quinta-feira, 1 de abril de 2021

The Economist: Bolsonaro apregoa “cura charlatanesca” contra Covid-19 e ameaça o mundo

Uma das principais revistas do mundo, The Economist disse que Jair Bolsonaro "apregoou curas charlatanescas, protestou contra bloqueios e tentou impedir a publicação de dados"

Brasil 247, 1/04/2021, 09:51 h Atualizado em 1/04/2021, 14:27
   The Economista destaca má gestão de Jair Bolsonaro na pandemia 
(Foto: Pilar Olivares/Reuters | Reprodução)

A revista The Economist bateu duro em Jair Bolsonaro, ao afirmar em título de reportagem que "a má gestão do Covid-19 pelo Brasil ameaça o mundo". A seguir, a revista afirmou que "Jair Bolsonaro tem muito a responder". De acordo com a publicação, "mais contagiante que o original e capaz de reinfectar pessoas que já tiveram covid-19, P.1 alarma não só o Brasil, mas o resto do mundo". "Foi detectada em 33 países", afirmou.

A revista disse que "Bolsonaro apregoou curas charlatanescas, protestou contra bloqueios e tentou impedir a publicação de dados". "Ele acaba de se despedir do terceiro ministro da saúde (um general do exército) desde o início da pandemia. As vacinas não são para mim, afirmou Bolsonaro. Seu governo demorou a encomendá-los, embora fabricantes como Pfizer e Janssen os tivessem testado no Brasil", complementou.

Segundo a reportagem, "em 23 de março, quando o número de mortos diários atingiu o recorde de 3.158, Bolsonaro foi à televisão para se gabar do progresso da vacinação no Brasil".

"No entanto, enquanto o distanciamento social for necessário, o presidente continuará sendo uma ameaça à saúde dos brasileiros. Ele entrou com ações no Supremo Tribunal Federal contra três estados, incluindo a Bahia, que tornaram os bloqueios internos mais rígidos. Suas ações são ruins para o Brasil - e para o mundo", disse.

TCU diz que Petrobrás vendeu refinaria Landulpho Alvers abaixo do preço de mercado e deve suspender a operação

O TCU questionou o valor de US$ 1,65 bilhão fechado com o Mubadala, fundo financeiro dos Emirados Árabes, que estaria abaixo do preço de mercado, de US$ 3,04 bilhões, definido pela Petrobrás para a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia

Brasil 247, 1/04/2021, 08:56 h Atualizado em 1/04/2021, 09:38
  Petrobrás, TCU e Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia 
(Foto: ABr | Geraldo Kosinski/Agência Petrobrás)

Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) analisarão, em até cinco dias úteis, a possibilidade de suspender a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás ao Mubadala, fundo financeiro dos Emirados Árabes, anunciada no último dia 24. O tribunal questionou o valor de US$ 1,65 bilhão fechado com o Mubadala, que estaria abaixo do preço de mercado, de US$ 3,04 bilhões, definido pela estatal para a refinaria baiana. O ministro Walton Alencar afirmou, nessa quarta-feira (31), em plenário, que a medida tem como objetivo evitar "prejuízo ao interesse público".

"Recebi Ofício do Subprocurador-Geral, Lucas Rocha Furtado, ressaltando a recente decisão do conselho de administração da Petrobrás em vender a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) a preços abaixo de seu valor de mercado", disse. O relato dele foi divulgado em reportagem publicada pela jornalista Fernanda Nunes, no jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro Walton Alencar fez um alerta para a possibilidade de prejuízos com a venda da refinaria. "Ante o risco de conclusão do negócio antes que este Tribunal possa se debruçar sobre a matéria, com possível prejuízo ao interesse público, bem como considerando as consequências que essa decisão possa carrear para a venda das demais refinarias, entendo fundamental determinar que a Unidade Técnica submeta a este Relator, em 5 dias úteis, análise conclusiva a respeito da necessidade ou não de concessão de cautelar para a suspensão da alienação em andamento", disse.

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) estimou a Rlam em US$ 3 bilhões. Analistas do banco BTG Pactual afirmaram que o total a ser pago pelo ativo está 35% abaixo do limite inferior projetado por eles. A XP Investimentos previu que, com esse dinheiro, a Petrobrás atingirá uma parcela muito pequena das suas metas financeiras.

