A TV Globo reuniu Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). Jair Bolsonaro (PSL) informou que não compareceria por recomendação médica.
Por Filipe Matoso, Gustavo Garcia e Lucas Salomão, G1 — Brasília 05/10/2018 00h49 Atualizado há 7 horas
Candidatos à Presidência da República se posicionam no estúdio da TV Globo no Rio de Janeiro antes do início do debate — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Sete presidenciáveis debateram ideias, apresentaram propostas e atacaram o candidato ausente, Jair Bolsonaro (PSL), no último debate do primeiro turno, na TV Globo.
Participaram do debate nos estúdios Globo, no Rio de Janeiro, Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). O mediador foi o jornalista William Bonner.
Bolsonaro foi convidado, mas informou que não compareceria por recomendação médica. Ele recebeu alta hospitalar no último sábado (29), depois de 23 dias de internação devido à facada que recebeu em um ato de campanha no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora.
O debate foi dividido em quatro blocos:
no primeiro e no terceiro blocos, os candidatos fizeram perguntas com tema livre; no segundo e no quarto blocos, os candidatos fizeram perguntas com temas definidos por sorteio; no quarto bloco, os candidatos também apresentaram as considerações finais.
No primeiro bloco, candidatos criticaram a chamada "polarização" entre Bolsonaro e o candidato do PT, Fernando Haddad.
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, Bolsonaro tem 35% das intenções de voto; Haddad, 22%; Ciro, 11%; Alckmin, 8%; e Marina, 4%.
No segundo bloco, com temas determinados por sorteio, os candidatos discutiram custo Brasil, reforma trabalhista, saúde, infraestrutura, agronegócio, meio ambiente e combate às drogas.
No terceiro e no quarto blocos, as intervenções dos candidatos envolveram críticas à ausência de Bolsonaro e discussão de propostas, entre as quais reforma da Previdência, Bolsa Família, saneamento, educação, impostos e corrupção.
MARINA SILVA (REDE)
(Pergunta de Ciro Gomes) 'Divisão' do país e governabilidade a partir de 2019: "Ciro, eu não acredito que, a permanecer essa polarização, se tenha condição de governar o Brasil. Nós temos a oportunidade agora de poder fazer a mudança. O voto de uma pessoa pode ser usado para melhorar a saúde, melhorar a educação, melhorar sobretudo o sistema político que está degradado. A permanecer essa guerra em que alguns estão votando por medo do Bolsonaro e outros estão votando por medo do Haddad, ou estão votando porque tem raiva um do outro, o Brasil vai ficar quatro anos vivendo uma situação de completa instabilidade econômica, política e social. Nós temos a oportunidade agora de fazer a diferença. Mas essa diferença é a população que pode fazer. Nós temos alternativas para poder fazer essa escolha e é por isso que eu tenho me colocado como alternativa. Porque desde 2010, Ciro, eu estou dizendo que o Brasil ia para essa situação que estamos hoje, de ódio, de separação. E nesse momento agora, com as propostas que tenho apresentado para a saúde, eu estou preparada para unir o Brasil. Porque graças a Deus tenho dito, desde 2010, que se ganhar vou governar com os melhores porque não tenho preconceito contra ninguém."
(Pergunta de Geraldo Alckmin) Transporte: "Minha proposta é que se tenha infraestrutura para o desenvolvimento sustentável. Quando fui ministra do Meio Ambiente, tive a oportunidade de fazer os licenciamentos mais difíceis, inclusive o da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Tenho a exata noção da dificuldade que temos em relação à infraestrutura no Brasil. Hoje perdemos 30% da produção agrícola por falta de infraestrutura, logística, falta de armazenamento e falta de portos. No meu plano de governo, vamos trabalhar diferentes modais. Vamos investir em rodovias, recuperando e criando, vamos investir em hidrovias na Amazônia, que tem um potencial grande no estado do Amazonas, vamos investir em ferrovias, que é um transporte mais barato, ambientalmente, mais sustentável e mais adequado para algumas regiões. A infraestrutura gera emprego e renda, vida digna, mas tem que ser feita em bases sutentáveis. Não pode ser feito de qualquer jeito. Um projeto tem que ser economica viável, socialmente justo e ambientalmente responsável".
(Pergunta de Geraldo Alckmin) Segurança pública: "Nós temos uma situação dramática em que 63 mil pessoas são assassinadas por ano. E nossa proposta para segurança pública é inclusive para frear o que está acontecendo no Brasil, em que quadrilhas e organizações criminosas que só existiam em grandes metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e principalmente aqui em São Paulo como é o caso do PCC, estão indo para estados que não tem a menor condição de lidar com esse tipo de crime. O meu estado do Acre, um estado frágil, hoje está invadido por organizações criminosas. Por isso a nossa proposta é de um sistema único de segurança pública. Nós vamos investir em inteligência para que as abordagens sejam mais efetivas, treinar e pagar adequadamente os policiais. Vamos equipar e ampliar o contingente da Polícia Federal Rodoviária e da Polícia Federal para combater crime organizado. E não vamos permitir, Alckmin, que aqueles que são criminosos fiquem comandando o crime organizado de dentro das cadeias como acontece em muitos casos, inclusive em São Paulo, que consegue exportar essas organizações criminosas para outras regiões do Brasil. Nós vamos ter um sistema único de segurança pública que trate a questão da violência não só como caso de polícia, mas como caso de justiça econômica, social, para que a população possa ter alternativa."
