quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Salles posta vídeo sobre Amazônia com imagens da Mata Atlântica

Ministro demonstrou total desconhecimento sobre pasta que ocupa e postou em suas redes sociais um vídeo sobre a Amazônia contendo imagens da Mata Atlântica

Brasil 247, 10/09/2020, 09:01 h Atualizado em 10/09/2020, 11:21
   Ricardo Salles (Foto: Reprodução | Carolina Antunes/PR)

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cometeu uma nova gafe nesta quinta-feira (10) ao mostrar completo desconhecimento sobre a pasta que é responsável. 

Ele compartilhou em suas redes sociais um vídeo negacionista da entidade ruralista Associação de Criadores do Pará com imagens do mico-leão-dourado, animal que vive exclusivamente na Mata Atlântica. 

No vídeo, o mico pergunta: "Você está sentindo cheiro de fumaça? Claro que não, pois a Amazônia não está queimando novamente."

Segundo o portal UOL, o conteúdo contradiz dados do próprio Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão do governo, que contabilizou 29.307 focos de calor no mês passado na Amazônia, um dos piores resultados nos últimos dez anos.

Nassif: altas do arroz têm uma explicação tão óbvia que é inacreditável como a mídia cobriu o episódio

O jornalista Luís Nassif, editor do GGN, afirma que “as altas do arroz têm uma explicação óbvia. Mas tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio. Antes de avaliar os reais motivos da inflação, ele ainda destaca os argumentos da Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do Secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida

Brasil 247, 10/09/2020, 10:21 h Atualizado em 10/09/2020, 11:21
   Jornalista Luis Nassif (Foto: Editora 247)

O jornalista Luís Nassif, editor do GGN, avalia que “as altas do arroz têm uma explicação óbvia. Mas tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio, aceitando acriticamente os argumentos do Secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, e da Ministra da Agricultura Tereza Cristina”.

Segundo a explicação do jornalista, “com a pandemia, países que pensam em seus cidadãos seguraram as exportações, para garantir o abastecimento interno. Com isso, houve redução na oferta mundial, elevando os preços do arroz”. “Ao mesmo tempo, houve uma grande desvalorização do real, tornando os preços do arroz, em reais, muito mais atraentes, quando exportados”, acrescenta. 

Nassif ainda destaca os argumentos da Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do Secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. “Do lado de Tereza Cristina, a explicação de que o produtor de arroz sofreu muito nos últimos anos e, agora, está tendo a oportunidade de se recuperar. Do lado de Sachsida a explicação simplista de que o governo colocou muito dinheiro nas mãos do pobre, que passou a comer mais”, escreve.

Zanin promete revelar mais coisas sobre a Lava Jato, incluindo como seus integrantes foram "indevidamente remunerados"

Alvo de uma ação determinada pela Lava Jato do Rio, o advogado Cristiano Zanin Martins, que lidera a defesa do ex-presidente Lula, disse em suas redes sociais que não irá se intimidar e prometeu inclusive revelar aspectos ainda ocultos da operação

Brasil 247, 1/09/2020, 04:44 h Atualizado em 10/09/2020, 05:19

"Meu trabalho como advogado em 20 anos de carreira, atuando em casos diversos, está amplamente registrado. Em 2004 fiz minha primeira sustentação oral no Plenário do STF. Ainda vou mostrar muitas coisas sobre a Lava Jato, inclusive como seus membros foram indevidamente remunerados", postou o advogado Cristiano Zanin Martins, na noite de ontem, em seu Twitter, sinalizando que não irá se intimidar. Confira, abaixo, entrevista concedida por ele à TV Conjur e saiba mais sobre o caso:

Um dos pontos mais importantes da nota divulgada pelo advogado Cristiano Zanin Martins diz respeito aos serviços prestados por seu escritório à Fecomércio, no âmbito de uma disputa comercial com a Confederação Nacional do Comércio. “De acordo com laudo elaborado em 2018 por auditores independentes, todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ pelo meu escritório entre 2011 e 2018 estão devidamente documentados em sistema auditável e envolveram 77 (setenta e sete) profissionais e consumiram 12.474 (doze mil, quatrocentas e setenta e quatro) horas de trabalho. Cerca de 1.400 (mil e quatrocentas) petições estão arquivadas em nosso sistema. Além disso, em 2018, a pedido da Fecomércio-RJ, entregamos cópia de todo o material produzido pelo nosso escritório na defesa da entidade, comprovando a efetiva realização dos serviços que foram contratados. Os pagamentos, ademais, foram processados internamente pela Fecomércio/RJ por meio de seus órgãos de administração e fiscalização e foram todos aprovados em Assembleias da entidade — com o voto dos associados.” 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Lula: 'o povo não consegue comprar arroz e a prioridade do governo são os fazendeiros'

Ex-presidente comentou no Twitter a alta do arroz, que chega a ser vendido agora por R$ 42,99 nos supermercados brasileiros. "O povo precisa ter dinheiro para comprar comida", disse Lula

Brasil 247, 09/09/2020, 19:37 h Atualizado em 09/09/ de setembro de 2020, 20:34
     (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O ex-presidente Lula comentou no Twitter nesta quarta-feira (9) a alta no preço do arroz, que chega a ser vendido agora por R$ 42,99 em supermercados brasileiros. Lula condenou a preocupação do governo Jair Bolsonaro com os fazendeiros, que recebem subsídio para a exportação de alguns produtos, enquanto o povo não consegue adquirir os alimentos necessários para a sobrevivência.

"O povo não tá conseguindo comprar 1 kg de arroz. O preço não para de subir. Enquanto isso a prioridade do governo são os grandes fazendeiros que recebem subsídio para exportar soja e milho", escreveu.

Lula disse ainda lembrar de quando era presidente e ouvia relatos de queda no preço do arroz. "Sempre lembro da minha felicidade quando era presidente e alguém me falava que o preço do Tio João tinha baixado... 'Ô Lula, você viu que o arroz tá 8 reais?!'. Nossa como eu ficava feliz. O povo precisa ter dinheiro para comprar comida".

"Sabemos o quanto esse Supremo foi ameaçado", discursa Moraes na presença de Bolsonaro

Jair Bolsonaro compareceu de surpresa ao Supremo para acompanhar a última sessão do ministro Dias Toffoli na presidência da Corte

Brasil 247, 09/09/2020, 18:35 h Atualizado em 09/09/2020, 18:49
   Jair Bolsonaro e Dias Toffoli (Foto: Reprodução/TV Justiça)

Durante participação na última sessão do ministro Dias Toffoli na presidência do STF, Jair Bolsonaro ouviu críticas veladas de ministros da Corte.

Bolsonaro chegou ao plenário do Supremo por volta das 17h acompanhado de alguns ministros exatamente quando o ministro Alexandre de Moraes elogiava Toffoli pela coragem diante do inquérito das fake news e falava sobre ameaças aos magistrados.

"Vossa excelência teve coragem de defender o tribunal, de defender o Judiciário, não só os membros do tribunal, mas a autonomia, tomando medidas que foram criticadas e depois elogiadas, como quase todas as grandes medidas e inovações. Soube fazer o correto mesmo que criticado fosse, do que deixar por comodidade. Não faltou coragem de manter histórica tradição na defesa dos direitos e garantias fundamentais, apesar das dificuldades econômicas, pandemia. Sabemos o quanto esse Supremo foi ameaçado, o quanto os ministros foram ameaçados e os familiares foram ameaçados. Tínhamos instrumento, dentro da Constituição, que permitiu reação rápida, e só foi possível graças à coragem de vossa excelência. Não existe Poder Judiciário independente, autônomo, se seus juízes não tiverem garantia física e moral. E vossa excelência garantiu isso a todo o Judiciário", disse Moraes.

