segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Santos Cruz: com Bolsonaro, "pequeno grupo de extremistas" dividiu a sociedade

O general Santos Cruz, que se tornou um porta-voz da oposição militar a Bolsonaro, critica-o duramente: "(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações"

Brasil 247, 14/12/2020, 10:03 h Atualizado em 14/12/2020, 10:17
   Santos Cruz e Bolsonaro (Foto: ABr)

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, tornou-se um porta-voz informal da oposiçao militar a Bolsonaro e voltou a criticá-lo duramente, em entrevista à Globonews: "(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações".

Santos Cruz adfirmou ser negativa a grande presença de militares, na reserva e na ativa, em cargos do alto escalão do governo, porque isso causa na população a percepção de que há um vínculo institucional entre as forças armadas e o governo, ainda que não haja, segundo ele.

Santos Cruz disse que a gestão da pandemia por Bolsonaro "é uma crise que, desde o início, se caracterizou por xingamento e cloroquina. Politização de medicamento, isso não tem cabimento."



O general classificou de "fanfarronice" e "devaneio" a fala do presidente Jair Bolsonaro após a eleição de Joe Biden nos EUA, quando afirmou que, se acabasse a saliva, "tem que ter pólvora".

Na entrevista, sinalizou que pode apoiar Sergio Moro, caso ele seja candidato nas eleições de 2022: "Eu acho que ele (Moro) é uma personalidade que, sem dúvida, nenhuma trouxe esperança e pode representar uma corrente forte na próxima eleição."

Desaprovação do governo Bolsonaro alcança 48%, diz pesquisa

Levantamento feito pela Quaest Pesquisa e Consultoria, pela internet, apontou que o governo Jair Bolsonaro tem 36% de péssimo e 12% de ruim, totalizando 48% o percentual de eleitores que desaprovam a sua administração. De acordo com os números, 56% disseram que o País está no caminho errado

Brasil 247, 14/12/2020, 12:02 h Atualizado em 14/12/2020, 13:47
   Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos - PR)

Um levantamento feito pela Quaest Pesquisa e Consultoria apontou que a desaprovação do governo Jair Bolsonaro alcança 48% (36% de péssimo e 12% de ruim). De acordo com a pesquisa, 24% aprovam a atual administração (11% de ótimo e 13% de bom). 

Os dados também mostraram que 26% consideram a gestão regular e 2% não opinaram ou não souberam responder. 

Bolsonaro tem melhor avaliação entre as pessoas que ganham mais de cinco até dez salários mínimos (35%) e a pior entre as que recebem mais de dez salários (53%). 
Segundo os números, 56% disseram que o País está no caminho errado. Para 21%, o Brasil está no rumo certo e 22% não souberam ou não responderam. 

Foram entrevistados 1.000 eleitores nos 26 Estados e Distrito Federal. A margem de erro é de 3.1 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa tem um nível de confiança de 95%.

Vacinação começa nos EUA enquanto o Brasil espera, sem data até agora

Vacinação nos EUA acontece pouco após Rússia e o Reino Unido iniciarem a imunização de suas populações. No Brasil, o governo não tem previsão início da vacinação

Brasil 247, 14/12/2020, 13:45 h Atualizado em 14/12/2020, 13:56
   Sandra Lindsay, enfermeira que foi a primeira pessoa a ser vacinada contra Covid-19 nos EUA e Caixas com vacinas contra Covid-19 da Pfizer na UPS Worldport, em Louisville, Kentucky (Foto: Reuters)

A enfermeira norte-americana Sandra Lindsay, que trabalha na unidade de terapia intensiva de um hospital de Nova York, foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a receber a vacina contra Covid-19 produzida pela Pfizer/BioNTech. Vacinação nos EUA, que começou nesta segunda-feira (14), acontece após A Rússia e o Reino Unido iniciarem a imunização de suas populações. No Brasil, o governo não tem previsão de quando uma campanha contra a doença será deflagrada. 

As primeiras 2,9 milhões de doses da vacina começaram a ser enviadas para centros de distribuição em diversos locais dos EUA no domingo, 11 meses após o país registrar os primeiros casos da doença. O imunizante conseguiu ser aprovado emergencialmente pelos órgãos reguladores norte-americanos na última sexta-feira (11), após obter 95% de eficácia em testes clínicas. 

