terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Membro da Assembléia de Deus, Bolsonaro se diz católico e que foi 'surpreendido' pela mulher

Fomos vítimas de um estelionato eleitoral?


247 - Diante da repercussão negativa da decisão de Michelle Bolsonaro de retirar peças de arte sacrado Palácio do Alvorada, seu marido, Jair, disparou um tweet na manhã desta terça-feira (18) dizendo-se "surpreendido" pela notícia. O tweet (veja abaixo) tem redação que deixa em dúvida o sentido da surpresa. Bolsonaro foi surpreendido pela decisão da mulher ou pela notícia e, neste caso, insinuaria que ela é falsa?

Fui surpreendido com a notícia que minha esposa retiraria imagens católicas da futura residência oficial devido sua religião. Ela evangélica e eu católico, ambos temos objetos que lembram nossa fé em nossa casa! Não por acaso, criam narrativas para nos desgastar a todo custo!— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 18 de dezembro de 2018

O texto é propositadamente confuso ou apenas mal escrito? Bolsonaro não se arriscou a acusar a notícia de mentirosa, pois ela foi confirmada por três funcionários do Palácio do Planalto e pelo general Hamilton Mourão, futuro vice-presidente (aqui). No mesmo tweet, Bolsonaro afirmou ser "católico", o que é uma falsificação grosseira, pois foi batizado na Assembleia de Deus em 2016.

Chega a ser surpreendente que Bolsonaro declare-se católico. Em 2016 Jair Bolsonaro foi até o rio Jordão, em Israel, para ser batizado pelo pastor Everaldo, candidato a presidente pelo PSC em 2014 e atual presidente do partido -o PSC é uma das nove siglas às quais Bolsonaro já foi filiado. Em 2013 quem oficiou seu casamento com Michelle foi o Silas Malafaia, o pastor mais conhecido da Assembleia de Deus e um dos maiores líderes do fundamentalismo no país.

O presidente eleito parece manter propositadamente uma ambiguidade em torno do tema da religião, apresentando-se ora como evangélico ora como católico conforme a ocasião se apresente. 

Ele não falou em seu tweet sobre a situação mais grave no imbroglio em que se transformou: a remoção da obra "Três Orixás", da pintora Djanira da Motta e Silva, do Palácio do Planalto. Os fundamentalistas brasileiros têm sido especialmente agressivos com as religões afro e seu locais de celebração nos últimos anos, com dezenas de ataques e agressões registrados.

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