sábado, 20 de julho de 2019

Sistema de Justiça, órgãos de controle e PGR se calam diante das revelações do ‘Intercept’

Violação ao devido processo legal, parcialidade de Moro, conduta de Dallagnol, desrespeitos sistemáticos às leis e à Constituição são ignorados por autoridades e instituições


Rede Brasil Atual - As relações impróprias do então juiz Sergio Moro com o Ministério Público Federal e a atuação do magistrado da 13ª Federal de Curitiba como aliado da acusação contra os réus ou acusados, deturpando a condição de imparcialidade do juiz – inerente ao papel legal desse personagem no sistema de Justiça – são as mais graves constatações de tudo o que foi revelado até agora pelo site The Intercept Brasil. A parcialidade de Moro e o conluio entre Ministério Público Federal e o juízo estão no cerne de todo o debate e são a origem de todos os fatos decorrentes, na opinião dos advogados criminalistas Leonardo Yarochewsky e Luiz Fernando Pacheco, e do ex-deputado federal e ex-presidente da seção da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro Wadih Damous.

“O mais grave é a parcialidade do juiz Sergio Moro. É o mais grave porque compromete o devido processo legal. É evidente que ele aderiu a uma das partes, no caso ao Ministério Público Federal, o que ficou evidente em vários diálogos divulgados. Dizer que um juiz deve ser imparcial é quase um pleonasmo, porque a imparcialidade é inerente ao juiz no processo”, diz Yarochewsky sobre o ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro.

Para Damous, a Lava Jato tinha “como objetivo maior a criminalização da política, e particularmente do PT e suas lideranças”. “Não havia julgamento, mas um rito de condenação. Os rituais que a Constituição Federal e o Código de Processo Penal preveem eram obedecidos apenas pró-forma. A defesa jamais teve sua voz ouvida. Pelo contrário, foi esculachada o tempo todo, como mostram os diálogos revelados.”

Como exemplo, ele menciona uma declaração emblemática e cabal – no sentido de escancarar a imparcialidade de Moro. Depois de ouvir depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvasobre o caso do triplex do Guarujá, de acordo com o Intercpet, o diálogo entre o juiz e o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima revelava não a equidistância necessária ao juiz, mas escárnio, enquanto ambos comentavam o confronto entre juiz e acusado. Um trecho do diálogo (conforme redação originalmente divulgada):

Santos Lima – 22:10 – (…) Ele [Lula] começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.

Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes

Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo

Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele

Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.

Ainda em relação à audiência que colocou Lula e Moro frente a frente, Yarochewsky lembra um episódio midiático simbólico. Ato falho ou não, alguns veículos de imprensa divulgaram imagens que mostravam Lula e Moro num ringue, como se fossem lutadores de boxe. A própria mídia, aqui, confirmava o papel que, segundo ela, o juiz exercia no processo, o de lutador (acusador),que é o papel do Ministério Público, o que contraria totalmente o papel que um juiz deve ter no chamado devido processo legal.

Na opinião de Pacheco, o mais grave de tudo o que foi revelado até agora foi Sergio Moro condicionar o acordo de delação premiada de executivos da Camargo Correa à prisão de dois dos delatores. “Ele tem apenas que homologar ou não a delação. O juiz não tem que participar desse processo. E tudo isso ocorre fora das vias oficiais. Não ocorre nos autos. Os autos só espelham o que já ficou combinado anteriormente”, diz o advogado.

Segundo publicação conjunta do jornal Folha de S.Paulo e do Intercept Brasil, Moro indicou aos procuradores da força-tarefa que os acordos de delação envolvendo executivos da construtora previssem no mínimo um ano de prisão. É ilegal, e mais uma vez mostra Moro ao lado da acusação.