“Não senti nada diferente do que senti quando tomei qualquer outra vacina”, disse Lindsay. “Me sinto esperançosa hoje, aliviada. Sinto que a cura está chegando. Espero que isso marque o início do fim de uma época muito dolorosa da nossa história. Quero instilar a confiança pública de que a vacina é segura”, disse Lindsay após receber a vacina. 




O presidente Donald Trump comentou usou as redes sociais para comentar o caso. em rede social. “Aplicada a primeira vacina. Parabéns, Estados Unidos da América! Parabéns, MUNDO!”, escreveu Trump no Twitter. 

Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos registram 16,258 milhões de infectados e devem ultrapassar a marca de 300 mil mortes pela doença nesta segunda-feira.

domingo, 13 de dezembro de 2020

"[Privatização da Eletrobrás] está sob suspeição, porque querem incluir uma usina isso vai beneficiar os acionistas da Eletrobrás. Quero ver o ministro falar que é mentira", disse o presidente da Câmara, durante palestra no 19º Fórum Empresarial Lide

Brasil 247, 13/12/2020, 15:46 h Atualizado em 13/12/2020, 16:17
   Rodrigo Maia e Paulo Guedes (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados | Marcos Corrêa/PR)

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de direcionar a privatização da Eletrobrás para beneficiar determinados compradores e acionistas.

Durante palestra a no 19º Fórum Empresarial Lide, na sexta-feira (11), Maia criticou a inoperância de Paulo Guedes em relação às privatizações prometidas e fez a grave denúncia.

"Estou procurando as privatizações. Nenhuma. A única que ele colocou está sob suspeição, que é a Eletrobrás. Porque [Guedes] está negociando modelagem para beneficiar acionista, incluindo uma usina que a concessão vence agora", afirmou Maia.

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"Está sob suspeição, porque querem incluir uma usina isso vai beneficiar os acionistas da Eletrobrás. Quero ver o ministro falar que é mentira, porque é a equipe dele que fala isso", acrescentou o presidente da Câmara.

A declaração de Rodrigo Maia foi divulgada pelo deputado Glauber Braga (PSOL), que protestou contra a privatização da Eletrobrás.

Ainda durante sua participação no fórum do Lide, Maia disse que o governo está oferecendo emendas e cargos a parlamentares para votarem em seus indicados.

"Eles falaram muito em limpar a política, em modernizar a política, e eles estão propondo, algo que eu tenho certeza que o Parlamento não vai aceitar, que é se colocar à venda por emenda ou por cargo. Eu tenho certeza que a Câmara vai ser muito maior do que isso e vai eleger um presidente da Câmara independente", disse Maia.

Deputada pede que PGR investigue Pazuello por "ludibriar STF" com assinaturas falsas em plano de vacinação

A deputada Natália Bonavides (PT) protocolou representação contra o ministro da Saúde, após pesquisadores revelarem não ter sido consultados sobre o plano de vacinação que inclui seus nomes

Brasil 247, 13/12/2020, 17:12 h Atualizado em 13/12/2020, 17:19
    Natália Bonavides (PT-RN) (Foto: PT na Câmara)

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) protocolou representação na Procuradoria Geral da República contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por apresentar assinaturas não autorizadas de pesquisadores no plano nacional de imunização contra a Covid-19, apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

"Protocolei representação contra Pazuello por tentar ludibriar o STF ao entregar documento de autoria falsa. Irônico: o governo que difama universidades com fakenews e despreza a ciência tenta, com fraude, se apoderar da credibilidade de cientistas para legitimar plano de vacinação", informou a deputada pelo Twitter

Neste sábado (12), um grupo de 36 cientistas que fazem parte do órgão técnico que assessora o Ministério da Saúde divulgou uma nota conjunta em que diz não ter sido consultado sobre o plano de vacinação.




“O grupo técnico assessor foi surpreendido no dia 12 de dezembro de 2020 pelos veículos de imprensa que anunciaram o envio do Plano Nacional de Vacinação da COVID-19 pelo Ministério da Saúde ao STF. Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz trecho da nota.

Após o mal estar gerado pela revelação, o Ministério da Saúde respondeu dizendo que os pesquisadores cujos nomes constam no plano de vacinação “são técnicos escolhidos como convidados” e a participação deles "foi apenas de cunho opinativo e sem qualquer poder de decisão".