Considerações finais: "Eu quero agradecer a Deus por ter participado desta campanha. E agradecer a Deus por não ter caído na tentação de ir pela porta larga que leva ao caminho da perdição, do ódio, da mentira, das falsas promessas, que depois que se ganha não têm como ser cumpridas. Eu estou aqui porque eu sei que eu sou uma pacificadora, uma pacificadora que muitas vezes é mal compreendida porque as pessoas entendem quem tem uma postura de amor no coração e respeito pelo próximo como se fosse uma pessoa fraca. Esse país não está precisando de força física. Esse país precisa de força moral, precisa de respeito com o seu dinheiro, com a Constituição, com a diversidade religiosa, com a diversidade cultural. Eu estou aqui porque eu sei que eu sou a melhor pessoa para unir o Brasil e eu estou pronta para governar o Brasil e unir os brasileiros a favor de um Brasil próspero para todos."
FERNANDO HADDAD (PT)
(Pergunta de Geraldo Alckmin) Contas públicas: "Boa noite, telespectador. Boa noite, Geraldo. Os nossos governos foram responsáveis pela maior economia já feita nas finanças públicas do país. Enquanto quem governava era Fernando Henrique Cardoso, do partidário Geraldo Alckmin, a carga tributária dobrou, perdão. A carga tributária aumentou de 26 para 32% e a dívida pública dobrou no mesmo período. Detalhe: a carga tributária aumentou 6% do PIB no lombo do trabalhador, imposto sobre consumo. No nosso período, a dívida pública caiu à metade. Nós pagamos o FMI. Nós acumulamos quase US$ 400 bilhões de reservas cambiais. O que o candidato Geraldo Alckmin não reconhece é que, depois que o seu partido foi derrotado em 2014 – e, felizmente, um correligionário dele admitiu em entrevista recente – o PSDB se associou ao Michel Temer para sabotar o governo, aprovando as chamadas pautas-bombas, gastos desnecessários, aumento para a cúpula do funcionalismo público, um absurdo, aumentando acima do teto, com auxílios, os mais diversos, salário de quem já ganhavam bem. E foi isso que levou o país à crise e não a política responsável com as finanças públicas que nós fizemos."
(Pergunta de Alvaro Dias) Programas e investimentos: "Em primeiro lugar, eu acho que você deveria ter mais compostura nesse debate. O senhor não respeita tempo, não respeita seus adversários, não respeita as regras do debate. Faz brincadeira com coisa séria, coisa muito séria. Eu quero dizer para o senhor que, em termos de gastos públicos, os nossos governos, pela primeira vez, colocaram o pobre no Orçamento. Todos os programas sociais conhecidos no Brasil, o Minha Casa, Minha Vida, Luz Para Todos, Prouni, universidades públicas federais, institutos federais, transposição do São Francisco. O que o senhor imaginar foi feito nos governos nossos, né, com os resultados sociais conhecidos. Agora, nós vamos retomar muita coisa que vocês destruíram, estão destruindo, nós vamos retomar o crescimento do Brasil, diminuindo os impostos dos mais pobres para que eles aumentem o poder de compra, e possam voltar a comprar para ativar a economia e gerar empregos. Nós vamos enquadrar os bancos, porque os bancos estão cobrando juros extorsivos da população, sobretudo, do empresário, daquele que precisa fazer um crediário, e daquele que está endividado e não consegue pagar as suas contas. Nós vamos fazer tudo que for necessário, a reforma fiscal para retomar os investimentos públicos, gerando empregos. É isso que eu vou fazer a partir de 1º de janeiro de 2019."
(Pergunta de Marina Silva) Autocrítica em relação ao PT na crise política: "Olha, Marina, eu agradeço a pergunta. Eu estou em campanha há apenas 22 dias. Eu entrei numa situação completamente anormal. O líder das pesquisas, que figurava na dianteira podendo ganhar no primeiro turno, não pode participar da eleição em função de uma decisão arbitrária. Arbitrária. Foi condenado sem provas e hoje é considerado pelo mundo inteiro um preso político, inclusive por um comitê das Nações Unidas, que vai julgar o mérito dessa ação em março do ano que vem. Você sabe de quem eu estou falando. Estou falando do Lula, que tinha 40% das intenções de voto. Eu estou me apresentando ao eleitorado porque eu represento neste momento um projeto que deu certo. O Lula saiu com 86% de aprovação. Um presidente que governou para todos. Quando falam que o Lula é radical, que o Lula instituiu o ódio. Quando isso? O Lula tratou do servente ao banqueiro, do catador de papel ao empresário, com a mesma dignidade. Abriu as portas do Palácio do Planalto para todo o povo brasileiro. E governo olhando para os mais pobres, que é o que eu pretendo fazer a partir de 1º de janeiro. Reabrir o Palácio do Planalto para todos, de preferência para aqueles que mais precisam da ação do Estado. Essa é a minha formação de professor e esse é o meu valor maior.
(Pergunta de Alvaro Dias) Combate à corrupção: "Agradeço a pergunta. Nós vamos fazer um governo tem que fazer. Um governo tem que fortalecer os órgãos de combate à corrupção, que foi o que nós fizemos. A Polícia Federal nunca recebeu tanto apoio quanto na época dos nossos governos. Vou dar um exemplo a você numérico. Oito anos de governo Fernando Henrique, 40 operações especiais da Polícia Federal. 12 anos de governo do PT, 2,1 mil operações da Polícia Federal. Por que que isso aconteceu? Liberdade para investigar, apoio à inteligência, carreira nova, contratação de pessoal, autonomia para a Polícia Federal. Ministério Público, sempre escolhemos o mais preparado para ser o procurador-geral da República. Anteriormente, engavetador-geral da República. Aquilo que chegava lá era engavetado. Ou seja, sujeira para baixo do tapete. Depois que nós entramos, não tem mão na cabeça. O que precisa ser investigado é investigado doa a quem doer. O que é errado? Partidarizar. Você não pode partidarizar. Você não pode deixar um promotor ou um juiz querer incidir no processo eleitoral para beneficiar amigos e prejudicar inimigos. Tem que se fazer justiça com muita seriedade."