O ministro Edson Fachin afirmou que Toffoli é “um democrata que respeita a autoridade, mas rejeita o arbítrio” e Gilmar Mendes falou que o legado do ainda presidente do STF fortalece a democracia.

Invasão da minha casa foi mais uma arbitrariedade e retaliação, diz advogado Roberto Teixeira

"Todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ estão devidamente comprovados e documentados e os pagamentos correspondentes foram todos realizados na forma da lei", afirma em nota o advogado, um dos principais alvos de operação da PF nesta quarta-feira

Brasil 247, 09/09/2020, 16:17 h Atualizado em 09/09/2020, 17:41
   Roberto Teixeira (Foto: Divulgação)

O advogado Roberto Teixeira, por meio de nota, afirmou que a operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (9), ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, foi mais uma "arbitrariedade e retaliação" contra ele. Bretas tem buscado se colocar como herdeiro do lavajatismo em crise.

Acusado de fazer parte de um suposto esquema de desvio de recursos da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ), o advogado afirmou que "todos os serviços prestados" à entidade estão "devidamente comprovados e documentados".

Leia a nota de Roberto Teixeira na íntegra:

Nota do advogado Roberto Teixeira 

A agressiva operação deflagrada hoje de autorizar a invasão da minha casa é mais uma das arbitrariedades e retaliações contra minha atuação profissional. 

As acusações lançadas pelo Ministério Público ignoram – e desrespeitam cruelmente – toda minha trajetória jurídica, em um caminho pautado pelo estudo, dedicação, combatividade, ética e probidade, em 50 anos servindo e honrando a justiça e a advocacia. 

Todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ estão devidamente comprovados e documentados e os pagamentos correspondentes foram todos realizados na forma da lei. 

É lamentável testemunhar tamanha infração aos princípios basilares do estado democrático de direito. 

09 de Setembro de 2020 

Roberto Teixeira

Ofensiva de Bretas segue tradição de ilegalidades e abuso de poder da Lava Jato, diz Grupo Prerrogativas

"A tentativa de criminalização da advocacia, a partir de delação premiada de um dos investigados, revela o caráter autoritário e ilegal que marca a atuação do sistema de justiça brasileiro nos últimos anos", denuncia, por meio de nota, o Grupo Prerrogativas acerca de operação da PF desta quarta-feira

Brasil 247, 09/09/2020, 17:47 h Atualizado em 09/09/2020, 18:49
   Juiz Marcelo Bretas (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil | Reuters)

O Grupo Prerrogativas, formado por diversos juristas renomados, divulgou nota nesta quarta-feira (9) condenando a operação da Polícia Federal ocorrida no mesmo dia contra advogados.

Para o grupo, a decisão do juiz Marcelo Bretas de realizar buscas e apreensões em diversos escritórios de advocacia bem como nas casas de profissionais da área "segue a longa tradição de ilegalidades e abuso de poder" da Lava Jato.

A nota diz ainda que "a tentativa de criminalização da advocacia, a partir de delação premiada de um dos investigados, revela, mais uma vez, o caráter autoritário e ilegal que marca a atuação do sistema de justiça brasileiro nos últimos anos".

Leia a nota do Grupo Prerrogativas na íntegra:

Nota do Grupo Prerrogativas

A mais nova fase da autodenominada Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, com a deflagração de busca em diversos escritórios de advocacia, além de denúncia em face de advogados, segue a longa tradição de ilegalidades e abuso de poder que vem caracterizando a famigerada operação.

A tentativa de criminalização da advocacia, a partir de delação premiada de um dos investigados, revela, mais uma vez, o caráter autoritário e ilegal que marca a atuação do sistema de justiça brasileiro nos últimos anos.

Além disso, a competência para eventual processo e julgamento de questões afetas a esse tema pertence à justiça estadual.

Adicione-se a tudo isso, o fato de que os relatos produzidos pelo delator em relação a indivíduos com foro especial, foram descartados pela Procuradoria-Geral da República.

