sexta-feira, 12 de março de 2021

Tribunal manda prender Jeanine Añez e outros golpistas da Bolívia

De acordo com a agência de notícias boliviana Kawsachun News, Jeanine Añez e outros nove altos funcionários de seu governo são acusados ​​de terrorismo, sedição e conspiração no golpe de 2019 contra Evo Morales

Brasil 247, 12/03/2021, 15:47 h Atualizado em 12/03/2021, 16:14
    A senadora boliviana Jeanine Añez se autoproclama presidente da Bolívia 
(Foto: Facebook/Divulgação)

Sputnik Brasil - Um tribunal boliviano emitiu mandados de prisão para Jeanine Añez, a ex-presidente interina que tomou o poder em um golpe de Estado no final de 2019, ao lado de vários de seus ministros, alertando que são um "risco de fuga".

De acordo com a ação judicial compartilhada pela agência de notícias boliviana Kawsachun News, Añez e outros nove altos funcionários de seu governo são acusados ​​de terrorismo, sedição e conspiração.

Añez deixou o cargo no início de novembro, quando Luis Arce, do Movimento pelo Socialismo (MAS), assumiu o cargo, tendo vencido uma eleição esmagadora em 18 de outubro. A votação foi adiada várias vezes, gerando protestos e alimentando temores de uma virada ainda mais longe da democracia.

Ex-senador da região de Beni, nordeste da Bolívia, Añez subiu ao poder no caos de novembro de 2019, quando uma campanha coordenada por forças nacionais e internacionais tentou anular a reeleição do então presidente Evo Morales no mês anterior. Depois que milícias de direita e forças policiais simpáticas bloquearam os legisladores do MAS e Añez se viu chefe de um parlamento, ela se declarou presidente interina em 12 de novembro

Fachin mantém anulação das sentenças contra Lula e manda caso ao plenário do STF

O ministro manteve sua decisão mediante recurso da PGR e deu prazo de cinco dias para que os advogados se manifestem

Brasil 247, 12/03/2021, 18:52 h Atualizado em 12 de março de 2021, 20:32
   Ministro Edson Fachin e Lula (Foto: STF | Ricardo Stuckert)

Sérgio Rodas, Conjur - O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, submeteu nesta sexta-feira (12/3) ao Plenário da corte sua decisão que decretou a incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba para julgar processos envolvendo o ex-presidente Lula e anulou as condenações do petista.

Na segunda (8/3), Fachin decidiu que a vara que tinha Sergio Moro como juiz titular é incompetente para processar e julgar os casos do tríplex no Guarujá (SP), do sítio de Atibaia, além de dois processos envolvendo o Instituto Lula. Com isso, as condenações do ex-presidente foram anuladas e ele voltou a ter todos os seus direitos políticos, se tornando novamente elegível. Os autos, que estavam no Paraná, devem agora ser enviados para a Justiça Federal de Brasília.

A Procuradoria-Geral da República apresentou agravo regimental nesta sexta. A PGR entende que a competência da 13ª Vara Federal Criminal do Paraná deve ser mantida para preservar a estabilidade processual e a segurança jurídica. Assim, as condenações manteriam sua validade, e os processos seriam continuados.

Fachin fundamentou sua decisão em dispositivos do Regimento Interno do STF. Entre eles, o artigo 22, parágrafo único, "b". O dispositivo autoriza o relator a submeter caso a apreciação de todos os ministros "quando, em razão da relevância da questão jurídica ou da necessidade de prevenir divergência entre as turmas, convier pronunciamento do Plenário".

O ministro deu cinco dias para a defesa de Lula se manifestar sobre o recurso. Depois disso, o caso será enviado ao presidente do STF, Luiz Fux, a quem caberá incluir o julgamento em pauta.

Mudança de entendimento

Ao declarar a incompetência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba para julgar Lula, Edson Fachin revogou despacho de afetação do Habeas Corpus ao Plenário.

Em novembro de 2020, Fachin enviou o caso ao Plenário porque a defesa de Lula questionou a observância do precedente firmado pelo STF no julgamento da questão de ordem no Inquérito 4.310. Neste caso, o Supremo concluiu que Moro só teria competência para julgar os casos que teriam relação com a apuração de fraudes e desvio de recursos no âmbito da Petrobras.

No entanto, Fachin revogou a afetação ao Plenário por entender que a 2ª Turma do Supremo já havia, em diversos momentos, se pronunciado sobre a competência da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

Idas e vindas

Depois da decisão, Fachin declarou que a suspeição de Moro perdeu o objeto. Ele tentava esvaziar o julgamento desde a última semana, como mostrou a ConJur. A ideia é preservar o "legado" da "lava jato" e evitar que a discussão sobre a atuação de Moro contamine os demais processos tocados pelo Ministério Público Federal do Paraná.