Para Damous, “tudo o que já foi divulgado mostra parcialidade, desonestidade e a prática de uma série de crimes: formação de quadrilha, prevaricação, obstrução de justiça, abuso de autoridade, improbidade e corrupção”. Na opinião de Yarochewsky, as revelações como um todo mostram, em resumo, “uma relação promíscua entre o juiz e um membro do MPF”.

“Há muitas vertentes e questões a ser analisadas e verificadas pelo sistema de Justiça, pelo Conselho Nacional de Justiça ou pelo Conselho Nacional do Ministério Público”, acrescenta Yarochewsky.
Deltan Dallagnol, STF

Nas matérias do Intercept, três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aparecem citados nas mensagens trocadas por Moro e Dallagnol: Luiz Fux, Edson Fachin e Luis Roberto Barroso.

Em diálogo entre Dallagnol e Moro, o procurador descreve um contato que teria tido com Fux. O procurador da República informa a Moro que o ministro do STF manifestou apoio à força-tarefa. “In Fux We trust” (“Em Fux nós confiamos”), responde Moro. “Kkk”, retruca Dallagnol, segundo o Intercept.

No caso de Fachin, depois de sair de uma conversa com o ministro, Dallagnol comentou com outros procuradores da força-tarefa: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”, segundo a publicação. Fachin é o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Ele substituiu na relatoria Teori Zavascki, morto em janeiro de 2017.

Quanto a Barroso, no dia 3 de agosto de 2016, Moro pergunta a Dallagnol em mensagem: “Está confirmado o jantar no Barroso?” Dallagnol responde: “Ele acabou de confirmar. Estou adiantando meu voo porque terça estarei na comissão especial. Boa reunião amanhã c eles!!”. O juiz agradece: “Obrigado, preciso de endereço e horário do jantar”.

“Por coincidência, são ministros que apoiam a Lava Jato no Supremo. Não tem esse tipo de diálogo envolvendo os ministros (Ricardo) Lewandowski, Gilmar (Mendes) e Marco Aurélio”, diz Damous. “É curioso que Fux, Fachin e Barroso não vieram a público (para explicar as citações)”.

Dallagnol divide com Moro o protagonismo das revelações. Ele teria, por exemplo, enviado uma mensagem a Moro em 16 de janeiro de 2016, na qual pergunta: “você acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas 10 medidas, que será veiículado na Globo? A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns R$ 38 mil“.

Em outro episódio, Deltan teria tido um diálogo com sua mulher na qual fala em “organizar congressos e eventos e lucrar” financeiramente com a fama obtida por meio da operação.
Omissão

Se, como diz Pacheco, o sistema de Justiça “está sendo bastante leniente com a gravidade do caso”, da mesma maneira, para Damous, até agora não se viu nenhuma atitude afirmativa que se poderia esperar da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. “A procuradora-geral mantém-se omissa. Já deveria ter afastado Dallagnol e demais procuradores, e aberto processo administrativo”, diz. “Isso já era para ter desbaratado essa quadrilha toda, e até agora nada.”

Na opinião de Damous, se houvesse uma democracia consolidada e um sistema de Justiça isento no Brasil, bastavam as primeiras revelações do Intercept, no início de junho, para que alguns presos, entre os quais Lula, fossem libertados. “As primeiras revelações mostram o Moro interferindo na investigação, dando palpite quanto às investigações, mostram o conluio, a amizade íntima entre juiz e procuradores. O resto só confirma aquilo. É um escândalo monstruoso que só não produziu efeitos ainda porque há um grande esquema de cumplicidade.”

Mas nada disso, diz o ex-deputado, acontece por acaso. “A Lava Jato é um produto, está a soldo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Não foi à toa que deliberadamente eles quebraram todas as grandes empresas de infraestrutura e engenharia no Brasil. Para dar lugar a quem? Às empresas multinacionais.”