Considerações finais: "Eleitor, eleitora, agradeço a sua atenção. Sou neto de um líder religioso, sou filho de um agricultor familiar. E aprendi com meu pai que um homem e uma mulher têm que acordar e saber para onde ir, precisa ter trabalho ou educação, ou as duas coisas. É muito ruim um brasileiro ou uma brasileira acordarem e não terem um destino. Aprendi com o Lula que é possível oferecer essa oportunidade para todos, sem exceção, sobretudo para quem mais precisa. Portanto, as minhas obsessões durante os quatro anos de mandato vão ser trabalho e educação para todos. Não há nenhum problema no Brasil que não se resolva com trabalho e educação. Aprendi isso com meu pai, vou seguir esse princípio à risca até o fim do meu mandato. Muito obrigado, conto com seu voto. Vote 13."
HENRIQUE MEIRELLES (MDB)
(Pergunta de Alvaro Dias) Investimentos na área social: "Nós estamos vivendo uma situação aqui onde estamos vendo muita briga de candidatos e poucas propostas. No entanto, é um momento de fazermos propostas. É um momento em que o Brasil quer fazer o que cada candidato propõe para os próximos anos. Tenho uma história para mostrar e, portanto, tenho condições de dizer que vou trabalhar para criar empregos no Brasil para melhorar a sua renda. Para criar condições para que todos os brasileiros possam melhorar sua vida possam mandar seus filhos para a escola e podermos, aí, sim, com o Brasil crescendo, aumentando a arrecadação, ter condições de ter boa educação, boa segurança, porque todos têm direito de trabalhar em paz, dormir em paz, e não se preocupar com os filhos porque é dever do Estado garantir segurança. Vamos também fazer com que a saúde possa atender à população, atender à população como a população merece. Vamos informatizar o SUS e fazer com que cada um possa marcar sua consulta eletronicamente e não via espera em fila, especialmente quando estiver doente. E vamos melhorar a qualidade da educação".
(Pergunta de Marina Silva) Legislação trabalhista: "Existe a necessidade de corrigir alguns problemas que precisam ser endereçados como a questão do trabalho insalubre, principalmente para mulher grávida, e para todos. Temos que enfrentar este problema com vigor. Temos que dizer que a legislação trabalhista brasileira, de fato, estava no século passado, criando um problema grave para o país crescer e criando problema para os trabalhadores, para as empresas e para a população brasileira. Vou dar um exemplo: lá na Europa tem um grande empresa que tem um número grande de funcionários no Brasil, 70 mil, e um número grande nos Estados Unidos. Esta mesma empresa, nos Estados Unidos, tem 27 causas trabalhistas e dois advogados trabalhando. No Brasil, 25 mil causas e 150 advogados. Isso não é bom para os trabalhadores. Temos de ter condições de um país em que o trabalhador possa optar em qual sistema quer trabalhar. Neste caso, temos de ter relações modernas entre trabalhador e empresa".
(Pergunta de Guilherme Boulos) Denúncias de corrupção contra Temer: "Eu sou candidato que faço parte da minha história, e a minha história é uma história de quem trabalha em primeiro lugar. Sei que pode parecer estranho para você [Boulos] essa história de trabalhar. Trabalho, trabalho duro e não tenho nenhuma denúncia por corrupção na vida inteira e não tenho nenhum processo, protanto, posso, sim, com muito orgulho, que tenho um passado e um presente ficha limpa... Como já disse, penso inclusive em criar o movimento dos 'sem processo'. Sou um candidato independente porque eu não devo nada a ninguém. Eu já fui convidado, trabalhei no governo Lula, trabalhei no governo Temer, trabalhei para os governos que me deram oportunidade de trabalhar pelo Brasil. Porque eu não divido o Brasil entre quem gosta do FHC, quem não gosta, quem gosta do Lula, quem não gosta. Divido o Brasil entre quem trabalha pelo país e quem não trabalha. Trabalhei pelo Brasil, mostrei resultados concretos com honestidade".
(Pergunta de Ciro Gomes) Ausência de Bolsonaro nos debates:"Isso está errado e mostra alguém que não só está fugindo do debate, mas está fugindo do seu compromisso com a população. E mais importante. Não é meramente o debate, é a questão de estar aqui, sujeito a críticas, sujeito a ataque, sujeito a discordância, muitas vezes até a ofensas ou coisas injustas ou falsas, mas que cada um de nós está aqui enfrentando isso com seriedade e com respeito ao eleitor. E isto é que é importante. O eleitor merece respeito. Por que? Porque nós temos aqui que apresentar propostas que o país precisa e também dizer o que fizemos. Cada um pode dizer o que já fez ou pode dizer o que não fez ou pode simplesmente estar acusando ou brigando com outros candidatos por falta do que dizer. Mas é muito importante que o eleitor tenha a capacidade e a possibilidade de ver isso. Se alguém foge do debate, se alguém se esconde, se alguém não aparece e só vai dar uma entrevista numa situação de absoluto controle e numa situação amigável, significa que essa pessoa, na minha visão, não tem condições de administrar o país. Porque alguém para administar o país tem que enfrentar as intempéries, tem que enfrentar chuvas e tempestades e tem que estar disposto a se expor."