“Esquerda está sendo empurrada para a armadilha da direita vacinada”, diz Alysson Mascaro

Segundo o jurista, a esquerda deve se agarrar à pauta da valorização do SUS, mostrando que Bolsonaro e Doria são iguais no que diz respeito ao sucateamento da principal ferramenta de combate ao coronavírus. “A pergunta central não é a vacina, a pergunta é SUS”, disse. Assista na TV 247

Brasil 247, 11/12/2020, 17:32 h Atualizado em 11/12/2020, 18:18
   Alysson Mascaro e João Doria (Foto: Reprodução | Sergio Andrade/GOVSP)

O jurista e filósofo Alysson Mascaro analisou na TV 247 o debate no país acerca da vacinação contra a Covid-19. Para ele, a esquerda deveria focar unicamente no debate sobre o SUS, enfatizando a importância do sistema público de saúde e evidenciando que tanto Jair Bolsonaro quanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), são equivalentes no que se refere à política de sucateamento do SUS.

“A esquerda está indo de bandeja para a armadilha do João Doria, do Luciano Huck e da direita dita vacinada, que é essa direita que se põe como direita científica. A pergunta central não é a vacina, a pergunta é SUS. É isso que deveria ser a pauta da esquerda do Brasil. Houve aí uma vacina que demanda refrigeradores de menos 70 graus. Aí a resposta das pessoas é a seguinte: essa vacina não dá para comprar no Brasil porque o Brasil é um país quente. Mas desde quando a Inglaterra tem menos 70 graus para armazenar vacina na rua? Não tem. O que dá a possibilidade de ter menos 70 graus para guardar uma vacina é ter um hospital, um container, uma infraestrutura mínima para ter essa geladeira. Então quando se diz que o Brasil é obrigado a escolher a vacina que não precise guardar em 70 graus negativos é porque o Brasil está sucateando sua plataforma de infraestrutura sanitária”, explicou.

Segundo o professor, o debate sobre a vacina é uma briga que deve ser deixada para a direita, enquanto a esquerda faz sua política de valorização e preservação do SUS. “A gente deveria sair desse problema da vacina e deixar esse problema para a direita versus direita. Nosso assunto deveria ser SUS, porque no assunto SUS a direita cheirosa está sucateando de tal modo também a saúde pública do Brasil quanto a extrema direita”.

sábado, 12 de dezembro de 2020

A pandemia que já fecha hospitais não assusta o presidente e sua boiada

"Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai", escreve Gilvandro Filho

Brasil 247, 12/12/2020, 14:08 h Atualizado em 12/12/2020, 14:08
   Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa - PR)

Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia - Nessa sexta-feira, 11, centenas de mães e gestantes deixaram de atendidas pelo CISAM, o Centro de Saúde Amaury de Medeiros, hospital de referência da rede pública do Estado de Pernambucano. A “Maternidade da Encruzilhada”, carinhosa e respeitosamente assim conhecida, pelo bairro onde está localizada, na Zona Norte do Recife, suspendeu o seu atendimento e sabe-se lá quando vai reabrir – espera-se que logo. O motivo: boa parte do seu quadro de profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e funcionários, foi contaminado pelo Coronavírus e contraiu a Covid-19. Alguns, reinfectados.

No mesmo dia, o tenente reformado do Exército, que hoje ocupa, de maneira inadequada, o “comando” da Nação, passeava em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, entregando submarino cuja produção e investimento não tiveram o dedo dele. E, claro, dando entrevistas pra variar desastradas. Um dia antes, ele jactou-se de ser o Brasil o país que “melhor enfrentou” a pandemia que, segundo ele, está “no finzinho”. E não mencionou os 180 mil mortos pela doença que o Brasil alcançava, no mesmo dia. A cavilosa aparição do presidente da TV soou como um deboche, ao estilo de quase todas as suas aparições da mídia, seja qual for o motivo ou a pauta.


Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai. Para ele vale mais arregaçar as mangas na guerra política que mantém contra determinada vacina, de São Paulo, por sua origem ser chinesa.



Vale mais o vale tudo ideológico que inunda os cérebros ocos dos que o seguem, caninamente. Pouco importa o resto. Pouco importa a quantidade absurdamente crescente de brasileiros e brasileiros que predem as duas vidas por conta do “show” que o governo federal acha que deu no trato à maior tragédia sanitária da história da Humanidade.