Contudo, o presidente da 2ª Turma do Supremo, Gilmar Mendes, colocou na pauta de terça-feira (9/3) o julgamento sobre a suspeição de Sergio Moro. O processo estava suspenso por pedido de vista do próprio ministro.

Fachin, entretanto, apresentou questão de ordem ao presidente da corte, Luiz Fux, argumentando que o HC havia perdido o objeto. Por isso, pediu o adiamento do julgamento.

No início da sessão de terça, a 2ª Turma, por 4 votos a 1, decidiu dar prosseguimento ao julgamento. Só Fachin ficou vencido; Gilmar, Nunes Marques, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski foram a favor da continuidade.

Prevaleceu o entendimento, firmado pela 2ª Turma em dezembro de 2018, de que o Habeas Corpus que discute a suspeição de Moro não seria afetado ao Plenário. Além disso, os ministros apontaram que há precedente do Supremo estabelecendo que, uma vez iniciado o julgamento pelo colegiado, o relator não alterar sozinho o órgão julgador — turma ou Plenário (AP 618).

Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram por reconhecer a parcialidade de Moro. Logo após Gilmar enunciar seu voto, o ministro Nunes Marques, que votaria em seguida, pediu vista. Caberá ao integrante mais novo da corte desempatar o julgamento. Por ora, dois ministros votaram para reconhecer a suspeição de Moro e dois para negar o pedido da defesa de Lula.

Em 4 de dezembro de 2018, os ministros Edson Fachin, relator, e Cármen Lúcia votaram por negar o Habeas Corpus da defesa de Lula, alegando falta de imparcialidade de Moro. O julgamento foi interrompido por pedido de vista de Gilmar. Porém, Cármen afirmou nesta terça que vai votar depois de Nunes Marques; portanto, pode estar sinalizando mudança de entendimento.

Futuro dos processos

Ao anular as condenações do ex-presidente, Fachin declarou "a nulidade apenas dos atos decisórios praticados nas respectivas ações penais, inclusive os recebimentos da denúncia". Ou seja, o ministro encontrou uma forma de manter válidas as quebras de sigilo, interceptações e material resultante de buscas e apreensões.

Como os autos serão enviados ao DF, o juiz que se tornar responsável pelos casos do ex-presidente ainda poderia usar os dados colhidos durante as investigações conduzidas por Moro, segundo a decisão de Fachin. No entanto, se Moro for declarado suspeito, isso não será mais possível, já que as provas estariam "contaminadas".

Em menos de um ano, Moro despenca, Lula dispara e empata com Bolsonaro nos dois turnos de 2022, diz Ipespe


Viomundo, 2/03/2021 - 13h07



Da Redação

O ex-presidente Lula mantém viés de alta na série histórica da pesquisa XP-Ipespe e está tecnicamente empatado na margem de erro com o presidente Jair Bolsonaro para a eleição presidencial de 2022.

No primeiro turno, em pesquisa estimulada, Bolsonaro tem 27% contra 25% de Lula.

O ex-juiz federal Sergio Moro, em derretimento, caiu de 16% para 10% entre maio do ano passado e março deste ano.

No mesmo período, Lula subiu de 17% para 25%.

Ciro Gomes se manteve estável, com 9%.

A soma de outros candidatos (Luciano Huck, Amoêdo, João Doria e Guilherme Boulos) acumula 16% das preferências.

A margem de erro da pesquisa é de 3,5% pontos para mais ou menos.

Em eventual segundo turno, Bolsonaro tem 41% e Lula, 40%.

Nas outras simulações de segundo turno, Bolsonaro hoje está adiante numericamente, mas empatado na margem de erro com Fernando Haddad (40% a 36%), Huck (37% a 32%), Ciro (39% a 37%) e Moro (31% a 34%).

Ele venceria Guilherme Boulos (40% a 30%) e o tucano João Doria (39% a 29%).

O dado ruim para Bolsonaro é que 52% dos entrevistados disseram que querem mudar tudo.

O Ipespe ouviu 800 pessoas, contactadas pelo telefone, entre os dias 9 e 11 de março.