General Rêgo Barros, Tasso e Merval indicam que militares e elite decidiram-se pelo impeachment de Bolsonaro

Pronunciamentos de Barros, Jereissati e Merval indicam que a constelação político-empresarial, midiática conservadora e da cúpula militar pela derrubada de Bolsonaro está configurada

Brasil 247, 1/04/2021, 09:02 h Atualizado em 1/04/2021, 12:23
  General Rêgo Barros, Merval Pereira, Tasso Jereissati e Bolsonaro (Foto: Abr)

Num ataque sem precedentes de um militar de alta patente a um presidente da República pelo menos desde a redemocratização do país, o general Otávio Santana do Rêgo Barros praticamente deu a senha para o apoio das Forças Armadas ao impeachment de Jair Bolsonaro. Com o apoio declarado do senador Tasso Jereissati à derrubada de Bolsonaro e o artigo de Merval Pereira, porta-voz oficioso dos Marinho já antecipando clima de “tranquilidade” num eventual governo do general Mourão, as elites brasileiras indicam que o tempo de Jair Bolsonaro acabou e, em aliança com a esquerda, devem caminhar para o impeachment.
Rego Barros foi porta-voz de Bolsonaro de janeiro de 2019 a outubro de 2020 e deixou a função rompido com o ex-chefe. Passou para a reserva em 2019, mas é um general respeitado na cúpula militar. Em seu artigo, que você pode ler abaixo, diz que o desejo de Bolsonaro de transformar as Forças Armadas “em uma estrutura de apoio político afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional”. Afirma que o atual presidente busca “adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária”.

Tasso Jereissati, ex-presidente do PSDB, é um líder respeitado na direita e no empresariado -ele também um empresário multimilionário.

Os dois fizeram, em seus pronunciamentos, referência direta ao estado emocional-mental de Bolsonaro. Para Rêgo Barros, “o amadurecimento intelectual – característica marcante na formação dos atuais chefes – não esteve presente em sua trajetória [de Bolsonaro]”; Jereissati diz ter "dúvida até sobre seu equilíbrio mental".

Com o artigo de Merval Pereira, há uma clara indicação de que a constelação político-empresarial, midiática conservadora e da cúpula militar pela derrubada de Bolsonaro está configurada.
Leia a seguir a íntegra do texto do general Rêgo Barros:

Estamos diante de uma crise política que se avoluma diariamente, com efeitos não totalmente mensurados, embora eu não acredite que venha a se tornar institucional. Os sistemas de freios e contrapesos ajustarão a temperatura.

As mudanças constantes e atabalhoadas da gestão, às vezes deslocadas dos princípios mais salutares das democracias maduras, vêm promovendo preocupações em todos os estamentos da sociedade.

O chefe do poder executivo, por vezes, intenta estabelecer uma ligação emocional entre as suas deliberações e a instituição de Estado: Forças Armadas.

O processo deliberativo é arcaico. Está longe de tangenciar aquilo que é defendido no âmbito do estamento militar. Modernas ferramentas de profissionalização foram introduzidas nos atuais integrantes das Forças Armadas.

Na Academia Militar das Agulhas Negras, uma frase lapidar nos impacta diariamente ao avançarmos para o rancho, marchando no Pátio Marechal Mascarenhas de Moraes: “Cadete ides comandar aprendei a obedecer”.

Mas a roupagem é contemporânea, não é antolhada, e lembra as lideranças que privilegiam a flexibilidade, o trabalho em equipe e o êxito individual como estímulo. É o co(+)mandar. Mandar com.

O mandatário não é mais um militar. Ele detém, tão somente, uma carta patente que indica ter obtido, em um determinado momento da vida, os requisitos para exercer as funções intermediárias na hierarquia da oficialidade das Forças Armadas.

O amadurecimento intelectual – característica marcante na formação dos atuais chefes – não esteve presente em sua trajetória.

Permaneceu como aluno, cadete e oficial cerca de quinze anos. Como político, mais de trinta anos. Naturalmente os atributos que lhe foram ensinados, enquanto militar, ficaram pelo caminho, substituídos por conceitos não aplicados dentro de uma instituição como é o Exército Brasileiro.

Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional.

Buscar adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária é caminho impensado para as Forças Armadas. Elas já estão vacinadas contra esse vírus.

Não se pode também aceitar uma transformação no core da instituição Forças Armadas, cambiando as cláusulas pétreas que as sustentam secularmente: hierarquia e disciplina, pilares para o exercício da função de constitucional, conforme sobejamente referendado pelos nossos comandantes.

É preciso deixar claro, entretanto, que não há nenhum sinal de alerta pulsando. A profissionalização castrense ultrapassa amadorismos atemporais que possam prejudicá-la. As lideranças estão atentas: as de ontem, as de hoje e as de sempre. As ideias de legalidade, legitimidade e estabilidade permanecem indicando o caminho. E as Forças Armadas diariamente reforçam a sua imunidade.

General Rêgo Barros, ex-porta-voz do governo, diz que Bolsonaro não tem "amadurecimento intelectual"

“Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional", escreveu ainda o general

Brasil 247, 1/04/2021, 05:33 h Atualizado em 1/04/2021, 07:40
  Otávio Rêgo Barros e Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR | Alan Santos/PR)

Cada vez mais isolado na sociedade e até nas Forças Armadas, Jair Bolsonaro recebeu duras críticas de seu ex-porta-voz: o general Otávio Rêgo Barros. “Permaneceu como aluno, cadete e oficial cerca de 15 anos. Como político, mais de 30 anos. Naturalmente, os atributos que lhe foram ensinados, enquanto militar, ficaram pelo caminho, substituídos por conceitos não aplicados dentro de uma instituição como é o Exército Brasileiro", escreveu ele, em artigo publicado por Ricardo Noblat em seu blog.

O ex-porta-voz diz que Bolsonaro vem tentando instrumentalizar as Forças Armadas, numa crítica direta sem precedentes: "O chefe do poder executivo, por vezes, intenta estabelecer uma ligação emocional entre as suas deliberações e a instituição de Estado: Forças Armadas".

“Seu aparente desejo de transformar essa centenária instituição, detentora dos mais altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político, afronta tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional. Buscar adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária é caminho impensado para as Forças Armadas. Elas já estão vacinadas contra esse vírus”, disse ainda o general.

Pessoas de QI baixo tendem a ser intolerantes e de direita, diz estudo

Pesquisa publicada na revista Emotion mostra que os que tiveram menor pontuação em testes de inteligência são as que defendem temas intolerantes, como racismo, xenofobia e homofobia

Brasil 247, 1 /04/2021, 11:12 h Atualizado em 1/04/2021, 11:15
  Bolsonaro corre atrás de ema com cloroquina (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Um estudo publicado na última edição da revista alemã Emotion mostrou, por meio de pesquisa, que as pessoas que tiveram uma nota mais baixa em testes de inteligência costumam ser apoiadores de causas da direita e a favor de temas de intolerância, como racismo, xenofobia e homofobia. A reportagem é do portal IG.

A amostragem é o primeira do mundo a identificar tendências emocionais em pessoas com déficit de inteligência, acrescenta a reportagem. No total, 983 estudantes belgas participaram dos testes emocionais, reconhecimento de emoções e situacional.

Os que tiveram apontamentos de QI mais baixo, mostraram ter tendências de autoritarismo e apoio a causas políticas da direita ."Resultados foram unívocos. Pessoas que apoiam líderes fortes e que não se importam com desigualdades mostram níveis de desequilíbrio emocional ", explica o psiquiatra autor do estudo, Alain Van Hiel.

quarta-feira, 31 de março de 2021

Rejeição a Bolsonaro cresce cinco pontos, para 59%; outros 53% reprovam trabalho do governo

Pesquisa nacional PoderData realizada nesta semana, de segunda a quarta-feira, indica crescimento na rejeição a Bolsonaro. No entanto, percentual dos que seguem fiéis ao político se mantém estável, com 1/3 do eleitorado

Brasil 247, 31/03/2021, 19:48 h Atualizado em 31/03/2021, 20:13
  (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Nova pesquisa PoderData divulgada na noite desta quarta-feira (31) e realizada entre segunda e quarta-feira com 3.500 pessoas revela crescimento na rejeição a Jair Bolsonaro e na reprovação ao trabalho do governo federal.

