terça-feira, 22 de setembro de 2020

Um farsante nas Nações Unidas

"O temido discurso de abertura nas Nações Unidas não decepcionou: a mentira predominou em praticamente todas as declarações", escreve a jurista Carol Proner sobre o pronunciamento de Jair Bolsonaro na ONU. "Bolsonaro nos envergonhou mais uma vez, nos humilhou diante de chefes de Estado e de autoridades de todo o mundo"

Brasil 247, 22/09/2020, 16:03 h Atualizado em 22/09/2020, 19:53
   Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa - PR)

Esta é a grande semana da diplomacia mundial, que celebra os 75 anos de existência da Organização das Nações Unidas, entidade criada para a promoção da paz, a cooperação internacional e a contenção das guerras. Se, de lá pra cá, é verdade que o mundo não viveu uma nova guerra mundial, também não significa que tenha sido um lugar pacífico. 

Os conflitos e as catástrofes humanitárias prosseguem por outros meios: da guerra do Vietnam às ocupações africanas, passando por ditaduras militares com forte ingerência externa, intervenções “ditas” humanitárias, revoluções coloridas e golpes de novo tipo, formas inéditas de conflito prosperam sem cessar e comprometem a vida de milhares de seres humanos. 

A iminência de uma nova guerra fria como ameaça à sobrevivência humana esteve entre os destaques na abertura da ONU, dados os sinais cada vez mais hostis no contexto das guerras comerciais e na corrida armamentista entre as grandes potencias. Mas a tônica deste aniversário não poderia ser outra se não a da pandemia da Covid-19. 

O Secretario Geral, Antonio Guterres, destacando o desafio das soluções multilaterais e cooperativas para lidar com a pandemia, ressaltou o fracasso do populismo e do nacionalismo. Aliás, o discurso oficial da entidade parecia sob medida para os Estados Unidos e para o Brasil, ou diretamente para Trump e Bolsonaro, governantes que ostentam o macabro pódio de primeiro e segundo lugar na responsabilidade pelas mortes por Covid-19. 

A violação do dever de proteger a população já vem sendo apontada, por relatores e organismos da ONU, como em franco descumprimento pelo Brasil, em especial a vida e a saúde das populações mais vulneráveis. Como já comentamos em outra oportunidade, são mais de 50 denúncias em órgãos internacionais contra o atual governo, e o país será alvo, em breve tempo, de uma avalanche de relatórios desabonadores que trarão consequências em cascata para a imagem e a economia do Brasil.

Alguns efeitos já vêm sendo sentidos, mesmo antes da conclusão dos relatórios oficiais. Produtores brasileiros já enfrentam dificuldades em comprovar o cumprimento dos critérios ambientais, sociais e de governança. Até mesmo setores do agronegócio se queixaram, em carta recente enviada a Bolsonaro (com copia a Mourão, aos ministros da agricultura, do meio ambiente e da ciência e tecnologia, e até mesmo para embaixadas de países europeus), alertando para os riscos no descontrole na proteção ambiental. Entre as ações propostas pela JBS, Klabin, Natura, Unilever, entre outras empresas, esta a “intensificação de ações de fiscalização e punição dos responsáveis por órgãos como o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e a Funai”. É no mínimo curioso que, num país como o Brasil, o agronegócio chegue ao ponto de pedir fiscalização do Ibama e da Funai.

E Jair Bolsonaro, como responde diante do mundo? 

O temido discurso de abertura nas Nações Unidas não decepcionou: a mentira predominou em praticamente todas as declarações. Porém, algumas mentiras foram mais ultrajantes que outras. É espantosa a coragem de dizer que o enfrentamento à Covid-19 foi da forma correta, combinando preocupação com a vida e com o desemprego. E os eventuais maus resultados? Responsabilidade delegada aos governadores e prefeitos. E quanto aos problemas meio-ambientais, os incêndios da Amazônia e do Pantanal, Bolsonaro jura que fiscaliza, combate, protege e atribuiu, como culpa pelas queimadas, aos hábitos vitais dos caboclos e dos índios. Talvez o único momento em que tenha dito à verdade foi quando admitiu a ampliação do uso da hidroxicloroquina no trato da Covid e da subalternidade explícita aos Estados Unidos no trato com a Venezuela, ambas práticas que colocam em risco a vida da população.