Chama a atenção, por fim, a realização espetaculosa de busca e apreensão com denúncia já ofertada, com cobertura midiática tantas vezes usada pela Lava Jato, de modo a promover a condenação prévia dos investigados, exemplo típico de pirotecnia processual.

O combate ao crime não prescinde do respeito às formas jurídicas. Os melhores fins não justificam quaisquer meios. O devido processo legal e a presunção da inocência devem sempre prevalecer. Só há legitimidade na persecução penal caso estejam presentes as garantias constitucionais dos investigados e réus.

A criminalização do exercício da advocacia e a estigmatização prévia de acusados são intoleráveis e revelam a degradação da democracia e do Estado de direito. Havendo investigações relacionadas a condutas de advogados, estás devem observar os limites legais e jamais deteriorar a integridade da profissão e de suas prerrogativas.

Sem advocacia livre e respeitada em suas prerrogativas, não pode haver justiça.

Kennedy Alencar: Bretas é uma mistura de Moro com Witzel

O jornalista Kennedy Alencar alertou que o juiz Marcelo Bretas é uma mistura do ex-juiz Sergio Moro com o governador do Rio de Janeiro afastado, Wilson Witzel. “O estrago que o bolsonarismo faz no Brasil só está começando”, disse

Brasil 247. 09/09/2020, 13:38 h Atualizado em 09/09/2020, 13:56
      (Foto: Brasil 247 | ABr | Reuters)

O jornalista Kennedy Alencar alertou em suas redes sociais nesta quarta-feira (9) que o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas é uma “mistura [do ex-juiz] Sergio Moro com [o governador do Rio de Janeiro afastado, Wilson] Witzel”. 

O jornalista também disse que Bretas é “candidatíssimo a uma vaga no Supremo Tribunal Federal”. 

“Como alertou a Michelle Obama, as coisas sempre podem piorar, acreditem. O estrago que o bolsonarismo faz no Brasil só está começando”, acrescentou. 

Saiba mais 

Em mais um capítulo da perseguição judicial ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi preso político durante 580 dias, o Ministério Público, em aliança com o juiz Marcelo Bretas, agora acusa seus próprios advogados de comandarem uma quadrilha. O método é o que foi usado à exaustão durante o auge da Lava Jato: uma operação espetaculosa com o vazamento de informações que deveriam ser mantidas sob sigilo para os jornalistas “amigos”.

A Operação Lava Jato está nas ruas para cumprir mandados de busca e apreensão contra escritórios de advocacia. Um deles é o de Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula. Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas e também miram os escritórios da mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, de Tiago Cedraz e de Cesar Asfor Rocha.

Os escritórios e outras empresas são investigados por desvio de cerca de R$ 355 milhões do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ). Os desvios teriam acontecido entre 2012 e 2018.

"Ação contra Zanin é reação da Lava Jato ao pronunciamento de Lula", diz Tereza Cruvinel

“As derrotas de Deltan Dallagnol e o pronunciamento do ex-presidente Lula mexeram com a direita”, afirmou a jornalista Tereza Cruvinel no Bom Dia 247, ao comentar a ordem do juiz da Lava Jato Marcelo Bretas, que determinou que a PF invadisse o escritório de Cristiano Zanin, advogado de Lula, entre outros

Brasil 247, 09/09/2020, 10:46 h Atualizado em 09/09/2020, 10:53
   Tereza Cruvinel, Cristiano Zanin e Lula (Foto: Roque de Sá/Agência Senado | Ricardo Stuckert | Felipe Gonçalves/247)

“As derrotas de Deltan Dallagnol e o pronunciamento do ex-presidente Lula mexeram com a direita”. Essa é a conclusão da jornalista Tereza Cruvinel ao avaliar a ordem do juiz Marcelo Bretas, que expediu mandado nesta quarta-feira (9) de buscas no escritório de Cristiano Zanin, advogado de Lula, entre outros escritórios.

