domingo, 23 de outubro de 2016

Aragão: a Lava Jato faz mal à Democracia

Janot é parte do mal

Conversa Afiada, 23/10/2016
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Da revista Brasileiros:
“Os procuradores da Lava Jato estão descontrolados”
Convicto de que a força-tarefa extrapola todos os limites e atua em parceria com o juiz Sergio Moro, o que é inconstitucional, o subprocurador-geral da República Eugênio Aragão afirma que seus colegas de Curitiba criam um “quadro de absurdos” ao sacrificar a realidade

Subprocurador-geral da República, professor de Processo Penal da Universidade de Brasília e ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, Eugênio Aragão defende que, diante de um fato complexo, é legítimo investigar a partir de um modelo teórico. Por princípio, esse modelo deve ser flexível, para ser alterado à medida que as provas se acumulam e as investigações avançam para um ou outro lado. Pela análise de Aragão, é justamente nesse ponto que começam os problemas da Operação Lava Jato: “Os integrantes da força-tarefa, até por uma questão de vaidade, insistem no modelo original. E ficam socando a prova obtida dentro das categorias que criaram”.

Em alguns casos, afirma, a acusação formulada pelos procuradores da República instalados em Curitiba parece mais “uma questão de fé do que prova”. Foi o que aconteceu quando os procuradores Deltan Dallagnol e Henrique Possobon apresentaram denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticada até pelos mais ferrenhos aliados da Lava Jato, mas aceita seis dias depois pelo juiz Sergio Moro: “Trata-se de um jogo combinado, inconstitucional. Lá em Curitiba, a Polícia Federal, os procuradores e o juiz atuam em conjunto”. Aragão comenta ainda que foi o próprio Dallagnol, coordenador da força-tarefa, que admitiu em entrevista o trabalho conjunto: “Os dois são amigos, dão aulas na mesma instituição de ensino, agem como se fossem um só”.

Avesso à ideia de assistir impassivelmente à atuação que considera nociva à democracia, Aragão escreveu uma carta aberta ao procurador-geral da República assim que ele, Rodrigo Janot, fez um discurso considerando “desonesto” qualquer tipo de crítica feita à Lava Jato. Na carta, Aragão lembra inclusive comentário feito por Janot em encontro entre os dois, no qual o procurador-geral disse que a Lava Jato era “muito maior” do que ambos. Naquele momento, Aragão tinha externado seu temor quanto ao impacto provocado pela Lava Jato na economia do País, também tema de sua entrevista à Brasileiros: “Eles se gabam de ter devolvido à Petrobras US$ 2 bilhões, mas não veem o estrago que causaram na economia, que é muito superior. Por baixo, US$ 100 bilhões, se a gente pensar nos empregos que foram perdidos e nas indústrias, com seus artigos tecnológicos desmantelados”.

Brasileiros – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou réu após uma denúncia criticada até por seus mais ferrenhos adversários. O ex-ministro Guido Mantega foi preso num hospital. Como o senhor recebeu essas decisões?

Eugênio Aragão – É um jogo combinado, inconstitucional, entre o juiz Sergio Moro e os procuradores. Lá em Curitiba, a Polícia Federal, os procuradores e o juiz atuam em conjunto. No caso de Guido Mantega, o juiz admitiu, indiretamente, que não havia motivo para a prisão, ao mandar soltá-lo cinco horas depois. E prisão é um ato extremamente grave, que estigmatiza a pessoa. O Ministério Público só pode pedir a prisão a um juiz se houver indícios veementes da autoria de um crime e se a pessoa for de extrema periculosidade.

No episódio do ex-presidente, sobraram críticas à apresentação dos procuradores. Como a denúncia prosperou?
Trata-se de um grupo de pessoas que estão agindo sem nenhum controle e sem nenhuma accountability. Estão correndo soltas, completamente descontroladas. Quando as pessoas se colocam em cima de um pedestal, se achando os salvadores do mundo, não aceitam sugestões nem conselhos. No episódio de Lula, apresentaram um Power Point chulé, com uma série de ilações. A apresentação foi de tal generalidade que eles poderiam colocar qualquer um de nós lá dentro. Outro erro recorrente do Ministério Público é sacrificar a realidade para manter os seus castelos teóricos.