Pois bem, Bolsonaro nos envergonhou mais uma vez, nos humilhou diante de chefes de Estado e de autoridades de todo o mundo. E sem as salvaguardas imperialistas que dá a Donald Trump o direito de fazer pouco da ONU, o Brasil pagará caro.

Carol Proner é Doutora em Direito, professora da UFRJ, diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF

Flávio Bolsonaro falta a acareação no Rio, mas grava em Manaus música com teor sexual para ser exibida em horário para crianças

Zoando com a cara da Justiça

Viomundo, 21/09/2020 - 20h48
   Reprodução de montagem fotográfica disseminada no twitter

O procurador Eduardo Santos de Oliveira Benones, do Ministério Público Federal, disse que “toda pessoa que desobedece injustificadamente a uma ordem de uma autoridade legalmente constituída, comete o crime de desobediência”.

Ainda assim, Flávio Bolsonaro faltou a uma acareação com o empresário Paulo Marinho marcada para acontecer no Rio.

Ele alegou que tinha compromisso em Manaus.

A defesa do senador disse que, por causa do mandato de senador, ele tem o privilégio de escolher local, data e hora.

“Essa possibilidade foi levantada há cerca de um mês, por escrito, diretamente ao MPF, que não quis alterar a data apesar de expressa disposição legal. Hoje a defesa ingressou com nova petição, sugerindo a data de 05/10/2020 para a realização do ato”, escreveu a defesa em nota.

O empresário Paulo Marinho, candidato do PSDB a prefeito do Rio, foi um importante cabo eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018.

Ele alega que, entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2018, Flávio foi avisado por um delegado bolsonarista da Polícia Federal de que estava em preparação a Operação Furna da Onça.

A operação teria sido adiada para preservar Jair Bolsonaro.

O alvo central dela foi a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde Flávio foi deputado estadual e teria operado, com a ajuda do laranja Fabrício Queiroz, o esquema de rachadão que financiou despesas pessoais e possivelmente eleitorais do clã Bolsonaro.

No rachadão, Queiroz depositou 89 mil reais na conta da primeira dama Michelle Bolsonaro. No mesmo esquema, parentes da ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, fizeram 4.294 saques de 500 reais em dinheiro, totalizando R$ 2,1 milhões. Há indícios de que eles eram funcionários fantasmas do gabinete de Flávio na Alerj e ajudaram o clã a desviar dinheiro público.

“Eu não sei se ele está mentindo. Eu estou dizendo a verdade. Se a tese dele é frontalmente contrária ao meu relato, provavelmente ele está mentindo”, disse Paulo Marinho a jornalistas depois da acareação fracassada.

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro compareceu a uma gravação do programa de Sikêra Jr. em Manaus, ao lado do irmão Carlos Bolsonaro.

No programa, que é exibido em horário livre, ambos cantaram ao lado de um burro de pelúcia um improviso de caráter sexual e homofóbico:

“Todo maconheiro dá o anel”.


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Bolsonaro perdido: um dia depois de vetar Renda Brasil, volta atrás e autoriza criação do programa

"Não adianta agora a gente especular do que vai tirar, onde que vai cortar, mas estou autorizado pelo presidente, ele me deu sinal verde", disse o relator do Orçamento da União para 2021, senador Márcio Bittar

Brasil 247, 16/09/2020, 14:18 h Atualizado em 16/09/2020, 16:53
   Bolsonaro deve ser operado para retirada de cálculo nas próximas semanas, diz médico (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O relator do Orçamento da União para 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), afirmou que Jair Bolsonaro autorizou a inclusão de despesas com um novo programa social em seu relatório. Nesta terça-feira (15), Bolsonaro anunciou que não iria insistir na criação do Renda Brasil, que consistia na ampliação do Bolsa Família, e que o assunto estava proibido de ser discutido internamente pelo governo até 2022.

“Tomei café da manhã com o presidente da República e fui solicitar ao presidente se ele me autorizava a colocar dentro do Orçamento a criação de um programa social que possa atender milhões de brasileiros que foram identificados ao longo da pandemia e estavam fora de qualquer programa social. O presidente me autorizou”, disse Bittar nesta quarta-feira (16) conforme reportagem do G1.

Segundo o parlamentar, o momento não é de "especular" sobre a origem dos recursos que serão empregados para viabilizar o novo programa social que deverá ser apresentado na próxima semana.

