terça-feira, 10 de setembro de 2019

Lava Jato não quis investigar fraude relatada por Cunha em processo de cassação. Por quê?

Procuradores da Operação Lava Jato decidiram não investigar uma denúncia de manipulação de escolha do relator do processo de cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). O relato da fraude foi feito pelo próprio ex-deputado ao propor delação premiada, que o Ministério Público Federal não aceitou

Brasil247,10/09/19, 06:05 h Atualizado em 10/09/19, 06:26
(Foto: Foto: reuters)

O procurador da Lava Jato Orlando Martello mencionou supostas "bolas mais pesadas no sorteio da relatoria" do Conselho de Ética em mensagens do Telegram obtidas pelo site The Ingtercept, mas a denúncia não foi averiguada.

Pessoas ligadas a Cunha confirmaram que sua proposta de colaboração premiada com a Lava Jato incluía essa denúncia de fraude na escolha de relatores no Congresso.

Reportagem do UOL narra que em 1º de agosto de 2017, ao analisar documentos em que o ex-presidente da Câmara narrava a suposta fraude na relatoria, os procuradores da Lava Jato se impressionaram, de acordo com as mensagens e consideraram que se tratava de um "fato grave", que "talvez não devesse ser sonegado da sociedade". 

Para juristas ouvidos pela reportagem a Lava Jato ao ignorar uma denúncia grave cometeu um crime, já que o Ministério Público não pode escolher o que investigar e o que não investigar.

As mensagens do aplicativo Telegram foram trocadas em um grupo chamado "Acordo Cunha". Neles, participavam procuradores das forças-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Rio de Janeiro, Natal e na Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília. Também participavam investigadores da Operação Greenfield, em Brasília.

Acompanhe a reportagem do UOL

'Vamos vencer a eleição de 2022. Tenho certeza', diz Flávio Dino a Haddad

Apontados como possível chapa presidencial em 2022, Fernando Haddad (PT) e Flávio Dino (PCdoB) gravaram juntos um programa exibido nas redes sociais nesta segunda-feira (9). Dino disse: "Temos a eleição de 2020, e acredito que vamos vencer. Teremos um resultado bastante bom em 2020, teremos muitas vitórias de prefeituras, vamos trabalhar para isso. E vamos vencer a eleição presidencial em 2022, tenho certeza disso”

Brasil247, 09/09/19, 22:56 h Atualizado em 09/09/19, 22:59
(Foto: Reprodução/Twitter)

Apontados como possível chapa presidencial em 2022, Fernando Haddad (PT) e Flávio Dino (PCdoB) gravaram juntos um programa exibido nas redes sociais nesta segunda-feira (9). Dino disse: "Temos a eleição de 2020, e acredito que vamos vencer. Teremos um resultado bastante bom em 2020, teremos muitas vitórias de prefeituras, vamos trabalhar para isso. E vamos vencer a eleição presidencial em 2022, tenho certeza disso”

A reportagem da Revista Fórum destaca que "em dado momento do programa, Haddad perguntou a Dino sobre a importância da unidade entre partidos do campo progressista na oposição ao governo Bolsonaro. Para o petista, a atual articulação entre lideranças de esquerda não é eleitoreira, mas sim programática, com o objetivo de oferecer alternativas à população, através da atuação parlamentar, às políticas do governo federal."

Na sequência, a matéria sublinha: "Dino concordou mas, diferente do petista, foi além e relacionou a unidade da esquerda a um possível êxito eleitoral em 2020 e em 2022. “Acho que temos esta tarefa, da unidade, e creio que temos avançado nesse sentido. Há um clima de muita cortesia entre várias lideranças, e isso é uma pré-condição, a conversa, o diálogo."

Povo brasileiro é contra a agenda de privatizações de Bolsonaro

A maioria esmagadora da população brasileira é contrária ao plano de Bolsonaro de privatizar as empresas estatais brasileiras. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, 67% declararam oposição a esses planos. O povo rejeita o programa de privatizações como um todo, especialmente a privatização da Petrobras e dos Correios. Segundo a pesquisa, 65% se opõem à privatização da estatal petrolífera e 60% à dos Correios

Brasil247,10/09/19, 05:27 h
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - A maioria esmagadora da população brasileira é contrária ao plano de Bolsonaro de privatizar as empresas estatais brasileiras. 