O governo Bolsonaro é hoje rejeitado por um recorde de 59% dos eleitores - um crescimento de cinco pontos, em comparação aos 54% da pesquisa de duas semanas atrás. Essa é a taxa mais alta registrada desde o início da pandemia por esse levantamento.

A avaliação negativa do trabalho de Bolsonaro manteve-se estável, num nível alto. A proporção dos que consideram a atual gestão “ruim ou péssima” passou de 52% para 53% (oscilação dentro da margem de erro) no período de 15 dias. Os que consideram o trabalho “bom ou ótimo” somam 26% (ante 24% no levantamento anterior).

Por outro lado, o percentual dos que seguem fiéis ao político segue estável, na faixa de 1/3 do eleitorado. Os que aprovam o governo Bolsonaro eram 32% há duas semanas e agora são 33%, o que indica estabilidade.

O que explica o aumento na rejeição é a redução expressiva dos que dizem não saber responder, hoje em 8% - contra 14% há 15 dias.

A pesquisa foi feita em meio ao clima político tenso no País, quando foram demitidos seis ministros do governo, entre eles o da Defesa, Fernando Azevedo, que culminou na demissão coletiva dos três chefes das Forças Armadas pela primeira vez na história do Brasil.

Braga Netto confirma novos chefes das Forças Armadas e diz que "o maior patrimônio da nação é a democracia"

"A Marinha, o Exército e a Força Aérea Brasileira se mantêm fiéis às suas missões constitucionais de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais e as liberdades democráticas", disse o novo ministro da Defesa

Brasil 247, 31/03/2021, 18:13 h Atualizado em 31/03/2021, 18:18
    Almir Garnier Santos, Braga Netto, Paulo Sergio Nogueira e Carlos de Almeida Baptista Junior (Foto: Reprodução)

Em curto pronunciamento no final da tarde desta quarta-feira (31), o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, confirmou os nomes dos novos comandantes das Forças Armadas e afirmou que a democracia é "o maior patrimônio de uma nação".

O Exército passa a ser comandado pelo general Paulo Sergio Nogueira, a Marinha pelo Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos e a Aeronáutica pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida.

Braga Netto tentou afastar os rumores de um novo golpe militar em curso e destacou que "a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantêm fiéis às suas missões constitucionais de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais e as liberdades democráticas".

O ministro afirmou que o "desafio que o país enfrenta neste momento é o combate à Covid-19" e que "as Forças Armadas são fatores de integração nacional e têm contribuído diuturnamente nessa tarefa com a Operação Covid-19, com inúmeras atividades, entre elas: a de logística de transporte de EPIs e oxigênio, evacuação de pacientes de Manaus para todo o país e a vacinação de povos indígenas em áreas remotas".

Comitê anticovid mostra que a união faz a farsa

Josias de Souza, Colunista do UOL
31/03/2021 15h42

Uma semana depois de sua criação, reuniu-se o comitê anticovid. Tomado pelas declarações dos participantes, o encontro foi um diálogo entre os cegos e o surdo. Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, chefes do Senado e da Câmara, fingiram enxergar uma conversão de Bolsonaro à racionalidade. E o presidente da República, com os ouvidos bloqueados para a lógica, condenou novamente o isolamento social. Pregou a volta à "normalidade", potencializando a impressão de que o Brasil continua sob a presidência da anormalidade.

Autoconvertido numa espécie de coordenador do comitê, Pacheco realçou a relevância da "uniformização do discurso" em torno de algumas obviedades: "...É necessário se vacinar, usar máscara, higienizar as mãos, distanciamento social, de modo a prevenirmos o aumento da doença no nosso país." Foi ecoado por Lira e Marcelo Queiroga, o quarto ministro da Saúde da pandemia.

Falando aos jornalistas noutro evento, Bolsonaro praticou o acesso da uniformização da retórica. Praticou seu esporte predileto: tiro ao alvo. O alvo é conhecido: governadores e prefeitos. O capitão acomodou todas as formas de isolamento sob o guarda-chuva do lockdown, uma modalidade draconiana de confinamento que o Brasil ainda não experimentou. E disparou:

"O apelo que a gente faz aqui é que esta política de lockdown seja revista. Isso cabe, na ponta da linha, aos governadores e aos prefeitos. Porque só assim podemos voltar à normalidade. O Brasil tem que voltar a trabalhar."

