quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Joice Hasselmann acusa Eduardo e Carlos Bolsonaro de coordenar milícias virtuais e usar dinheiro público

Em depoimento à CPMI das Fake News, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) fez uma apresentação em PowerPoint para mostrar como funciona o "gabinete do ódio" que, segundo ela, é coordenado por Carlos e Eduardo Bolsonaro, ambos filhos de Jair Bolsonaro, para espalhar fake news e memes contra adversários políticos. Segundo ela, a milícia virtual é financiada “com milhões"

Brasil 247, 04/12/2019, 16:20 h Atualizado em 0/12/2019, 16:23

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) está depondo nesta quarta-feira (4) na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News e acusou Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de ser o principal coordenador de uma rede de ataques e divulgação de boatos nas redes sociais e aplicativos de troca de mensagens.

A parlamentar fez uma apresentação em PowerPoint para mostrar a investigação sobre a chamada “milícia virtual” e afirmou que há um grupo organizado e financiado “com milhões” que ataca de maneira orquestrada alvos definidos por integrantes do que chama de “gabinete do ódio”, que seria formado por pessoas do clã Bolsonaro e tentou minimizar o papel de Bolsonaro no esquema.

“Quero crer que o presidente [Bolsonaro] não sabe [dos ataques orquestrados], mas pelo que vocês vão ver nas mensagens do gabinete do ódio, o deputado Eduardo Bolsonaro está envolvido e é uma das lideranças”, disse.

Ela também acusou o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) de coordenar essa milícia. “As instruções era passadas pelo gabinete do ódio. Principalmente pelo Eduardo e assessores ligados a ele. Carlos [Bolsonaro] também teve muita atividade, mas está com o freio de mão puxado”, garante.

A ex-líder do governo no Congresso, que rompeu com o clã após não apoiar Eduardo Bolsonaro para a liderança da bancada,apresentou prints de conversas do grupo do Gabinete do Ódio no Instagram. 

Segundo ela, o “gabinete do ódio” é formado por Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz, que recebem cerca de R$ 491 mil para produzir fake news e memes contra ex-aliados e adversários políticos.

“Eles tem uma tabela para fazer ataques coordenados em cada dia. […] Eles começaram esse trabalho construindo narrativas mentirosas. […] Eles vão até que passa da linha do que aceitável e vão para o crime virtual”, detalhou Hasselmann, que ainda citou o perfil “BolsoFeios”, comandado por Carlos Eduardo Guimarães.

Joice disse ainda que sites laranjas são usados para divulgar as fake News e citou dois deputados do PSL que ele defende que deveriam ser investigados pela polícia. “Participação do Douglas Garcia e do Gil Diniz, isso merece uma boa operação da Polícia”, afirmou.

A @tvcamara acabou de cortar a transmissão da fala de Joice Hasselmann @joicehasselmann sobre os crimes de fake news, que ocorre na CPMI. Como assim???

Como operam as milícias digitais e quem são os seus chefes? A Joice Hasselmann está expondo o esquema na #CPIdasFakeNews inclusive com prints de conversas nos grupos privados do bolsonarismo

MP do Rio diz que defesa de Flavio Bolsonaro faz falsas alegações

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) divulgou nota nesta quarta-feira (4) para “rechaçar falsa alegação da defesa do senador Flavio Bolsonaro" de que o órgão solicitou informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem que houvesse uma investigação formal em andamento.

Brasil247, 05/12/2019, 05:44 h
Flavio Bolsonaro (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Logo depois que o Supremo Tribunal Federal definiu regras para compartilhamento de dados sigilosos sem prévia autorização judicial, o Ministério Público do Rio de Janeiro divulgou nota rechaçando alegações da defesa de Flavio Bolsonaro. 

O MP do Rio de Janeiro foi a público rechaçar as alegações da defesa do filho de Jair Bolsonaro, que considerou falsas, informa o Estado de S.Paulo

A defesa de Flaviio Bolsonafro alega que o órgão solicitou informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem que houvesse uma investigação formal em andamento. 