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, 67% declararam oposição a esses planos. 

O povo rejeita o programa de privatizações como um todo, especialmente a privatização da Petrobras e dos Correios. 

Os índices da pesquisa mostram que 65% se opõem à privatização da estatal petrolífera, mesmo percentual dos que são contrários à privatização dos bancos públicos. Quanto à privatização dos Correios, 60% disseram que se opõem. 

Reportagem da Folha de S.Paulo indica que no mês passado, o governo ampliou a lista de projetos que deseja conceder à iniciativa privada, ao incluir presídios, escolas, creches e parques nacionais no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). 

A reportagem destac ainda que foram incluídas nove estatais no programa: Telebras, Correios, ABGF (Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias), Emgea (Empresa Gestora de Ativos), Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social), Ceagesp, Ceitec (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada) e porto de Santos. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a privatização da Petrobras não está descartada por Jair Bolsonaro. No mês passado, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a venda da companhia está sendo estudada. Várias subsidiárias da Petrobras já estão sendo vendidas. 

Em entrevista publicada nesta segunda-feira (9), no jornal Valor Econômico, o ministro da Economia declarou que o objetivo do governo Bolsonaro é privatizar todas as empresas estatais. Ele citou uma frase de Bolsonaro, mandando acelerar o ritmo de privatizações para uma por semana.

Nunca o Brasil correu tanto risco de se transformar em uma Cuba

Para Florestan Fernandes Jr., do Jornalistas pela Democracia, "a cada dia que passa ficam mais claras as semelhanças entre o governo do capitão e dos ditadores da América Central alçados ao poder no século passado pelo serviço de inteligência norte-americano". "No submundo da ditadura cubana pró-EUA os negócios lucrativos estavam nas mãos das máfias em Havana, que dominavam os jogos de azar, a prostituição e o tráfico de drogas. No Brasil de Bolsonaro o submundo do crime é controlado pelas milícias que atuam nas periferias do Rio de Janeiro", compara

Brasil247, 09/09/19, 17:19 h

Por Florestan Fernandes Jr., para o Jornalistas pela Democracia - A cada dia que passa ficam mais claras as semelhanças entre o governo do capitão e dos ditadores da América Central alçados ao poder no século passado pelo serviço de inteligência norte-americano. Entre estes estão os Somozas, na Nicarágua, Manuel Noriega, no Panamá, e Fulgencio Batista, em Cuba. 

Todos contaram com apoio incondicional do governo dos Estados Unidos e para ele trabalharam incansavelmente. Um deles, o coronel Fulgencio Batista, chegou a ser presidente eleito antes de se tornar ditador nos anos 1950. Seu governo autoritário suspendeu a Constituição do país, estabeleceu a pena de morte e revogou as liberdades políticas, entre elas o direito de greve. 

Qualquer semelhança com o nosso capitão não é mera coincidência. Os apoiadores de Bolsonaro também defendem abertamente atentados à democracia. Querem, entre outras medidas, que seu líder feche o Congresso e o STF. O próprio filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, chegou a dizer publicamente que para o governo fechar o Supremo bastava um soldado e um cabo. Também como Batista, Bolsonaro conta com apoio dos latifundiários. Em Cuba eles plantavam apenas fumo e cana de açúcar, no Brasil criam gado e plantam soja e algodão. 

Na Cuba de Batista, a economia estagnada ampliou a pobreza, aprofundando ainda mais as desigualdades sociais. Algo que também vem ocorrendo de maneira devastadora em nosso país. O governo de Batista transferiu para multinacionais americanas o patrimônio e o direito de exploração de propriedades pertencentes ao Estado cubano. 

Algo bem parecido com a privatização em marcha de grandes empresas, como Petrobras e Banco do Brasil, e concessões públicas de aeroportos, portos e ferrovias. Tudo está pronto para ser entregue, até mesmo os santuários da biodiversidade, como a Floresta Amazônica, os Lençóis Maranhenses e o Pantanal. 

