Com caciques do PMDB na berlinda pela delação de Sérgio Machado, que já derrubou o terceiro ministro do governo interino e citou suposta propina de Michel Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu que a operação seja caminhada “rumo a uma definição final”.
“Tenho certeza que as autoridades da Lava Jato saberão o momento em que deverão pegar, aprofundar e apontar tudo que deve apontar e pensar em concluir. Eu vi e li o que aconteceu com a Operação Mãos Limpas na Itália”.
Ele indica efeitos deletérios ocorridos na ação italiana “após muitos benefícios".
"A resposta 'veemente' que o presidente interino Michel Temer deu sobre a delação de Sergio Machado, de que teria pedido recursos ilícitos no valor de R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita, não deve ser a última sobre seu eventual envolvimento com o esquema investigado pela Lava Jato".
A afirmação é do colunista do 247, Tereza Cruvinel. Segundo ela, no acordo preliminar para sacramentar a delação premiada da construtora Odebrecht, um dos executivos promete falar sobre uma doação de R$ 50 milhões para o PMDB, que teria tido a intermediação de caciques do partido, inclusive de Temer.
Cruvinel ainda diz que a delação deve implicar vários partidos, como PMDB, PSDB, PT, PP, DEM e outros, 13 governadores (ou ex-governadores) e cerca de 100 parlamentares que teriam recebido recursos ilícitos, derivados do fechamento de contratos com a Petrobras e outras estatais.
Por que ele quer fazer isso? O que está por trás do enfraquecimento da EBC?
Eduardo Anizelli - 19.fev.2016/Folhapress
O atual diretor da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), jornalista Ricardo Melo
Controlada pela União, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) está prestes a perder seu principal braço público de rádio e TV. Nos próximos dias, o presidente interino Michel Temer enviará ao Congresso um projeto de lei reduzindo a atuação e os custos da empresa.
A empresa depende de recursos do Tesouro que, neste ano, podem chegar a R$ 535 milhões. Mantida a estrutura atual, pelo menos metade desse orçamento será consumido pela folha salarial.
A ideia da equipe de Temer é fechar a TV Brasil –hoje responsável por metade dos custos da companhia– e manter as demais linhas de negócio: agência de notícias, produção independente de conteúdo, monitoramento de mídia, o portal, entre outras.
A Folha apurou que a mudança na lei da EBC permitirá o fim do conselho curador, grupo formado por 22 integrantes com mandatos de dois anos que tomam as decisões mais importantes da companhia. Também está previsto o fim do mandato para o presidente, que poderá ser destituído a qualquer momento. Hoje, uma decisão desse tipo precisa de aval do conselho curador. Essas são travas que supostamente barravam ingerências políticas.
Caso essas medidas sejam aprovadas, o atual presidente da EBC, Ricardo Melo, indicado pela presidente afastada Dilma Rousseff, deixará o cargo definitivamente.
Melo foi destituído por Temer e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou seu retorno provisoriamente até que o plenário tome uma decisão definitiva. Por isso, Temer tem pressa em rever a lei da EBC.
A empresa surgiu em 2007 para ser a "BBC brasileira" com a missão de fazer comunicação apartidária em diversas plataformas (rádio, TV, internet e celulares), a exemplo do modelo implantado na Europa e nos EUA.
Os documentários da britânica BBC, que se mantém de contribuições da população, são divulgados por grandes emissoras comerciais no mundo. No Brasil, já foram exibidos pela Rede Globo.
Desde sua criação, a EBC já consumiu R$ 2,6 bilhões do Tesouro Nacional. O número de funcionários passou de 1.462 para 2.564 e seus custos de produção saltaram de R$ 61 milhões para R$ 236,5 milhões –pelo menos 15% referentes aos serviços prestados à Presidência da República na cobertura de eventos. E continua gerando "traço" de audiência, contrariando uma de suas metas.
A presidente do conselho da EBC, Rita Freire, afirma que as mudanças pretendidas por Temer não se justificam. Diz que o caráter público da emissora se revela em programas como o "Estação Plural", ligados à diversidade sexual, e o "Caminhos da Reportagem", sobre jornalismo, conteúdos que não se veem em redes privadas. "O que a EBC precisa é desvinculação da Presidência da República", disse Freire.