Foi a primeira pesquisa Ipespe desde que os processos contra o ex-presidente Lula em Curitiba foram anulados.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Flávio e Carlos Bolsonaro coordenam ataques à Lula nas redes sociais

Ofensiva contra Lula, coordenada por Flávio e Carlos Bolsonaro, aconteceu menos de 24 após o ex-presidente defender a criação de um comitê nacional para enfrentar a pandemia, além de criticar a omissão e o negacionismo do governo Bolsonaro no enfrentamento à crise sanitária

Brasil 247, 11/03/2021, 12:51 h Atualizado em 11/03/2021, 13:12
   Flávio e Carlos Bolsonaro (Foto: Reuters)

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) voltaram a assumir a coordenação do chamado gabinete do ódio, responsável por disseminar fake news e atacar opositores do governo Jair Bolsonaro nas redes sociais para disparar, nesta quinta-feira (11), uma ofensiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O novo ataque contra Lula aconteceu menos de 24 após o ex-presidente ter realizado um discurso histórico em que defendeu a criação de um comitê nacional para enfrentar a pandemia, além de criticar a omissão e o negacionismo do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

De acordo com reportagem da jornalista Juliana Dal Piva, no UOL, Flávio e Carlos resgataram o trecho de uma entrevista de Lula, realizada no ano passado, em que ele proferiu uma frase que foi utilizada de forma maliciosa pela mídia hegemônica.

"Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises", disse Lula na época.

De acordo com a reportagem, as primeiras postagens contra Lula foram feitas por Carlos Bolsonaro em diversas redes sociais, como o Twitter e Telegram. A publicação foi replicada pelos seguidores, bolsonaristas e por simpatizantes da extrema direita logo em seguida.

Lula fez um dos melhores discursos de sua carreira: o resgate da política

ANÁLISE
          Lula durante pronunciamento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: fala 
          moderada e de apreço à políticaImagem: Edilson Dantas / Agência O Globo

Reinaldo Azevedo/Colunista do UOL/11/03/2021 06h55

O ex-presidente Lula fez nesta quarta um dos melhores pronunciamentos de sua carreira política, ainda que eu discorde de alguns aspectos pontuais. Não endosso, por exemplo, a crítica genérica às privatizações. A sua síntese para a gente sair do atoleiro econômico pode não ser a melhor porque o Estado não tem como investir. Não estava ali, no entanto, expondo um programa de governo. O que me interessou foi outra coisa: a fala de Lula (re)conferiu dignidade à política.

O cadáver adiado do udenismo até pode indagar: "Que país é este em que recebemos lições de um ex-presidiário?" É aquele que assistiu calado, quando não estava aplaudindo, a escalada de ações ilegais de Sergio Moro, alçado à condição de herói nacional e saudado com frequência por sua habilidade em ignorar as garantias legais. Afinal, seu propósito seria nobre: caçar corruptos. É o país que viu o doutor confessar em embargos de declaração que nem mesmo era o juiz natural do caso do tríplex.




Vivemos anos de insanidade judicial, de loucura mesmo! E caímos no atoleiro que aí está.

Lula passou 580 dias preso. Edson Fachin, o mesmo ministro do Supremo que anulou todos os processos que corriam na 13ª Vara Federal de Curitiba por reconhecer, finalmente, que Moro não era o juiz natural das causas, liderou os seis votos que mantiveram o ex-presidente na cadeia em abril de 2018 — nesse caso, ao arrepio do que dispõem a Constituição e o Código de Processo Penal. Assim, se você quiser saber que país é este que recebe lições de um ex-presidiário, convenham: a pergunta deve ser dirigida àqueles que contribuíram para coonestar a farsa.

DELÍRIO PUNITIVISTA
Vivemos a fase do delírio punitivista, pouco importando o que fizessem os procuradores da Lava Jato e o juiz. Afinal, havia um objetivo maior, que se sobrepunha ao devido processo legal: combater a corrupção. E muitos se desinteressaram de saber quais meios eram empregados para supostamente atingir esse fim. Sim, é preciso que a imprensa se pergunte que papel desempenhou nesse desastre.

Não havia Moro, afinal de contas, confessado em embargos de declaração que o juiz não era ele? Por que a admissão não causou espécie? "Ah, Reinaldo, porque há evidência de que houve corrupção". É verdade, e a dinheirama devolvida por alguns diretores da Petrobras o evidencia de maneira insofismável.

Ocorre que as provas contra Lula no tal processo jamais apareceram. A sentença condenatória de Moro tem de ser estudada nas faculdades de direito país afora como exemplo do que um juiz não deve fazer. E daí? Tudo parecia irrelevante diante da missão. Ainda agora, alguns textos malandros insistem que até se pode estar a fazer justiça, mas que isso enfraquece o enfrentamento da corrupção. Bem, quem diz atuar ao arrepio da lei sob o pretexto de fazer o bem são esquadrões da morte e milícias. Como sabemos, são todos bandidos, criminosos.

DE VOLTA AO PRONUNCIAMENTO

A fala de Lula poderia estar cheia de rancor, voltada apenas para o passado. Mas não. Ele falou sobre o futuro e disse que vai conversar com todas as forças políticas do país -- suponho que exclua o bolsonarismo -- porque todas foram eleitas e representam a vontade do povo. "Ah, olha o caminho da bandalheira aí..." Não! A bandalheira não está em admitir, como é o correto, a representatividade do Congresso Nacional, mas na compra perniciosa de apoio -- agora e antes.