"Não adianta agora a gente especular do que vai tirar, onde que vai cortar, mas estou autorizado pelo presidente, ele me deu sinal verde. E, a partir de agora, vou conversar com os líderes do governo no Senado e na Câmara, conversar com a equipe econômica. Mas, a semana que vem, a ideia é apresentar um relatório que tenha as PECs e a criação desse programa”, disse.

Pantanal arde em chamas, mas governo Bolsonaro mandou só 290 militares para combatê-las

Enquanto o Pantanal é cada vez mais consumido pelo fogo, o governo federal enviou somente 290 militares para combater os incêndios. Segundo o Inpe, a destruição chegou a quase 3 milhões de hectares no bioma, mas Jair Bolsonaro acusa criminosamente os indígenas por uma das maiores crises ambientais do País

Brasil 247, 17/09/2020, 09:28 h Atualizado em 17/09/2020, 10:41
   Jair Bolsonaro e militares apagando foto no Pantanal (Foto: PR | TC Blondé/Exército Brasileiro)

Enquanto o Pantanal é cada vez mais consumido pelo fogo, o governo Jair Bolsonaro enviou somente 290 militares para combater os incêndios. De acordo com o Ministério da Defesa, há 200 militares em cidades no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na terça-feira (15) foram enviados mais 90 militares para Alcinópolis (MS). Outros 230 agentes de órgãos civis, como Ibama e ICMBio, também ajudam nas operações. A informação foi publicada na coluna de Guilherme Amado

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a destruição chegou a quase 3 milhões de hectares no Pantanal, o equivalente à área da Bélgica, na Europa. Bolsonaro, no entanto, tem ignorado os incêndios no bioma e, nesta quarta-feira (16), acusou os indígenas do País.

Leia a reportagem do Brasil 247:

Bolsonaro voltou a minimizar a quantidade gigantesca de incêndios que destroem Pantanal, Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Ele justificou o “fenômeno” falseando dados do ano passado: “ano passado, quase não pegou fogo, sobrou uma massa enorme de vegetais bons para isso que está acontecendo agora".

A reportagem do portal Uol destaca que "Jair Bolsonaro (sem partido) falou que existem "críticas desproporcionais" ao conversar com apoiadores sobre as queimadas no Pantanal e na Amazônia. Assim como fez no ano passado, o mandatário citou como exemplos os incêndios florestais em outros países e regiões. "(Existem) críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal. A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil", comparou ao chegar no Palácio da Alvorada hoje.”

A matéria ainda informa: "sobre a causa dos incêndios, o presidente repetiu o argumento já utilizado de que o fogo é gerado, principalmente, por causas naturais. "Pega fogo, né? O índio taca fogo, o caboclo, tem a geração espontânea. Lá na Amazônia, no Pantanal, a temperatura média é 43 graus. Ano passado, quase não pegou fogo, sobrou uma massa enorme de vegetais bons para isso que está acontecendo agora", afirmou o presidente na conversa com apoiadores."

domingo, 13 de setembro de 2020

Israel anuncia lockdown por três semanas devido a grande crescimento dos casos de Covid-19 no país

Netanyahu anunciou neste domingo que será decretado um lockdown (bloqueio) nacional de três semanas em uma tentativa de combater crescimento dos casos de Covid-19 em Israel -há mais de 4 mil novos casos por dia. Ele disse ainda que o bloqueio poderá ser estendido

Brasil 247, 13/09/2020, 18:10 h Atualizado em 13/09/2020, 18:15
    Benjamin Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou neste domingo (13) que será decretado um lockdown (bloqueio) nacional de três semanas em uma tentativa de combater novos casos crescentes de Covid-19, informou a AFP. Aliado de Bolsonaro, Netanyahu não tem adotado uma postura negacionista em relação à pandemia.

"Hoje, na reunião do governo, chegamos a uma decisão sobre um lockdown estrito (bloqueio) por três semanas, com a opção de ser estendido", disse ele em um comunicado transmitido pela televisão.

O bloqueio começará às 1100 GMT na sexta-feira, poucas horas antes do início do Ano Novo Judaico e das Grandes Festas.

"Nosso objetivo é interromper o aumento, reduzir o contágio", que ultrapassou o limite de 4.000 novos casos por dia, disse Netanyahu.

De acordo com as diretrizes de bloqueio a serem finalizadas nos próximos dias, as reuniões em ambiente fechado serão limitadas a 10 pessoas e as realizadas ao ar livre a 20, significando que as orações nas sinagogas serão severamente afetadas.

