sexta-feira, 2 de abril de 2021

Lula mostrou que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro

"Em pouco mais de uma hora, fez reacender a esperança. Conseguiu nos retirar da decepção de um governo que só fez acumular fracassos para mostrar a possibilidade auspiciosa de um outro país. Bem diferente do anarcocapitalismo criminoso, genocida, implantado por Guedes, com o beneplácito de Jair", escreve Ricardo Bruno

Brasil 247, 2/04/2021, 16:36 h Atualizado em 2/04/2021, 16:36
  Reinaldo Azevedo e Lula (Foto: Reprodução)

A entrevista do ex-presidente Lula a Reinaldo Azevedo restabeleceu confiança e credibilidade na ação de líderes políticos nacionais como fator determinante para definição de políticas públicas críveis e eficazes. Em oposição ao estilo insensato de Jair, o ex-presidente fez uma análise crítica da conjuntura brasileira e nos mostrou como poderia ser diferente, caso o país não estive nas mãos de um tresloucado com pendores autocráticos.

Ao citar as entrevistas que tem concedido à imprensa internacional, Lula reportou os recados que tem mandado para os principais líderes mundiais no sentido de construção de saídas conjuntas para a crise. Mostrou estatura e altivez como ator político global ao sugerir a pauta de um encontro emergencial dos países do G 20 . Fez referências a Joe Biden, Macron, Merkel e Ji Xiping sobre a necessidade da convocação com a sobriedade e a naturalidade inatas ao líder. Sem sabujices tampouco submissão. À altura de representante da oitava economia nacional.

Imerso no fanatismo ilógico dos adoradores de Jair, o Brasil adoeceu; perdeu referências, subtraiu sensatez do debate político. A despeito de nossa importância mundial estratégica, passamos a ser tratados como rebotalhos da civilização contemporânea, palco dos desatinos de um mandatário que só faz crescer o descontrole da pandemia a ponto de nos tornarmos o epicentro mundial da propagação do vírus. Não por acaso. Não por fatalidade. Não por desígnio. Para além dos conflitos ideológicas, o Brasil está pagando um altíssimo preço por ter eleito um mentecapto.

A entrevista de Lula possibilitou o cotejo entre a realidade caótica do Brasil atual e a possibilidade de um país com um destino diferente, pautado pelo equilíbrio, pela capacidade de interlocução, pelo diálogo. Mostrou que o Brasil, não por acaso, vive a sua mais aguda tragédia social. Que não estamos atavicamente fadados ao fracasso. Que o infortúnio brasileiro tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro.

O ex-presidente trouxe equilíbrio ao debate político. A ponderação de suas posições em si é um vigoroso contraponto ao atrabiliário Jair. Mostra ainda que Lula, ao contrário de seus críticos, não exibe qualquer radicalismo, não se opõe a Bolsonaro pela simples troca de sinais ideológicos. Em síntese, hoje, Lula é o equilíbrio. Bolsonaro, o desatino.

O vento virou: Lula ressuscitado pelo STF muda todo o cenário para 2022

     Com a devolução dos seus direitos políticos pelo STF, Lula voltou com a corda 
     toda para viajar pelo país e devolver a esperança ao povo
     Imagem: Reprodução / Internet

Ricardo Kotscho, Colunista do UOL
02/04/2021 16h26

Nem Lula esperava a virada do vento que, de uma hora para outra, o devolveu ao protagonismo do cenário político, após os recentes julgamentos favoráveis no STF, mas o velho guerreiro já voltou com a corda toda.

Emendou uma entrevista atrás da outra aos principais veículos da mídia internacional, e não saiu mais do celular e do computador, para conversar com todo mundo, de todos os setores da sociedade, sobre os rumos do país e seus projetos de reconstrução nacional, no pós-pandemia e a hecatombe bolsonarista.

Nem Lula esperava a virada do vento que, de uma hora para outra, o devolveu ao protagonismo do cenário político, após os recentes julgamentos favoráveis no STF, mas o velho guerreiro já voltou com a corda toda.