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Novo capítulo da Vaza Jato revela que Moro interferiu em delações

Embora a lei proíba a participação de juízes em acordos de delação premiada, a nova leva de mensagens da Vaza Jato, divulgada pela Folha e pelo Intercept revela que Sergio Moro infuenciou o acordo de delação de dois executivos da Camargo Côrrea, no âmbito da Lava Jato

18 de julho de 2019, 04:24 h
(Foto: Reuters)

247 – "Mensagens privadas trocadas por procuradores da Operação Lava Jato em 2015 mostram que o então juiz federal Sergio Moro interferiu nas negociações das delações de dois executivos da construtora Camargo Corrêa cruzando limites impostos pela legislação para manter juízes afastados de conversas com colaboradores", aponta reportagem da Folha de S. Paulo e do Intercept, divulgada nesta quinta-feira 18.

Assinada por Ricardo Balthazar e Paula Bianchi, a reportagem revela a partir de mensagens interceptadas que Moro avisou aos procuradores que só homologaria as delações se a pena proposta aos executivos incluísse pelo menos um ano de prisão em regime fechado.

Segundo o texto dos jornalistas, a Lei das Organizações Criminosas, de 2013 diz que juízes devem se manter distantes das negociações e têm como obrigação apenas a verificação da legalidade dos acordos após sua assinatura.

"As mensagens obtidas pelo Intercept mostram que Moro desprezou esses limites ao impor condições para aceitar as delações num estágio prematuro, em que seus advogados ainda estavam na mesa negociando com a Procuradoria", aponta a reportagem.

As mensagens

"No dia 23 de fevereiro de 2015, o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, escreveu a Carlos Fernando dos Santos Lima, que conduzia as negociações com a Camargo Corrêa, e sugeriu que aproveitasse uma reunião com Moro para consultá-lo sobre as penas a serem propostas aos delatores", escrevem os jornalistas.

– A título de sugestão, seria bom sondar Moro quanto aos patamares estabelecidos – disse Deltan. 

– O procedimento de delação virou um caos. O que vejo agora é um tipo de barganha onde se quer jogar para a platéia, dobrar demasiado o colaborador, submeter o advogado, sem realmente ir em frente. Não sei fazer negociação como se fosse um turco. Isso até é contrário à boa-fé que entendo um negociador deve ter. E é bom lembrar que bons resultados para os advogados são importantes para que sejam trazidos novos colaboradores – respondeu Carlos Fernando.

– Vc quer fazer os acordos da Camargo mesmo com pena de que o Moro discorde? “Acho perigoso pro relacionamento fazer sem ir FALAR com ele, o que não significa que seguiremos – interferiu Deltan.

A opinião de Moro foi parcialmente respeitada. Com a assinatura dos acordos, dois dias depois, ficou acertado que os dois executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, ficariam mais um ano trancados em casa, mas não num presídio.

Em nota, Moro negou ter participado dos acordos. “Enquanto juiz, não houve participação na negociação de qualquer acordo de colaboração”, diz nota enviada por sua assessoria.

Editor do Intercept manda recado a Moro: não temos vocação pra ser seu Deltan

"Meu passatempo predileto é ler nas entrelinhas: Moro acha que ele precisa 'concordar' pra que a gente publique. Moro: o Brasil não é sua 13ª Vara e ninguém aqui tem vocação pra ser seu Deltan. A gente vai seguir publicando as graves reportagens da Vaza Jato sem seu aval", afirmou Leandro Demori, um dos editores do Intercept Brasil.


247 - Um dos editores do Intercept Brasil, Leandro Demori criticou o ministro da Justiça e 
Segurança Pública, Sérgio Moro, após as novas revelações do site, em mais uma parceria com o jornal Folha de S.Paulo, revelar que o ex-juiz interferiu nas negociações de delações premiadas junto com procuradores da Operação Lava Jato.

"Meu passatempo predileto é ler nas entrelinhas: Moro acha que ele precisa 'concordar' pra que a gente publique. Moro: o Brasil não é sua 13ª Vara e ninguém aqui tem vocação pra ser seu Deltan. A gente vai seguir publicando as graves reportagens da Vaza Jato sem seu aval", escreveu Demori no Twitter.