“Querem ofuscar as derrotas da Lava Jato, como a emergência de Lula no cenário político”, acrescentou a jornalista em participação no programa Bom Dia 247 desta quarta-feira (9). 

Ela refere-se ao pronunciamento histórico que o ex-presidente Lula realizou no dia 7 de setembro, em defesa do Brasil e dos brasileiros, que gerou repercussão internacional e ofuscou o pronunciamento de Jair Bolsonaro.

Rio de Janeiro

Em sua visão, o candidato a prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) também é “vítima desta manipulação” do Judiciário. 

Liderando as pesquisas no cenário eleitoral da prefeitura carioca, Paes foi vítima de mandado de busca e apreensão em sua residência nesta terça-feira (8), em uma ação do Ministério Público contra o político. 

Saiba mais
 
Em mais um capítulo da perseguição judicial ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi preso político durante 580 dias, o Ministério Público, em aliança com o juiz Marcelo Bretas, agora acusa seus próprios advogados de comandarem uma quadrilha. O método é o que foi usado à exaustão durante o auge da Lava Jato: uma operação espetaculosa com o vazamento de informações que deveriam ser mantidas sob sigilo para os jornalistas “amigos”.

A Operação Lava Jato está nas ruas para cumprir mandados de busca e apreensão contra escritórios de advocacia. Um deles é o de Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula. Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas e também miram os escritórios da mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, de Tiago Cedraz e de Cesar Asfor Rocha.

Os escritórios e outras empresas são investigados por desvio de cerca de R$ 355 milhões do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ). Os desvios teriam acontecido entre 2012 e 2018.

Zanin denuncia “atentado à advocacia” de Bretas e diz que juiz agiu para favorecer o clã Bolsonaro

Alvo de uma operação determinada nesta manhã pelo juiz Marcelo Bretas, o advogado Cristiano Zanin Martins reagiu com indignação e soltou uma nota duríssima em que acusa Bretas de agir a serviço do bolsonarismo; ele também garante que tem a comprovação de todos os serviços prestados à Fecomércio

Brasil 247, 09/09/2020, 10:53 h Atualizado em 09/09/2020, 10:53
  Cristiano Zanin Martins e Marcelo Bretas (Foto: Filipe Araújo | ABr)

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e é também um dos autores do livro “Lawfare”, que denuncia o uso do aparato judicial para perseguições políticas, soltou uma nota duríssima, em que denuncia o “atentado à advocacia” do juiz Marcelo Bretas e sua “retaliação”. Ele também garante ter a comprovação de todos os serviços prestados por seu escritório à Fecomércio. Leia abaixo:


1. Atentado à advocacia e retaliação. A iniciativa do Sr. Marcelo Bretas de autorizar a invasão da minha casa e do meu escritório de advocacia a pedido da Lava Jato somente pode ser entendida como mais uma clara tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho como advogado, que há tempos vem expondo as fissuras no Sistema de Justiça e do Estado Democrático de Direito. É público e notório que minha atuação na advocacia desmascarou as arbitrariedades praticadas pela Lava Jato, as relações espúrias de seus membros com entidades públicas e privadas e sobretudo com autoridades estrangeiras. Desmascarou o lawfare e suas táticas, como está exposto em processos relevantes que estão na iminência de serem julgados por Tribunais Superiores do país e pelo Comitê de Direitos Humano da ONU. O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente Jair Bolsonaro e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao Senador Flavio Bolsonaro. A situação fala por si só.

2. Comprovação dos serviços. De acordo com laudo elaborado em 2018 por auditores independentes, todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ pelo meu escritório entre 2011 e 2018 estão devidamente documentados em sistema auditável e envolveram 77 (setenta e sete) profissionais e consumiram 12.474 (doze mil, quatrocentas e setenta e quatro) horas de trabalho. Cerca de 1.400 (mil e quatrocentas) petições estão arquivadas em nosso sistema. Além disso, em 2018, a pedido da Fecomércio-RJ, entregamos cópia de todo o material produzido pelo nosso escritório na defesa da entidade, comprovando a efetiva realização dos serviços que foram contratados. Os pagamentos, ademais, foram processados internamente pela Fecomércio/RJ por meio de seus órgãos de administração e fiscalização e foram todos aprovados em Assembleias da entidade — com o voto dos associados.