Os comentários repetem uma cantilena que Bolsonaro entoa desde que o coronavírus fez a sua primeira vítima oficial no Brasil, em 17 de março de 2020.

Para o presidente, pandemia é um outro nome para "histeria". O isolamento social, por "inútil", só serve para arruinar a economia. Por isso, os brasileiros deveriam submeter-se à infecção "como homens", pois ela é inevitável.

Bolsonaro graduou-se em ciência lendo a bula da cloroquina. Demora a notar que a doença do ignorante é ignorar a sua própria ignorância. Dá de ombros para singelas evidências. Por exemplo: sem vacina, o vírus foge ao controle.

Crescem as filas hospitalares. Quem consegue chegar à UTI corre o risco de ser entubado a seco, pois faltam sedativos. Quanto menor for a taxa de adesão ao isolamento, maior tende a ser a pilha de cadáveres.

O problema poderia ser menor se Bolsonaro não tivesse retardado a aquisição de vacinas. Sobre sua inépcia, o presidente não tem nada a dizer. Simula uma amnésia.

Bolsonaro confunde memória fraca com consciência limpa. E terceiriza a encrenca para governadores e prefeitos. No limite, transfere para os brasileiros a prerrogativa de escolher o seu próprio caminho para o inferno, optando por viver com medo ou morrer com valentia.

Pacheco repetiu um bordão que destoa da atmosfera confusa que se seguiu à reunião do comitê anticovid. Declarou que o Brasil precisa escolher um entre dois caminhos: a união o caos. Considerando-se que a união entre os Poderes faz a farsa, o país continuará no caminho do caos. Uma trilha que leva aos 400 mil cadáveres.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Isolado, Bolsonaro insiste em sua campanha a favor do coronavírus

ANÁLISE
Presidente da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista após reunião do comitê de enfrentamento da covid-19Imagem: Reprodução/TV Câmara

Diogo Schelp, Colunista do UOL
31/03/2021 13h12

Ao final da reunião do comitê para o enfrentamento à covid-19, nesta quarta-feira (31), os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falaram juntos à imprensa sobre o que foi discutido no encontro. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que oficialmente comanda o comitê, não participou do anúncio. Em vez disso, alguns minutos depois, fez um rápido discurso à parte, a pretexto de anunciar o pagamento do novo auxílio emergencial. As declarações de Bolsonaro destoaram das falas de Pacheco, Lira e Queiroga no que refere às medidas para combater a pandemia.

Bolsonaro, mais uma vez, atacou as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos para reduzir o contágio pelo novo coronavírus na população. "Essa política, entendo eu, esse isolamento, com supressão do direito de ir e vir, extrapola — e muito — até mesmo um estado de sítio. Eu apelo a todas as autoridades do Brasil que revertam essas medidas e permitam que o povo vá trabalhar", disse Bolsonaro.

Não há qualquer equivalência entre as medidas sanitárias adotadas por estados e municípios, autorizadas por lei federal promulgada pelo próprio Bolsonaro no ano passado, e o estado de sítio, em que são suprimidos, por exemplo, direitos como o sigilo telefônico e de correspondência.

O presidente falou sobre o impacto econômico da pandemia, alegou, sem apresentar provas, que a fome mata mais que o vírus, e não dispensou nenhuma palavra sobre os mais de 3.700 óbitos por covid-19 registrados no dia anterior no país.

As declarações dadas por Pacheco, Lira e Queiroga minutos antes mostram que o presidente está falando sozinho.

Ao apresentar o seu resumo da reunião com o presidente, Pacheco disse que o comitê anticovid tem a coordenação técnica do Ministério da Saúde, com base na ciência e na medicina. Elencou iniciativas do Congresso para propiciar o aumento de leitos de UTI e a aceleração da vacinação e listou algumas das reivindicações dos governadores feitas a ele em reunião realizada na semana passada.

O presidente do Senado também disse ter reforçado junto ao presidente a necessidade de usar a estrutura de comunicação do governo para informar a população sobre a importância de se vacinar, de usar máscara, de lavar as mãos e de respeitar o distanciamento social. Sim, o distanciamento social, expressão que na boca de Bolsonaro só assume conotação negativa.

