sábado, 9 de janeiro de 2021

"A credibilidade do sistema judicial brasileiro depende de anular a condenação de Lula", diz Boaventura

"É bom até para as classes dominantes que o sistema judicial tenha sua credibilidade restaurada. Mas é fundamental também punir Moro e Dallagnol. Eles não podem ficar impunes", defendeu o sociólogo portugues Boaventura de Sousa Santos. Assista sua participação na TV 247

Brasil 247, 9/01/2021, 13:24 h Atualizado em 9/01/2021, 13:37
   Boaventura de Sousa Santos e Deltan Dallagnol (Foto: Guilherme Santos/Sul21 | Fernando Frazão/Agência Brasil)

O sociólogo portugues Boaventura de Sousa Santos participou do programa Bom Dia 247 deste sábado (9) e defendeu que “a credibilidade do sistema judicial brasileiro depende de anular a condenação de Lula”, sentenciado arbitrariamente no âmbito da operação Lava Jato. 

"É bom até para as classes dominantes que o sistema judicial tenha sua credibilidade restaurada. Mas é fundamental também punir [Sérgio] Moro e [Deltan] Dallagnol. Eles não podem ficar impunes", acrescentou o sociólogo. 

Boaventura ainda ressaltou que Moro foi muito bem “recompensado” após servir aos EUA no processo de Lawfare, quando coordenou a operação Lava Jato. 


"Eu previ que Moro teria um grande cargo no Banco Mundial, mas ele está prestando serviços à uma agência de advocacia em Washington. Foi sua grande recompensa”, concluiu. 

Papa diz que deve tomar vacina na próxima semana e condena 'negacionismo suicida'

"Acredito que do ponto de vista ético todos devem ser vacinados, porque você não só põe em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a dos outros", defendeu o Papa Francisco, ao rechaçar movimentos negacionistas contrários a vacina

Brasil 247, 9/01/2021, 16:55 h Atualizado em 9/01/2021, 17:06
   (Foto: Vaticano)

O Papa Francisco, 84, afirmou que deve tomar a vacina contra a Covid-19 na próxima semana e fez críticas aos movimentos negacionistas que pregam fake news na propagação da rejeição à vacina. As declarações foram dadas em entrevista à rede Canale 5, neste sábado (9). A informação é do jornal Folha de S.Paulo. 

"Na próxima semana começaremos [a vacinação], já tenho minha data", disse. "Temos que fazê-lo", insistiu o pontífice, para quem "há um negacionismo suicida que não consigo explicar".

"Acredito que do ponto de vista ético todos devem ser vacinados, porque você não só põe em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a dos outros", seguiu.

Haddad recebe apoios após despedida da Folha, que sai menor do episódio

Após romper com o jornal Folha de S.Paulo, Fernando Haddad recebeu apoio de internautas e seu nome é um dos mais comentados na rede social Twitter. Petista foi agredido depois de defender a candidatura presidencial do Lula, reagindo a um artigo de Eliane Cantanhêde

Brasil 247, 9/01/2021, 15:34 h Atualizado em 9/01/2021, 15:38
   (Foto: Diego Padilha)

Após romper com a Folha de S.Paulo neste sábado e criticar a linha editorial do jornal, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad recebeu apoio de internautas e seu nome é um dos mais comentados na rede social Twitter. 

O ex-prefeito e um dos presidenciáveis petistas publicou neste sábado sua carta de despedida, depois de ser vítima de um ataque rasteiro num editorial do jornal, que não quis se retratar. 