Os restaurantes devem ser fechados para refeições no local e o movimento das pessoas será limitado a 500 metros da casa.

"Eu sei que essas medidas vão cobrar um preço alto de todos nós", disse Netanyahu.

Auditoria independente comprova que escritório de Zanin e Teixeira prestou serviços à Fecomércio

Auditoria da MGI SengerWagner Auditores Independentes na prestação de serviços do escritório de Cristiano Zanin e Roberto Teixeira para a Fecomércio afirmou que a documentação tem "total regularidade em relação ao escopo contratado, à contabilização e aos aspectos fiscais relacionados"

Brasil 247, 13/09/2020, 17:37 h Atualizado em 13/09/2020, 18:15
   Cristiano Zanin Martins e Marcelo Bretas (Foto: Filipe Araújo | ABr)

Conjur - No ataque à advocacia coordenado pelo Ministério Público Federal e pelo juiz federal Marcelo Bretas, o escritório Teixeira Zanin Martins Advogados foi acusado de simular serviços com a Fecomércio do Rio de Janeiro. Porém, auditoria independente feita na banca atestou a regularidade dos procedimentos e dos honorários recebidos por eles.

Em maio de 2018, o escritório enviou à Fecomércio documentos relativos à sua atuação junto à entidade e ao Sesc e ao Senac do Rio, geridos por ela, no período de 2012 até àquele momento.

A banca contratou a MGI SengerWagner Auditores Independentes para fazer a revisão dos pagamentos feitos pela Fecomércio e dos serviços jurídicos que constam nos sistemas de informática do escritório no período.

No relatório, a que a ConJur teve acesso, a auditora, após analisar todas faturas emitidas e recebidas naquele intervalo, afirmou que os documentos têm "total regularidade em relação ao escopo contratado, à contabilização e aos aspectos fiscais relacionados". A empresa também disse que as faturas foram devidamente contabilizadas, com o regular recolhimento de impostos devidos.

Além disso, a MGI SengerWagner examinou a movimentação bancária do escritório e verificou que todos os valores que entraram na sua conta estavam em conformidade com as quantias e datas das faturas. De acordo com a auditora, quase não houve saques em dinheiro das contas. Os únicos valores retirados em espécie foram baixos, com o objetivo de suprir o caixa para pequenas despesas.

A empresa ainda constatou, por meio dos registros e sistemas do escritório, haver material que comprova a prestação de serviços à Fecomércio.

A auditora concluiu o relatório afirmando que "a documentação examinada demonstrou total regularidade contábil, fiscal, de controles internos e relativa à prestação de serviços ao cliente Fecomércio".

Tentativas de intimidação

O advogado Cristiano Zanin Martins, alvo de busca e apreensão em seu escritório e residência, afirmou nesta quarta-feira (9/9), em entrevista exclusiva à TV ConJur, que a investida teve como objetivo intimidar e acovardar a advocacia. 

"O principal alvo [da operação] foi o Estado Democrático de Direito. O que aconteceu hoje foi um dos maiores ataques à advocacia que tivemos notícia em nosso país. Não é a primeira vez que a 'lava jato' tenta nos intimidar e fazer com que deixemos a defesa do ex-presidente Lula. A 'lava jato' não gosta do exercício da garantia constitucional do direito de defesa", afirmou. 

A investigação tem como base a delação de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio. O empresário já foi preso duas vezes e vinha tentando acordo de delação desde 2018 — que só foi homologado, segundo a revista Época, depois que ele concordou acusar grandes escritórios de advocacia. Em troca da delação, Diniz ganha a liberdade e o direito de ficar com cerca de US$ 1 milhão depositados no exterior.

Na denúncia aceita por Bretas, o MPF listou 77 endereços de escritórios, empresas e casas de advogados. O órgão tentou justificar a investida contra profissionais da advocacia afirmando que os pagamentos feitos pela Fecomercio aos escritórios coincidiram com "aquisições de carros e imóveis de luxo no país". Os fatos narrados pelo MPF teriam ocorrido entre 2012 e 2018.

Para Zanin, não há materialidade nas acusações de Diniz. "O uso de delatores como instrumento para alcançar alvos pré-determinados é uma metodologia que a 'lava jato' se utiliza desde o começo da operação. Já denunciei isso inúmeras vezes e provei que essa metodologia é espúria, mas é a receita da 'lava jato'". 