Emendou uma entrevista atrás da outra aos principais veículos da mídia internacional, e não saiu mais do celular e do computador, para conversar com todo mundo, de todos os setores da sociedade, sobre os rumos do país e seus projetos de reconstrução nacional, no pós-pandemia e a hecatombe bolsonarista.

Nunca vi Lula tão animado com a vida em mais de 40 anos de convívio. Tenho falado com ele quase todos os dias e o encontro sereno, centrado, refeito do trauma da prisão, disposto a começar tudo de novo, mas ele sabe que não é hora de falar sobre eleições agora.

De posse novamente dos seus direitos políticos, em meio à grande tragédia brasileira, o ex-presidente tem como prioridade absoluta se empenhar na luta pela vacinação em massa da população para salvar vidas e o que resta da economia esfacelada.

A partir de agora, qualquer conjectura sobre a sucessão presidencial de 2022, de um jeito ou de outro, vai ter o ex-presidente no centro das discussões políticas sobre o futuro do país.

É isso que explica os movimentos desesperados de Bolsonaro para retomar as rédeas do seu governo, ao sentir que o projeto de reeleição _ o único que o capitão tem _ está indo para o ralo, com inesperada celeridade, como mostram todas as últimas pesquisas.

Foi também o que mobilizou rapidamente os presidenciáveis do chamado "centro", o nome de fantasia da nova direita, que se apressou esta semana em lançar um manifesto em defesa da democracia para formar uma aliança contra Bolsonaro e Lula, a chamada "terceira via", que naufragou em 2018.

Curioso é que dos seis signatários Doria, Ciro, Huck, Amoedo e Eduardo Leite (quem?) _ cinco votaram em Bolsonaro e fizeram a campanha de 2018 aliados a ele contra o PT.

A novidade foi a inclusão neste bloco do nome de Ciro Gomes, que votou nele mesmo, e agora desitiu de disputar a hegemonia na esquerda com o PT, caminho que lhe foi fechado com a volta de Lula. Ex-tucano, ex-socialista e agora neo-brizolista, o ex-ministro dos governos Itamar e Lula decidiu fazer uma opção preferencial pela direita em busca de um novo nicho de mercado.

Ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro não entrou no bloco porque agora é um homem de negócios e não quer prejudicar a empresa multinacional americana onde trabalha.

De repente, todos querem se livrar de Bolsonaro, que virou uma espécie de Geni da política, mas sabem que o único capaz de derrotar o capitão é Lula, por um motivo muito simples: o povo vivia muito melhor nos governos dele e tem saudades daquele tempo. Isso ninguém tem como negar.

Lula sente que o astral das pessoas com quem conversa já mudou. Elas voltaram a ter uma fresta de esperança de que o país possa novamente sair do buraco em que se meteu dois anos e pouco atrás.

Podem tirar tudo do povo, menos a esperança e o direito de sonhar com dias melhores após todas essas desgraças que se abateram sobre nós.

Antes, as pessoas podiam trabalhar, estudar, comer, viajar, fazer planos, sem medo do amanhã. Agora, não podem nem morrer porque não há mais vagas nos cemitérios.

Uma pequena amostra da diferença do sentimento e do interesse em relação a Bolsonaro e Lula foi dada na quinta-feira.

Enquanto Lula falava para 271.435 ouvintes em entrevista a Reinaldo Azevedo na BandNews FM, apenas 13.031 devotos assistiam à inacreditável live semanal do capitão.

Apesar do chega pra lá que levou esta semana dos generais, Bolsonaro voltou a falar em "meu Exército brasileiro", defendeu o tratamento precoce e atacou os governadores e o isolamento social, em sua campanha suicida a favor do vírus.

"Estamos vivendo um genocídio causado pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio", disse o ex-presidente a Azevedo. E deu um conselho ao presidente em exercício:

"Fecha a boca, Bolsonaro.. Não adianta ficar falando bobagem. Deixa o médico falar por você. Da mesma forma que você não sabe falar de economia, não sabe falar de saúde. Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para seus milicianos, fale para 212 milhões de brasileiros".

Com o discurso bem afiado, em poucos dias Lula tomará a segunda dose da vacina e logo irá começar a fazer outra vez o que mais gosta: viajar em caravanas pelo país para ver de perto como os brasileiros estão vivendo, ouvir suas queixas e seus sonhos, animar os desalentados, falar de planos para o futuro.