Haddad foi agredido depois de defender a candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reagindo a um artigo de Eliane Cantanhêde, chamado "O pino da granada" e que foi publicado no Estado de S. Paulo, em que ela pressionava os ministros do Supremo Tribunal Federal a não devolver os direitos políticos de Lula, a despeito de todas as evidências de suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

Polícia prende nos EUA trumpista que invadiu o Capitólio com chapéu de chifres, pele de urso e rosto pintado

Angeli, o ativista de extrema-direita do movimento Qanon, composto por negacionistas que são fanaticamente trumpistas, está preso nos Estados Unidos. Foi um dos líderes da invasão do Capitólio e se tornou um personagem ao mesmo tempo macabro e folclórico da tentativa de golpe da última quarta-feira

Brasil 247, 9/01/2021, 17:04 h Atualizado em 9/01/2021, 17:06
   Jake Angeli, com chapéu de chifres, na invasão do Capitólio (Foto: Reuters)

As autoridades federais dos EUA anunciaram neste sábado (9) a prisão do trumpista que se tornou símbolo da invasão ao Capitólio para impedir o anúncio de Joe Biden como presidente do país. O nome dele é Jacob Anthony Chansley, conhecido como Jake Angeli, informa o G1.

Ele entrou no Capitólio sem camisa, vestido com calça bege, chifres, um cocar de pele de urso, pintura facial vermelha, branca e azul e carregando uma lança de 1,80 metro com a bandeira dos Estados Unidos. Foi um dos líderes da invasão do Capitólio e se tornou um personagem ao mesmo tempo macabro e folclórico da tentativa de golpe da última quarta-feira (6)

Momentos antes da sessão no Congresso, Trump disse a uma multidão de apoiadores em Washington que não aceitaria a derrota para Biden. Ele incitou as pessoas a caminharem em direção ao Capitólio, dizendo que iria acompanhá-las – no entanto, não foi visto na marcha. Cinco pessoas morreram durante os episódios de violência na quarta. A última vítima confirmada foi um policial ferido nos confrontos contra aliados de Trump.



Minutos depois de sua foto ser distribuída pelas agências de notícias, houve, no Twitter, uma associação com a banda britânica Jamiroquai, conhecida por trazer nas capas de seus discos um homem com chifres. Os tuiteiros questionam o que diria Jay Kay, vocalista do grupo, se visse a sua “imitação”.

Jake Angeli é um ativista de extrema direita conhecido integrante do movimento Qanon, uma teoria da conspiração completamente infundada. Em sua essência, o QAnon é uma teoria ampla que diz que o presidente Trump está travando uma guerra secreta contra os pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão do governo, do mundo empresarial e da imprensa. Estes integrantes da cúpula do governo dos EUA comporiam um “Deep State” (Estado Profundo), organização que controlaria o poder nos EUA.

Haddad rompe com a Folha de S. Paulo, critica golpismo do jornal e encerra sua coluna no veículo

O presidenciável Fernando Haddad se despediu neste sábado do jornal, depois de ser atacado covardemente num editorial do jornal, que não se retratou

Brasil 247, 9/01/2021, 05:23 h Atualizado em 9/01/2021, 05:23
    Fernando Haddad (Foto: Ricardo Stuckert)

Fernando Haddad não é mais colunista da Folha de S. Paulo. O ex-prefeito e um dos presidenciáveis petistas publicou neste sábado sua carta de despedida, depois de ser vítima de um ataque rasteiro num editorial do jornal, que não quis se retratar. Haddad foi agredido depois de defender a candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reagindo a um artigo de Eliane Cantanhêde, chamado "O pino da granada" e que foi publicado no Estado de S. Paulo, em que ela pressionava os ministros do Supremo Tribunal Federal a não devolver os direitos políticos de Lula, a despeito de todas as evidências de suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

Insatisfeita com a defesa do estado de direito feita por Haddad, a Folha partiu para a agressão, no editorial Filme antigo, publicado em 3 de janeiro. "Fernando Haddad assumiu o papel de poste e a chapa surfou nos votos que Lula ainda era capaz de amealhar, sendo derrotada por Jair Bolsonaro no segundo turno sem conseguir apoios expressivos. Talvez esperançoso por uma nova chance, Haddad lançou no fim do ano passado a candidatura do ex-chefe em 2022, algo que depende de um complexo arranjo legal", escreveu a Folha, que ainda defendeu a tese de Ciro Gomes, que foi para a Paris, de que a "desunião da esquerda" é culpa do PT.