“A defesa do hoje senador Flávio Bolsonaro – deputado federal (na verdade, estadual) à época – voltou a alegar que as informações teriam sido solicitadas pelo MPRJ ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem que houvesse uma investigação formal em andamento, o que configuraria quebra de sigilo. Afirma ainda a defesa que tais dados teriam sido requeridos via e-mail”, diz nota do Ministério Público.

“A esse respeito, e para não mais deixar dúvidas sobre sua atuação dentro dos parâmetros legais, o MPRJ divulga o Ofício nº 40.340, da Unidade de Inteligência Financeira (UIF, que substituiu o Coaf), com data da última segunda (02/12), em que o órgão informa os caminhos para obtenção de tais dados, dando garantia sobre a segurança e a confidencialidade das informações fornecidas”, prossegue o texto.

Joice a Carla Zambelli: “Quem me perguntou se você era prostituta foi o presidente”

Confira o vídeo do momento em que a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) relembra a conversa com Jair Bolsonaro sobre o suposto passado da também deputada Carla Zambelli (PSL-SP)

Brasil 247, 05/12/2019, 04:20 h Atualizado em 05/12/2019, 10:49

Da revista Fórum – As deputadas federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP), apesar de serem do mesmo partido, trocaram farpas de forma intensa na noite desta quarta-feira (4), já no final da sessão da CPMI das Fake News no Congresso.

De acordo com o jornalista George Marques, que acompanhou toda a sessão, Hasselmann disparou para Zambelli: “Quem me perguntou se você era prostituta foi o presidente”.

Confira o vídeo:

Globo escondeu absolvição de Lula e Dilma depois de ter escandalizado acusação sobre "quadrilhão do PT"

"O modus operandi do jornalismo da Globo: em 5 set 2017, o Jornal Nacional dedicou 4min 33seg numa reportagem sobre o suposto 'Quadrilhão do PT'. Agora, com Lula e Dilma absolvidos, uma simples nota seca de 51 segundos", apontou o jornalista Aquiles Lins, editor do 247, ao comentar a diferença de critérios da Globo

Brasil 247, 05/12/2019, 04:57 h Atualizado em 05/12/2019, 09:31
(Foto: Ricardo Stucker | Reprodução)

O jornalista Aquiles Lins, editor do 247, levantou o tempo dedicado pela Globo para tratar da acusação contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff sobre o "quadrilhão do PT" e também da absolvição. As descobertas comprovam, mais uma vez, como a Globo faz política – e não jornalismo – contra seus adversários políticos. Confira os tweets e reportagem da Sputinik sobre o caso:

O modus operandi do jornalismo da Globo: em 5 set 2017, @jornalnacional dedicou 4min 33seg numa reportagem sobre o suposto "Quadrilhão do PT" (https://bit.ly/33OzS06 ). Hoje, com @LulaOficial e @dilmabr absolvidos, uma simples nota seca de 51 segundos (http://bit.ly/2Rlr3rL ).



Tem mais: no outro dia (6 set 2017), o @BomDiaBrasil dedicou 8 minutos e 48 segundos para detalhar o que seria este "Quadrilhão do PT", com todas as ferramentas de enquadramento disponíveis contra @LulaOficial e @dilmabr (https://bit.ly/2OQ52zN ). Quanto tempo sairá amanhã?


Sputinik – A Justiça do DF absolveu nesta quarta-feira (4) os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de Antônio Palocci e Guido Mantega e João Vaccari Neto, no processo apelidado de "quadrilhão do PT".

O juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal em Brasília, afirmou que a denúncia apresentada contra os membros do PT "traduz uma tentativa de criminalizar a atividade política".

A ação penal que envolvia os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, apontava uma suspeita de crime de organização criminosa.