Aos 75 anos, Lula já foi dado várias vezes como morto politicamente, mas sempre ressurgiu mais forte, calejado pelas derrotas e pelos tombos da vida, com o ânimo redobrado, até para casar de novo com a namorada Janja, assim que a pandemia permitir.

Lula ainda é o maior animador deste grande auditório chamado Brasil.

Vida que segue.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Em entrevista a Reinaldo Azevedo, Lula manda Bolsonaro deixar de ser ignorante

Ex-presidente Lula fez um apelo para que Jair Bolsonaro administre as crises do País: “Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para os seus milicianos, fale para os 200 milhões de brasileiros”

Brasil 247, 1/04/2021, 18:52 h Atualizado em 1/04/2021, 19:40
   Lula e Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Ricardo Stuckert)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que Jair Bolsonaro pare com seu negacionismo e controle as crises do País, especialmente a principal delas, a pandemia do coronavírus, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo na noite desta quinta-feira (1º).

“Eu espero que o Bolsonaro esteja vendo isso aqui. Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para os seus milicianos, fale para os 220 milhões de brasileiros”, apelou Lula.

“A pandemia só vai acabar quando tiver vacina para todo mundo!”, completou o ex-presidente, reforçando a importância do pagamento do auxílio-emergencial de R$ 600 aos brasileiros para que o País possa sair da crise.

Lava Jato oficializou o roubo

Lula também afirmou que a “Lava Jato oficializou o roubo” no Brasil. Ele lembrou que a operação “premiou todos os ladrões”, que fizeram esquemas de delações premiadas.

“Todos agora estão fumando charuto cohiba, aquele charuto cubano, e tomando rum cubano às nossas custas”, disse.

“O objetivo da Lava Jato era menos combater a corrupção, e era um objetivo político. A Lava Jato imaginava destruir os partidos, imaginava desmoralizar o Congresso, imaginava desmoralizar a Suprema Corte. Eles tinham um projeto político”, argumentou.
Primeiro dia na prisão

A entrevista foi iniciada com uma pergunta sobre a primeira noite que o ex-presidente passou na prisão, no dia 7 de abril de 2018. Lula relatou ter dormido normalmente. “Eu sou bom de cama”, disse aos risos.

“Lembro que quando entrei na prisão o cara queria que eu tirasse meu cinto, meu cadarço. Eu disse pra ele: ‘Cara, não vim aqui pra me enforcar. Eu vim aqui pra provar que o Moro é mentiroso’”.

Lula também voltou a dizer que decidiu se entregar à Polícia Federal para provar sua inocência. “Eu sempre penso que tenho a mão de Deus e da minha mãe guiando meus passos. Por isso tomei a decisão de ir pra Curitiba. Eu poderia ter entrado numa embaixada. Mas eu quis provar minha inocência. E fui de cabeça erguida”, disse.

Lula: Estamos vivendo um genocídio praticado pela irresponsabilidade de Bolsonaro

O ex-presidente Lula (PT) ainda afirmou que 2021 é o ano de lutar pela vacinação contra a Covid-19 no País e defendeu um auxílio emergencial “para que o povo possa ficar em casa e possa comer” e os pequenos e microempresários não entrem em falência

Brasil 247, 1/04/2021, 19:37 h Atualizado em 1/04/2021, 19:40
  (Foto: Reuters)

O ex-presidente Lula (PT), em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, na Band, afirmou que o Brasil está vivendo um genocídio, causado “pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio”, referindo-se a Jair Bolsonaro.

"Estamos vivendo um genocídio. Não um genocídio de estado como foi o genocídio contra os negros ou contra os indígenas, porque é um genocídio praticado pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio”, afirmou.

O petista lembrou dos milhões de casos e óbitos pela Covid-19 no mundo, e se solidarizou com as vítimas e os familiares afetados pela pandemia.

Diante do caos sanitário vivenciado no Brasil, que registra quase 4 mil mortes pela doença diariamente, Lula pediu que o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, “atenda aos pedidos dos governadores, que têm feito um trabalho muito duro, e dos prefeitos”.