Inconformado e sem direito a uma retratação do jornal, Haddad, que representa um amplo setor da sociedade brasileira, chegou à conclusão de que a Folha segue alimentando o antipetismo, que está na raiz da ascensão fascista no Brasil, e também teses como a da falsa simetria entre ele, moderado professor social-democrata, e um fascista como Jair Bolsonaro. Por isso tomou a decisão de publicar sua carta de despedida, decisão que terá certo custo político, mas que preserva sua coerência.




"Quando fui convidado para ser colunista da Folha, relutei em aceitar. Na época, me incomodava o posicionamento do jornal no segundo turno das eleições de 2018. Pareceu-me uma falsificação inaceitável um órgão de imprensa que apoiou o golpe militar de 1964 equiparar, em editorial, um professor de teoria democrática a uma aberração saída dos porões da ditadura. Àquela altura, a Folha já sabia que a família Bolsonaro era autoritária e corrupta, mas entendia que a agenda econômica neoliberal de Paulo Guedes compensaria o risco. Teria sido mais correto assumir isso publicamente", escreveu Haddad no artigo deste sábado.

"Aceitei o convite, no entanto, porque intuía que o governo Bolsonaro traria graves consequências ao país, o que exigia da parte de todos uma disposição ainda maior ao diálogo. Na semana passada, ocorreu um episódio insólito. Uma jornalista sugeriu, em artigo publicado no Estadão, que o STF mantivesse a condenação de Lula e desconsiderasse as provas de parcialidade de Moro. E por quê? Para evitar que Lula seja candidato em 2022, o que, supostamente, favoreceria a candidatura de Bolsonaro. Reagi, nas redes sociais, afirmando que, diante de tanta infâmia e covardia, restava ao PT reafirmar os argumentos da defesa de Lula e relançá-lo à Presidência", prosseguiu o ex-prefeito.

Ataque ao estilo bolsonarista

"Em editorial, segunda-feira (4/1), este jornal resolveu me atacar de maneira rebaixada. Incapaz de perceber na minha atitude a defesa do Estado de Direito, interpretou-a como tentativa oportunista de eu próprio obter nova chance de disputar a eleição presidencial, ou seja, que seria um gesto motivado por interesse pessoal mesquinho. Simplesmente desconsiderou que, nos últimos dois anos, em todas as oportunidades, inclusive em entrevista recente ao jornal, defendi sempre a mesma posição, qual seja, a precedência da candidatura de Lula", afirmou. "Ao me desqualificar mais uma vez, inclusive com expediente discursivo desrespeitoso, ao estilo bolsonarista, esta Folha demonstra pouca compreensão com gestos de aproximação e sacrifica as bases de urbanidade que o pluralismo exige. Infelizmente, constato que, nos momentos decisivos, a Folha, em lugar de discutir ideias, prefere agredir pessoas de forma estúpida", pontuou.

"O jornal tem méritos que não desconsidero, mas não vejo como manter uma colaboração permanente com este veículo. Por fim, a julgar pelo histórico dos políticos que a Folha veladamente tem apoiado, penso que ela deveria redobrar os cuidados antes de pretender deslegitimar alguém", advertiu. Confira ainda o tweet de Haddad, que motivou o ataque do jornal:

Depois de tanta infâmia, tanta violência, tanta mentira, os caminhos para o Brasil podem se reabrir: #LulaPresidente2022— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) December 29, 2020

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Da água de côco na veia à imunidade praiana, o besteirol de Bolsonaro

"Bolsonaro é um excelente astro de programas humorísticos de besteirol. E a tragédia do Brasil é que o espetáculo mostra direitinho que esse grande comediante está no lugar errado, a presidência da República", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Brasil 247, 8/01/2021, 11:32 h Atualizado em 8/01/2021, 11:33
   Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos - PR)

Por Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

As lives do presidente da República têm dado aos brasileiros momentos impagáveis todas as quintas-feiras às 19 horas – e o que se vê ali seria cômico se não fosse tão trágico. A de ontem, ao lado do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve claramente o objetivo de fazer uma investida contra o discurso dominante na mídia e na sociedade de que o governo vem sendo incompetente no tratamento da pandemia e que está atrasado na vacinação da população contra a Covid-19.