O ex-presidente fez um firme pronunciamento em defesa da vacina, devidamente protegido por uma máscara -- e assim também estavam seus assessores -- e criticou duramente o negacionismo de Bolsonaro. Mais: falou diretamente ao povo:
"Eu vou tomar minha vacina e quero fazer propaganda pro povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que podem livrar você do covid. Mas, mesmo tomando vacina, não ache que você possa tomar a vacina e já tirar a camisa, ir pro boteco, pedir uma cerveja gelada e ficar conversando, não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, você precisa continuar usando máscara e utilizando álcool em gel."

Lula soube tornar a sua dor menor do que a de milhares de famílias enlutadas e não perdeu o notável senso de didatismo que sempre teve. Não ameaça a população nem com negacionismo nem com a polícia. Era como se uma onda de senso de ridículo tomasse o país, e, mais do que nunca, o discurso negacionista de Bolsonaro se revelou em todo o seu despudorado absurdo. Parece que até o biltre se deu conta. Estávamos nós também nos acostumando à truculência, à falta de empatia, ao discurso destrambelhado. E Lula recolocou as coisas no lugar:
"É essa dor que a sociedade brasileira está sentindo agora que me faz dizer pra vocês: a dor que eu sinto não é nada diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas. É muito menor que a dor que sofrem quase 270 mil pessoas que viram seus entes queridos morrerem. Seus pais, seus avós, sua mãe, sua mulher, seu marido, seu filho, seu neto, e sequer puderam se despedir dessa gente na hora que nós sempre consideramos sagrada: a última visita e o último olhar na cara das pessoas que a gente ama. E muito mais gente está sofrendo. E por isso eu quero prestar a minha solidariedade nesta entrevista às vítimas do coronavírus. Aos familiares das vítimas do coronavírus. Ao pessoal da área da saúde, sobretudo. De toda a saúde, privada e pública."

SIM, OUTROS FALARAM

Sim, é claro que outros políticos expressaram a sua solidariedade ao povo e fizeram críticas muito duras ao desgoverno em curso. Mas nenhum deles foi vítima de uma das maiores farsas judiciais da história, a maior havida no Brasil. Ninguém transitou do céu ao inferno como Lula, perdendo, no percurso, a mulher, um irmão e um neto -- o que rendeu uma penca de piadas infames daquelas pessoas que compunham a Lava Jato.

E, no entanto, ali estava ele, fazendo a defesa da política. Afirmou:
"Às pessoas que me destratam durante todos esses anos, eu quero dizer pra vocês. Eu quero conversar com a classe política. Porque, muitas vezes, [Fernando] Haddad, muitas vezes, [Guilherme] Boulos, muitas vezes, a gente se recusa a conversar com determinados políticos: é da nossa natureza.

Mas veja, eu gostaria que. no Congresso Nacional. só tivesse gente boa, gente de esquerda, gente progressista, mas não é assim. O povo não pensou assim. O povo elegeu quem ele quis eleger. Nós temos que conversar com quem está lá para ver se a gente conserta esse país."

Eis aí.

"Ah, então jamais houve corrupção no país?", pergunta-se aqui e ali. A indagação é tão errada que inexiste a resposta certa. Houve, há e haverá. E tem de ser duramente combatida. Segundo o devido processo legal. Não se cometem crimes para combater os crimes.

RODRIGO MAIA

A melhor leitura e a melhor síntese do discurso de Lula veio da pena de um político liberal, que, tudo indica, não estará ao lado de Lula ou de quem o PT escolher para disputar a Presidência em 2022. Escreveu Rodrigo Maia no Twitter:
"Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro. Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência e o SUS; o outro defende a cloroquina e um tal de spray israelense. Um defende uma política externa independente; outro defende a subserviência. Um defende política ambiental; outro a política da destruição. Um respeita e defende a democracia; o outro não sabe o que isso significa. Um fundou um partido e disputou 4 eleições; o outro é um acidente da história. Tenho grandes diferenças com o Lula, principalmente na economia, mas não precisa ser petista fanático para reconhecer a diferença entre o ex-presidente e o atual".

É isso! De fato, não precisa.

Que se note: é muito pouco provável que eu vote num candidato do PT no primeiro turno. Se o nome do partido passar para o segundo, vai depender de quem seja o adversário. Por óbvio, este texto não é uma declaração de voto ou de adesão ao petismo.

A exemplo de Maia, dou relevo a quem dignifica a política como o lugar da resolução de conflitos, em oposição àquele que faz da destruição a sua profissão de fé.