No submundo da ditadura cubana pró Estados Unidos os negócios lucrativos estavam nas mãos das máfias em Havana, que dominavam os jogos de azar, a prostituição e o tráfico de drogas. No Brasil de Bolsonaro o submundo do crime é controlado pelas milícias que atuam nas periferias do Rio de Janeiro. Controlam parte do tráfico, a prostituição e os negócios imobiliários clandestinos. 

Alguns estão tão bem de vida que moram no mesmo condomínio do presidente. Outros tinham parentes empregados nos gabinetes dos filhos do capitão. Bolsonaro não suporta críticas e tem atacado com frequência os jornalistas que cobrem o Planalto. A Secom em sua gestão cortou receitas dos jornais impressos e redirecionou as verbas publicitárias das grandes redes de televisão. 

No poder, Batista impôs censura aos meios de comunicação, perseguiu jornalistas e utilizou o aparelho repressivo para torturar e matar opositores. Tudo no melhor estilo das ditaduras do Cone Sul dos anos 1960/1980, enaltecidas pelo capitão presidente. Sobre a subserviência de Cuba aos EUA o ex-embaixador americano na ilha, Earl Smith, disse: “Sempre que eu pedia ao presidente Batista o voto de Cuba para apoiar os Estados Unidos nas Nações Unidas, ele instruía seu ministro das Relações Exteriores a que a delegação cubana votasse de acordo com a Delegação dos Estados Unidos e a dar total apoio à delegação americana nas Nações Unidas”.

Bolsonaro inovou. Pretende hoje colocar na Embaixada do Brasil em Whasignton o próprio filho, uma espécie de garoto de recados do governo Trump. Pelo menos em um ponto concordo plenamente com o discurso de Bolsonaro, o Brasil corre mesmo o sério risco de virar uma Cuba: a do coronel Fulgencio Batista.

No Multishow, ao vivo, Titi Müller diz que música 'Vai dar PT' é profecia para 2022

A apresentadora do Multishow, Titi Müller, brincou no último sábado (7) com a música "Vai Dar PT", de Léo Santana, ao vivo, dizendo que a música "é uma profecia para 2022"

Brasil247, 09/09/19, 18:06 h
Apresentadora Titi Müller do Multishow (Foto: Reprodução Twitter)

A apresentadora do Multishow, Titi Müller, brincou no último sábado (7) com a música "Vai Dar PT", de Léo Santana, após show no Festival Festeja, em Belo Horizonte, dizendo que a música "é uma profecia para 2022".

“Léo Santana, dono da zorra toda, encerrando com essa música que é uma profecia para 2022: Vai Dar PT. Maravilhoso!”, disse Titi em uma entrada ao vivo.

domingo, 8 de setembro de 2019

Vaza Jato prova: força-tarefa sabia que grampo era ilegal!

"Estou preocupado com moro! Com a fundamentação da decisão"

Conversa Afiada, 08/09/2019

Novo capítulo da Vaza Jato divulgado neste domingo 8 mostra, entre muitas outras coisas, que a Operação Lava Jato escondeu conscientemente diálogos de Lula - gravados ilegalmente - para impedir sua posse como ministro da Casa Civil, em 2016.
Um dos trechos revelados em parceria pelo Intercept Brasil e pela Folha prova, inequivocamente, que os procuradores da força-tarefa sabiam da ilegalidade do grampo e, portanto, dos perigos que envolviam a divulgação das mensagens para a imprensa.
Diz um trecho da reportagem:
Dilma e os advogados de Lula questionaram as decisões do juiz, argumentando que sua conversa não poderia ter sido grampeada se Moro já tinha determinado o fim da escuta, nem os autos poderiam ter sido divulgados sem que o STF tivesse sido alertado para as citações a ela e a outras autoridades com foro especial.
"Estou preocupado com moro! Com a fundamentação da decisão", disse o procurador Orlando Martello no Telegram. "Vai sobrar representação para ele."
"Vai sim", respondeu Carlos Fernando. "E contra nós. Sabíamos disso." Para Laura Tessler, o apoio da opinião pública garantiria proteção à Lava Jato: "a população está do nosso lado...qualquer tentativa de intimidação irá se voltar contra eles". Carlos Fernando recomendou: "Coragem... Rsrsrs".
Após compartilhar com o grupo vídeos de uma manifestação que estava ocorrendo na Avenida Paulista, em São Paulo, Martello sugeriu que todos os integrantes da operação renunciassem aos cargos se algo acontecesse com Moro. Laura sugeriu que a melhor resposta seria mover uma ação contra Lula e pedir sua prisão.
Para Andrey Borges de Mendonça, seria difícil defender a divulgação da conversa de Dilma por causa do horário em que ocorrera, mas a maioria discordou. "O moro recebeu relatório complementar e o incorporou", disse Carlos Fernando. "Nesta altura, filigranas não vão convencer ninguém."
Deltan entrou tarde na discussão e se alinhou com Carlos Fernando. "Andrey No mundo jurídico concordo com Vc, é relevante", disse. "Mas a questão jurídica é filigrana dentro do contexto maior que é político."
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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Marcelo Zero, sobre o Roda Viva: Parte da imprensa ainda é mera porta-voz de ‘lavajateiros’ criminosos