Não, não está atrasado, disseram Bolsonaro e Pazuello, pois o número de doses já apllcadas em outros países é “pífio”. Adivinhem de quem é a culpa por essa percepção de incompetência? Claro, da imprensa. A decisão que desautorizou o ministro quando quis comprar as primeiras doses da “chinesa” Coronavac, em outubro, nunca existiu, a julgar pela narrativa delirante do presidente. Mas, ao lado do constrangido ministro, Bolsonaro continuou desfazendo da vacina, que segundo ele ainda é “experimental”. Então, porque estão gastando bilhões nela?




O espetáculo chega ao nível do nonsense total quando o presidente volta a fazer comentários sobre a doença. Todo mudou ouviu quando ele a chamou de “gripezinha”, mas, pela explicação de ontem, Bolsonaro só usou a palavra para se referir a si mesmo: e é verdade, para ele foi uma “gripezinha”, dado seu passado de atleta. E ele acredita piamente que os atletas se saem muito melhor quando contaminados: “Vocês já viram algum jogados da primeira divisão do Flamengo morrendo de Covid? “, exemplifica ele

Bolsonaro negou ter promovido aglomerações arriscadas na praia do Guarujá neste fim de ano, defendendo a tese de que a ida à praia é positiva. Segundo o presidente, a população que mora em cidades praianas tem tido uma reação muito melhor ao vírus, assim como as pessoas que tomam vitamina D. “A ciência ainda não provou, mas vai provar”, diz. 

O general de divisão que é ministro da Saúde concorda, e aconselha as pessoas maiores de 50 anos a “praticar exercício físicos e ter uma boa alimentação” para enfrentar a pandemia. Será que ele tem ideia de quantos brasileiros podem fazer isso em meio à crise da economia e ao desemprego? Boa parte da preocupação brasileira já começa a se preocupar apenas em ter a refeição seguinte, balanceada ou não”. 

Ria se puder. Em sua incursão por temas médicos em situações de emergência, Bolsonaro lembra de soldados que estariam à morte em locais distantes na Grande Guerra e que, na falta de sangue, receberam transfusões de água de côco. Tudo isso para dizer que se trata de uma bebida inofensiva, que pode ser usada por todos. 

Enquanto presidente, Bolsonaro é um excelente astro de programas humorísticos de besteirol. E a tragédia do Brasil é que o espetáculo mostra direitinho que esse grande comediante está no lugar errado, a presidência da República.

Não perca. Todas às quintas, às 19 horas, no FaceBook. E a performance tende a melhorar na medida em que, como ocorreu esta semana, as pesquisas forem apontando queda na aprovação presidencial. É quando Bolsonaro entra no modo desespero e dá o melhor de si no plano artístico.

Depois de deixar o fascismo rolar solto, Facebook suspende contas de Trump com 60 milhões de seguidores07/01/2021 - 14h53

Viomundo, 07/01/2021 - 14h53

Reprodução



Da Redação

As contas do presidente dos Estados Unidos no Facebook e no Instagram, com quase 60 milhões de seguidores, foram bloqueadas indefinidamente pelas duas plataformas.

O anúncio foi feito pelo empresário Mark Zuckerberg, em nota:

Os chocantes eventos das últimas 24 horas demonstram claramente que o presidente Donald Trump tenciona utilizar o seu tempo restante no cargo para minar a transição pacífica e lícita de poder para o seu sucessor eleito, Joe Biden.

A sua decisão de utilizar sua plataforma para incentivar, em vez de condenar, as ações dos seus apoiadores no edifício do Capitólio perturbou, com justeza, pessoas nos EUA e em todo o mundo.

Removemos estas declarações ontem porque julgamos que o seu efeito — e provavelmente a sua intenção — seria provocar mais violência.

Após a certificação dos resultados das eleições pelo Congresso, a prioridade para todo o país deve ser garantir que os restantes 13 dias de mandato e os dias após a posse [de Biden] sejam pacíficos e de acordo com as regras democráticas estabelecidas.