Após a reportagem que apontou mais ilegalidades na Operação Lava Jato, Moro postou na rede social: "Mais uma vez, não reconheço a autenticidade de supostas mensagens minhas ou de terceiros, mas, se tiverem algo sério e autêntico, publiquem. Até lá não posso concordar com sensacionalismo e violação criminosa de privacidade'.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Ex-diretor da Odebrecht diz ter sido coagido pelo MP a construir relato no caso do sítio de Atibaia

Mais uma denúncia bombástica atinge a Lava Jato. Em depoimento ao Tribunal de Justiça de São Paulo, o executivo Carlos Armando Paschoal diz ter sido coagido pelo Ministério Público a construir um relato sobre o sítio de Atibaia (SP), que rendeu a segunda condenação ao ex-presidente Lula, que vem sendo mantido como preso político desde abril do ano passado no Brasil

(Foto: Lula sítio Atibaia)

247 – O ex-diretor-superintendente da Odebrecht Carlos Armando Paschoal disse à Justiça de São Paulo que foi "quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido" e que teve que "construir um relato" no caso do sítio de Atibaia, aponta reportagem do jornalista Nathan Lopes, no Uol. O caso do sítio rendeu a segunda condenação ao ex-presidente Lula, que vem sendo mantido como preso político desde abril do ano passado.

Paschoal prestou depoimento no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) no último dia 3 de julho como testemunha. "No caso do sítio, que eu não tenho absolutamente nada, por exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o dinheiro para fazer a obra do sítio. Tive que construir um relato", disse ele. Ao explicar o que seria "construir um relato", Paschoal disse que seria apontar algo como "olha, aconteceu isso, isso, isso e isso; e eu indiquei o engenheiro para fazer as obras". Paschoal não explicou exatamente como teria sido a coação do MP nem deu mais detalhes sobre se o que teria sido "construído" em seu depoimento.

Governo suspende contratos para fabricar 19 remédios de distribuição gratuita

O Ministério da Saúde suspendeu, nas últimas 3 semanas, contratos com 7 laboratórios públicos nacionais para a produção de 19 medicamentos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

247 - O Ministério da Saúde suspendeu, nas últimas 3 semanas, contratos com 7 laboratórios públicos nacionais para a produção de 19 medicamentos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A reportagem é do jornal Estado de S.Paulo. 

Documentos obtidos pelo jornal apontam suspensão de projetos de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) destinados à fabricação de remédios para pacientes que sofrem de câncer e diabete e transplantados. 

A reportagem ainda informa que os laboratórios que fabricam por PDPs fornecem a preços 30% menores do que os de mercado. E já estudam ações na Justiça. Associações que representam os laboratórios públicos falam em perda anual de ao menos R$ 1 bilhão para o setor e risco de desabastecimento – mais de 30 milhões de pacientes dependem dos 19 remédios. A lista inclui alguns dos principais laboratórios: Biomanguinhos, Butantã, Bahiafarma, Tecpar, Farmanguinhos e Furp.

Miriam Leitão: a economia não sai do ponto-morto

"A economia deve crescer mais, mas não será suficiente para garantir um crescimento robusto em 2019"

247 - "A atividade finalmente cresceu em maio, após quatro meses de quedas. A alta do IBC-Br, um indicador do Banco Central, foi de 0,54% na comparação com abril", escreve a jornalista Miriam Leitão em sua coluna no jornal O Globo. "Mas o que já se sabe é que esse é um ano de crescimento mais fraco que em 2018 ou 2017".

Segundo a colunista, "a economia não está em recessão, mas não sai do ponto-morto". "Infelizmente, a alta do IBC-Br não é o reinício da retomada. Os dados estão oscilantes, às vezes negativos, outras vezes positivos. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, me disse semana passada que no segundo semestre haverá um ponto de inflexão", complementa.

