", informa o jornalista.

"No que tange à LDO de 2020, as autorizações de repasses de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional deixaram de estabelecer critérios para definição das localidades beneficiadas e não apresentaram indicadores socioeconômicos ao distribuir os recursos. Além disso, não priorizaram a continuidade de obras iniciadas", prossegue. "Do total de repasses previstos, R$ 271,8 milhões foram destinados à aquisição de máquinas pesadas por preços até 259% acima dos valores da tabela de referência do governo válida para 2021. O esquema ficou conhecido como 'tratoraço'”.