(Pergunta de Ciro Gomes) Segurança: "O Brasil precisa, antes de mais nada, de um sistema unificado de segurança porque o que está acontecendo é que a polícia anda trás do crime organizado ou mesmo do crime comum. Precisamos de uma polícia bem informada. Muitas vezes, a Polícia Militar não troca informação com a Polícia Civil, que não troca informação com a Polícia Federal, e um estado não troca informação com outro estado. Precisamos de um sistema unificado, controlado e administrado pela Polícia Federal. Segundo, e também muito importante, o estado tem que comprar equipamento, contratar policiais. Temos estados brasileiros que passam dez anos ou mais sem contratar policiais por falta de recursos. Temos que garantir o crescimento econômico, porque uma política econômica bem feita faz o estado crescer. O estado vai ter condição de contratar efetivo, comprar equipamentos, armamentos e, finalmente, temos que ter polícia nas fronteiras para prevenir o contrabando. Temos a tecnologia para isso, o satélite geoestacionário, que dá informação em tempo real. O que precisa é competência e inteligência".
Considerações finais: "Agora é o momento de comparar. É o momento em que temos para definir qual será o Brasil dos próximos anos. Eu lhe peço que compare competências, história. Eu trabalhei 33 anos em empresas, dez anos de governo. nunca tive uma denúncia de corrupção. E ódio não gera emprego, vingança não cria segurança nem educação nem lhe dá boa assistência de saúde. O que o Brasil precisa é de confiança porque confiança traz crescimento, emprego e renda. E confiança não se compra. Confiança se conquista com uma vida de competência, trabalho sério, honesto e de credibilidade. Chama o Meirelles. Peço o seu voto"
GERALDO ALCKMIN (PSDB)
(Pergunta de Guilherme Boulos) Reforma trabalhista e direitos sociais: "Olha, há aqui uma grande diferença. O Boulos, como o PT, defendem corporativismo. E nós não. A reforma trabalhista foi necessária, ela foi importante para acabar com cartórios. O país tinha 17, ainda tem, 17 mil sindicatos mamando lá no imposto sindical, na contribuição obrigatória. Aliás, o mais absurdo, 5,7 mil patronal. Isso é um absurdo verdadeiro. Nenhum direito foi tirado. Nenhum. E nem pode tirar nenhum. Então é uma inverdade isso que está colocado. O que o Brasil precisa é voltar a crescer. E para o Brasil voltar a crescer, sair desse marasmo, nós temos que fazer reforma. Reforma política, reforma tributária, simplificar o sistema tributário, reforma do Estado. O PT criou 43 empresas estatais, inclusive a TV do Lula. Gastou mais de R$ 2 bilhões. A Santa Casa aqui da cidade do Rio de Janeiro está fechada por falta de R$ 200 milhões. Eu vou enxugar a máquina, fazer reforma do Estado, privatizar, trazer investimento para o Brasil, recuperar a confiança e o Brasil vai voltar a crescer. O que a população quer é emprego. E nós vamos trabalhar para ter emprego na veia. O governo perdeu capacidade de investimento. Nós vamos trazer investimento privado para o Brasil voltar a crescer."
(Pergunta de Guilherme Boulos) 'Custo Brasil': "Olha, primeiro destacar, sobre a questão da reforma trabalhista, que ela não tira um direito. O funcionário de uma empresa terceirizada tem o mesmo direito do outro. É da economia moderna você fazer a atividade principal. Você, quando faz uma montadora, você vai recebendo, várias empresas prestam serviços, isso é normal, é natural, não tem um direito a menos. A questão de grávida precisa ser regulamentada e eu vou corrigi-la. Em relação à questão do custo brasil, é uma barbaridade, 143 empresas estatais, 43 foram criadas pelo PT. Até a do trem-bala, não tem trem, não tem ferrovia, não tem nada, mas está aí a estatal. É preciso uma reforma do estado, que eu vou fazer, como fiz em São Paulo. A crise pegou o Brasil inteiro, todo o Brasil teve crise. São Paulo, fizemos superávit de R$ 5,3 bilhões e reduzindo imposto para o contribuinte. Nós reduzimos o imposto de remédio, todos os genéricos, de 18 para 12. Reduzimos imposto do etanol do carro, da pessoa que põe o etanol como combustível, de 25 para 12. É o menor do país. Zerei o ICMS do trigo, da farinha do trigo, do pão, do macarrão, das bolachas sem recheio, reduzimos imposto em quase todas as áreas. Agora, eu defendo a reforma tributária."
(Pergunta de Alvaro Dias) 'Extremos' na política: "Olha, eu acho que nós já tivemos, Alvaro Dias, você que já teve uma larga experiência, governador, senador, nós já tivemos a experiência do PT. E vimos o resultado disso. O resultado foram 13 milhões de desempregados, criminalidade na altura, saúde deteriorada, contas públicas com problema, empresas fechadas. Esse é um dado de realidade. E sempre terceirizam. A culpa é sempre de terceiros. Agora, também de outro lado, e eu venho há meses falando isso, o caminho também não é o radical de direita, que não tem a menor sensibilidade, entendeu. Você ouvir dizer que saúde não precisa de mais dinheiro. Ora, a saúde tá um caos, como é que não precisa de mais dinheiro, com uma população ficando mais idosa e a medicina, mais cara? Barbaridade. [Um candidato] que quer fazer imposto novo, CPMF, que é um imposto ruim, porque pega toda, em cascata, prejudica a população. [Um candidato] que não tem sensibilidade com os trabalhadores, que sustentam esse país, carregam na costa esse país, as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Não tem a menor sensibilidade com as mulheres, então, eu, nós que sempre estamos num outro caminho não dos radicais, de direita e de esquerda, temos que nesses três dias levar uma reflexão profunda do Brasil. Não podemos ir para esse segundo turno de extremos."
