sábado, 17 de agosto de 2013

Como a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos

*Adriana Setti
No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida – mais austero e justo – da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.

Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.

Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.

Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte dosavoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura. 

 O texto foi escrito pela Adriana Setti na coluna Mulheres pelo Mundo da Revista Época.

Seja você mesmo!


Aprendi com a vida


Em 8 meses de Administração, Eliene Nunes, está desacreditada

Quem chega em Itaituba, seja por via fluvial, terrestre ou aérea, se depara com uma cidade, que parece que não tem administração; que a administração não sabe como fazer o que lhe compete ou, então, que propositalmente, deixou a coisa tomar esse rumo.

Os setores administrativos que dispõe de verbas carimbadas trabalham o essencial, não há nenhuma inovação. Em alguns aspectos as ações são titubeantes, improdutivas e suspeitas.

Nas secretarias, a falta de responsabilidade com a coisa pública, a falta de conhecimento sobre a pasta e também a falta de autonomia, está muito visível.

Na Seminfra, fica clara a intervenção e apropriação da coisa pública em favor do interesse privado.

Leis esdrúxulas e casuístas, continuam em vigor porque a prefeita não consegue romper com forças retrógradas com as quais está comprometida.

Também, chama a atenção a cooptação de pessoas, que este governo faz de forma descarada e as compras superfaturadas que estão acontecendo.

De erro em erro, essa administração perdeu a credibilidade. Parte de seus apoiadores de campanha eleitoral e até de pessoas do seu grupo de trabalho já não apostam mais, já não tem esperanças.

Na Câmara Municipal, há vereadores que estão comprometidos "até a pescoço", numa relação de promiscuidade estabelecida ou que então não sabem executar o seu papel constitucional. 

Paramos no tempo,  mais vale a publicidade que a concretização de objetivos, mais vale a cooptação que a liberdade da crítica, mais vale a volta a década de 80 que a entrada para a modernidade.

No geral, temos uma cidade, um município, que carece  urgentemente definir o que quer em termos de programa de governo, em termos de ações e, de olho no projeto de desenvolvimento da região, que começa a ser trabalhado pelo governo federal, colocar em prática um modelo que seja condizente com os interesses da maioria da sociedade.

Enquanto a Telexfree não volta...


Determinação e força de vontade concretizam objetivos


Suspeita de corrupção de selos no Congresso Nacional

Se já não bastasse a falta de credibilidade do parlamentares brasileiros perante a sociedade, agora um fato novo vem contribuir para prejudicar ainda mais  a imagem dos políticos: o indício de corrupção dos selos, adquiridos junto aos Correios e não utilizados, uma vez que uma maquininha faz essa selagem. Pra onde estão indo os selos?

Confira a reportagem neste link:   http://tvuol.tv/bvc8xc

Coisas que a novela ensina


As escolhas determinam o caráter


Jatene, um governo que gasta muito,faz pouco e de pouca aceitação


Percentuais de investimento do Pará são os piores da Região Norte. Estado perde até para o Piauí e o Maranhão, com quem “disputa” a lanterninha dos indicadores sociais. Desempenho de Jatene é pior que o do tucano Antonio Anastasia, de Minas Gerais. Investimentos são os mais baixos em 17 anos. No entanto, despesas com contratações temporárias cresceram mais de R$ 153 milhões, entre 2011 e o ano eleitoral de 2012, e alcançaram quase meio bilhão. Diárias e passagens consomem mais de R$ 105 milhões. 
 Foto da vitória eleitoral de Jatene em 2010
Nos últimos dois anos, os percentuais de investimento do Governo do Pará foram os mais baixos da Região Norte, em relação ao total de gastos empenhados. 

Pior: perderam até mesmo para dois estados nordestinos com os quais o Pará costuma “disputar” a laterninha dos indicadores sociais brasileiros: Piauí e Maranhão.

Os dados são dos resumos dos balanços gerais dos estados, os documentos que registram todas as receitas e despesas dos entes federativos, e que se encontram disponíveis à consulta pública no site da Secretaria do Tesouro Nacional (STN): https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/responsabilidade-fiscal/prefeituras-e-governos-estaduais/sistema-de-dados-contabeis 

Em 2011, os investimentos do Pará representaram apenas 4,51% da despesa empenhada, contra 15,17% do Acre e 14,43% do Amazonas, os estados mais bem colocados no ranking regional.