Ele ainda enviou mensagem a Bolsonaro. “Quando é que você vai assumir a responsabilidade de parar de brincar e governar esse país?”, perguntou.

“Aceita o conselho da ciência para cuidar do coronavírus. Fecha a boca, Bolsonaro. Não adianta ficar falando bobagem. Deixa o médico falar por você. Da mesma forma que você não sabe falar de economia, não sabe sobre saúde. Deixa o seu ministro da Saúde falar, deixa o pessoal do SUS falar, deixa os governadores e os prefeitos falarem”, reforçou.

“Eu espero que o Bolsonaro esteja vendo isso aqui. Deixa de ser ignorante, presidente. Para de brigar com a ciência. Para de falar para os seus milicianos, fale para os 220 milhões de brasileiros”, apelou Lula.

Prioridade é a vacinação no Brasil

Perguntado sobre as eleições presidenciais de 2022, o ex-presidente, principal nome para derrotar a extrema-direita na disputa presidencial, falou que agora não é o momento para discutir isso, pois 2021 é o ano de lutar pela vacinação contra a Covid-19 no País.

“Esse ano é o ano de todos nós que temos responsabilidade com esse país de fazer todo o esforço para conseguir que esse país tenha vacina para vacinar todo mundo, que é a única garantia que nós vamos ter”, disse Lula.

Ainda, o petista falou da necessidade de ter uma auxílio emergencial “para que o povo possa ficar em casa e possa comer” e os pequenos e microempresários não entrem em falência.

“Temos que garantir ajuda emergencial para que o povo possa ficar em casa e possa comer. Temos que ter ajuda emergencial para que o microempreendedor e microempresário continuem aberto e funcionando”

Segundo ele, esse é a prioridade. “Depois disso vamos discutir 2022”, afirmou.

“A pandemia só vai acabar quando tiver vacina para todo mundo!”, completou o ex-presidente, reforçando a importância do pagamento do auxílio-emergencial de R$ 600 aos brasileiros para que o País possa sair da crise.

Lava Jato oficializou o roubo

Lula também afirmou que a “Lava Jato oficializou o roubo” no Brasil. Ele lembrou que a operação “premiou todos os ladrões”, que fizeram esquemas de delações premiadas.

“Todos agora estão fumando charuto cohiba, aquele charuto cubano, e tomando rum cubano às nossas custas”, disse.

“O objetivo da Lava Jato era menos combater a corrupção, e era um objetivo político. A Lava Jato imaginava destruir os partidos, imaginava desmoralizar o Congresso, imaginava desmoralizar a Suprema Corte. Eles tinham um projeto político”, argumentou.

“Entregou R$ 100 milhões, mas com quantos ficou?”, perguntou o ex-presidente sobre a Lava Jato, que tentou criar um fundo bilionário nos Estados Unidos.

“Sociedade se acovardou"

Ele ainda denunciou que a Lava Jato destruiu empresas e a economia brasileira, ao acabar com mais de 4 milhões de empregos. Por isso, pela falta de reação a isso, Lula disse que a sociedade se acorvadou”.

“A verdade é que a sociedade brasileira se acovardou. Eu nunca vi tanta gente covarde, que não teve coragem de defender sequer os empregos dos trabalhadores que foram vítimas e que não cometeram nenhum erro", declarou

Ele também defendeu um projeto de desenvolvimento econômico para o País. "Eu sou contra o governo empresarial. Mas sou favorável a um governo que seja indutor do processo de desenvolvimento. Alguns setores estratégicos não serão privatizados", disse.

O ex-presidente ainda lembrou que no seu governo "o povo podia comprar", destacando que, em sua primeira eleição presidencial vitoriosa, seu vice-presidente foi o empresário José Alencar, "a maior aliança entre o capital e o trabalho nesse país".


Críticas a Paulo Guedes

Lula afirmou que “um governo só consegue governar se tiver duas características: credibilidade e previsibilidade”. “Qual é a confiança que o Bolsonaro passa ao povo brasileiro?!”, indagou.

“O Guedes é aquele marido que ao invés de arrumar um emprego ele quer sair vendendo os móveis, o fogão, a geladeira... Quer tudo menos trabalhar”, criticou em seguida o ministro da Economia de Paulo Guedes.