"A economia deve crescer mais, mas não será suficiente para garantir um crescimento robusto em 2019".

domingo, 14 de julho de 2019

Depois de arrasar a economia, Deltan passou a contar dinheiro

Após as revelações deste domingo, já não será mais possível passar pano para as traquinagens deste fariseu que se apresentava como devoto carola, mas só pensava em dinheiro, diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O novo capitulo da Vaza Jato é devastador para o procurador Deltan Dallagnol, coordenador de uma operação que prendeu o ex-presidente Lula sem provas, quebrou as construtoras brasileiras e desempregou milhões de pessoas. Enquanto tudo isso acontecia, Deltan contava dinheiro.

“Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”, disse ele, num dos diálogos. Em outro, com a esposa, ele dizia: “vamos lucrar, ok?”

Deltan também agenciou palestras do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-PGR Rodrigo Janot, como se fosse uma espécie de empresário da força-tarefa. Com o colega Roberson Pozzobon, tramou a criação de uma empresa em nome das esposas ou de um instituto que os esconderia e pagaria menos IR.

Depois das revelações deste domingo, já não será mais possível passar pano para as traquinagens deste fariseu que se apresentava como devoto carola, mas só pensava em dinheiro. Se o CNMP decidir aliviar, o sinal para a sociedade será péssimo: o de que o crime compensa.

Detalhe: Deltan tratou como ‘propina’ as palestras que o ex-presidente Lula, um dos maiores líderes globais, concedeu. Mas como devem ser classificadas suas palestras a empresários, como os donos da XP, que hoje lucram com o rentismo e a ‘ponte para o futuro’?

Em condições normais de temperatura e pressão, o ex-presidente Lula seria solto e o procurador que fez de sua prisão uma escada para o enriquecimento pessoal estaria sendo investigado. Mas nada é normal no Brasil pós-golpe. De todo modo, o chefe da força-tarefa foi desmascarado.

El País atesta a veracidade de todas as mensagens da Vaza Jato

"Com o auxílio de uma fonte externa ao The Intercept, que prefere preservar sua identidade, tivemos acesso a parte de um arquivo de mensagens de um dos chats mencionados nas reportagens e comparamos seu conteúdo com o material disponibilizado pelo site. O conteúdo é idêntico", aponta reportagem do Intercept

14 de julho de 2019, 18:59 h Atualizado em 14 de julho de 2019, 19:28
(Foto: Senado | ALESP)

247 - Principal jornal da Espanha e uma das publicações mais importantes do mundo, o jornal El Pais acaba de soltar uma reportagem que é uma verdadeira bomba, atestando a autenticidade do conteúdo vazado pelo Intercept, Folha de São Paulo, Band News FM e revista Veja.

Confira um trecho:

Com o auxílio de uma fonte externa ao The Intercept, que prefere preservar sua identidade, tivemos acesso a parte de um arquivo de mensagens de um dos chats mencionados nas reportagens e comparamos seu conteúdo com o material disponibilizado pelo site. O conteúdo é idêntico. À parte imagens, que não estavam disponíveis nos documentos consultados, as informações são as mesmas em ambos os chats e mostram o dia a dia de conversas de trabalho entre procuradores, assessores de imprensa e jornalistas. A partir deste material, identificamos outras conversas com potencial de verificação.

Inclusive, mensagens do EL PAÍS com pedidos de informações enviados à Lava Jato puderam ser identificadas. É o caso de um pedido feito pelo repórter Gil Alessi por email no dia 2 de março de 2017 para a assessoria do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), e que foi compartilhado em um dos chats do Telegrampor um assessor de imprensa.

Ao ter acesso aos arquivos do The Intercept, vemos que a consulta ao material é artesanal, e depende de busca por termos em diversos chats – o site não mapeou o número total de documentos nem de chats disponíveis. A quantidade do material faz com que o processo de entrevista dos dados seja lento e bastante trabalhoso. A maioria das conversas traz apenas conteúdos corriqueiros que, certamente, não geram interesse público, logo, não haveria motivo para terem sido inventadas.