Ainda segundo ele, "tudo aquilo que está dito na denúncia é absolutamente inverídico, é uma falácia, é uma inverdade". "O fato é que nós fizemos um contrato com uma entidade privada, prestamos todos os serviços, que podem ser vistos no sistema do nosso escritório. Diante dessa situação, eu penso que a única justificativa para isso que aconteceu é realmente uma tentativa de fazer com que os advogados desistam de utilizar suas prerrogativas e desistam da própria advocacia."

Salles desmonta meio ambiente e gasta apenas 0,4% do orçamento destinado a fortalecer o setor

O levantamento foi feito pelo Observatório do Clima, que aponta a necessidade da verba para ações como o combate à mudança do clima, prevenção aos efeitos da desertificação, a política de proteção da biodiversidade e a promoção da qualidade ambiental urbana

Brasil 247, 13/09/2020, 05:10 h Atualizado em 13/09/2020, 05:10
Queimadas atingem área da Amazônia em Porto Velho; Jair Bolsonaro e Ricardo Salles (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Marcos Corrêa/PR)

Da Rede Brasil Atual – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, gastou R$ 105.409 nas ações diretas do orçamento entre janeiro e agosto deste ano. O valor corresponde a 0,4% da verba total que deveria ser destinada para fortalecer a política ambiental do governo federal.

O levantamento foi feito pelo Observatório do Clima, que aponta a necessidade da verba para ações como o combate à mudança do clima, prevenção aos efeitos da desertificação, a política de proteção da biodiversidade e a promoção da qualidade ambiental urbana.

A nota técnica da entidade afirma que o projeto de Ricardo Salles “é não fazer política ambiental, seja paralisando o que vinha sendo executado, seja não iniciando novos projetos que tenham a devida concretude”.

Os dados também mostram que, dos R$ 2,6 milhões autorizados para ações de educação ambiental, foi gasto apenas 0,1%, ou seja, R$ 4.300. Além disso, as políticas para as metas brasileiras sobre o clima tiveram R$ 6.363 gastos, o que representa 2,5% dos R$ 253,4 mil autorizados.

“Os números indicam que não estamos longe do plano inicial de Jair Bolsonaro de extinguir o Ministério do Meio Ambiente, porque na prática a pasta está parada”, afirma Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima.

Desmonte de Salles

A entidade sustenta que a agenda ambiental urbana, que o ministro Salles diz defender, teve baixa execução de orçamento: recebeu R$ 12,1 milhões, mas executou R$ 18,5 mil até agosto deste ano – o que representa 0,1%.

O Observatório do Clima afirma que a falta de execução não é um problema da pandemia de covid-19, já que a Controladoria Geral da União (CGU), ao analisar os gastos do Ministério, em 2019, disse “não ser possível avaliar se os resultados apresentados foram satisfatórios e consistentes, porque não havia um instrumento de planejamento para aquele ano”.

“O governo Bolsonaro e, com destaque, o Ministro Ricardo Salles adotaram a ruptura como primeiro movimento nas políticas públicas, sem ter propostas alternativas previamente estabelecidas para substituir o que vinha sendo realizado pelos governos anteriores”, critica a nota técnica da entidade.

O aumento das queimadas na Amazônia, no começo deste ano, e também no Pantanal, nas últimas semanas, mostram como o Brasil desmontou as políticas ambientais, desde a posse do ministro Ricardo Salles. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por exemplo, registrou mais de 7,6 mil focos de queimadas na Amazônia nos primeiros 28 dias de agosto de 2020 – um recorde para qualquer mês desde que o monitoramento começou a ser realizado, em 1998.

Igreja Universal teve movimentações atípicas de quase R$ 6 bilhões em apenas um ano

Na investigação do MP, a igreja de Edir Macedo é citada por ter chamado a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) após movimentar R$ 5.902.134.822 entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019

Brasil 247, 13/09/2020, 04:58 h Atualizado em 13/09/2020, 05:10
   Jair Bolsonaro recebe as bênçãos de Edir Macedo (Foto: Reprodução)

Sputnik – Movimentações atípicas realizadas pela Igreja Universal do Reino de Deus, totalizando quase R$ 6 bilhões, chamaram a atenção do Ministério Público do Rio de Janeiro para possíveis envolvendo a IURD.

A informação consta de um documento enviado à Justiça pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MPE-RJ, Ricardo Ribeiro Martins, obtido pelo G1. Na petição, a igreja é citada por ter chamado a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) após movimentar R$ 5.902.134.822 entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019.

