segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Meios jurídicos reforçam críticas ao impeachment

que o PSDB por birra insiste em tramar

Com a manifestação de Joaquim Barbosa, o time de juristas que se manifestaram sobre um possível impeachment da presidente Dilma está ficando completo.

Para quem imagina que, do ponto de vista dos profissionais do Direito, Dilma se encontra com um pé fora do governo, cabe reconhecer o contrário. A esmagadora maioria está convencida de que não há bases reais para o afastamento da presidente. Batendo duro contra a fragilidade das acusações -- eu acho que seria melhor dizer insinuações -- Joaquim disse:

"Não há motivos. Tem que se ter provas diretas, frontais, de ações tomadas pela própria presidente. O impeachment é um mecanismo brutal que não pode ser usado de qualquer maneira".

Joaquim não é um caso isolado e sua postura revela uma constante. Outros juristas que, mesmo tendo assumido uma postura adversária ao governo em episódios recentes -- como a AP 470 e a Lava Jato -- também condenam o impeachment.

Presidente do julgamento da AP 470 até outubro de 2012, quando se aposentou para dar o cargo a Joaquim, no ano passado Carlos Ayres Britto chegou a fazer um parecer jurídico do interesse de Aécio Neves, dizendo que nada havia de ilegal na construção de um aeroporto na fazenda de um tio, em Claudio, no interior de Minas Gerais. Perguntado sobre o afastamento da presidente, Ayres Britto disse ao El País que "os pressupostos para o impeachment não estão colocados."

Inconformado com iniciativas que pretendem afastar a presidente sem uma base jurídica, Marco Aurélio de Mello, que presidiu o Supremo entre 2001 e 2003, chegou a fazer um apelo durante seminário em Coimbra, em setembro: "temos que pensar na pátria em primeiro lugar. O impeachment de Dilma não faria bem ao Brasil. Ela acabou de ser eleita pelo voto popular. A presidente está isolada e isso não é bom. É preciso sensatez e união para corrigir o que é necessário".

Quando o TCU debateu as contas do governo Dilma, o advogado Joaquim Falcão, diretor do Curso de Direito da FGV do Rio de Janeiro, foi questionado por uma repórter do portal BBC Brasil sobre a possibilidade da presidente ser afastada em função das contas do governo. Falcão elencou inúmeras razões para mostrar que isso não pode acontecer, inclusive porque não há antecedente. Muitas pessoas não sabem, mas este ponto é essencial no mundo jurídico, onde as decisões de um tribunal cumprem a função social de transmitir segurança aos cidadãos sobre a correta interpretação das leis em vigor num país, contribuindo para que todos saibam exatamente o que podem e o que não podem fazer. No fim da entrevista, Falcão despediu-se com um argumento educado e firme. Disse que seria "tecnicamente muito difícil."

Ao lado do falecido jornalista Barbosa Lima Sobrinho, da ação levou ao impeachment de Fernando Collor, o advogado Marcelo Lavanère, presidente do Conselho Federal da OAB em 1992, disse ao portal Brasil 247: "Não há nada contra Dilma. Do ponto de vista jurídico é até brincadeira falar em impeachment nessa situação." Há treze anos, quando apresentou a denúncia, Lavanère atendeu a um pedido de Fernando Henrique Cardoso, senador e futuro presidente da República.

É um sintoma da baixa aceitação do projeto de impeachment nos meios jurídicos que seu mais ilustre defensor seja Hélio Bicudo, 93 anos, procurador aposentado, há muito tempo longe dos tribunais. A fraqueza da postura de Bicudo é evidente. Ele é acusado por um de seus filhos de agir pelo ressentimento pessoal dos interesses contrariados, motivação que não costuma alimentar decisões razoáveis nem construtivas por parte dos homens públicos -- mas ódio e retrocessos.

Isso porque, durante o governo Lula, Bicudo interessou-se por um emprego diplomático no exterior mas rompeu com o presidente quando este recusou o pedido. (No programa Espaço Público, Gilberto Carvalho, então Secretário Geral da Presidência, não só confirmou o episódio mas narrou detalhes).