3. Natureza dos serviços prestados. Nosso escritório, com 50 anos e atuação reconhecida no mercado, foi contratado a partir de 2012 para prestar serviços jurídicos à Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), que é uma entidade privada que representa os milhares de empresários e comerciantes daquele Estado. A atuação do escritório em favor da Fecomércio/RJ e também de entidades por ela geridas por força de lei — o Sesc-RJ e do Senac- RJ —, pode ser constatada em diversas ações judiciais que tramitaram perante o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal de Justiça, do Supremo Tribunal Federal, e também em procedimentos que tramitam no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e perante outros órgãos internos e externos à entidade. Em todos os órgãos judiciários houve atuação pessoal e diligente do nosso escritório.

A atuação do nosso escritório deu-se um litígio de grandes proporções, classificado como uma “guerra jurídica” por alguns veículos de imprensa à época, entre a Fecomércio/RJ e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), duas entidades privadas e congêneres de representação de empresários e comerciantes. Cada uma delas contratou diversos escritórios de advocacia para atuar nas mais diversas frentes em que o litígio se desenvolveu.

4. Abuso de autoridade. Além do caráter despropositado e ilegal de autorizar a invasão de um escritório de advocacia e da casa de um advogado com mais de 20 anos de profissão e que cumpre todos os seus deveres profissionais, essa decisão possui claros traços de abuso de autoridade, pois: (a) o seu prolator, o Sr. Marcelo Bretas, é juiz federal e sequer tem competência para tratar de pagamentos realizados por uma entidade privada, como é a Fecomercio/RJ, e mesmo de entidades do Sistema S por ela administrados por força de lei; a matéria é de competência da Justiça Estadual, conforme jurisprudência pacífica dos Tribunais, inclusive do Superior Tribunal de Justiça; (b) foi efetivada com o mesmo espetáculo impróprio a qualquer decisão judicial dessa natureza, como venho denunciando ao longo da minha atuação profissional, sobretudo no âmbito da Operação Lava Jato; (c) foi proferida e cumprida após graves denúncias que fiz no exercício da minha atuação profissional sobre a atuação de membros da Operação Lava Jato e na iminência do Supremo Tribunal Federal realizar alguns dos mais relevantes julgamentos, com impacto na vida jurídica e política do país. Ademais, foge de qualquer lógica jurídica a realização de uma busca e apreensão após o recebimento de uma denúncia — o que mostra a ausência de qualquer materialidade da acusação veiculada naquela peça.

5. Esse abuso de autoridade, aliás, não é inédito. A Lava Jato, em 2016, tentou transformar honorários sucumbenciais que nosso escritório recebeu da Odebrecht, por haver vencido uma ação contra a empresa, em valores suspeitos — e teve que admitir o erro posteriormente. No mesmo ano, a Lava Jato autorizou a interceptação do principal ramal do nosso escritório para ouvir conversas entre os advogados do nosso escritório e as conversas que eu mantinha com o ex-presidente Lula na condição de seu advogado, em grave atentado às prerrogativas profissionais e ao direito de defesa. Não bastasse, em 2018 a Lava Jato divulgou valores que o nosso escritório havia recebido a título de honorários em decorrência da prestação de serviços advocatícios.

Todas as circunstâncias aqui expostas serão levadas aos foros nacionais e internacionais adequados para os envolvidos sejam punidos e para que seja reparada a violação à minha reputação e à reputação do meu escritório, mais uma vez atacadas por pessoas que cooptaram o poder do Estado para fins ilegítimos, em clara prática do lawfare — fenômeno nefasto e que corroeu a democracia no Brasil e está corroendo em outros países.

São Paulo, 9 de setembro de 2020 Cristiano Zanin Martins