As suspeitas sobre a IURD têm relação direta com o escândalo do QG da Propina, que está sendo investigado pelo MP na prefeitura do Rio de Janeiro. Entre os alvos da operação, está o prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal e aliado do empresário investigado Rafael Alves, que ganhou fama por mensagens nas quais ameaçava revelar supostos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o prefeito, sua família e a igreja. Alves é apontado como um ator influente no governo municipal e suspeito de arrecadar propina com a conivência de Crivella. 

​Segundo o MP, outro nome importante na trama é o de Mauro Macedo, primo do fundador da IURD, Edir Macedo, que coordenou campanhas de Crivella e é suspeito de ter recebido Caixa 2 e de aliciar empresários para diferentes tipos de corrupção.

Para o Ministério Público, ainda de acordo com o G1, seria "verossímil concluir" que a Igreja Universal está sendo "utilizada como instrumento para lavagem de dinheiro fruto da endêmica corrupção instalada na alta cúpula da administração municipal".

Especialistas apontam vários erros na denúncia aceita por Bretas contra advogados

Denúncia que atingiu grandes nomes da advocacia, como Cristiano Zanin Martins, tem erros de competência e falhas até mesmo na imputação de crimes

Brasil 247, 13/09/2020, 05:30 h Atualizado em 13/09/2020, 10:39
   Cristiano Zanin e Marcelo Bretas (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Arquivo/Agência Brasil)

Por Sérgio Rodas, do Conjur – Ao apresentar denúncia contra advogados por contratos firmados com a Fecomércio à Justiça Federal, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro tentou contornar entendimento dos tribunais superiores de que os casos envolvendo o Sistema S devem ser julgados pela Justiça Estadual.

Além disso, também há jurisprudência firmada no sentido de que dirigentes de entidades do grupo não são nem podem ser equiparados a funcionários públicos. Portanto, nem os dirigentes, nem quem com eles fizerem negócios podem ser acusados de crimes contra a administração pública, como peculato ou corrupção.

Essas são algumas das ilegalidades, apontadas por especialistas, do ataque à advocacia promovido por meio de denúncia apresentada pelo MPF e chancelada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Bretas expediu 50 mandados de busca e apreensão contra advogados, cumpridos na quarta-feira (9/9).

A denúncia foi montada com base na delação de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio, do Sesc e do Senac do Rio de Janeiro. Encurralado pelo Ministério Público Federal, Diniz só conseguiu fechar acordo de delação após prometer acusar grandes escritórios de advocacia, segundo a revista Época. Em troca, ele ganha a liberdade e o direito de ficar com cerca de US$ 350 mil depositados no exterior.

O MPF argumenta que a Fecomércio gastou R$ 151 milhões com advogados para obtenção de "facilidades" em processos em curso no Conselho Fiscal do Sesc Nacional, no TCU e no Judiciário. O órgão tenta justificar a competência da Justiça Federal afirmando que as entidades do Sistema S seriam "paraestatais", com recursos provenientes de contribuições obrigatórias que compõem a carga tributária federal e com compras submetidas a regras de licitação.

Porém, criminalistas ouvidos pela ConJur explicam que a competência para casos envolvendo entidades do Sistema S é da Justiça Estadual. O professor da USP Pierpaolo Cruz Bottini diz que há precedentes dizendo que, quando as verbas das contribuições, ao serem recebidas pela entidade, passam a integrar seu patrimônio, deixando de ser bens da União. "Portanto, se houver irregularidade, a competência é da Justiça Estadual, e não da Justiça Federal."


Pela jurisprudência, os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado e, portanto, os crimes em seu desfavor não seriam de competência da Justiça Federal. Esse entendimento tem origem na Súmula 516 do Supremo Tribunal Federal, editada em dezembro de 1969, com a seguinte redação: "O Serviço Social da Indústria (Sesi) está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual."

Em fevereiro, o ministro do STF Luiz Edson Fachin julgou inviável a tramitação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 396, ajuizada pela Confederação Nacional do Transporte contra a orientação jurisprudencial que confere à Justiça Estadual a competência para o julgamento de ações penais envolvendo recursos recebidos por entidades integrantes do Sistema S.

Em sua decisão, Fachin afirmou que o objetivo da ADPF era fixar a competência da Justiça Federal com base no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, que atribui aos juízes federais atribuições para processar e julgar crimes políticos e infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.