Não entender isso corresponde a não entender nada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

quarta-feira, 10 de março de 2021

Discurso de Lula coloca Bolsonaro na defensiva e leva família do presidente a passar recibo

Gerson Camarotti, colunsta do G1 10/03/2021 17h37 Atualizado há 3 horas

          O presidente da República, Jair Bolsonaro, usa máscara de proteção contra a Covid-19 em             cerimônia no Palácio do Planalto para sancionar projetos de lei que ampliam a capacidade 
de aquisição de vacinas pelo governo     Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confrontando a política do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia de coronavírus teve efeito imediato: o governo foi para defensiva.

Segundo aliados próximos de Bolsonaro, a volta de Lula ao jogo eleitoral e o forte discurso do petista nesta quarta-feira (10) causaram grande impacto no presidente e em familiares.

Toda a expectativa de Bolsonaro era polarizar a disputa com o PT. Mas a aposta era no ex-ministro Fernando Haddad. “Lula foi para o ataque e deixou a família atordoada”, explicou ao Blog um aliado próximo do presidente.

Um sinal claro de que a família presidencial passou recibo foi a mensagem do senador Flávio Bolsonaro nas redes sociais — replicada pelo ministro Fábio Faria (Comunicações) e por aliados bolsonaristas — logo depois do discurso de Lula.

O filho do presidente pediu aos seguidores que compartilhassem uma foto de Bolsonaro com a inscrição “Nossa arma é a vacina”.

O gesto foi visto como uma decisão política de polarizar o debate com Lula, que criticou no discurso a prioridade de Bolsonaro à liberação da compra de armas.



Outro gesto evidente foi do próprio Bolsonaro que, pouco depois do discurso de Lula, apareceu de máscara em solenidade no Palácio do Planalto — o que não é habitual — para sancionar a lei que facilita a compra de vacinas contra a Covid-19.

Como revelou levantamento do G1 no site de fotos da Presidência, a última vez em que Bolsonaro usou máscara em um evento oficial foi em 3 de fevereiro, na sessão solene de abertura do ano legislativo do Congresso. Desde então, houve 36 eventos oficiais em Brasília e outras cidades — entre os quais solenidades, audiências, encontros com embaixadores e formaturas — com a participação do presidente. Em todos, ele estava sem máscara, à exceção da cerimônia desta quarta.

O discurso de Bolsonaro na cerimônia no Planalto foi quase uma justificativa para as críticas de Lula.

O presidente tentou demostrar que empreendeu esforços para a compra de vacinas, sem explicar por que não fechou contrato ano passado com Pfizer para aquisição de 70 milhões de doses de vacina. Disse que a mãe já se vacinou, mas não explicou a resistência dele próprio em se vacinar.

Diante da cobrança pública de Lula, Bolsonaro foi obrigado a admitir mais uma vez a defesa de uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina.

Ao defender o que chama de atendimento precoce, o presidente emendou e defendeu que médicos adotem o tratamento com remédios e disse que praticamente todos os servidores do Planalto que pegaram coronavírus usaram esses medicamentos sem precisar de internação hospitalar.

Mas não citou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, internado com o quadro clínico agravado quando contraiu Covid.

Gerson Camarotti, comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012

Com fala de estadista, Lula mostra ser nome mais forte para bater Bolsonaro

ANÁLISE
        10.mar.2021 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa 
realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em S.Bernardo do Campo/SP     
Imagem: Vinícius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo

Kennedy Alencar/Colunista do UOL
10/03/2021 15h15Atualizada em 10/03/2021 18h55


Com o discurso e a entrevista que deu nesta quarta-feira, o ex-presidente Lula mostrou que é o candidato mais forte para bater Jair Bolsonaro na disputa eleitoral de 2022.

Lula demonstrou preparo para debater temas do país como um estadista. Ficou evidente o desejo de voltar à Presidência. E mostrou que sabe qual é o caminho para derrotar Bolsonaro, com críticas que foram aos pontos fracos do pior presidente da história do país.


O petista acertou no tom e no conteúdo. O principal acerto foi se conectar com os brasileiros que estão atravessando a tragédia da pandemia. Na largada, disse que o sofrimento pelo qual o povo passa não lhe dá o direito de colocar ressentimentos em primeiro plano, frisando que se lembrará sempre das chibatadas que recebeu da Lava Jato.

As falas de Lula eram para tratar da decisão do ministro Edson Fachin que tornou o petista novamente elegível para concorrer ao Palácio do Planalto. De modo inteligente, agradeceu a Fachin e a outros ministros do STF, num exemplo de tentar reconstruir pontes que usaria em outros momentos do discurso e da entrevista. Lula transformou o limão numa limonada.