(Pergunta de Henrique Meirelles) Políticas sociais e Bolsa Família:"Olha, só tem um caminho, que é a retomada da economia, a retomada do emprego. Há uma crise de confiança. O investidor não investe porque não tem confiança. O consumidor também reduz consumo e o país não cresce, perdendo oportunidade porque a economia mundial deve crescer perto de 4% quase este ano. O Brasil tinha que estar liderando esse trabalho. Isso nós vamos ter que resolver com as reformas, elas são necessárias. Quero destacar aqui, acho que a gente tem que falar a verdade para as pessoas. É reforma política, essencial para o país poder avançar mais; reforma tributária, simplificar o modelo tributário; reforma previdenciária, para acabar com privilégio, é o regime geral de Previdência no setor público e no setor privado; e a reforma de Estado. O Bolsa Família nasceu com o presidente Fernando Henrique quando tinha Bolsa Educação, Vale Gás e Bolsa Saúde. Foi unificada no governo do PT e foi amplificada. Está correto. Nós vamos manter o Bolsa Família e vamos fazer, Meirelles, um retorno automático. Hoje, às vezes, a pessoa não quer sair do Bolsa Família porque tem medo de amanhã perder o emprego e não conseguir voltar para o Bolsa Família. Nós vamos garantir o retorno automático para a pessoa poder, tendo oportunidade, conseguir o emprego. E trabalhar para o Brasil ter investimento, crescer e ter emprego."
(Pergunta de Guilherme Boulos) Saneamento: "Primeiro destacar a importância do saneamento básico. Se a gente olhar o copo meio cheio, meio vazio, o meio cheio é que as pessoas estão, é, melhorou, as pessoas estão vivendo mais e vivendo melhor. Três coisas fizeram esse salto, a gente viver aí 77 anos, vai passar de 80. A primeira coisa, água tratada. Água tratada. A segunda foi vacina. A terceira, antibiótico. Então, saneamento básico é essencial para a saúde da nossa população. O que que nós vamos fazer? Hoje as empresas de saneamento, a maioria, 98% delas, são estatais, ou municipal, ou estadual. Elas pagam PIS-Pasep e Cofins. É um absurdo. O governo federal tributa água e esgoto, num país que não tem água, 30% da população não tem água e metade da população praticamente não tem coleta de esgoto. Nós vamos devolver esse dinheiro para investimento em água e esgoto. Se você tiver um bom... São Paulo é estatal. A Sabesp é uma empresa estatal. Mas, se tiver um bom marco regulatório, você pode trazer investimento privado para poder investir mais. Nós precisamos é de investimento. Colocar água dentro da casa das pessoas, coletar e tratar o esgoto sanitário. E quero trazer uma palavra sobre o Rio São Francisco que nós vamos fazer um grande trabalho."
Considerações finais: "Uma palavra de agradecimento à população brasileira. Percorri o Brasil do Oiapoque ao Chuí. Todas as regiões brasileiras, o carinho, a receptividade. Isso me lembra Câmara Cascudo que dizia que o melhor produto do Brasil continuam sendo os brasileiros. Ô povo maravilhoso! Agrader a toda a equipe que nos ajudou em duas mulhres: Ana Amélia Lemos, nossa candidata a vice-presidente da República, e minha querida Lu, esposa que há 40 anos nos acompanha em toda essa jornada. Pedir o voto de vocês. É agora que vai decidir. 20% do voto decide nos últimos dias. Peço seu voto para que a gente saia desse triste resultado que tem tido até agora, do radicalismo, do ódio, do preconceito, que não vai levar a nada. Acumulei experiência e espírito público para trabalhar pelo Brasil. Que Deus nos abençoe".
CIRO GOMES (PDT)
(Pergunta de Henrique Meirelles) 'Salvador da pátria': "Meu caro Meirelles, essa é uma pergunta muito importante, porque, talvez, seja a hora mais grave do brasileiro, nós todos aprendermos a importância de votar em projeto, em ideia, porque os homens, eles devem ter a noção de que nós somos passageiros, não é? Nenhum de nós é dono da verdade, nenhum de nós é capaz de governar uma nação de 208 milhões e 500 mil pessoas, com mil contradições, mil lindezas, mil maravilhas, mil defeitos, mil dificuldades. E esse é o grande drama do Brasil nesse momento. O choque entre duas personalidades exuberantes: é o lulismo, e o antilulismo que o Bolsonaro interpreta. Eu compreendo isso, compreendo. Eu sou humilde diante da realidade, por isso que eu estou determinado. Estou pedindo a Deus que ilumine a minha palavra para que a gente possa oferecer ao povo brasileiro um outro caminho. Não é para negar ninguém, mas na sua pergunta tem uma sabedoria: não existe salvador da pátria. Vamos raciocinar um pouquinho. Aqueles problemas todos que o Brasil tava falando passam também por problemas econômicos, 220 mil lojas fecharam no Brasil nos últimos três anos, 13 mil indústrias fecharam no Brasil nos últimos três anos. É uma coisa absolutamente grave, complexo o momento brasileiro, e o cenário internacional numa guerra importante comercial dos Estados Unidos com a China, mexendo, exigindo muita experiência, muita capacidade de intervenção e o Brasil dançando na beira do abismo com esse tipo de confrontação."