Claro que você poderá encontrar, de um lado ou de outro, juristas prestigiados e mesmo respeitados que não mencionei aqui. Sequer mencionei advogados respeitadíssimos, como Celso Bandeira de Mello -- nome de edifício na PUC de São Paulo -- cujo posicionamento é conhecido. Dei preferência àqueles que não costumam ter opiniões políticas tão claras. Não acho que uma opinião política consolidada impeça o exercício do bom Direito. Pode até ajudar.

Minha opção apenas se destina a evitar que a discussão, aqui, seja turvada por outros fatores. Estes exemplos mostram que os principais argumentos empregados para tentar afastar a presidente do cargo não têm prosperado junto a quem está habituado a estudar decisões da Justiça e extrair lições úteis para o país.

Na minha opinião, isso tem uma explicação simples. As tentativas de envolver Dilma em qualquer irregularidade criminal -- na Petrobras ou não -- se mostraram uma futilidade permanente. Um exame das contas do Sistema Financeiro mostra que as pedaladas fiscais não passam de uma ficção. Nos quatro anos de governo Dilma -- e também neste início do quinto -- os programas sociais renderam juros ao Tesouro e não abriram déficits, como se tenta sustentar para tentar acusar a presidente em matérias fiscais. A postura desses juristas constitui um apelo a responsabilidade.

Fonte: Brasil 247, 12/10/2015


Filho de Lula repudia Globo por publicar "mentira"



Advogados de Fabio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente, reiteram que seu cliente "jamais recebeu dinheiro ou favores do lobista Fernando Soares" e repudiam o jornal O Globo por "capitanear um processo de reprodução de inverdades pela mídia".

Em nota, defesa diz que o jornal, que noticiou que Fernando Baiano afirmou em delação ter pagado contas do filho de Lula, "não apresentou nenhum elemento concreto, muito menos idôneo (...), limitando-se a propagar uma suposta delação cujo conteúdo é mantido em segredo de justiça" e, ainda, "sem que a defesa fosse ouvida".

"Fomos procurados apenas no momento seguinte e, mesmo ciente de nossa posição, o jornal optou por ignorá-la", diz comunicado. O jornal da família Marinho "quer à força tornar verdade uma mentira", conclui a defesa.

Aliança entre PSDB e Cunha tem que ser aniquilada

Pois interesses escusos estão em jogo

247 – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "está moralmente interditado para tomar qualquer decisão que afete a sociedade", escreve Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo. Na opinião do jornalista, o deputado, investigado na Suíça por corrupção e apontado como dono de contas secretas no país, não tem sequer condições psíquicas para julgar o que deve fazer ou não".

"Um país inteiro não pode ficar à mercê de um homem que, pelo menos momentaneamente, perdeu a razão e busca não a Justiça — mas arrastar outros em sua queda vergonhosa por ódio e vingança", diz Nogueira.

Segundo ele, também não "devem ser tolerados interesses criminosos escondidos por trás de um moralismo de fachada". "O que o PSDB está fazendo em sua macabra aliança com Cunha é, simplesmente, inominável. Em nada difere do que a velha UDN fez, no passado, para derrubar Getúlio e Jango", afirma. A aliança entre o PSDB de Aécio Neves e Cunha "tem que ser aniquilada", defende.

Fonte: Brasil 247, 12/10/2015

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo defende mandato de Dilma

Pois não há aspectos concretos para respaldar o impeachment 

Ministro do STF, Marco Aurélio Mello, defende cautela sobre o movimento pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff: “De início o processo de impeachment é um processo político. O contexto é péssimo porque o Executivo nacional hoje está muito desgastado. Temos de aguardar. Agora, a ordem natural das coisas direciona no sentido de a presidente terminar o mandato. 

O impeachment é uma exceção, e como exceção, tem de estar respaldada em aspectos concretos”; sobre a postura de Gilmar Mendes na Corte, ressalta: “Nós não podemos desconhecer que a tônica do ministro tem sido uma tônica muito ácida em termos de crítica ao PT e ao próprio governo. Agora, o Supremo tem atuado e decidido com equidistância (...)”; 

Ele também voltou a dizer que o veto ao dinheiro empresarial em eleições “tem eficácia imediata e irreversível”.

Tijolaço questiona os 9 anos do caso Cunha

Para os inimigos os rigores da lei, para os amigos os favores da lei

Por Fernando Brito, no Tijolaço.