Bateu no ex-juiz Sergio Moro, no procurador Deltan Dallagnol e companheiros da força-tarefa na medida que mereceram, mas não fez disso o tema principal. Colocou a retomada do crescimento econômico com combate à desigualdade no centro do discurso e da entrevista. Deu excelente exemplo ao falar da vacina e das medidas de mitigação da pandemia. Conectou-se com o povo, numa linguagem fácil de ser entendida e carismática, semelhante aos melhores momentos na Presidência.

"O planeta é redondo" foi uma tirada sensacional. A de por onde anda o Zé Gotinha também pegou forte na negligência homicida de Bolsonaro na resposta à pandemia. Dizer que o Brasil não tem governo é escancarar o óbvio. Lula soube tratar das Forças Armadas, minimizando a mentalidade golpista dos militares e ressaltando como respeitou e investiu no Exército, Marinha e Aeronáutica. Reafirmou a autoridade civil sobre a militar ao dizer que exoneraria Eduardo Villas Boas se fosse presidente quando o então comandante do Exército pressionou o STF via Twitter. Militares não devem se intrometer na política, disse Lula, coberto de razão.

Com altivez, respondeu bem ao medo do mercado, lembrando que o andar de cima ganhou muito com ele no poder. E deixou claro que o investimento público, as estatais e um papel indutor do estado no crescimento econômico são a visão econômica que tem para o país.

Foi habilidoso ao dar abertura para falar com Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara que fez ao longo do discurso do petista uma série de posts no Twitter para dizer que não dá para comparar Lula com Bolsonaro. E ainda brincou que teria temas como emprego e pandemia a conversar com o deputado do DEM, mas seria melhor ainda falar sobre como tirar o genocida do poder. Com disposição para ampliar alianças com conservadores, o petista ocupou espaço do que chamam erradamente por aí de "centro".

Asssitir às falas de Lula é uma aula de política e poder. Com as palavras de hoje, será quase impossível evitar uma candidatura ao Palácio do Planalto em 2022.

Com tom de esperança e de quem sabe o caminho para chegar lá, Lula falou do futuro com domínio sobre política externa, economia, direitos humanos e meio ambiente. Mostrou sensibilidade sobre os efeitos da pandemia e do desemprego na vida real das pessoas. Foram discurso e entrevista de presidente da República, não do despreparado que está de plantão no Palácio do Planalto.

Com firmeza, ele soube responder às críticas de Ciro Gomes, mas sem ofensas. Deixou Luciano Huck no lugar pequeno que o apresentador de TV merece no debate eleitoral.

Quem gosta de comparar Lula a Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro para ressignificar a sua opinião sobre bobagens escritas e faladas na imprensa a respeito da polarização com falsa equivalência que ganhou a praça. Foi um grande dia para Lula, para a política e para a democracia. Seus possíveis concorrentes à esquerda e à direita têm com o que se preocupar.

O mundo é redondo, e como dá voltas.

Dólar cai 2,50% e Bolsa sobe 1,30% com alívio após discurso de Lula

Em entrevista, o ex-presidente Lula questionou o "medo" do mercado financeiro com uma eventual candidatura dele em 2022       Imagem: Reprodução


Dólar cai 2,50% em dia marcado por discurso de Lula e avanço da PEC Emergencial      Imagem: Getty Images/iStock

Do UOL, em São Paulo
10/03/2021 17h24Atualizada em 10/03/2021 18h32

O dólar comercial fechou hoje (10) em queda e a Bolsa subiu em um dia marcado pelo discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo avanço da PEC Emergencial. A moeda norte-americana teve queda de 2,50% ante o real, cotada a R$ 5,653 na venda, após três dias consecutivos de alta. Foi a maior queda diária da moeda norte-americana desde janeiro.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto. 

Ontem (9), a moeda norte-americana teve alta de 0,33% ante o real, cotado a R$ 5,797 na venda, após abrir em alta de mais de 1%, no maior patamar da moeda norte-americana desde o dia 15 de maio do ano passado, quando atingiu R$ 5,839. 

Já o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, fechou em alta hoje (10). O índice teve valorização de 1,30% aos 112.776,49 pontos, no segundo dia de alta consecutiva. 

As ações da Embraer lideraram os ganhos na Bolsa, com 11,99% de alta. Na outra ponta, os papéis da Suzano caíram 5,46%. Ontem (9), o índice teve valorização de 0,65% aos 111.330,62 pontos. 

O dólar acelerou a queda ante o real e a Bolsa passou a subir ainda mais à medida que investidores analisavam declarações de Lula e o avanço da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo que digeriam dados da inflação nos Estados Unidos. 

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira após a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin de anular condenações de processos da Lava Jato, o que devolveu a Lula seus direitos políticos— o ex-presidente disse que não está pensando no momento em candidatura para a eleição presidencial de 2022, mas reconheceu que será discutida a possibilidade de uma candidatura única de uma frente ampla progressista contra a direita. 