O ex-presidente relembrou a história da formação de sua chapa com o então vice José Alencar, empresário. “Minha chapa com o Zé Alencar de vice foi a maior aliança entre o capital e o trabalho nesse país”, definiu.

Primeiro dia na prisão

A entrevista foi iniciada com uma pergunta sobre a primeira noite que o ex-presidente passou na prisão, no dia 7 de abril de 2018. Lula relatou ter dormido normalmente. “Eu sou bom de cama”, disse aos risos.

“Lembro que quando entrei na prisão o cara queria que eu tirasse meu cinto, meu cadarço. Eu disse pra ele: ‘Cara, não vim aqui pra me enforcar. Eu vim aqui pra provar que o Moro é mentiroso’”.

Lula também voltou a dizer que decidiu se entregar à Polícia Federal para provar sua inocência. “Eu sempre penso que tenho a mão de Deus e da minha mãe guiando meus passos. Por isso tomei a decisão de ir pra Curitiba. Eu poderia ter entrado numa embaixada. Mas eu quis provar minha inocência. E fui de cabeça erguida”, disse.

Lula: Lava Jato oficializou o roubo

Lula afirmou que “a Lava Jato premiou todos os ladrões”, que fizeram esquemas de delações premiadas. Ele ainda denunciou que a operação destruiu a economia do país e acabou com mais de 4 milhões de empregos

Brasil 247, 1/04/2021, 18:48 h Atualizado em 1/04/2021, 19:15
Reinaldo Azevedo e Lula (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Lula (PT), em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, na Band, afirmou que a “Lava Jato oficializou o roubo”. Ele lembrou que a operação “premiou todos os ladrões”, que fizeram esquemas de delações premiadas.

“Todos agora estão fumando charuto cohiba, aquele charuto cubano, e tomando rum cubano às nossas custas”, afirmou. O ex-presidente questionou com quanto ficou Antonio Palocci, ex-aliado petista que forjou delação para atacar Lula.

“Entregou R$ 100 milhões, mas com quantos ficou?”, perguntou o ex-presidente sobre a Lava Jato, que tentou criar um fundo bilionário nos Estados Unidos.

“O objetivo da Lava Jato era menos combater a corrupção, e era um objetivo político. A Lava Jato imaginava destruir os partidos, imaginava desmoralizar o Congresso, imaginava desmoralizar a Suprema Corte. Eles tinham um projeto político”, argumentou.
“Sociedade se acovardou"

Lula ainda denunciou que a Lava Jato destruiu empresas e a economia brasileira, ao acabar com mais de 4 milhões de empregos. Por isso, pela falta de reação a isso, Lula disse que a sociedade se acorvadou”.

“A verdade é que a sociedade brasileira se acovardou. Eu nunca vi tanta gente covarde, que não teve coragem de defender sequer os empregos dos trabalhadores que foram vítimas e que não cometeram nenhum erro", declarou

Ele também defendeu um projeto de desenvolvimento econômico para o País. "Eu sou contra o governo empresarial. Mas sou favorável a um governo que seja indutor do processo de desenvolvimento. Alguns setores estratégicos não serão privatizados", disse.
Primeiro dia na prisão

A entrevista foi iniciada com uma pergunta sobre a primeira noite que o ex-presidente passou na prisão, no dia 7 de abril de 2018. Lula relatou ter dormido normalmente. “Eu sou bom de cama”, disse aos risos.

“Lembro que quando entrei na prisão o cara queria que eu tirasse meu cinto, meu cadarço. Eu disse pra ele: ‘Cara, não vim aqui pra me enforcar. Eu vim aqui pra provar que o Moro é mentiroso’”.

Lula também voltou a dizer que decidiu se entregar à Polícia Federal para provar sua inocência. “Eu sempre penso que tenho a mão de Deus e da minha mãe guiando meus passos. Por isso tomei a decisão de ir pra Curitiba. Eu poderia ter entrado numa embaixada. Mas eu quis provar minha inocência. E fui de cabeça erguida”, disse.