A Helena Sthephanowitz, Rede Brasil Atual, levantou o documento original, a Petição Avulsa nº193.787/2006, em que a Polícia Federal pedia ao Supremo autorização para investigar, por ter identificado “transações cambiais com indícios de irregularidade” de diversas pessoas, entre elas Eduardo Cosentino Cunha, o Eduardo Cunha. 

Joaquim Barbosa, oito anos depois de feita a petição, encaminhou o processo ao relator, que não é identificado no despacho, assim como não há referência ao processamento como “petição”, não mais “petição avulsa”, o que dificultou o rastreamento de seu destino.

Carlos Eduardo, no GGN, foi atrás e apurou, que o relator do caso é… Gilmar Mendes.

Gilmar recebeu o caso por sorteio depois que o Ministro Celso de Mello, dias depois de receber o processo, “se declarou suspeito por razões de foro íntimo” .

E liquidou a fatura, devolvendo tudo para a Procuradoria Geral da República, oito anos depois do pedido para investigar Cunha!

Que espetáculo!

A Polícia Federal pediu para investigar Cunha em dezembro de 2006. Estamos em 2015 e não se sabe nada sobre o processo.

Vão se completar nove anos e nada…

Nem sequer o conhecimento, pela opinião pública, do que se tratam as “transações cambiais com indícios de irregularidade” de Eduardo Cunha.

Fonte: Brasil 247, 12/10/2015

Com CPMF, em 2016 já estaremos recuperados, diz empresário

Israel Klabin, empresário e membro do conselho de administração da Klabin

Empresário e membro do conselho de administração da Klabin —uma das grandes produtoras e exportadoras de papel do país—, Israel Klabin, 89, critica a presidente Dilma Rousseff por uma visão "imediatista" e "centralizadora", mas aposta em uma recuperação econômica mais rápida do que o esperado.
Israel Klabin, empresário e membro do
conselho de administração da Klabin
A condição para isso, afirma, é que o Congresso aprove a recriação da CPMF em caráter provisório. Nesse sentido, o empresário considera urgente a aprovação pelos parlamentares do ajuste fiscal proposto pelo governo.

"O verdadeiro problema está nas mãos do Congresso, que olha antes para os interesses corporativos", critica.

Klabin conversou com a Folha, na terça-feira (6), em Nova York, durante premiação do centro de estudos e políticas públicas Woodrow Wilson, que agraciou André Esteves, do banco BTG Pactual, e o biólogo Thomas Lovejoy.

Presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Klabin se diz otimista com o agronegócio e o combate às mudanças climáticas no Brasil.

Com relação ao ajuste econômico ele diz que: "Estamos caminhando na estrada certa, mas teremos as dores da correção do passado." e que cabe ao Congresso aprovar o programa de macroeconomia, o ajuste fiscal da forma que está proposto pelo Governo.

Ele também manifestou-se sobre a volta da CPMF: " Sou totalmente favorável a prazo curto, três ou quatro anos. Se for aprovada, a partir de meados do ano que vem, teremos uma inflação relativamente controlada e o lado macroeconômico administrado. Estou muito contente com a decisão do governo de fazer um grupo que estude a reforma do Estado."

Disse também que as metas de combate às mudanças climáticas [anunciadas pela presidente Dilma Rousseff na ONU, no fim do mês passado] "São realistas, possíveis e verdadeiras. Foram muito pensadas por um grupo de cientistas, inclusive o meu grupo, juntamente com o da ministra, todos Ph.Ds, altamente qualificados.

Para ele a recessão termina no ano que vem e o agronegócio desponta como a grande alternativa do Brasil ao afirmar que: "Em meados ou final do ano que vem, estamos recuperados e num caminho possivelmente melhor que outro país, e vou te dizer por quê. Nós estamos trabalhando hoje na implementação do CAR (Cadastro Ambiental Rural, que registra imóveis), na fundação, e todos os subprodutos nos dirigem a um boom enorme na área agropecuária e de recuperação florestal do país.

É definitivo. Estamos exportando 210 milhões de toneladas de grãos, já ultrapassamos os Estados Unidos. Quando for 2050, tecnicamente, se não acontecer absolutamente nada e conseguirmos evitar os males da mudança climática na agricultura, teremos capacidade de produção de 660 milhões de toneladas, ou seja, o total das necessidades de segurança alimentar do planeta.