OS NEGÓCIOS DA EBC
Custos por linha de negócio em 2014 (em R$ milhões)
29Outras
29
82,60
TV Brasil
47,40
Rádio
33
TV NBR
18,40
TV Brasil Internacional
16,90
Internet
9
Monitoramento de mídia
Qual o papel da empresa?
Criada em 2007 para funcionar como uma rede complementar à dos grupos privados e estatais de comunicação, cumprindo previsão constitucional
De onde vem a receita?
Repasses do Tesouro Nacional retirados do CFRP (Contribuição Para o Fomento da Radiodifusão Pública). A venda de serviços e produtos ainda não cobre os custos operacionais
INGERÊNCIAS
A Folha ouviu executivos da EBC sob condição de anonimato. Para eles, as interferências do governo na emissora começaram quando antigos funcionários foram substituídos, a partir de 2011, por outros com salários muito maiores do que a média dos funcionários "da casa".
Essa prática teria se acentuado sob a gestão de Edinho Silva, então ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), a quem a EBC está subordinada.
Os críticos questionam os salários altos de alguns profissionais, como o dos jornalistas Sidney Rezende, Paulo Moreira Leite e Luís Nassif. Segundo eles, os programas das "estrelas" da EBC eram "pró PT" e chegaram a ter reclamações de telespectadores à Ouvidoria pelo "alinhamento político".
Com a demissão de Ricardo Melo, esses contratos foram cancelados porLaerte Rimoli, escolhido para substituí-lo. Mas Melo reassumiu e logo levou ao ar uma entrevista com a presidente afastada Dilma Rousseff feita por Nassif –o que caiu como afronta na equipe de Temer.
"Não adianta inverter o governo", disse Jonas Valente, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. "O que está em jogo não é eleger Flamengo ou Fluminense. Defendemos a rede pública, mas o governo precisa entender que ela não é uma plataforma política."
SEM LÓGICA
Vários dos projetos da emissora refletem essa distorção. Um deles é o Brasil 4D, que transformaria a TV dos brasileiros em uma tela interativa capaz de acessar serviços online do governo.
O programa consumiu recursos não só da EBC, mas também das operadoras de telefonia, que já desembolsaram cerca de R$ 500 milhões para a compra de uma caixa receptora de sinais com o sistema Ginga de interatividade.
Desde 2010, as fabricantes de TV já produzem aparelhos com conversores digitais e softwares que permitem a interatividade –o que tornou o Ginga um projeto ultrapassado.
Procurado, o presidente da EBC, Ricardo Melo não quis se pronunciar. Edinho Silva disse ter contratado somente três diretores e negou direcionamentos políticos.
OS NEGÓCIOS DA EBC
Empresa pública de comunicação tinha 2.564 funcionários em 2014
Lula pede que PGR investigue Moro por suposto 'abuso de autoridade'
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quinta-feira (16) à Procuradoria Geral da República (PGR) uma investigação sobre o juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância, por suposto "abuso de autoridade".
O pedido aponta uma série de decisões do magistrado que, segundo a defesa, causaram "violência" à liberdade e à dignidade do petista, além de "um enorme constrangimento e escabroso vexame", em referência a diligências determinadas para investigar Lula.
(...)
Na representação apresentada à PGR, os advogados de Lula afirmam que as medidas autorizadas por Moro também violaram a Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Citam, por exemplo, a condução coercitiva que obrigou Lula a depor no início de março.
"Sérgio Moro privou Lula de sua liberdade por cerca de seis horas no dia 4 de março, por meio de providência não prevista em lei (e que havia sido proibida na véspera pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em outro procedimento) – a realização de condução coercitiva sem prévia intimação desatendida", diz um trecho.
O documento também cita decisão recente do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou a validade da gravação de uma das conversas entre Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff, sobre o envio de um termo de posse na Casa Civil.
Todos os sócios do golpe parlamentar contra a democracia brasileira foram abatidos.
O interino Michel Temer aparece como responsável de um pedido de propina de R$ 1,5 milhão ao delator Sergio Machado para a campanha de seu pupilo Gabriel Chalita.
O derrotado Aécio Neves, que colocou o Brasil em guerra ao não aceitar o resultado das urnas, em 2014, aparece em sua décima delação, como beneficiário de um pagamento de R$ 1 milhão em dinheiro vivo e também como pagante de propinas a parlamentares para se eleger presidente da Câmara; Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, corre o risco de receber uma tornozeleira eletrônica e devolver R$ 100 milhões aos cofres públicos.