Reprodução da TV

Viomundo, 03/09/2019 - 20h35


A Porta-Voz Pornográfica

por Marcelo Zero*

A entrevista do mundialmente consagrado jornalista Glenn Greenwald a pessoas que se autodenominam jornalistas no Programa Roda Viva foi um dos mais patéticos espetáculos da mídia brasileira.

A turminha desqualificada, com uma honrosa exceção, em vez de questionar sobre as aterradoras revelações da Vaza Jato, não desmentidas por ninguém, dedicou-se, com a empáfia beócia de um procurador “lavajateiro”, a criticar o único jornalista de verdade presente por, pasmem, fazer jornalismo.

Reproduziram, com fidelidade canina, os argumentos ridículos de Moro e Deltan sobre o “hacker”.

Tentaram o tempo todo desqualificar Glenn e torná-lo um criminoso por revelar evidências concretas sobre os crimes da Lava Jato.

Insinuaram sistematicamente que Glenn e Manuela D´Ávila teriam participado ou sido coniventes com um crime de invasão de privacidade pago por alguém.

Nenhuma palavra, um sussurro sequer, sobre os aberrantes e evidentes crimes de Moro e Deltan, que mudaram, para pior, muito pior, a história recente do Brasil.

Equipararam as divulgações do Intercept com os vazamentos ilegais da Lava Jato, como se Glenn fosse um promotor ou um juiz com o poder de mandar prender alguém ou investigar alguém.

Tentaram o tempo todo arrancar uma “confissão” de Glenn sobre sua fonte, ignorando um dos princípios mais comezinhos do jornalismo.

Demostrando também total ignorância sobre fatos recentes, insinuaram que a Lava Jato teria deixado um grande legado, e que único legado da Vaza Jato seria o da inviabilização do combate à corrupção no país.

Ora, o legado da Lava Jato foi eminentemente destrutivo, inclusive no campo econômico.

Recuperou, até agora, cerca de US$ 10 bilhões, mas, apenas em 2015, provocou em prejuízo de mais de US$ 140 bilhões.

Deu enorme contribuição para destruir a cadeia de petróleo e gás, a construção civil pesada nacional e a engenharia brasileira. No Brasil, o combate à corrupção causa um prejuízo muito maior que a corrupção. Graças à Lava Jato e seus “heróis”.

Mas o prejuízo maior da Lava Jato, como ficou claro nas divulgações do Intercept, foi à democracia.

Com efeito, a Lava Jato, além de ter sido instrumental no golpe de 2016, na prisão sem provas do presidente Lula e na eleição fraudada que levou Bolsonaro ao poder, atingiu o cerne da democracia brasileira.

Em nome de um combate partidarizado e ideologizado à corrupção, atingiu-se o que a democracia tem de mais sagrado: o devido processo legal, a presunção da inocência e o direito de todo cidadão de ter acesso a uma justiça isenta.

Esses são princípios democráticos básicos e fundadores, que protegem o indivíduo contra o arbítrio dos agentes do Estado. Por isso, o writ inglês de Habeas Corpus de 1679 é o documento considerado unanimemente como a base da democracia moderna.

A Lava Jato, contudo, tornou aceitável que o Estado atropele tais direitos básicos, desde que seja para perseguir o inimigo político, na luta contra a “corrupção”.

O problema é que esse direito penal do inimigo acaba se tornado um inimigo mortal da democracia. Exemplos históricos abundam.