(Pergunta de Fernando Haddad) Desenvolvimento sustentável:"Eu tenho o privilégio de ter escolhido para a minha vice uma mulher que deve ser a melhor cabeça em matéria de compreensão desse grave problema que é a sustentabilidade do desenvolvimento agropastoril do Brasil. E, não só a minha vivência, eu trabalhei com Marina, no licenciamento da BR-163, o Brasil talvez seja o último país do mundo aonde o conceito de desenvolvimento sustentável possa ser praticado. Isso significa coisas concretas. Por exemplo: está se plantando cacau lá nas alturas da Transamazônica, já é mais produtivo do que na Bahia, onde ele teve um problema sério que é a praga da vassoura de bruxa. Se está plantando teca que é uma essência, madeira muito mais cara do que o mogno. Mas isso tudo está sendo feito meio que avulso. O que resolve isso são ferramentas modernas, em que nós fazemos o zoneamento econômico-ecológico e desestressamos, ou seja, geramos atividade produtiva para trás para proteger a floresta, porque a floresta modernamente vale economicamente muito mais em pé do que derrubada e desmatada. Mas no Brasil nós empurramos migrantes do Sul e do Nordeste para ir para a Amazônia e a condição de eles terem o título da terra, Haddad, lá atrás, era desmatar. E, de repente, mudam as leis e não se ensinou a população brasileira dos rincões do interior do Centro-Oeste, do interior da Amazônia, especialmente, onde essa questão é mais grave, as outras alternativas. Esse é o meu caminho. Mudar o perfil econômico e oferecer atividades alternativas que sejam protetivas das populações tradicionais e das áreas mais sensíveis."
(Pergunta de Henrique Meirelles) Creches: "A minha proposta contempla a ideia de creche em tempo integral para todas as crianças de zero a três anos em seis anos. Portanto, extrapolando dois anos de um mandato cuja honra possa me dar o povo brasileiro de servir a essa grande nação como o seu presidente. Mas aquela outra demanda, das crianças de três a seis, são mais ou menos 2,3 milhões, dá para resolver no primeiro mandato e isso está, enfim, está com esse compromisso no meu programa de governo. Isso é uma razão bastante, porque as ciências modernas afirmam que é na primeira infância, ali do zero a três anos, que se formam as aptidões das crianças. Só agora se descobriu que se a criança não tiver a devida alimentação, o devido processo de socialização, de carinho, de estimulação neuro-hormonal e todas aquelas condições, nutrição, fisioterapia, atenção médica, odontológica, ela pode se comprometer pro resto da vida. Portanto, isso não pode mais ser adiado. Por essa razão mesma de darmos às crianças, dos filhos dos trabalhadores que não podem pagar creche, uma condição de, enfim, de implementar as suas melhores aptidões e nós temos, então, uma geração de brasileiros ainda mais forte, ainda mais trabalhadora, ainda mais culturalmente criativa. E há um drama grave. Com 13,7 milhões pessoas desempregadas, e com 32,2 milhões pessoas na informalidade, é preciso garantir que as crianças estejam protegidas, alimentadas, para que a mulher brasileira vá à luta, que não está fácil para ninguém."
(Pergunta de Fernando Haddad) Previdência Social: "A proposta que Michel Temer fez e que ainda está aí engatilhada, esperando, né, que a população brasileira, né, tomou a decisão errada nessa noite, eu peço a Deus que abençoe esta grande nação para que a gente ache o caminho correto, é uma aberração. Ela é uma aberração por dois lados. Primeiro, ela é injusta. O trabalhador rural do Nordeste, eu sou o único candidato nordestino, tenho que falar essa voz aqui que é uma origem, uma honra para mim. O trabalhador rural nordestino não pode ter a mesma idade mínima que um trabalhador de trabalho intelectual da praia de Fortaleza ou da Avenida Paulista ou do Leblon, em São Paulo, ou no Rio de Janeiro. Um professor em nenhum lugar do mundo é obrigado a dar 49 anos de aula para ter direito a aposentadoria integral. Nunca se viu em lugar nenhum do planeta um policial correr atrás de bandido 49 anos para ter direito a uma aposentadoria integral. Essa é a grande aberração. Ela é injusta. Ela é selvagem. Ela guarda coerência com essa matriz de economia política que o Bolsonaro propõe igual. Não é o Bolsonaro. É o Paulo Guedes. É só as pessoas lerem. Parece que eu estou aqui birrando, implicando, não. É o Brasil, e o candidato que está na frente das pesquisas, ele tinha que tá aqui para responder e, infelizmente, fugiu, tá dando entrevista na outra emissora concorrente aqui da Globo. E o outro problema é que o sistema de repartição, só o Brasil e a Argentina e a Venezuela praticam. Isso tá quebrado. Nós precisamos criar outro regime de capitalização que seja garantido para todos os brasileiros sem ferir nenhum direito adquirido."
