"Críticas a Lula, divergências e animosidades nunca foram raras dentro do PDT. Brizola e ele trocaram muitos impropérios e alguns eu assisti, pessoalmente. Mas nunca na 'hora H', quando os destinos do povo brasileiro estava em jogo", lembra Fernando Brito, editor do Tijolaço
12 de novembro de 2019, 07:00 h
Ciro Gomes e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – Certo que muitos “históricos” do PDT e até pré-históricos, como este blogueiro, estão afastados do partido, embora mantenham, como se mantém dos grandes amores, o respeito que silencia críticas e que jamais admite enxovalhar a quem tão bem se quis.
Os leitores sabem que, pelos 23 anos por lá, em geral conservo um silêncio obsequioso e, confesso, carinhoso.
Mas, por tanta história, permanece algo denso no partido, ainda que sem aqueles brizolistas.
E isso faz com que a velha sigla de Brizola mantenha uma sintonia com o espírito popular.
E não há dúvidas de que houve, no campo popular, alegria e esperança com a libertação de Lula vista, como de fato é, uma imenso reforço na luta contra o desvario em que foi lançado o Brasil.
Vi e li inúmeras saudações de ex-companheiros pedetistas na sexta-feira e no sábado, e assisti a declaração do presidente do partido, Carlos Lupi, saudando a sua libertação e dizendo que isso “prova que ainda há esperança em meio a tanta sujeira do atual governo”.
Ciro cria, com as declarações que deu a O Globo, de que “não quero mais andar com o lulopetismo corrupto nem para ir para o céu”, um constrangimento imenso para o presidente do seu partido, duas vezes ministro do governo petista, principalmente porque não se serviu dos mesmos vetos quando se tratou da tentativa de obter apoio do DEM e do PP na campanha, o que acabou não se concretizando. E fez bem em conversar, seriam menos forças no campo conservador.
Tenho certeza que Lupi, por sua natureza, seria – ou será, quem sabe? – um dos primeiros dirigentes partidários a desejar conversar com Lula, como compete a qualquer presidente de partido do campo popular, ainda que isso não implique em restrições à candidatura Ciro, tão legítima quanto a de Lula, ainda que hoje vetada pela lei da Ficha Limpa, mas não em 2022, justo porque o líder petista luta, legalmente, por sua absolvição.
Criar este constrangimento é injusto com Lupi e com todos os pedetistas que abriram o partido a Ciro e não podem e não devem ser manietados por ele. A luta, citava sempre Brizola o ditado gaúcho, “não quita a fidalguia”,
Conversar é da essência da política e só energúmenos, como o que hoje nos preside, fogem disso.
Críticas a Lula, divergências e animosidades nunca foram raras dentro do PDT. Brizola e ele trocaram muitos impropérios e alguns eu assisti, pessoalmente.
Mas nunca na “hora H”, quando os destinos do povo brasileiro estava em jogo.
Talvez seja o melhor sinal de que, entre um e outro, o tamanho é muito diferente.
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