A chamada “República de Curitiba” tornou-se um Estado autoritário dentro do Estado democrático.

Regia-se por regras próprias, independentemente de quaisquer controles democráticos.

Por pouco não conseguiu até orçamento específico, com base em multa ultrajante obtida pela operação nos EUA contra a Petrobras.

Em todo esse processo destrutivo e antidemocrático, a Lava Jato contou com um grande aliado de peso: a imprensa oligopolizada.

De fato, nossa gloriosa imprensa, com raras exceções, recusou-se a fazer o que Glenn e outros do Intercept estão fazendo: jornalismo.

Não questionaram nada, não investigaram nada. Limitaram-se a reproduzir, como bem treinados papagaios, todas as informações que Deltan e Moro tinham interesse em divulgar.

Na realidade, a nossa grande imprensa foi mera porta-voz da Lava Jato e seus “heróis” antidemocráticos.

Além do interesse político na inviabilização de governos populares, talvez houvesse também, nesse papel de submissão extrema, o anseio por uma blindagem contra investigações sobre sonegação fiscal e “otras cositas más”.

Porém, o pretérito perfeito talvez não seja o tempo de verbo adequado.

A julgar pela patética entrevista do Roda Viva, boa parte da nossa imprensa ainda é mera porta-voz de “lavajateiros” criminosos.

Porta-voz que tem o desplante de perguntar se Glenn atuou um filme pornográfico.

Pornografia pura.

Sheherazade diz que Moro e Dallagnol a enganaram

Em junho de 2019 ela descobre que a Lava Jato tinha um projeto político...

Conversa Afiada, 12/06/2019
A Sheherazade acreditava nas boas intenções da República de Curitiba. Tadinha... (Reprodução/SBT)


Apoiadora ferrenha de Sergio Moro e da operação Lava Jato em tempos passados, a jornalista do SBT Rachel Sheherazade gravou um vídeo, divulgado nesta terça-feira (11) nas suas redes sociais, onde diz que foi enganada sobre as “boas intenções” do ex-juiz e dos investigadores, que fazem parte “de um projeto de poder político”.

Segundo ela, ambição política e revanchismo hoje mancham a até então “imaculada imagem da operação Lava Jato”.

“Mensagens trocadas entre Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol são um verdadeiro ataque ao Estado Democrático de Direito. Essas mensagens provam o quando estávamos enganados sobre as boas intenções tanto do juiz, quanto do procurador”, disse, sobre as reportagens publicadas pelo The Intercept.

De acordo com a jornalista, a nomeação de Moro para o Ministério da Justiça de Bolsonaro comprovam que a operação Lava Jato era parte de um projeto político.

“Os vazamentos estratégicos e seletivos antes das eleições presidenciais, a ascensão de Sergio Moro a ministro de Estado e agora a revelação desta intimidade promíscua entre Moro e Dallagnol dão provas de que por trás da luta contra a corrupção, que é justa, havia sim um projeto de poder político. Isso se concretizou com a nomeação de Sergio Moro como ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou. Confessando desconhecer a sentença e o processo de condenação do ex-presidente – mesmo tornados públicos há mais de um ano -, a jornalista disse que não cabe a ela, fazer “juízo de valor sobre a culpa ou inocência de Lula a quem eu tanto critiquei”, mas ressalta que os “vícios” do processo podem anular a sentença dada ao petista.

“Eu não tive acesso aos autos da condenação de Lula, por isso não posso opinar sobre o mérito do processo. Mas eu conheço o papel do poder judiciário, sei quais são as incumbências do MP e do juiz. Uma coisa é certa, o juiz não pode orientar qualquer uma das partes. Não trata-se apenas de um desvio ético, trata sim de um vício processual que pode tornar nulo a investigação criminal, o processo judicial e a própria sentença condenatória”, disse.