Na mesma e esquecível semana que teve ainda um bizarra e inoportuna exposição de trajes do primeiro-casal no momento da possa, o presidente zerou a alíquota de importação de armas de fogo, dando prosseguimento ao seu projeto pessoal de armar a população “de bem”, sabe-se lá para que. A retirada de tributos para revólveres e pistolas atende ao lobby fortíssimo que tem na própria “família presidencial” os maiores interessados e os mais ativos porta-vozes. Basta ver as fotos costumeiras, aparentemente desnecessárias, do presidente e seus filhos, posando com vistosas armas na cintura.

Fotos que ilustram bem um país onde cresce o número de assassinatos à medida que se libera o bang-bang. O mesmo país onde se nega educação e saúde, pra não falar mais da segurança. O país que chegou, nessa mesma semana, ao milésimo dia de silêncio das autoridades sobre os mandantes da execução da vereadora Marielle Franco e do seu assessor Anderson Gomes. Crime praticado por elementos já presos, um deles vizinho de condomínio do presidente da República.

Sobre o CISAM, tema que abriu este texto, o Governo de Pernambuco divulgou nota oficial explicando: “O número de afastamento de profissionais nesta semana foi maior do que a capacidade de remanejamento. A reserva técnica atual é insuficiente para suprir a necessidade de 38 enfermeiros e 39 técnicos para recompor as escala”. O Estado, como a maioria da federação está exaurindo a oferta de leitos para pacientes de Covid-19. A “gripezinha” que, segundo o presidente e sua boiada, só assusta “bundões” e “maricas”.

Gilvandro Filho - Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?

Bolsonaro cogita demitir Ernesto Araujo e nomear o golpista Temer para o Itamaraty

Mirando a reeleição, governo pretende levar o MDB, partido tido como independente, para a órbita da aliança com Jair Bolsonaro

Brasil 247, 12/12/2020, 13:03 h Atualizado em 12/12/2020, 13:16
   Michel Temer e Jair Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters | Marcos Corrêa/PR)

Reportagem publicada no portal Veja indica que Michel Temer, que assumiu a presidência após um golpe de estado, é tratado pelo governo como um personagem central para emplacar uma estratégia de ampliar seu leque de apoio político e pavimentar o caminho para a reeleição, em 2022. Temer foi até sondado a ocupar um ministério no governo de Jair Bolsonaro.

A reportagem diz que a proposta, recebida de maneira oficiosa, foi transmitida por Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência e braço direito de Bolsonaro. Em conversa recente, Rochinha indagou o ex-presidente s ele aceitaria assumir o Itamaraty, hoje ocupado por Ernesto Araújo. A solução destravaria dois nós do governo: poderia ser uma solução para levar o MDB, partido tido como independente, para a órbita da aliança com Bolsonaro, ao mesmo tempo em que limaria Araújo do cargo, tirando de cena um importante foco de instabilidade dentro do Executivo.

Após 180 mil mortes, Bolsonaro diz que “liberdade vale mais do que a própria vida”

Em meio à pandemia do novo coronavírus, que já causou 180 mil mortes no Brasil, Bolsonaro voltou mais uma vez a diminuir o fato, dizendo que a “população deve evitar pânico” e que “liberdade das pessoas vale mais do que a própria vida”

Brasil 247, 12/12/2020, 13:58 h Atualizado em 12/12/2020, 14:40
    Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)

Reuters - Jair Bolsonaro afirmou nesse sábado que a população não deve ser tomada pelo pânico e frisou que a liberdade das pessoas vale mais do que a própria vida.

Em meio ao avanço da pandemia de Covid-19 no país, com aumento de casos e óbitos e adoção de medidas restritivas por parte dos governos locais, o presidente da República não falou diretamente sobre a doença.

“Não deixem que pânico nos domine, a nossa liberdade não tem preço, ela vale mais que a nossa própria vida”, afirmou ele em um breve discurso em um formatura da Marinha.




O presidente Bolsonaro ainda fez no discurso uma citação a uma passagem bíblica ao afirmar que “se te mostras fraco no dia da angústia é que tua força é pequena”, mencionando o provérbio “quando o Estado avança sobre direitos e liberdades individuais, dificilmente ele recua”.

Participaram do evento, o vice-presidente, Hamilton Mourão, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa.

A trajetória de Napoleão, o despertar do povo brasileiro e o futuro de Lula


Viomundo, 10/12/2020 - 18h13  FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint
                                Fotos: Wikimedia Commons e Ricardo Stuckert

Vivaldo Barbosa*

Napoleão Bonaparte foi amado e odiado, vitorioso e derrotado. Mas sempre lembrado. Uma das maiores personalidades de toda a História.