De acordo com a decisão do juiz, "a descrição dos fatos vista na denúncia não contém os elementos constitutivos do delito previsto no art. 2º, da Lei nº 12.850/2013 [organização criminosa]".
"A narrativa que encerra não permite concluir, sequer em tese, pela existência de uma associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada, com divisão de tarefas, alguma forma de hierarquia e estabilidade", afirmou o juiz.

"A denúncia apresentada, em verdade, traduz tentativa de criminalizar a atividade política. Adota determinada suposição – a da instalação de 'organização criminosa' que perdurou até o final do mandato da ex-presidente Dilma Vana Rousseff – apresentando-a como sendo a 'verdade dos fatos', sequer se dando ao trabalho de apontar os elementos essenciais à caracterização do crime de organização criminosa", completou.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Joice: 10 deputados do PSL participam de milícia digital bolsonarista Sob coordenação de Eduardo e Carlos, segundo a deputada


Conversa Afiada, 04/12/2019

Parte da apresentação em Power Point na CPMI das Fake News nesta quarta-feira, 4/XII

Via Revista Forum - No dossiê apresentado pela deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) na CPMI das Fake News nesta quarta-feira (4), dez parlamentares do grupo bolsonarista do PSL apareceram envolvidos na milícia digital comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Congressistas e integrantes de assembleias estaduais foram citados.

Além de Eduardo Bolsonaro, foram listados: as deputadas federais Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ), Caroline De Toni (PSL-SC); os deputados federais Filipe Barros (PSL-PR) e Daniel Silveira (PSL-RJ); a deputada estadual Ana Campagnolo (PSL-SC); os deputados estaduais Gil Diniz (PSL-SP) e Douglas Garcia (PSL-SP).

Eduardo coordenaria os ataques que seriam disseminados pelos parlamentares, além de páginas, sites e bots.

Entre os quadros, Gil Diniz teria um papel bastante importante nas redes. O gabinete praticamente completo do parlamentar seria usado para mobilizar ataques nas redes sociais. No levantamento de Joice, 10 assessores de Gil na ALESP estariam atuando durante seu horário de expediente, para divulgar memes ofensivos e boatos.

Confira a íntegra da apresentação de Power Point aqui.

Conteúdo relacionado

O efeito da mentira!

É mais fácil enganar que desenganar!

TSE autoriza assinatura eletrônica para criação de novos partidos

Decisão ainda não salvou a Aliança Pelo Brasil

Conversa Afiada, 04/12/2019
Original: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por quatro votos contra três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na noite desta terça-feira 3/12 permitir a utilização de assinaturas eletrônicas para a criação de um novo partido político.

Hoje, para criar uma nova legenda, é necessário obter o apoio de cerca de 500 mil pessoas - meio milhão de assinaturas em papel - distribuídas em pelo menos nove estados brasileiros. Além disso, essas assinaturas devem equivaler a, no mínimo, 0,1% do eleitorado de cada um desses estados.

Em teoria, a medida poderá acelerar o processo de formalização da Aliança Pelo Brasil, o novo partido do presidente Jair Bolsonaro, formado após a guerra civil do PSL.

O tempo também é inimigo de Bolsonaro e seus aliados: caso a Aliança Pelo Brasil não consiga as 500 mil assinaturas até março, o partido não poderá participar das eleições municipais de 2020.

A decisão do TSE, entretanto, ainda não salvou os bolsonários por completo.

A Justiça Eleitoral deverá, em breve, estabelecer regras para regulamentar a questão.

Os ministros podem decidir, por exemplo, que a assinatura virtual deverá vir acompanhada de uma certificação digital - um arquivo eletrônico que utiliza de recursos de criptografia para garantir a legitimidade de um documento.

A criação de uma certificação digital necessita que cada cidadão recorra a uma autoridade certificadora (AC) - uma espécie de "cartório digital" regulamentada pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, uma autarquia vinculada à Presidência da República.