De acordo com Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, o discurso de Lula não contou com nenhuma fala surpreendente, o que pode ter ajudado no arrefecimento da moeda norte-americana. "O mercado temia um discurso mais agressivo, mas seus comentários não fugiram do cenário esperado", disse à Reuters. 

Por ora, a principal preocupação é de que, "com essa expectativa de ter que enfrentar um candidato como Lula ou apoiado pelo petista nas próximas eleições, o governo comece a tomar atitudes mais populistas para garantir mais apoiadores", disse João Paulo Cardoso, sócio da Unnião Investimentos à Reuters. Mas "muita água vai passar por baixo dessa ponte. Pode ser que o jogo vire várias vezes ainda", completou. 

Além disso, outros fatores colaboravam para o arrefecimento do dólar no mercado de câmbio doméstico. "O cenário lá fora está bem mais tranquilo, a PEC Emergencial passou sem maiores problemas (no primeiro turno da Câmara dos Deputados) e o Banco Central ainda atuou com um leilão de dólar à vista", disse Nagem à Reuters. 

Já nos EUA, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou, nesta quarta-feira (10), o gigantesco plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares impulsionado por Joe Biden, uma importante vitória para o presidente no início de seu mandato, que dá um alívio para as empresas e famílias. 

Biden comemorou a aprovação do plano, afirmando que ele dará aos trabalhadores americanos a "chance de lutar". "Esta lei trata de dar à espinha dorsal desta nação - os trabalhadores essenciais, o povo trabalhador que construiu este país, as pessoas que mantêm o país funcionando - uma chance de lutar", reagiu, em nota, o presidente, que deverá sancionar a lei na sexta-feira. 

(Com Reuters).

A entrevista de Lula e sua repercussão

Petista faz primeiros comentários após anulação de condenações na Lava Jato que o tornaram elegível na disputa presidencial de 2022

    Foto; Reprodução

Na segunda, 8, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar quatro ações relativas ao ex-presidente - os casos do triplex de Guarujá, do sítio de Atibaia, da sede do Instituto Lula e de doações da Odebrecht. Desta forma, Fachin anulou todas as decisões de Moro nos respectivos processos, desde o recebimento das denúncias até as condenações, devolvendo a Lula seus direitos políticos e o tornando apto a disputar eleições.

A coletiva do ex-presidente Lula na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ocorre com respeito a uma série de protocolos de segurança. A sede está sem funcionários administrativos e não há apoiadores do ex-presidente ao redor do prédio. Jornalistas, que tiveram de fazer credenciamento prévio, só entram no local após medição de temperatura e limpeza das mãos com álcool em gel. Dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, de diversos países, aguardam o início da coletiva, prevista para as 11h.

A fala do presidente corre em um palco com um grande banner atrás do púlpito de Lula. O cartaz traz frases que devem dar o tom da campanha política do PT daqui para frente: "Vacina para todos e auxílio emergencial ja" e "Saúde, emprego e justiça para o Brasil".

A decisão de Fachin atende, quatro anos depois, as alegações da defesa do ex-presidente, que sempre argumentou não ser de competência da 13ª Vara Federal julgar os casos, já que os mesmos não têm relação direta com a Petrobrás - alvo inicial da Lava Jato. Fachin reconheceu essa alegação em sua decisão de segunda, fato que deve ser explorado no pronunciamento desta manhã.

Como mostrou o Estadão, Lula ainda tem futuro incerto - a decisão de Fachin deve ser alvo de recurso da Procuradoria-Geral da República - e diante disso ainda não deve se assumir candidato à Presidência, apesar de seu discurso ir neste sentido. Como informou Vera Rosa, em sua Supercoluna desta quarta, não foi à toa que o petista escolheu o sindicado dos metalúrgicos, para seu primeiro pronunciamento. Berço do PT, foi de lá que Lula saiu, em abril de 2018, para a prisão em Curitiba.

Segundo Vera, Lula vai tentar assumir a liderança da oposição ao presidente Jair Bolsonaro com um discurso de "salvação nacional", que prega menos armas e mais vacinas. "Nesse retorno à cena política, reabilitado para se candidatar em 2022, Lula foi aconselhado por advogados a não ressuscitar a "jararaca" e a adotar o figurino "paz e amor".


O ex-presidente minimizou as preocupações levantadas pelo mercado financeiro com uma possível volta dele ao poder. “Esse mercado já conviveu com 8 anos de governo meu e 6 anos da Dilma”, lembrou

Lula diz que Ciro Gomes precisa se reeducar: ainda há tempo

“Não é possível alguém passar a ideia de que é tão inteligente, que lê tanto, e ser tão ignorante. Ele acha que é professor de Deus”, disse Lula sobre os ataques de Ciro Gomes


Em coletiva nesta quarta-feira, o ex-presidente fez um alerta sobre o falso “risco Lula” anunciado pela mídia corporativa ao condenar uma possível candidatura do petista em 2022. “Sou radical..