Por 30 anos, Bolsonaro sapateou contra as instituições

Hübner: os óculos do Judiciário e do Congresso falharam e continuam a falhar

Conversa Afiada, 03/09/2019

De Conrado Hübner Mendes, doutor em Direito e professor da USP, na Época:

Muitos gatilhos dispararam Jair Bolsonaro à Presidência da República. A espiral de antagonismo político na qual o país se enredou nos últimos anos é apenas um deles. Não fosse a maliciosa relação do presidente com casas de tolerância, a trajetória não teria sido tão exitosa. Nos 30 anos de carreira parlamentar, Bolsonaro sapateou contra as instituições enquanto estas enxergavam apenas liberdade de expressão e imunidade parlamentar. Quando muito, enxergaram um estilo “polêmico”, “grosseiro” e “vulgar”. Os óculos do Judiciário e do Congresso falharam por décadas a fio. E continuam falhando.

A história começa em 1988. O Superior Tribunal Militar (STM) absolveu Jair Bolsonaro da acusação de ter planejado explodir bombas em quartéis. Dois laudos grafotécnicos demonstravam a autoria dos croquis. Havia condenação da instância inferior do Exército à perda do posto e da patente. Após analisar documentos e ouvir horas de gravação do julgamento sigiloso do STM, Luiz Maklouf Carvalho relata o caso em seu livro O cadete e o capitão (Todavia, 2019). Conta como o “espírito de corpo militar” e a “hostilidade à imprensa” explicam a decisão. A quebra de hierarquia fez a fama do capitão no Exército.

Foi tolerado também pelo Congresso. O Conselho de Ética da Câmara arquivou sucessivos processos de quebra de decoro parlamentar. Em 2011, depois de Bolsonaro ter associado promiscuidade à mulher negra, Onyx Lorenzoni, veja só, redigiu parecer e entendeu que, apesar de “fortes e contundentes”, as opiniões “encontram respaldo e ressonância em seguimentos (sic) expressivos da sociedade brasileira, independentes de nossa discordância com elas”. Em 2013, depois de ter dado soco em Randolfe Rodrigues, entenderam que houve “um bate-boca normal da democracia”. Em 2014, após o famoso “não te estupro porque você não merece”, o caso caminhou para o arquivo. Em 2016, depois de celebrar torturador como herói brasileiro, foi outra vez protegido por interpretação equivocada (se não autointeressada) da imunidade parlamentar.

Do STF recebeu o mesmo tratamento. De um lado, as ações por apologia ao estupro e injúria, que tramitavam desde 2017, não foram decididas a tempo e tiveram de ser suspensas em virtude do mandato presidencial. De outro, foi arquivado inquérito por crime de racismo (na palestra em que se referia a quilombolas e ponderava sobre a “raça que tem vergonha na cara” e a “minoria ruminando”). No voto de desempate, o ministro opinou que, “por piores e mais rudes que tenham sido, não caracterizaram incitação à violência física ou psicológica contra negros, refugiados, estrangeiros”.

Do Congresso, que continua a ser acusado pelo presidente de não deixá-lo governar, podemos demandar maior controle sobre as técnicas prototípicas da legalidade autoritária (por exemplo, o uso abusivo de decretos pelo presidente). Quando um pedido de impeachment chegar, que reconheça a variedade de crimes de responsabilidade em curso (em minha conta, 17). Poderia começar por levar a sério a CPI das fake news.

Do STF, sob comando da presidência Toffux, melhor não cobrar demais. A extensa pauta bolsonarista de ações constitucionais dormita nas gavetas. O tribunal não resgatará seu capital político, dilapidado por anos de desvios éticos e arbitrariedades jurídicas, no meio da tempestade. Resta sobreviver e torcer para não entrar na história universal da infâmia judicial.

Por fim, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manchado pelo despreparo na guerra tecnológica das campanhas de 2018 (da qual foi avisado e respondeu com soberba). A ação que investiga os disparos em massa por WhatsApp caminha no “tempo judicial”. O “tempo judicial” de nossos tribunais, lembre-se, não se confunde com “devagar e sempre”, mas com aleatório, arbitrário e estratégico. Não se sabe se o TSE prefere esperar o mandato acabar, as políticas sociais sumirem ou a Amazônia se “savanizar”.

Esse é o quadro resumido dos déficits institucionais da democracia brasileira para se proteger da delinquência política. Precisa de reforma arquitetônica e melhores operadores. E nem falamos das rachadinhas, dos funcionários-fantasma, do nepotismo. E nem pergunte do Queiroz (...)