Não é um procedimento simples como responder um formulário pelo WhatsApp, como queriam os bolsonaristas, por exemplo.

A participação da Aliança Pelo Brasil no próximo pleito, portanto, continua a perigo!

Em tempo: na decisão desta terça-feira, os ministros Og Fernandes, Luiz Edson Fachin e Rosa Weber foram contra a utilização de assinaturas eletrônicas. Já Luís Felipe Salomão, Tarcísio Vieira, Sérgio Banhos e Luís Roberto Barroso foram a favor da questão.

Leia também:

Financial Times não acredita no pibinho do Bolsonaro!

Alta de 0,6% é culpa dos saques do FGTS

Conversa Afiada, 04/12/2019
PIB pequenininho, né, presidente? (Originais: Reprodução/Rede Globo e Wilson Dias/Agência Brasil)

O governo de Jair Bolsonaro comemorou o aumento colossal do PIB no terceiro trimestre de 2019: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - cresceu avassaladores 0,6% entre julho e setembro deste ano.

Trata-se de um resultado que, combinado à alta taxa de desemprego e aos índices estratosféricos de informalidade, comprova a lenta recuperação da economia - a pior dos últimos quarenta anos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O consumo das famílias, consequentemente, cresceu apenas 0,8% no período.

Mas mesmo esse crescimento minúsculo pode ser considerado pontual, artificial, fabricado.

Um relatório da Secretaria de Política Econômica (SPE), órgão ligado ao Ministério da Economia, vincula o aumento do PIB à liberação de saques de até R$ 500 do FGTS, a partir de setembro deste ano.

Foi o dinheiro que o pessoal usou para comprar papel higiênico na black friday, por exemplo...

O jornal inglês Financial Times, espécie de bíblia do mercado financeiro global, também levantou dúvidas sobre os números do IBGE.

Segundo reportagem, o ministério da Economia revisou duas vezes em apenas uma semana os números das exportações brasileiras - o que pode indicar que o PIB do terceiro trimestre foi calculado com base nos valores errados.

O crescimento real da economia brasileira, portanto, pode ser ainda menor que os 0,6%.

"As diversas revisões e a possibilidade de novas correções no futuro próximo levantam, pela primeira vez, dúvidas sobre a precisão dos dados da economia brasileira - números há muito tempo vistos como exemplos de transparência entre as nações emergentes", afirma o FT.

Em tempo: o novo valor do PIB ainda não leva em consideração o tarifaço de Donald Trump contra o aço brasileiro, nem a alta dos preços da carne bovina!

Em tempo2: sobre o "pequenininho" da imagem no topo da página...

Conteúdo relacionado:

Lava Jato faz exigências para cumprir decisão em favor de Lula

Desde quando a lei proíbe que o acusado tenha acesso a um ou mais documentos que embasaram sua condenação?

Brasil 247, 03/12/2019, 22:15 h Atualizado em 03/12/2019, 22:35
Lula, Moro e Dallagnol (Foto: 247 | Reuters)

Pedro Canário, Conjur - Os procuradores da “lava jato” em Curitiba não acham conveniente cumprir uma ordem do juiz Valisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Em ofício ao magistrado, disseram que dar à defesa do ex-presidente Lula acesso aos sistemas da contabilidade paralela da Odebrecht "poderia prejudicar investigações e igualmente expor" a empreiteira. Em vez disso, fizeram uma série de exigências à Justiça para que possam obedecer à ordem judicial. 

A defesa de Lula, feita pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, havia pedido acesso aos sistemas para comprovar uma de suas teses: a de que as planilhas apresentadas pelo MPF nas acusações contra o ex-presidente foram forjadas e elaboradas depois que as delações premiadas dos executivos da Odebrecht já haviam sido feitas. Elas seriam uma prova retroativa, portanto, acreditam os advogados.