Nos últimos anos, permitimos que o Presidente Trump utilizasse a nossa plataforma de acordo com as nossas próprias regras, por vezes removendo conteúdo ou rotulando as suas publicações quando violavam as nossas políticas.

Fizemo-lo porque acreditamos que o público tem o direito de acessar o mais amplo discurso político, até mesmo discurso controverso. Mas o contexto atual é fundamentalmente diferente, envolvendo o uso da nossa plataforma para incitar a insurreição violenta contra um governo democraticamente eleito.

Acreditamos que os riscos de permitir que o Presidente continue a utilizar o nosso serviço durante este período são demasiadamente grandes.

Portanto, vamos prolongar o bloqueio que colocamos nas suas contas do Facebook e do Instagram por tempo indeterminado e durante pelo menos as próximas duas semanas, até que a transição pacífica do poder esteja concluída.

O presidente Trump também está impedido, mas temporariamente, de postar no Twitter, onde tem 88 milhões de seguidores.

A decisão de Zuckerberg é inédita em relação a um chefe de Estado.

Antes da mais recente campanha eleitoral nos Estados Unidos, ele foi alvo de fortes críticas da senadora democrata Elizabeth Warren, que se tornou uma das pré-candidatas à Casa Branca.

Warren defende a regulamentação das redes sociais como um serviço público.

Ela argumenta que Zuckerberg, escondendo-se atrás da defesa da liberdade de expressão, lucrou imensamente com mensagens falsas ou meias-verdades difundidas por Trump no Facebook em troca de pagamentos milionários para impulsionamento.

Zuckerberg se defendeu dizendo que não era censor.

Apesar da eleição do democrata Joe Biden, as ideias de Warren sobre as redes sociais não devem ser abraçadas pelo futuro presidente.

A futura vice-presidente Kamala Harris, que era senadora da Califórnia, entrou na chapa como garantidora dos interesses dos bilionários do Vale do Silício.

Talvez antevendo a ação dos donos das redes sociais, apoiadores de Trump tem dito que ele pretende controlar uma empresa de mídia, através da qual possa manter sua relevância na política dos Estados Unidos.

Desaprovação ao governo Bolsonaro sobe em 2021

Taxa vai de 46% para 52% em 15 dias. É a mais alta da série do PoderData. Aprovação oscila de 47% para 44%.  Efeito do fim do auxílio segue incerto

Poder 360, RAFAEL BARBOSA, 06.jan.2021 (quarta-feira) - 19h00
Bolsonaro em cerimônia no Planalto, em dezembro de 2020. Números demonstram piora nas taxas de avaliação do presidente e de seu governoSérgio Lima/Poder360 - 16.dez.2020

Depois de melhorar um pouco no final de 2020, e terminar o ano em alta, a aprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro começa 2021 com uma queda. Subiu de 46% para 52% a taxa dos que desaprovam a administração federal, segundo pesquisa PoderData realizada de 4 a 6 de janeiro.

A desaprovação, de 52%, é a mais alta na série do PoderData, iniciada em junho. A taxa supera inclusive o mau momento enfrentado por Bolsonaro em novembro de 2020, quando o presidente recebeu muitas críticas de candidatos a prefeito de partidos de oposição.

Já a aprovação ao governo oscilou negativamente 3 pontos percentuais, de 47% para 44%. Essa mudança está dentro da margem de erro do levantamento, que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Ainda não há como saber qual será o impacto do fim dos pagamentos do auxílio emergencial para brasileiros de baixa renda. O programa do governo pagou 5 parcelas de R$ 600 e mais 3 extras de R$ 300 para pessoas que foram severamente afetadas pela pandemia. Cerca de 68 milhões foram beneficiados, a um custo total de R$ 292,9 bilhões para os cofres públicos.

Alguns pagamentos residuais do chamado coronavoucher foram realizados em dezembro de 2020, e mais outros serão efetuados agora em janeiro de 2021. A partir de fevereiro, o auxílio estará extinto.