O EL PAÍS acompanhou o percurso de algumas destas conversas, cujo conteúdo foi possível checar com fonte externa ao The Intercept, para tentar verificar possíveis fraudes. Por exemplo, quando a Lava jato fez quatro anos, o procurador Deltan Dellagnol conversou com assessores de imprensa da força tarefa sobre material a ser divulgado. Um esboço de texto foi preparado e compartilhado em alguns chats com pessoas de interesse, como assessores e jornalistas.

Bolsonaro contesta o Papa sobre Lula

"Da minha parte, espiritualmente, admiro o Papa Francisco e, nessa questão pessoal, como ser humano, não compartilho com as ideias dele sobre Lula, que causou um grande mal ao Brasil”, disse Jair Bolsonaro. O papa Francisco, ao contrário, tem dado sucessivas demonstrações de que vê Lula como um preso político



Da revista Forum – O presidente Jair Bolsonaro (PSL), em entrevista divulgada pelo jornal argentino Clarínneste domingo (14), afirmou que discorda do Papa Francisco sobre a prisão do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pontífice pediu ao ex-presidente, através de uma carta enviada em maio deste ano, que não desanimasse, nem deixasse de acreditar em Deus.

“Sou católico e respeito o Papa […] Creio que é uma opinião pessoal do Papa em relação a Lula. Sabemos que os religiosos, os cristãos, sempre vão para o perdão. Eu reconheço isso no coração do Papa. Da minha parte, espiritualmente, admiro o Papa Francisco e, nessa questão pessoal, como ser humano, não compartilho com as ideias dele sobre Lula, que causou um grande mal ao Brasil”, respondeu Bolsonaro.

Deltan acusou Lula de ocultar triplex, e agora é pego com empresa de palestra em nome da esposa

Série da Vaza Jato mostrou que Deltan e Roberson Pozzobon ensaiaram usar as esposas para abrir uma empresa de eventos e palestras e "lucrar" com a Lava Jato

Por Jornal GGN14/07/2019


Jornal GGN – Nas redes sociais, o cientista político Alberto Almeida e a professora Margarida Salomão, hoje deputada federal pelo PT, convergiram em uma observação: Deltan Dallagnol acusou Lula de ocultar a propriedade do triplex na ação que levou o ex-presidente à inabilitação política e prisão. E, agora, é pego com as calças curtas.

Isto porque, por ironia do destino, a Vaza Jato revela que Deltan, em parceria com o colega Roberson Pozzobon, tentaram usar as esposas para abrir uma empresa de eventos e palestras e “lucrar” com a Lava Jato. Antes mesmo da empresa ser fundada, Deltan narrou no Telegram ter lucrado cerca de R$ 400 mil só em 2018.

A lei impede que funcionários do Ministério Público Federal possam gerenciar instituições privadas com fins lucrativos, por isso as esposas apareceriam no contrato social da empresa. Deltan e Pozzobon cuidariam, na prática, do conteúdo de cursos, palestras, congressos.



Procurado pela Folha, Deltan negou que a empresa tenha sido efetivamente aberta e não quis comentar o conteúdo do vazamento.

No caso de Lula, a defesa conseguiu provar que o ex-presidente nunca teve a posse ou ocupou o apartamento no Guarujá, que foi dado pela OAS à Caixa Econômica Federal como garantia de pagamento de dívida da empreiteira. Apesar disso, ele foi condenado por lavagem de dinheiro pela “ocultação” da propriedade “atribuída” a ele pela Lava Jato.


Caso a Fundação de R$ 2,5 bilhões tivesse saído, parte do dinheiro administrado voltaria para as empresas dos próprios integrantes da Lava Jato.

Essa possibilidade inspirou sátiras de Aroeira.

Leia mais sobre o vazamento deste domingo (14) aqui.