Ocorre que, segundo a jurisprudência do Supremo, a fixação dessa competência deve ser feita caso a caso, porque o conceito de interesse (única abertura que o texto permite para, em tese, expandir a competência) depende de situações individualizadas. Fachin explicou que, nos termos do dispositivo constitucional apontado, cabe à própria Justiça Federal delimitar, inicialmente, o alcance de sua competência e que eventual divergência entre juízes de diversas jurisdições comuns deve ser resolvida pelo Superior Tribunal de Justiça.

"É uma aberração que a Justiça Federal esteja conduzindo o caso. Parece-me que criaram artificialmente algo pra atrair a competência da Justiça Federal e assim ‘legitimar’ a jurisdição federal", critica o advogado Alberto Zacharias Toron.

Acusação equivocada

Os réus foram acusados de crimes contra a administração pública, como peculato e corrupção. Porém, os dirigentes de Fecomércio, Sesc ou Senac não são funcionários públicos nem podem ser equiparados a eles, afirmam Bottini e Toron.

O criminalista Davi Tangerino entende que os dirigentes dessas entidades podem ser funcionários públicos por equiparação. Contudo, isso não torna o dinheiro automaticamente um bem público, ressalta. E só haverá peculato ou corrupção se o bem integrar patrimônio estatal.

Em 2019, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça aceitou parcialmente o recurso em Habeas Corpus (RHC 111.060) de Lázaro Luiz Gonzaga, ex-presidente da Fecomércio de Minas Gerais para afastar a sua condição de servidor público e, em consequência, trancar a ação penal que tramita contra ele em relação aos crimes de peculato, corrupção passiva e fraude à licitação.

Conforme destacado pelo relator do caso, ministro Joel Ilan Paciornik, a jurisprudência da 5ª Turma, alinhada a decisões do STF, entende que não se aplicam aos dirigentes do Sistema S a Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) e o capítulo I do Título XI do Código Penal (o qual tipifica os crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral).

Em um dos precedentes mencionados (RHC 90.847), a 5ª Turma assinalou que o artigo 327, parágrafo 1º, do Código Penal equipara a servidores públicos quem exerce cargo, emprego ou função em entidades paraestatais, mas estas não integram a administração pública. "Ademais, o produto das contribuições, ao ingressar nos cofres dos serviços sociais autônomos, perde o caráter de recurso público, não havendo se falar em dinheiro público ou particular, mas sim próprio", disseram os ministros naquele julgamento.

sábado, 12 de setembro de 2020

Lula: 'os EUA nunca aceitaram o Brasil como ator internacional'

Em entrevista à emissora Russia Today, o ex-presidente alerta que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos teve participação ativa no Golpe de 2016 que levou à queda de de Dilma

Brasil 247, 12/09/2020, 11:57 h Atualizado em 12/09/2020, 16:48
   Ex-presidente Lula (Foto: Felipe Gonçalves - 247)

PT - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu sua primeira entrevista depois do histórico pronunciamento do Dia da Independência, em que acusou o governo de Jair Bolsonaro de ser submisso aos Estados Unidos. Na entrevista ao programa Going Underground, transmitido neste sábado, 12 de setembro, pela emissora russa volta a tratar do papel dos americanos na América Latina e acusa o país de nunca ter aceitado o protagonismo internacional do Brasil desde a chegada do PT ao poder, em 2003.

aceitado o protagonismo internacional do Brasil desde a chegada do PT ao poder, em 2003.

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A Russia Today aponta que ao chegar ao Palácio do Planalto, há 17 anos, Lula foi responsável por tirar 20 milhões de seus compatriotas da pobreza e de investir em educação. Na entrevista, Lula critica a resposta do governo Bolsonaro e analisa o papel dos médicos cubanos na luta contra o coronavírus. Ele também fala da perseguição judicial que sofreu por obra de setores do Ministério Público Federal e do ex-juiz federal Sérgio Moro, que o condenou à prisão e, em seguida, virou ministro de Bolsonaro.


Lula trata ainda do papel do Departamento de Estado dos EUA, da CIA e do Departamento de Justiça dos EUA na deposição de Dilma Rousseff da Presidência da República. Ele também aponta o papel abusivo e ilegal de Moro e do procurador Deltan Dallagnol, além de relembrar as conquistas de sua administração no combate à fome. Ele também condena as tentativas de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos e a estrutura oligárquica da mídia no Brasil.