No mesmo ano, os investimentos do Maranhão, também em relação à despesa, ficaram em 10,06%, e os do Piauí em 8,94%.

Já em 2012, os investimentos do Pará ficaram em 6,19%, da despesa total, contra 17,43% do Acre e 13,98% de Roraima.

No Maranhão, em 2012, os investimentos alcançaram 10,14%, e no Piauí 10,36%.

O desempenho do Governo Jatene é preocupante até mesmo quando comparado ao de outro tucano, Antonio Anastasia, governador de Minas Gerais.

Em Minas, os investimentos ficaram em 6,05% em 2011, e em 12,07% em 2012.

Investimentos são os recursos destinados à aquisição de equipamentos e à reforma e construção de estradas, escolas e hospitais, por exemplo.

Eles estão diretamente ligados, portanto, à manutenção ou ampliação da capacidade de atendimento dos serviços públicos estaduais.

Nos últimos dois anos, no entanto, nunca se investiu tão pouco no Pará, que já apresenta grandes déficits de atendimento em áreas essenciais (Saúde, Segurança, Educação) e expressivo crescimento populacional, em decorrência dos fortes fluxos migratórios.

Como mostrou a reportagem da Perereca da Vizinha, no último 12, os investimentos do Governo Jatene foram os mais baixos do Pará, nos últimos 17 anos: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/08/o-para-ladeira-abaixo-investimentos.html .

Mas, no ano passado, Jatene obteve autorização da Assembleia Legislativa para contrair cerca de R$ 2 bilhões em empréstimos, que deverão financiar, basicamente, as obras que ele prometeu durante a campanha eleitoral de 2010.

No entanto, segundo o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) do terceiro bimestre de 2013, que também se encontra no site da STN (https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/responsabilidade-fiscal/prefeituras-e-governos-estaduais/sistema-de-dados-contabeis), o Governo Jatene só havia liquidado, até junho, pouco mais de R$ 356 milhões (ou 13,74%), dos quase R$ 2,6 bilhões previstos para investimentos neste ano, entre dotação inicial e créditos adicionais.

No mesmo período, a despesa total liquidada pelo Governo já era superior a R$ 7,3 bilhões.

O blog volta ainda no final de semana ou na segunda-feira com reportagens completas sobre dois gastos impressionantes do Governo Jatene, no ano eleitoral de 2012.

O primeiro, as despesas com diárias e passagens, que consumiram mais de R$ 105 milhões.

O segundo é ainda mais assustador: os gastos com as contratações por tempo determinado (temporárias), que cresceram em mais de R$ 153 milhões, entre 2011 e 2012, alcançando quase meio bilhão de reais.

Veja nos quadrinhos abaixo (clique em cima deles para ampliar).

Aqui, o quadro com os investimentos dos estados da Região Norte, em 2011 e 2012 (os percentuais foram calculados pela Perereca):


Aqui, os investimentos do Maranhão, Piauí e Minas Gerais, também em 2011 e 2012:


Aqui, o RREO do sexto bimestre deste ano:


Aqui, no balancete de junho de 2013, a despesa liquidada até aquele mês (a coluna F é o acumulado):


E aqui, ainda no balancete de junho de 2013 (e também na coluna F), o acumulado das despesas com investimentos:

Se quiser, confira o balancete de junho diretamente na página da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa): http://www.sefa.pa.gov.br/site/pagina/tesouro.balancetes

E confira os balanços resumidos dos estados que estão no site da STN.

O total das despesas empenhadas pode ser conferido, geralmente, na página 12 e, os investimentos, na página 13, no grupo Despesas de Capital.

Conclusão, o governo Jatene vai "mal das pernas" e caso ele busque a reeleição, não só esse quadro será explorado, como também o seu posicionamento contra a divisão do Pará, bem como o esquecimento administrativo das regiões fora a de Belém.

Fonte: Blog A Perereca da Vizinha, 17/08/2013