Bolsonaro tem reclamado da falta de dinheiro do governo para oferecer algum tipo de benefício extra neste início de 2021 aos brasileiros de baixa renda. Ele afirma que não há espaço no Orçamento. Disse na 3ª feira (5.jan.2021) que o país está “quebrado”.

Historicamente, melhora a aprovação de governantes no final de cada ano. O mesmo vale para as quedas no princípio. Nos primeiros 3 meses de um novo ano os brasileiros precisam voltar à realidade, pagar contas e enfrentar os aumentos de despesas regulares (IPTU, IPVA, mensalidades escolares). Agora, há também os mais de 14 milhões de desempregados. Em breve, o fim completo dos pagamentos do coronavoucher. Essa conjuntura pode explicar os números negativos para o Planalto.

Outro fato que pode drenar a aprovação da administração federal é a controvérsia cada vez maior sobre vacinação e compra de seringas por parte do governo. Bolsonaro continua dando declarações céticas a respeito de vacinas e não há clareza sobre quando o Ministério da Saúde vai, de fato, iniciar o processo de imunização por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Embora bolsonaristas mais convictos gostem do discurso presidencial, a maioria dos brasileiros quer receber a vacina.

A pesquisa foi realizada pelo PoderData, divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.

Os dados foram coletados de 4 a 6 de janeiro de 2021, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 518 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.

Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.

DESTAQUES DEMOGRÁFICOS: AVALIAÇÃO DO GOVERNO

O estudo destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros em relação ao governo.

Os que cursaram até o ensino fundamental (54%) e os moradores da região Norte (73%) são, proporcionalmente, os que mais aprovam a administração.

Já os que cursaram ensino superior (67%), os moradores da região Nordeste (63%) e os que recebem de 5 a 10 salários mínimos (70%) são os grupos com as maiores taxas de desaprovação.

TRABALHO DE BOLSONARO

O PoderData também perguntou o que os entrevistados acham do trabalho de Bolsonaro como presidente: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.

O levantamento mostra que 44% da população rejeita o chefe do Executivo, taxa que variou 2 pontos percentuais para cima desde o último estudo. A aprovação agora é de 35%, ante 39% 15 dias antes.

DESTAQUES DEMOGRÁFICOS

Leia abaixo os resultados completos, por sexo, idade, região, nível de instrução e renda:

ESTRATIFICAÇÃO POR RENDA

A rejeição entre os desempregados ou sem renda fixa subiu 7 p.p. em 1 mês e se igualou à média geral. O grupo passou meses com percepção mais positiva do que negativa do presidente.

Os mais ricos continuam com as mais altas taxas de rejeição a Bolsonaro.

Os percentuais destacados nesses recortes da amostra total usada na pesquisa se referem ao ponto central do intervalo de probabilidade no qual se enquadram.

As variações são maiores em alguns segmentos porque a amostra de entrevistados é menor. E quanto menor a amostra, maior a margem de erro. Por isso é importante realizar pesquisas constantes, como faz o PoderData. É possível verificar com maior precisão o que se passa em todos os estratos da sociedade.

OS 18% QUE ACHAM BOLSONARO ‘REGULAR’

No Brasil, pergunta-se aos eleitores como avaliam o trabalho do governante. As respostas podem ser: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Quem considera a atuação “regular” é uma incógnita.

Para entender qual é a real opinião dessas pessoas, o PoderData faz um cruzamento das respostas desse grupo com os que aprovam ou desaprovam o governo como um todo.

Os resultados mostram que 59% desse grupo dizem desaprovar o governo quando dadas apenas duas opções. Há 15 dias, eram 34%. Os que aprovam são 39%, ante 45% no último estudo.

Só 1% do grupo, quando dadas apenas duas opções (aprova ou desaprova), não soube responder. Há 15 dias, eram 21%. Esse é o percentual de pessoas sem posicionamento claro. Tendem a ir de um lado para o outro quando a polarização se intensifica.