Investimentos despencam 15,9% em janeiro, diz Ipea

Os investimentos no Brasil registraram uma queda de 15,9% em janeiro, na comparação com dezembro de 2020, segundo dados do Ipea. No período de 12 meses, o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) acumula retração de 1,3%

Brasil 247,1/04/2021, 14:27 h Atualizado em 1/04/2021, 14:27
  Moedas de 1 real (Foto: REUTERS/Bruno Domingos)

Vinícius Lisboa, Agência Brasil - Os investimentos apresentaram uma queda de 15,9% em janeiro, na comparação com dezembro de 2020, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou hoje (1º) o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). São contabilizados nesse indicador os investimentos em aumento da capacidade produtiva da economia e na reposição da depreciação do estoque de capital fixo.

Apesar da queda em janeiro, o trimestre móvel, que considera também os meses de dezembro e novembro, apresenta uma alta de 23,5% em relação ao período imediatamente anterior (agosto, setembro e outubro).

Na comparação com o ano anterior, a FBCF de janeiro supera a do mesmo mês de 2020 em 6,1%. Já no período de 12 meses, que considera todos os meses de fevereiro de 2020 a janeiro de 2021, há queda acumulada de 1,3%.

A redução dos investimentos em janeiro tem relação com o alto volume de importações de plataformas de petróleo e outros bens de capital ligados à atividade em dezembro, mês que teve uma alta de 34% na FBCF e de 82% quando considerados apenas máquinas e equipamentos.

O consumo aparente de máquinas e equipamentos em janeiro caiu 37,1%, percentual puxado pela redução de 40,5% nas importações, já que o consumo de máquinas e equipamentos de produção nacional recuou apenas 0,3%. O Ipea explica que "embora tenham ocorrido novas importações de plataformas de petróleo em janeiro, o volume importado dos outros bens de apoio à prospecção e extração de petróleo e gás natural sofreu forte queda".

Também houve queda nos investimentos em construção civil, após oito meses seguidos de alta. A retração em janeiro foi de 0,2%.

The Economist: Bolsonaro apregoa “cura charlatanesca” contra Covid-19 e ameaça o mundo

Uma das principais revistas do mundo, The Economist disse que Jair Bolsonaro "apregoou curas charlatanescas, protestou contra bloqueios e tentou impedir a publicação de dados"

Brasil 247, 1/04/2021, 09:51 h Atualizado em 1/04/2021, 14:27
   The Economista destaca má gestão de Jair Bolsonaro na pandemia 
(Foto: Pilar Olivares/Reuters | Reprodução)

A revista The Economist bateu duro em Jair Bolsonaro, ao afirmar em título de reportagem que "a má gestão do Covid-19 pelo Brasil ameaça o mundo". A seguir, a revista afirmou que "Jair Bolsonaro tem muito a responder". De acordo com a publicação, "mais contagiante que o original e capaz de reinfectar pessoas que já tiveram covid-19, P.1 alarma não só o Brasil, mas o resto do mundo". "Foi detectada em 33 países", afirmou.

A revista disse que "Bolsonaro apregoou curas charlatanescas, protestou contra bloqueios e tentou impedir a publicação de dados". "Ele acaba de se despedir do terceiro ministro da saúde (um general do exército) desde o início da pandemia. As vacinas não são para mim, afirmou Bolsonaro. Seu governo demorou a encomendá-los, embora fabricantes como Pfizer e Janssen os tivessem testado no Brasil", complementou.

Segundo a reportagem, "em 23 de março, quando o número de mortos diários atingiu o recorde de 3.158, Bolsonaro foi à televisão para se gabar do progresso da vacinação no Brasil".

"No entanto, enquanto o distanciamento social for necessário, o presidente continuará sendo uma ameaça à saúde dos brasileiros. Ele entrou com ações no Supremo Tribunal Federal contra três estados, incluindo a Bahia, que tornaram os bloqueios internos mais rígidos. Suas ações são ruins para o Brasil - e para o mundo", disse.