Considerações finais: "Há quatro anos o Brasil está parado, paralisado por uma crise política, assentada no ódio, no desfazimento de um pelo outro. E, agora, esse filme parece que tá querendo se repetir. Eu teria muita vontade de agradecer, de fazer o carinho, de passar o meu olho, o meu coração por todo o território brasileiro que eu conheço tão bem. Mas esse é o ponto. Essa divisão não vai permitir que o Brasil supere a sua crise. Essa divisão tende a aprofundar essa crise grave. E nós temos clareza hoje. O que está posto aí pelas pesquisas é um empate entre Haddad e Bolsonaro. Eu, ali chegando, no terceiro lugar, as coisas melhorando, mas ainda no terceiro lugar. Aprofundar essa divisão, simplesmente, não permitirá ao Brasil se reconciliar e trabalharmos aquilo que interessa. Eu peço humildemente uma oportunidade. Sou ficha limpa. Tenho experiência. E [tenho] uma proposta para resolver os problemas brasileiros. Ganho do Haddad e do Bolsonaro no segundo turno, com grande folga. Mas preciso do seu voto no primeiro turno para ser o presidente de todos os brasileiros."
GUILHERME BOULOS (PSOL)
(Pergunta de Fernando Haddad) Ditadura: "Eu quero falar de outra coisa [foi preguntado sobre direitos trabalhistas], que eu acho que não merece riso [da plateia] porque o momento é grave. Não dá para a gente fingir que está tudo bem. Nós estamos há meses fazendo uma campanha que está marcada pelo ódio. Faz 30 anos que este país saiu de uma ditadura. Muita gente morreu, muita gente foi torturada, tem mãe que não conseguiu enterrar seu filho até hoje. Outro dia, conversava com meu sogro, e ele contava das torturas que sofreu na ditadura militar. Faz 30 anos, mas acho que a gente nunca esteve tão perto do que aconteceu naquele momento. Se nós estamos aqui hoje podendo discutir o futuro do Brasil, é porque teve gente que derramou sangue para ter democracia. Se você vai poder votar no domingo (7), é porque teve gente que deu a vida por isso. E, olha, quando eu nasci, o Brasil estava numa ditadura e eu não quero que minhas filhas cresçam num país com ditadura. Sempre começa assim, com arma, com 'tudo se resolve na porrada', que a vida do ser humano não vale nada. Eu acho que nós temos de dar um grito neste momento, botar a bola no chão e dizer: 'Ditadura, nunca mais!'."
(Pergunta de Ciro Gomes) Combate ao tráfico de drogas: "Ciro, primeiro dizer que a política feita no país, a de 'guerra às drogas', de combater supostamente o tráfico indo para as favelas, militarizando, botando polícia, como se o comando do crime organizado estivesse dentro de um barraco de favela. A gente sabe muito bem que o comando do crime organizado neste país está muito mais perto da Praça dos Três Poderes em Brasília ou da grande indústria da arma do que de qualquer favela deste país. A droga não nasce lá dentro do morro, ela chega lá. Chega dos atacadistas e olha, essa ideia de que usuário de droga tem que ser tratado com porrada, com bomba, com prisão, essa ideia está superada em todas as partes do mundo. E nós precisamos superar aqui também. A questão das drogas não pode ser um tema do código penal, porque isso só leva ao encarceramento em massa. A população de presos no Brasil dobrou nos últimos 10 anos. Eu pergunto: 'Alguém está se sentido mais seguro com isso?' Eu creio que não. Essa ideia do Bolsonaro de que tem que prender mais, dar mais arma, botar mais polícia, essa ideia não resolve aqui nem nenhuma outra parte do mundo. Droga não é caso do código penal, não é caso de polícia, abuso de substância química é caso de saúde pública é caso do SUS, é assim que tem que ser tratado. E é assim que nós vamos tratar."
(Pergunta de Fernando Haddad) Investimentos no ensino médio:"Nós temos que retomar os investimentos na educação pública do país, Haddad. Isso passa, em primeiro lugar, por revogar a Emenda Constitucional 95, que congelou investimentos, inclusive em educação e saúde, pelos próximos 20 anos no Brasil. Nós vamos revogá-la. Retomando os investimentos, é possível cumprir o Plano Nacional de Educação. Investir no custo-aluno inicial, que prevê R$ 50 bilhões para o ensino básico no Brasil, equipando as escolas com WiFi, criando as condições para que os professores tenham salário digno e tenham plano de carreira. Isso é essencial. Nós temos que fazer um debate, também, sobre currículo. A reforma do ensino médio feita pelo governo Temer, que tirou a filosofia e tirou a sociologia, é uma reforma que tira o pensamento crítico. Nós precisamos revogar esta reforma porque ela foi feita sem discutir com ninguém e mexer no currículo porque a escola não pode ser para formar os nossos jovens apenas para fazer uma prova no fim do ano, tem que ser para formar para a vida. E por isso os grandes temas têm que estar no currículo. Inclusive a questão de gênero, diversidade sexual e racismo. Isso tem que ser debatido desde as escolas, porque quando não se debate gera preconceito. E o preconceito estimula o ódio e a intolerância".
(Pergunta de Marina Silva) Impostos: "Olha, Marina, primeiro, você tem razão quando diz que o trabalhador e a classe média já pagam impostos demais. Aliás, quem quer aumentar impostos para os mais pobres é o Jair Bolsonaro. O economista dele propôs uma alíquota de 20% para o Imposto de Renda. Você que ganha R$ 2 mil e hoje está isento teria que pagar R$ 400 de imposto. Agora, se a gente olhar no andar de cima, acontece o contrário. O governo no Brasil é como se fosse um Robin Hood ao contrário. Ele tira dos mais pobres para dar para os mais ricos. Super rico no Brasil não está acostumado a pagar imposto. Banqueiro não paga imposto. Grande empresário paga muito pouco imposto. O bolsa empresário, por exemplo, é R$ 283 bilhões em desonerações fiscais. Liberou para o empresário não pagar. Isso dá dez vezes o valor do Bolsa Família. Já disse aqui, quem tem carro, paga IPVA. Quem tem um jatinho ou um helicóptero, não paga nada. Isso daria R$ 4 bilhões, só se arrecadasse esse imposto. O que dá para fazer 100 mil casas populares. Nós precisamos fazer com que quem tem menos, pague menos. Quem tem mais, pague mais. Isso seria uma justiça tributária. E é isso que nós vamos fazer. E esse dinheiro ser investido em políticas sociais, em creche, em escola, em posto de saúde, em moradia popular, em saneamento básico, naquilo que o povo precisa."