Olavo espalha fake news sobre cartilha da Prefeitura de Fortaleza

E-Farsas desmente mais uma ficção dos bolsonários

 Conversa Afiada, 03/09/2019


Via E-Farsas:

É verdade que a Secretaria de Educação de Fortaleza distribuiu uma cartilha ensinando aos professores como masturbar e fazer brincadeiras sexuais entre crianças?

Na primeira semana de setembro de 2019, uma jornalista publicou em seu canal no YouTube um vídeo mostrando provas de que a Secretaria de Educação de Fortaleza teria distribuído uma cartilha ensinando aos professores como masturbar e fazer brincadeiras sexuais entre crianças.

No vídeo, a mulher apresenta fotos de páginas de uma cartilha que, segundo ela, estaria sendo distribuída entre os professores da rede pública da cidade cearense para ensinar aos servidores como masturbar as crianças para acalma-las, além de sugerir uma série de brincadeiras sexuais para os cuidadores ensinarem aos pequenos!

Material com denúncia semelhante também foi denunciado pelo deputado estadual André Fernandes, em seu canal no YouTube. Uma série de páginas do que parece ser uma apostila, com a logomarca da prefeitura de Fortaleza e com o título: “A sexualidade na primeira infância”.

Será que isso é verdade?

Em vídeo, jornalista apresenta trechos de uma apostila que estaria sendo distribuída pela Prefeitura de Fortaleza! Será verdade? (foto: Reprodução/YouTube)
Verdade ou mentira?

O vídeo em que a jornalista que fez a primeira denúncia teve os comentários bloqueados, o que já levanta uma bandeira vermelha. Afinal, pra que serve um canal jornalístico de denúncias se não é possível comentar sobre as denúncias?

A mesma jornalista já apareceu aqui no E-farsas algumas vezes, como em janeiro de 2019, quando ela havia denunciado que o ex-deputado Jean Wyllys teria fugido do país para não ser preso pelo atentado contra o presidente Jair Bolsonaro.

No dia seguinte à “denúncia”, a denunciante gravou outro vídeo explicando que não foi bem isso que ela quis dizer…

Curiosamente (e como aconteceu diversas vezes em casos semelhantes) apenas sites de conteúdo duvidoso publicou a respeito. Os mesmo sites que compartilharam, semanas atrás, queo jornalista Green Gleenwald teria sofrido um infarto após overdose de cocaína.
A prefeitura desmente

Procuramos por depoimentos que confirme que a tal cartilha esteja mesmo sendo distribuída entre os servidores da capital cearense e não encontramos. Além disso, a prefeitura desmentiu que a cartilha faça parte da grade de 2019.

Em nota, o prefeito de Fortaleza disse que as informações veiculadas são mentirosas e que não há produções desse estilo nas unidades de Educação Infantil do Município.

“Reafirmamos que o material veiculado é falso, tratando-se de montagem grosseira, utilizando indevidamente a identidade oficial da referida Secretaria Municipal”, disse a prefeitura

Além disso, a Secretaria de Educação de Fortaleza afirmou estar tomando as medidas legais cabíveis, inclusive com pedido de instauração de Inquérito Policial, contra essas acusações, as quais foram classificadas como caluniosas pela pasta:



Procuramos no site da Prefeitura a respeito e a únicas publicações encontradas foram de 2016, quando a prefeitura havia lançado uma cartilha contra o abuso sexual infantil.

Nessa versão preliminar do Plano Municipal da Educação de Fortaleza para os anos de 2015 a 2025 não há nenhuma menção à sexualização de crianças. Também não há nada a respeito nos documentos com as orientações pedagógicas para 2019, disponíveis no site da prefeitura.

Nesse outro documento com o as diretrizes pedagógicas para a educação infantil, da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza, não há nada sobre o tema…

Procuramos nos anos anteriores e, como você pode verificar aqui, não existe menção ao que espalharam nas rede sociais.

Em seu perfil oficial no Instaram, o Governo do Ceará classifica a publicação como “mentirosa e irresponsável”:

Poucas horas após a publicação, o site da Revista Ceará retirou a postagem com as acusações do ar.
Conclusão

Não encontramos nenhuma prova de que a Prefeitura de Fortaleza esteja distribuindo cartilhas ensinando aos professores como masturbar crianças.