Você acha que eu não vou ser otimista com relação ao Brasil?

Fonte: Folha, 11/10/2015


Estados também enviam Orçamentos com deficit para 2016

Diante da grave crise econômica e da queda na arrecadação, governadores seguiram o exemplo da presidente Dilma Rousseff e apresentaram seus Orçamentos para 2016 com deficit.

Sem ter como evitar aumentos já acertados com o funcionalismo e com poucas alternativas para fazer crescer as receitas, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, dois dos Estados mais ricos do Brasil, vão começar o próximo ano "negativados".

Só o deficit estimado para 2016 pelo governo do mineiro Fernando Pimentel (PT) é de R$ 8,9 bilhões.

No Rio Grande do Sul, onde o atraso nos salários do funcionalismo gerou nos últimos meses paralisação de serviços, como a polícia, o governo de José Ivo Sartori (PMDB) colocou no Orçamento o item "Receita Extraordinária para a Cobertura do Deficit", de R$ 4,6 bi, que ainda não se sabe de onde virá.

Outros governos pelo país, como o Rio, contam com verbas de empréstimos, que nem sabem se serão aprovados, para fechar as contas.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), chegou a cogitar um deficit bilionário, mas encaminhou uma proposta com receitas e despesas equiparadas. A solução foi prever receitas extras, chamadas de "não recorrentes", de R$ 14 bilhões ao longo do próximo ano.

O total de despesas para 2016 é estimado em R$ 79 bi. Esses recursos extras, diz o governo, virão da venda de ativos, concessões ou de novos empréstimos. O governo Dilma, porém, passou a restringir a autorização para financiamentos dos Estados.

Fórmula parecida com a do Rio foi encontrada por Sergipe, governado por Jackson Barreto (PMDB). O Estado conta com a liberação de R$ 374 milhões em operações de crédito para quitar todas as contas no próximo ano.

O número de Estados com deficit "confessado" pode aumentar, já que parte ainda não fechou a proposta orçamentária para 2016.

Só os rombos de Minas e Rio Grande do Sul somados chegam a quase metade dos R$ 30,5 bi que faltaram no Orçamento de 2016 apresentado pelo governo Dilma.

A elaboração pela União de um projeto orçamentário com deficit para o próximo ano agravou a perda de confiança no desempenho econômico do país, culminando com a retirada do grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, há um mês.

APOSTA

Governos estaduais afirmam que não havia como projetar receitas e despesas em volumes iguais. Um dos argumentos é o de que foi melhor fazer uma projeção realista a anunciar um equilíbrio impossível de ser obtido.

"Mostra uma situação delicada. Temos ainda o aumento da folha [de pagamento]. É a nossa realidade", diz o secretário do Planejamento de Minas, Helvécio Magalhães.

Ele diz que buscou o "aval informal" do Tribunal de Contas do Estado antes de encaminhar o projeto à Assembleia e culpa a gestão anterior pelo desequilíbrio.

Estado mais endividado do país, o Rio Grande do Sul deposita suas esperanças para tapar o rombo em duas apostas incertas: a mudança do indexador da dívida com a União e a recriação da CPMF. O ministro Joaquim Levy (Fazenda) se opõe a alterações no modelo de pagamento da dívida.

O professor de finanças do Ibmec-RJ Nelson de Sousa diz que os deficits nos Orçamentos mostram os governos "confessando" que não sabem como resolver seus problemas de caixa e empurrando o problema para mais adiante.

"Admitir que sabidamente não vai ter como pagar contas é um reconhecimento de que se está em colapso. Mostra a necessidade de mudança, mas os governos não se dispõem a mudar gastos", disse.

domingo, 11 de outubro de 2015

As chamadas "pedaladas fiscais" ocorreram mesmo?

Veja os números e tire sua própria conclusão

Quem assistir à reprise do Espaço Público neste domingo, a partir das 23 horas, na TV Brasil, poderá acompanhar um momento curioso da entrevista que fizemos com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), vice-presidente na chapa de Aécio Neves em 2014. 

Quando a entrevista chegou às chamadas pedaladas fiscais, questão que seria votada pelo TCU exatamente no dia seguinte ao programa, mostrei, com números, que era preciso ser cauteloso nessa discussão.