Considerações finais: "Quero agradecer a toda a militância dessa nossa aliança que construiu junto a jornada até aqui. Quero agradecer a você que está nos assistindo. Chegou a hora da sua decisão. Domingo é hora de barrar o atraso. Não vote com ódio. Na urna, só vai estar você com sua consciência e seus sonhos. Não vai estar ali o seu amigo do WhatsApp, não vai estar ali o seu patrão Vote com esperança. Pense nos seus filhos, no futuro, se você quer um futuro sem direitos, com violência e ódio. Mas também não vote com medo. Só vamos mudar o Brasil enfrentando de verdade os privilégios e mudando o jeito de fazer política. Não vamos desistir dos nossos sonhos. Se você está nesse mesmo lado, vote no que acredita. Vote 50 nos deputados, senadores e governadores do PSOL e do PCB. Vote esperança. Vote Boulos 50".
ALVARO DIAS (PODEMOS)
(Pergunta de Marina Silva) Atributos do governante: "Que tristeza. Marina, você que é uma mulher que tem alma, uma sensibilidade humana e conhece o drama das pessoas, deve sofrer como muitos brasileiros que não aguentam ver mais tanta corrupção nesse país, confrontando com uma miséria de mais de 52 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, debaixo da ponte, debaixo da árvore, sem onde morar, sem salário e nós olhamos Palocci denunciando que em apenas duas eleições eles gastaram R$ 1,4 bilhão. Isso é um acinte, isso é uma afronta. E nós olhamos hoje na capa da revista 'IstoÉ' denúncias de corrupção. E nós olhamos a delação do Marcos Valério, denúncias de corrupção. Mas nós não imaginávamos que a Operação Lava Jato pudesse ter chegado ao seu limite e nós estamos longe do fundo do poço. Assaltaram este país e nós vamos aqui ficar falando em propostas para gerar emprego, para melhorar a segurança, e não vamos falar em acabar com essa roubalheira, com essa corrupção, com esse modelo perverso que é sem dúvida nenhuma a conspiração contra a Operação Lava Jato?"
(Pergunta de Henrique Meirelles) Como investir mais na saúde: "Em primeiro lugar, não roubar. E segundo ter competência de gestão que vocês não tiveram. O senhor [Henrique Meirelles] estava lá. O senhor foi chamado, esteve lá em todos esses governos. Lula, Dilma e Temer. O senhor esconde a Dilma? Esteve lá como Autoridade Olímpica no governo Dilma. Não esconda a dona Dilma. Na verdade, nos últimos 15 anos R$ 160 bilhões que estavam provisionados para a saúde, foram desviados. Aí o que ocorreu? Os procedimentos médicos tiveram pagamentos defasados e foram comprometidos. O SUS, que é um grande programa, acabou sendo um programa pífio, um desastre, um caos. O que é preciso fazer? Revitalizar o SUS com a tabela única, priorizar a atenção básica porque aí apenas 20% dos doentes chegarão a atendimento de média e alta complexidade. Reduziremos o sofrimento do povo e reduziremos as despesas do governo. Portanto, a questão de saúde o Banco Mundial já disse, não é uma questão só de dinheiro é de competência, planejamento, organização e menos corrupção."
(Pergunta de Geraldo Alckmin) Educação: "Eu confesso, Alckmin, que às vezes eu fico constrangido em falar de propostas porque acho que os brasileiros estão enjoados de ouvir todos os dias essa enxurrada de propostas sem dizer como vai fazer, sem o dinheiro para fazer, sem mudar o modelo que nós temos. Mas em respeito a você eu vou responder. Ali está um dos meu formuladores que é o Paulo Rabello, meu vice-presidente, grande formulador de propostas, economista do ano, e nós temos uma proposta para a educação que começa valorizando a primeira infância, o grande investimento na primeira infância. Será, sem dúvida nenhuma, a grande prioridade do nosso governo. Investir com a instituição de mais 4 milhões de matrículas desde o pré-natal até os 6 anos de idade. Educação, alimentação adequada, segurança. Nós vamos, com esses investimentos, certamente reduzir os índices de violência, de corrupção, de produtividade e vamos influenciar o crescimento econômico do país. Porque o investimento nessa faixa etária de US$ 1 tem retorno assegurado de US$ 12 a US$ 13".
Considerações finais: "Muito obrigado por esse apoio, por essa energia, confesso que trabalhei a vida toda no meu estado e no Senado para ganhar o respeito da nossa gente. Estou de consciência tranquila, combati corrupção sim a minha vida toda, prendi gente como governador, cancelei licitações fraudadas, anulei aposentadorias imorais e acabei com privilégios. Acabei com os meus próprios privilégios. Não recebo aposentadoria de ex-governador, não recebo auxílio moradia, não recebo verba indenizatória. Quero mudar o Brasil com o seu apoio. Eu sei que o Brasil só muda se trabalharmos com ética, com correção, com honestidade. Trabalharei duro quatro anos para deixar um legado de mudança para o povo brasileiro, especialmente para os pobres desse país. 19."
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