Depois de atingir o ápice de suas vitórias, conquistas, glória, Napoleão começou seu calvário ao ser derrotado em Leipzig e teve que voltar para casa.

Seus adversários vieram em seu encalço, invadiram a França, entraram em Paris. Antes, em 1812, Napoleão entrou em Moscou.

Depois, em 1814, o Czar Alexandre entrou em Paris. Napoleão foi enxotado para a Ilha de Elba. Em seu caminho foi xingado, enxovalhado, vaiado.

Menos de um ano depois, Napoleão volta à França, vai recebendo adesões de seus ex-soldados, de seus exércitos, do povo e até da classe política que o havia destronado.

Todos passaram a lembrar-se do bem que havia feito à França e aos franceses, diante do descalabro e da catástrofe que foram seus sucessores.

As ideias e os feitos da Revolução Francesa que Napoleão havia ajudado a propagar e levar para o mundo, o orgulho nacional afirmado, os benefícios alcançados pelo povo, o bem estar geral, a dignidade de um povo e de um País, o Código Civil, em meio a erros e contradições em que ele se meteu. O povo francês o elegeu novamente em plebiscito nacional.

Durou pouco, Cem Dias, veio Waterloo, a pá de cal, e as forças estrangeiros o derrubaram de vez.

À medida que o tempo foi passando, o prestígio de Napoleão foi sendo recuperado, o seu papel para a França e os franceses foi sendo melhor compreendido, voltou a ser amado e reconhecido até por críticos anteriores.

Em todos os cantos, nos diversos extratos sociais, acima de tudo no povo, o amor a Napoleão era cada vez mais forte. E por toda a Europa e em diversas partes do mundo. Ao lado de ódios intransponíveis, claro.

Após décadas, seus restos mortais voltaram para a França e ele foi recolocado como o grande herói, a grande referência na França. Mesmo com sérios defeitos que carregava.

Lula, no Brasil, foi amado intensamente, saiu do governo com mais de 80% de aprovação, mas sofreu ataques virulentos, viveu o seu calvário por um judiciário parcial, acovardado, com conexões com os Estados Unidos e inteiramente entregue aos meios de comunicação.

Chegou ao disparate de ser preso para que pudessem tomar o poder para realizar o projeto conservador, fisiológico, entreguista, de retirada de direitos que se abateu sobre o Brasil e o nosso povo.

Hoje, tudo isso é um fracasso: um governo inerte, deixando o brasileiro naufragar na pandemia, o projeto neoliberal dá mostras que não resolve os dramas da nação e o sofrimento do povo. Como em todas as épocas, em todos os lugares.

Incompetentes e até tresloucados governam, colocam-se submissos aos interesses dos Estados Unidos e dos grupos econômicos.

O conservadorismo, e seu braços mais forte de atuação política, os meios de comunicação, vivem dilemas: dizem não gostar do Bolsonaro mas amam seu governo neoliberal, entreguista e concentrador.

Não encontram saída: o herói que fabricaram está se desmanchando. Só lhes resta continuar massacrando Lula e mantê-lo fora, exilado ou em Elba ou em Santa Helena, para onde mandaram Napoleão.

O povo está percebendo, lembrando-se do que foi feito de melhor para a vida dele e de quem o fez: o aumento dos salários, a superação da pobreza e da miséria, avanços na educação, em ciências, os filhos nas escolas técnicas e nas faculdades, mais comida na mesa, água para os nordestinos, mais casas para muitas famílias.

O orgulho de um Brasil que caminhava, que podia dar certo. E de outras coisas.

Isto é lento, o poder dos meios de comunicação e de quem manda no Brasil é muito forte, mas vem vindo com força irreversível, incontrolável.

As eleições agora foram por questões locais.

As próximas, nacionais, vão tocar na vida do brasileiro e ele vai se lembrar da vida que começou a ter e da desgraça que veio depois.

O povo vai reconhecendo de maneira cada vez mais forte o papel que Lula teve na sua vida. Esperem e verão.

* Vivaldo Barbosa é advogado, professor e coordenador do Movimento O Trabalhismo. Brizolista e trabalhista histórico, foi deputado federal constituinte pelo PDT e secretário da Justiça de Brizola.