TCU diz que Petrobrás vendeu refinaria Landulpho Alvers abaixo do preço de mercado e deve suspender a operação

O TCU questionou o valor de US$ 1,65 bilhão fechado com o Mubadala, fundo financeiro dos Emirados Árabes, que estaria abaixo do preço de mercado, de US$ 3,04 bilhões, definido pela Petrobrás para a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia

Brasil 247, 1/04/2021, 08:56 h Atualizado em 1/04/2021, 09:38
  Petrobrás, TCU e Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia 
(Foto: ABr | Geraldo Kosinski/Agência Petrobrás)

Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) analisarão, em até cinco dias úteis, a possibilidade de suspender a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás ao Mubadala, fundo financeiro dos Emirados Árabes, anunciada no último dia 24. O tribunal questionou o valor de US$ 1,65 bilhão fechado com o Mubadala, que estaria abaixo do preço de mercado, de US$ 3,04 bilhões, definido pela estatal para a refinaria baiana. O ministro Walton Alencar afirmou, nessa quarta-feira (31), em plenário, que a medida tem como objetivo evitar "prejuízo ao interesse público".

"Recebi Ofício do Subprocurador-Geral, Lucas Rocha Furtado, ressaltando a recente decisão do conselho de administração da Petrobrás em vender a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) a preços abaixo de seu valor de mercado", disse. O relato dele foi divulgado em reportagem publicada pela jornalista Fernanda Nunes, no jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro Walton Alencar fez um alerta para a possibilidade de prejuízos com a venda da refinaria. "Ante o risco de conclusão do negócio antes que este Tribunal possa se debruçar sobre a matéria, com possível prejuízo ao interesse público, bem como considerando as consequências que essa decisão possa carrear para a venda das demais refinarias, entendo fundamental determinar que a Unidade Técnica submeta a este Relator, em 5 dias úteis, análise conclusiva a respeito da necessidade ou não de concessão de cautelar para a suspensão da alienação em andamento", disse.

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) estimou a Rlam em US$ 3 bilhões. Analistas do banco BTG Pactual afirmaram que o total a ser pago pelo ativo está 35% abaixo do limite inferior projetado por eles. A XP Investimentos previu que, com esse dinheiro, a Petrobrás atingirá uma parcela muito pequena das suas metas financeiras.

General Rêgo Barros, Tasso e Merval indicam que militares e elite decidiram-se pelo impeachment de Bolsonaro

Pronunciamentos de Barros, Jereissati e Merval indicam que a constelação político-empresarial, midiática conservadora e da cúpula militar pela derrubada de Bolsonaro está configurada

Brasil 247, 1/04/2021, 09:02 h Atualizado em 1/04/2021, 12:23
  General Rêgo Barros, Merval Pereira, Tasso Jereissati e Bolsonaro (Foto: Abr)

Num ataque sem precedentes de um militar de alta patente a um presidente da República pelo menos desde a redemocratização do país, o general Otávio Santana do Rêgo Barros praticamente deu a senha para o apoio das Forças Armadas ao impeachment de Jair Bolsonaro. Com o apoio declarado do senador Tasso Jereissati à derrubada de Bolsonaro e o artigo de Merval Pereira, porta-voz oficioso dos Marinho já antecipando clima de “tranquilidade” num eventual governo do general Mourão, as elites brasileiras indicam que o tempo de Jair Bolsonaro acabou e, em aliança com a esquerda, devem caminhar para o impeachment.
Rego Barros foi porta-voz de Bolsonaro de janeiro de 2019 a outubro de 2020 e deixou a função rompido com o ex-chefe. Passou para a reserva em 2019, mas é um general respeitado na cúpula militar. Em seu artigo, que você pode ler abaixo, diz que o desejo de Bolsonaro de transformar as Forças Armadas “em uma estrutura de apoio político afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional”. Afirma que o atual presidente busca “adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária”.

Tasso Jereissati, ex-presidente do PSDB, é um líder respeitado na direita e no empresariado -ele também um empresário multimilionário.

Os dois fizeram, em seus pronunciamentos, referência direta ao estado emocional-mental de Bolsonaro. Para Rêgo Barros, “o amadurecimento intelectual – característica marcante na formação dos atuais chefes – não esteve presente em sua trajetória [de Bolsonaro]”; Jereissati diz ter "dúvida até sobre seu equilíbrio mental".