Lembrei que os grandes programas sociais do governo são pagos através de uma conta suprimento, que funciona assim: quando é positiva, remunera o governo. Quando negativa, rende juros à Caixa Econômica Federal.

Lendo uma tabela de dados oficias, mostrei que o saldo tinha sido positivo e que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o governo não teve prejuízo com os programas – pelo contrário, recebeu juros, pois a Caixa recebeu mais do que gastou.

Em seu papel oposicionista, Aloysio respondeu com ironias. Rebati, ele replicou. A entrevista está aí, para ser vista por quem quiser ver e tirar suas conclusões. 

O fato é que eu estava certo. Os números do Sisfin, Sistema Financeiro, mostram que em nenhum dos quatro anos do primeiro mandato de Dilma Rousseff o saldo anual dos pagamentos de programas sociais foi negativo para o Tesouro. Sempre foi positivo, o que permitiu ao governo receber juros. Olha só que loucura: um governo acusado de maquiar o déficit na verdade recebeu juros porque enviou recursos suplementares para pagar os programas sociais.

Os números da remuneração recebida pelo Tesouro não são nada desprezíveis, por sinal:

2011 .... R$ 241.578.128,64 

2012 .... R$ 188.371.711,48

2013 .... R$100.580. 459,23

2014 .... R$ 141.692.598,98

Estes dados ganham nova importância agora. Depois da rejeição das contas pelo TCU, a oposição tentará usar as "pedaladas fiscais" como argumento para pedir o afastamento da presidente. Termo obscuro por natureza, destinado a confundir em vez de esclarecer, a "pedalada" sugere o que não aconteceu. Dá a entender que houve uma falsificação, uma malandragem, mas se exime de comprovar o que diz. Isso porque sua base é uma inverdade.

É certo que ocorreram valores diários negativos, como é natural no mundo real da economia de um país, inclusive nos EUA. Mas é certo também que no saldo final o governo saiu ganhando – e é este o resultado que importa, do ponto de vista de quem considera que déficit zero é o principal termômetro da saúde de uma economia e das boas intenções de um governo (eu discordo desse ponto de vista. Acho simplório. Mas nem é isso o que importa no momento, nós sabemos).

O que importa são possíveis caminhos para emparedar a presidente.

Não há fatos criminosos para incriminar Dilma, como já foi reconhecido em editorial pelo New York Times, insuspeito de qualquer simpatia particular pela presidente. Por causa disso, a saída é tentar criar uma nuvem onde tudo possa ser usado contra ela porque nada foi demonstrado nem esclarecido.

Afinal, a "política pode ser cínica", reconhece o advogado Luiz Francisco Carvalho Filho na Folha de ontem.

Neste vale tudo, parece falta de educação lembrar que o empreiteiro Ricardo Pessoa, o principal delator da Lava Jato, fez revelações inesquecíveis sobre determinados ministros que julgaram as contas de Dilma.

Contou que pagava uma mesada de R$ 50 000 por mês a um escritório do filho do próprio presidente do Tribunal – que comandou a sessão que rejeitou as contas do governo – em troca de informações privilegiadas. Pessoa também disse que, através desse escritório, pagou uma propina de R$ 1 milhão em troca de uma sentença favorável que foi dada pelo ministro Raimundo Carreiro.

Olha a coincidência: foi Raimundo Carreiro quem teve a primazia, na quarta-feira, de relatar o pedido de suspeição do relator Augusto Nardes. Você tem dúvidas sobre o voto do ministro Carreiro?

Esses fatos pitorescos sobre o TCU deveriam ajudar a refletir sobre a sentença que condena Dilma. E olhe que nem lembrei que Augusto Nardes é investigado na operação Zelotes, suspeito de embolsar R$ 1,6 milhão de propina.

Todos se declaram inocentes e a constituição garante a presunção da inocência. Mas estes fatos descrevem um ambiente, ajudam a mostrar de quem e do quê estamos falando. Os protagonistas de uma decisão apresentada como histórica na história do TCU são cidadãos sob suspeita, no mínimo.

Sinceramente, eu acho que é muito fácil pressionar ministros na defensiva, concorda?

Estes fatos também ajudam a denunciar o cinismo sem remorsos de quem navega em correntes do moralismo de conveniência. 