O juiz Vallisney concordou com o pedido. No dia 27 de agosto, depois que o MPF em Brasília não viu problemas em conceder à defesa de Lula o acesso aos sistemas Drousys e MyWebDay. Drousys era o sistema de comunicação usado pelos executivos da construtora e o MyWebDay, o sistema de contabilidade e controle dos pagamentos de propina.

A Odebrecht enviou chaves de acesso aos sistemas ao MPF em Curitiba como parte de seu acordo de leniência, que previu o pagamento de R$ 3,8 bilhões ao órgão. Vallisney é o juiz da ação penal em que Lula é acusado de receber suborno para facilitar acesso da Odebrecht a crédito para obras de infraestrutura em Angola.

Poder de edição

Para a defesa de Lula, o acesso aos sistemas demonstraria que os registros de pagamentos e requerimentos de propina foram mexidos depois dos depoimentos das delações premiadas.

Quando ele garantiu ao ex-presidente acesso aos sistemas, oficiou a Procuradoria-Geral da República para dar cumprimento à ordem. E a PGR, “estranhamente”, dizem os advogados, repassou a ordem ao MPF em Curitiba — que agora se recusa a cumpri-la.

Em petição enviada a Vallisney nesta terça-feira (3/12), a defesa de Lula afirma que há “fortes suspeitas de que as cópias de onde estão sendo extraídos elementos para instruir ações penais foram manipuladas”. Um desses indícios é um depoimento de Fernando Migliaccio, um dos executivos da Odebrecht que fez acordo de delação premiada, mas fora do grupo dos 77 que assinaram junto com Marcelo Odebrecht.

Migliaccio trabalhava no setor de propinas da construtora. Em resposta a questionamentos dos advogados de Lula, ele disse que era possível “incluir e excluir livremente dados, arquivos e informações” no sistema Drousys.

No mesmo depoimento, ele explicou que Paulo da Rocha Soares, dono da empresa que desenvolveu o Drousys, tinha acesso ao sistema e o procurou algumas vezes para falar “sobre o ambiente e sobre o que poderia ser feito”.

Em resposta a questionamentos da defesa de Paulo Bernardo, ex-ministro da Casa Civil e acusado na mesma ação, Migliaccio disse que o passado do sistema MyWebDay, o da contabilidade das propinas, era apagado sistematicamente.

Segundo ele, Hilberto Silva, outro executivo da Odebrecht, havia ordenado apagar sempre o semestre anterior dos registros de transações.

Moro é quem manda

Em ofício do dia 11 de novembro ao juiz Vallisney, os procuradores da “lava jato” dizem que dar acesso aos sistemas poderia desequilibrar o acordo de leniência. Segundo a explicação dos procuradores, o acordo se baseia no princípio da boa-fé objetiva: o MPF confia que a empresa fala a verdade em suas declarações, e a companhia confia que as provas que apresenta não serão usadas contra ela em futuras investigações.

Enviar os dados à defesa de Lula faria o MPF perder o controle sobre as informações, argumentam os procuradores da “lava jato”. Muito embora a Odebrecht já tenha sido alvo de algumas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo governo federal com base em informações da “lava jato”.

De acordo com o ofício, a concessão de acesso aos sistemas da Odebrecht deve obedecer a critérios, estabelecidos por Sergio Moro, quando ele era titular da 13ª Vara Federal de Curitiba e tocava os trabalhos da “lava jato”. Entre os critérios, um que diz que “ficam vedadas novas cópias” e outro segundo o qual “o acesso ao sistema fica restrito por ora aos peritos federais lotados na Superintendência da PF em Curitiba”.

Por causa disso, o MPF estabeleceu critérios próprios para obedecer à ordem da Justiça Federal: saber quais serão os critérios de pesquisa no sistema, a “descrição sintética” dos procedimentos usados, saber quais crimes estão sendo tratados na ação penal e relatórios sobre o trabalho que for feito.