Só a presidente Dilma Rousseff não aparece em nenhum esquema.
Estudantes, professores e trabalhadores em educação participaram nesta quinta (16) da Marcha em Defesa da Educação Pública contra os cortes em educação
O grupo, de aproximadamente 1 mil pessoas, caminhou do Museu Nacional até o Ministério da Educação (MEC) na Esplanada dos Ministérios e solicitou uma audiência com o ministro da Educação Mendonça Filho.
"Hoje a situação do país é de total descaso com a educação pública, já era no governo Dilma, agora no governo Temer piorou. Ou seja, existem cortes na educação, tanto no governo federal quanto nos estaduais", diz o coordenador-geral da Fasubra, Gibran Jordão.
O ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou, em nota, nesta quinta (16), que as 75 mil vagas anunciadas pelo ministro interino Mendonça Filho (DEM) "estão aquém" do que foi programado pelo governo da presidente eleita Dilma Rousseff.
"O anúncio significa um corte significativo de 90 mil vagas, em relação ao programado governo eleito. O ministro da Educação do governo eleito, Aloizio Mercadante, não anunciou as vagas do 2º semestre do Fies, pois teve a gestão interrompida por um golpe, que afastou temporariamente a presidenta eleita, Dilma Rousseff, por motivos que, hoje, são amplamente conhecidos", diz o comunicado.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado reiterou nesta quinta (16) que o presidente interino Michel Temer pediu a ele, em 2012, ajuda para a campanha do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita.
A nota de Machado foi uma resposta ao pronunciamento feito por Temer pela manhã, no Palácio do Planalto.
Ele classificou de “irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa” a delação do ex-presidente da Transpetro.
No comunicado, Machado reafirma que foi procurado, em 2012, pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que transmitiu a ele o apelo de Temer de colaborar com a campanha de Chalita.
O ex-presidente da Transpetro diz que, em setembro daquele ano, reuniu-se com Temer na Base Aérea de Brasília para tratar do assunto.
“Na conversa, Temer solicitou doação para a campanha eleitoral de Chalita”, afirma.
“O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora”, reforça.
No texto, ele diz que nunca se encontrou com Chalita.
Após ser citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu demissão do cargo na tarde desta quinta-feira 16, informou a assessoria do Palácio do Planalto.
Alves, que quase deixou o governo no último escândalo dos áudios, mas acabou sendo mantido por Michel Temer, é o terceiro ministro do governo interino a cair em pouco mais de um mês.
O governo interino derrete com os escândalos de corrupção.
O publicitário Marcos Valério propôs ao Ministério Público de Minas Gerais nesta quinta (16) um acordo de delação premiada sobre o mensalão tucano; a defesa de Valério informou que o documento foi protocolado na 17ª Promotoria do Patrimônio Público de Belo Horizonte; "Temos muitos fatos novos a relatar e o que posso dizer é que a delação dele será bem aproveitada", afirmou o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior; o mensalão tucano envolve o desvio de recursos públicos para a fracassada campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB); a Promotoria de Minas confirmou o recebimento do pedido.
247 - O publicitário Marcos Valério propôs ao Ministério Público de Minas Gerais nesta quinta-feira (16) um acordo de delação premiada sobre o mensalão tucano. Ele é réu no caso.
A defesa de Valério informou que o documento foi protocolado na 17ª Promotoria do Patrimônio Público de Belo Horizonte.
"Temos muitos fatos novos a relatar e o que posso dizer é que a delação dele será bem aproveitada", afirmou o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior.
Ele não divulgou detalhes dos pedidos e das informações que Valério fez no documento para "não estragar o acordo".
O mensalão tucano envolve o desvio de recursos públicos para a fracassada campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB).
A Promotoria de Minas confirmou o recebimento do pedido.
Em abril, Valério também propôs à Justiça do Paraná apresentar informações sobre conexões entre o mensalão e a Lava Jato. O acordo ainda não foi fechado.
Valério, considerado o operador do mensalão, é acusado de lavar dinheiro em suas empresas de publicidade, a DNA e a SPM&B.