Com o artigo de Merval Pereira, há uma clara indicação de que a constelação político-empresarial, midiática conservadora e da cúpula militar pela derrubada de Bolsonaro está configurada.
Leia a seguir a íntegra do texto do general Rêgo Barros:

Estamos diante de uma crise política que se avoluma diariamente, com efeitos não totalmente mensurados, embora eu não acredite que venha a se tornar institucional. Os sistemas de freios e contrapesos ajustarão a temperatura.

As mudanças constantes e atabalhoadas da gestão, às vezes deslocadas dos princípios mais salutares das democracias maduras, vêm promovendo preocupações em todos os estamentos da sociedade.

O chefe do poder executivo, por vezes, intenta estabelecer uma ligação emocional entre as suas deliberações e a instituição de Estado: Forças Armadas.

O processo deliberativo é arcaico. Está longe de tangenciar aquilo que é defendido no âmbito do estamento militar. Modernas ferramentas de profissionalização foram introduzidas nos atuais integrantes das Forças Armadas.

Na Academia Militar das Agulhas Negras, uma frase lapidar nos impacta diariamente ao avançarmos para o rancho, marchando no Pátio Marechal Mascarenhas de Moraes: “Cadete ides comandar aprendei a obedecer”.

Mas a roupagem é contemporânea, não é antolhada, e lembra as lideranças que privilegiam a flexibilidade, o trabalho em equipe e o êxito individual como estímulo. É o co(+)mandar. Mandar com.

O mandatário não é mais um militar. Ele detém, tão somente, uma carta patente que indica ter obtido, em um determinado momento da vida, os requisitos para exercer as funções intermediárias na hierarquia da oficialidade das Forças Armadas.

O amadurecimento intelectual – característica marcante na formação dos atuais chefes – não esteve presente em sua trajetória.

Permaneceu como aluno, cadete e oficial cerca de quinze anos. Como político, mais de trinta anos. Naturalmente os atributos que lhe foram ensinados, enquanto militar, ficaram pelo caminho, substituídos por conceitos não aplicados dentro de uma instituição como é o Exército Brasileiro.

Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional.

Buscar adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária é caminho impensado para as Forças Armadas. Elas já estão vacinadas contra esse vírus.

Não se pode também aceitar uma transformação no core da instituição Forças Armadas, cambiando as cláusulas pétreas que as sustentam secularmente: hierarquia e disciplina, pilares para o exercício da função de constitucional, conforme sobejamente referendado pelos nossos comandantes.

É preciso deixar claro, entretanto, que não há nenhum sinal de alerta pulsando. A profissionalização castrense ultrapassa amadorismos atemporais que possam prejudicá-la. As lideranças estão atentas: as de ontem, as de hoje e as de sempre. As ideias de legalidade, legitimidade e estabilidade permanecem indicando o caminho. E as Forças Armadas diariamente reforçam a sua imunidade.

General Rêgo Barros, ex-porta-voz do governo, diz que Bolsonaro não tem "amadurecimento intelectual"

“Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional", escreveu ainda o general

Brasil 247, 1/04/2021, 05:33 h Atualizado em 1/04/2021, 07:40
  Otávio Rêgo Barros e Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR | Alan Santos/PR)

Cada vez mais isolado na sociedade e até nas Forças Armadas, Jair Bolsonaro recebeu duras críticas de seu ex-porta-voz: o general Otávio Rêgo Barros. “Permaneceu como aluno, cadete e oficial cerca de 15 anos. Como político, mais de 30 anos. Naturalmente, os atributos que lhe foram ensinados, enquanto militar, ficaram pelo caminho, substituídos por conceitos não aplicados dentro de uma instituição como é o Exército Brasileiro", escreveu ele, em artigo publicado por Ricardo Noblat em seu blog.

O ex-porta-voz diz que Bolsonaro vem tentando instrumentalizar as Forças Armadas, numa crítica direta sem precedentes: "O chefe do poder executivo, por vezes, intenta estabelecer uma ligação emocional entre as suas deliberações e a instituição de Estado: Forças Armadas".

“Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional. Buscar adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária é caminho impensado para as Forças Armadas. Elas já estão vacinadas contra esse vírus”, disse ainda o general.