O conteúdo do PoderData pode ser lido nas redes sociais, onde são compartilhados os infográficos e as notícias. Siga os perfis da divisão de pesquisas do Poder360 no Twitter, no Facebook, no Instagram e no LinkedIn.

Informações deste post foram publicadas antes pelo Drive, com exclusividade. A newsletter é produzida para assinantes pela equipe de jornalistas do Poder360. Conheça mais o Drive aqui e saiba como receber com antecedência todas as principais informações do poder e da política.

Aras assina portaria que determina compartilhamento de dados sigilosos da Lava Jato

A força-tarefa da Lava Jato tem 1.000 terabytes de informações sobre pessoas e empresas, acordos de delação premiada e de leniência. Em 2020, Aras afirmou que operação era uma "caixa de segredos"

Brasil 247, 8/01/2021, 16:28 h Atualizado em 8/01/2021, 17:01
   Augusto Aras e Deltan Dallagnol (Foto: Adriano Machado/Reuters | José Cruz/Agência Brasil)

O procurador-geral da República, Augusto Aras, assinou nesta sexta-feira (8), segundo a Folha de S. Paulo, portaria que determina o amplo compartilhamento interno de dados coletados em investigações conduzidas pelo Ministério Público, incluindo registros sigilosos da Operação Lava Jato.

A portaria foi assinada em conjunto com a corregedora-geral do MPF, Elizeta Ramos, e regulamenta como será realizado o processo de recebimento, o armazenamento e o compartilhamento das informações.

A força-tarefa da Lava Jato de Curitiba tem 1.000 terabytes de material coletado durante a operação, incluindo registros sobre pessoas e empresas, acordos de delação premiada e de leniência. Os dados estão sob posse da Sppea (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise), órgão da PGR (Procuradoria-Geral da República).



Em 2020, Aras chegou a afirmar que a Lava Jato de Curitiba tinha uma "caixa de segredos".

Com a nova determinação, procuradores à frente de investigações podem solicitar à Sppea arquivos para corroborar seu trabalho. Cabe a secretaria reunir documentos e enviar relatório ao procurador que fez a solicitação.

Fala de Ernesto Araújo sobre EUA gera mal-estar e crise no Itamaraty e diplomatas reagem

Em um ato raro, segundo análise do jornalista Jamil Chade, a associação de diplomatas brasileiros respondeu a declaração que insinuava fraude na eleição do país, se distanciando da visão do próprio chefe

8 de janeiro de 2021, 16:19 h Atualizado em 8 de janeiro de 2021, 18:54
   Ernesto Araújo, caos em Washington e Itamaraty (Foto: ABr | Reuters)

A avaliação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a invasão e depredação do Capitólio em Washington gerou reação dos diplomatas no Itamaraty, um movimento considerado “raro”, segundo o jornalista Jamil Chade.

Numa sequência de tweets nesta quinta-feira (7), o chanceler brasileiro minimizou a invasão do Capitólio dos EUA por extremistas estimulados por Trump e disse que “o direito do povo de exigir o bom funcionamento de suas instituições é sagrado”.

Menos de 24 horas depois das postagens, nesta sexta, a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) respondeu aos comentários do chefe da pasta, sem citar seu nome, distanciando-se do posicionamento do aliado de Trump.




"A respeito dos acontecimentos que ocorreram esta semana em Washington-DC, nos EUA, a ADB Sindical registra o entendimento de que manifestações populares são uma dimensão indissociável dos direitos e garantias fundamentais salvaguardados em qualquer regime democrático", disse a ADB. 

"Nas democracias, divergências e insatisfações, sobretudo de natureza política, são inerentes à vida em sociedade e devem ser encaminhadas pacificamente pelas vias institucionais democraticamente criadas para esse fim", afirmam. "O recurso à violência deve ser liminarmente repudiado, quaisquer que sejam seus autores", completam.

Último aliado de Trump, Bolsonaro não condenou o ataque às instituições dos Estados Unidos, ao contrário da grande maioria dos líderes mundiais. Em vez disso, também fortaleceu a tese de fraude na eleição e indicou que o mesmo pode se repetir em 2022 no Brasil.