Em coletiva nesta quarta-feira, o ex-presidente Lula alertou sobre o cenário desastroso do governo Bolsonaro no combate à pandemia e combateu o negacionismo em meio a tantas vítimas: “Não siga nenhuma recomendação imbecil do presidente.


Em coletiva de imprensa, ex-presidente Lula definiu como "épica" a edição desta terça-feira (9) do Jornal Nacional, que fez a cobertura do julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro

A repercussão da entrevista de Lula

A histórica entrevista coletiva do ex-presidente Lula nesta quarta-feira (10) após a anulação de suas sentenças no âmbito da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) gera uma grande repercussão nas redes sociais.


Lula concedeu uma histórica entrevista coletiva nesta quarta-feira, se apresentado como o estadista que é. Bolsonaro, por sua vez, acusou o golpe e mudou radicalmente seu discurso negacionista


No primeiro levantamento após a anulação das condenações do ex-presidente Lula, ele empata com Jair Bolsonaro num segundo turno das eleições presidenciais


O ex-ministro esteve ao lado de Lula durante a coletiva realizada no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC


Defensora do golpe contra Dilma e apoiadora do processo persecutório da Lava Jato contra Lula, a jornalista agora elogia o petista, afirmando que sua fala "sensata" explicitou "o quanto o atual...


"Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência e o SUS; o outro defende a cloroquina e um tal de spray israelense", disse Rodrigo Maia em seu Twitter

Aliados de Jair Bolsonaro dizem que o "governo atual ganhou um adversário de peso daqui para frente"


Decisão do ministro Edson Fachin, do STF, anulando todas as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva geraram 2,5 milhões de comentários no Twitter


"Tá pronto, quer e sabe como", analisou o jornalista Kennedy Alencar sobre o discurso do ex-presidente Lula. "Com discurso e entrevista que Lula deu hoje, será quase impossível evitar sua candidatura.

terça-feira, 9 de março de 2021

Guardian, New York Times, Financial Times: imprensa internacional repercute anulação dos processos contra Lula

"O velho inimigo de Bolsonaro retorna para assombrá-lo", escreve Michael Stott para o Financial Times. O New York Times destacou a falha da direita moderada em articular uma candidatura tão forte quanto a de Lula. O Guardian relembrou falas do ex-presidente defendendo uma candidatura que respeite os direitos humanos, proteja o meio ambiente e se comprometa com os mais pobres

Brasil 247, 9/03/2021, 12:10 h Atualizado em 9/03/2021, 15:11
   Manifestação Lula Livre (Foto: Ricardo Stuckert)

A imprensa internacional divulgou amplamente a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular os processos contra o ex-presidente Lula, o que o torna elegível para as próximas eleições presidenciais.

O Financial Times destacou em 'Lula está de volta: o velho inimigo de Bolsonaro retorna para assombrá-lo', por Michael Stott, que a decisão de Fachin derrubou não apenas as condenações de Lula, "mas também grande parte das suposições sobre as chances do presidente de extrema-direita Bolsonaro nas eleições do ano que vem".

A publicação deu destaque para a reação negativa do mercado, que viu o dólar o subir e a bolsa cair com a notícia. A reação negativa é atribuída à possibilidade de, com o cenário atual, "Bolsonaro abandonar qualquer pretensão remanescente de reformas favoráveis ao mercado e se inclinar ainda mais na direção das concessões caras e populistas que aprovou até agora (o texto faz referência à situação da Petrobras), tencionando ainda mais as terríveis finanças do país".

O texto do New York Times aponta que "durante a tumultuada presidência do senhor Bolsonaro, os partidos de oposição falharam em convergir em torno de um político que pudesse desafiá-lo no ano que vem", abrindo espaço para o fortalecimento de Lula no cenário atual.

A reportagem dos correspondentes no Rio de Janeiro relembra que Moro se tornou ministro da Justiça de Bolsonaro, com quem se desentendeu ano passado e agora se encontra isolado.

Já o Guardian, relembrou falas de Lula defendendo uma candidatura de respeito aos direitos humanos, defesa do meio ambiente e que seja comprometida com os mais pobres: "Você pode ter certeza de que a esquerda governará o Brasil novamente depois de 2022", afirmou Lula em abril. "Vamos votar em alguém que se comprometa com os direitos humanos e os respeite, que respeite a proteção do meio ambiente, que respeite a Amazônia ... que respeite os negros e os indígenas. Vamos eleger alguém que está comprometido com os pobres deste país".