Lira falou pouco. Concentrou-se em lembrar que existe um "carência de ações" para resolver os problemas da vacinação, de leitos hospitalares e de insumos. Também cobrou transparência dos governos dos estados na divulgação de informações sobre as doses de vacinas recebidas e aplicadas.

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falou da possível participação da iniciativa privada nos esforços de vacinação e deixou claro que as medidas para evitar as mortes de pacientes internados são importantes e urgentes, mas que controle epidemiológico também se faz necessário.

Queiroga afirmou ter sugerido ao presidente que o governo aproveitasse a Semana Santa para reforçar, junto à população, a necessidade de evitar aglomerações e de usar máscaras para conter a disseminação do vírus.

A diferença gritante no conteúdo das declarações dos chefes do Poder Legislativo e até do ministro da Saúde em comparação como que o presidente disse sobre a pandemia mostra que ele está isolado em sua campanha a favor do vírus.

Ninguém na cúpula dos outros poderes da República quer se juntar a ele nas críticas infundadas às medidas de isolamento social ou "lockdown", como ele gosta de chamar. Nem mesmo o seu próprio ministro da Saúde. Muito menos os agora ex-comandantes da Forças Armadas, que esta semana foram demitidos por se recusarem a permitir que a instituição fosse politizada pelo presidente e usada por ele como instrumento de ameaça contra as medidas de restrição social.

Bolsonaro quer que as pessoas voltem às ruas e à vida normal, o que favoreceria a circulação do vírus e agravaria ainda mais a situação da pandemia. Ele é radicalmente contra o isolamento social. Mas nisso, quem está isolado é ele.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Globo, que apoiou os golpes de 1964 e 2016, nega apoio a tentativa golpista de Bolsonaro

 Jornal O Globo, que apoiou o golpe militar de 1964 e a derrubada de Dilma Roussef em 2016, publicou um editorial pedindo que os generais não “embarquem em qualquer aventura da delirante fantasia bolsonarista”


Brsil 247, 31/03/2021, 09:17 h Atualizado em 31/03/2021, 09:36
  (Foto: Divulgação)



O jornal O Globo, que apoiou o golpe militar que desaguou na ditaduramilitar de 64, e o golpe contra Diolma Roussef em 2016, publicou nesta quarta-feira (31) um texto pedindo que os generais não “embarquem em qualquer aventura da delirante fantasia bolsonarista”. Além do apoio à ditadura, o grupo Globo também deu sustentáculo à chegada de Bolsonaro.

No editorial, o jornal da família Marinho destaca que as Forças Armadas vivem atualmente uma crise “sem paralelo em pelo 40 anos” motivada pela demissão do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa. Ainda segundo o texto, a saída subsequente dos comandantes do Exército (Edson Pujol), Marinha (Ilques Barbosa) e da Aeronáutica (Antônio Carlos Bermudez), demonstra “que não será fácil ao presidente Jair Bolsonaro usá-las [as FFAA] para fins políticos”.

“Está claro, em que pese a coincidência no calendário, que o cenário institucional hoje é bem diferente. Não há nenhuma indicação de que os militares aceitariam deixar de se submeter à Constituição e ao Estado democrático de direito, para embarcar em qualquer aventura da delirante fantasia bolsonarista”, diz um trecho do editorial.

O jornal também ressalta a carreira militar e política do ex-capitão e o compara ao ex-presidente venezuelano Hugo Chavez, já falecido. “Capitão expulso do Exército por indisciplina, Bolsonaro dedicou sua vida política a atrair apoio entre militares de baixa patente e policiais. Eleito presidente, aumentou as ambições. Inspirado talvez no caudilho venezuelano Hugo Chávez, parece almejar uma mistura de governo e Forças Armadas no poder. É a receita da tragédia. O modelo chavista destruiu a Venezuela”, destaca.

“Bolsonaro se caracteriza pelo desassombro e pelo desrespeito a limites. Tornou o Brasil pária mundial pela atuação no meio ambiente, no combate à Covid-19 e noutras áreas. Para o próprio bem, os militares não devem compactuar com os devaneios de um impensável retrocesso democrático”, finaliza o texto.