E se você já ouviu falar da lenda de que as "pedaladas" prosseguiram em 2015, não se deixe iludir. O que se quer é contornar o artigo 86 da Constituição, que informa que um presidente só pode ser processado por crimes ocorridos no exercício do mandato.

Os números do Sisfin mostram que essas alegações são falsas. Até abril deste ano, o saldo era positivo, para o Tesouro, em R$ 72.3311.212.30.

Guarde este e os outros números. Eles podem ser sua consciência. Podem permitir – sem cinismo – distinguir a diferença entre golpe de Estado e impeachment. É sempre um aprendizado e um motivo de luta.

Fonte: Brasil 247, 10/10/2015

Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo, diz que não há motivo para golpe

"Não há motivos. Tem que se ter provas diretas, frontais, de ações tomadas pela própria presidente. (...), disse o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa

247 – O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, também rechaçou o golpe que vem sendo articulado contra a presidente Dilma Rousseff. Leia, abaixo, nota publicada pelo jornalista Lauro Jardim:

Joaquim Barbosa: impeachment, não

Que ninguém fale de impeachment perto de Joaquim Barbosa. Ele é radicalmente contra tirar Dilma Rousseff do cargo — ao menos com o que surgiu até agora.

Diz Barbosa: "Não há motivos. Tem que se ter provas diretas, frontais, de ações tomadas pela própria presidente. O impeachment é um mecanismo brutal que não pode ser usado de qualquer maneira".

Orçamento de 2016 é prioridade do governo, diz Levy após reunião do FMI

Guadalupe Pardo/Reuters 
Ministro Joaquim Levy durante reunião anual do FMI em Lima (Peru)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o Orçamento de 2016 é prioridade do governo, pois representa "o fundamento do crescimento econômico". Ele fez a afirmação neste domingo (11) pouco antes de embarcar de volta ao Brasil em Lima (Peru), onde participou da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A economia brasileira foi um dos destaques negativos do encontro, com projeção do organismo de 3% de contração para o país neste ano.

"O que a gente quer ver é a volta do crescimento o mais rápido possível, com a expansão do crédito e o apoio às empresas, e eu acho que o Orçamento numa sociedade democrática é onde a gente caracteriza essas decisões", afirmou.

O ministro disse desconhecer detalhes da análise feita pelo procurador do TCU (Tribunal de Contas da União), de que o governo mantém no segundo mandato as "pedaladas fiscais", ao atrasar pagamentos devidos ao Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal.

O segundo mandato de Dilma Rousseff

"Todo mundo sabe que nós estamos pagando as despesas não só deste ano, como dos anos anteriores. Todo mundo sabe que nós inclusive reformamos diversos regulamentos para acelerar o pagamento e dar absoluta clareza ao relacionamento com as instituições fiscais. Qualquer pessoa que conhece a minha história sabe que eu tenho enorme compromisso com a transparência, com o cumprimento das leis", disse o ministro.

De acordo com representação assinada na semana passada pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira, a dívida do Tesouro com o BB, BNDES e Caixa somava somou R$ 40,2 bilhões até o fim de junho. Parte desse valor diz respeito a repasses que deveriam ter sido feitos no primeiro semestre deste ano. Dias antes, o plenário do TCU havia reprovado as contas de 2014 da presidente Dilma.

Questionado se a trajetória de alta prevista pelo FMI para a dívida bruta nos próximos anos não indica dúvidas em relação ao ajuste fiscal do governo, Levy reiterou a importância do Orçamento para afastar o risco de um novo rebaixamento do país.

"Se conseguirmos evoluir no tema do Orçamento, alcançar com segurança, com todas as medidas que forem necessárias para atingir o objetivo de 0,7% [de superavit primário] do PIB no ano que vem, você vai ter menos dúvidas", afirmou o ministro.

Ele observou que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência Standard & Poor´s, em setembro, "teve um efeito devastador" para várias empresas.

Ele negou que o rumor sobre a sua possível saída do cargo tenha sido uma das principais preocupações nos encontros com investidores que teve em Lima.

"Na verdade não foi um tema muito discutido. Corretamente, as pessoas estão interessadas é nas decisões de política. Para onde é que o Brasil vai e se a gente realmente quer crescimento', afirmou.

Fonte: Folha, 11/10/2015