Como?
Quando tem um fato complexo, o Ministério Público trabalha com um modelo. É legítimo, desde que o modelo seja uma referência preliminar. À medida que a investigação avança, esse modelo tem de ter flexibilidade para ser alterado, conforme as novas constatações. Só que os integrantes da força-tarefa, até por uma questão de vaidade, insistem no modelo original. E ficam socando a prova obtida dentro das categorias que criaram. O que sai dali é um quadro de Salvador Dali. Um quadro de absurdos. Nada daquilo que foi apresentado em Curitiba é minimamente plausível. Parece muito mais uma questão de fé do que prova.

Qual a origem dessa postura?
A escola, essa ideia de se criar um modelo de atuação, começou com o mensalão. O problema é que o processo vai avançando e o modelo ficando superado. E o Ministério Público insiste em manter o castelo teórico. As teorias científicas têm de ter flexibilidade. Paul Feyerabend (filósofo austríaco) diz que os cientistas são todos desonestos porque são extremamente vaidosos. Quando acham um problema na teoria, eles botam a sujeira debaixo do tapete e fazem um puxadinho para que a teoria deles continue valendo. Então, as teorias não vão sendo automaticamente refeitas quando falseadas, mas submetidas a uma cosmética. E me parece que esses colegas estão agindo muito nessa linha feyerabendiana.

Dentro do Ministério Público, não existe uma forma de controlar situações desse tipo?
Para mim, essa coisa de força-tarefa é para FBI, para Miami Vice (série americana de tevê). Não tem tradição no Brasil. A primeira que houve foi durante a gestão do procurador da República Claudio Fonteles, para tratar do caso Banestado, que também, por sinal, tinha como juiz-coordenador o Sergio Moro.

E alguns dos procuradores da força-tarefa.
Também. Não foi uma boa experiência. Tanto não foi que quando Antonio Fernando de Souza (o sucessor de Fonteles) assumiu, a primeira coisa que fez foi acabar com a força-tarefa. O procurador-geral seguinte, Roberto Gurgel, também nunca aceitou força-tarefa. Por duas razões. A primeira é de política processual. Quem cria uma força-tarefa tem obrigação de apresentar um resultado estrambólico. Forças-tarefas não são criadas para arquivar processos. Há pressão para resultados, para uma condenação. Já existe um pré-julgamento.

E a segunda razão?
É o processo penal brasileiro, que tem características distintas de outros países. No processo penal brasileiro, o Ministério Público, a polícia e o Judiciário são atores extremamente empoderados. Muito mais do que em qualquer outro modelo no Direito Comparado. No Brasil você tem uma polícia que é tão forte que derruba ministro da Justiça. Vários ministros da Justiça tiveram que deixar o cargo porque brigaram com o diretor-geral da Polícia Federal.

Por exemplo?
Paulo Brossard. Quando Paulo Brossard começou a se desentender com Romeu Tuma (diretor da Polícia Federal entre 1985 e 1992), o que aconteceu? Sarney (o então presidente José Sarney) teve que colocá-lo no Supremo Tribunal Federal.

Foi preciso tirar do ministério?
Sim, porque não podia tirar o Romeu Tuma. Ou seja, o diretor-geral é mais forte do que o ministro de Estado. O Ministério Público, por sua vez, é um império. Ninguém toca nele. O Judiciário não fica atrás. Tem hoje um poder tão grande que manda até projeto de lei para o Congresso, para fixar seus vencimentos. Quando se tem três atores tão empoderados, é preciso um sistema de freios e contrapesos para controlá-los, o que eu chamo de filtros processuais. A polícia faz a investigação e qualquer tipo de reclamação de abusos da polícia é dirigido ao Ministério Público, que pode corrigi-los. Se o Ministério Público estiver fazendo algum tipo de abuso, o recurso é o juiz, que também corrige. E, se o juiz estiver fazendo alguma coisa errada, recorre-se à segunda instância. Então, existe um controle de cada um desses agentes, um pelo outro.

Isso na teoria.
Numa força-tarefa, onde existe uma verdadeira mescla, uma mancomunagem desses três atores e eles trabalhando de mãozinhas dadas, a quem é que o jurisdicionado vai recorrer?

A defesa fica inviabilizada?
Não só a defesa. Inviabiliza qualquer tipo de controle, qualquer tipo de prestação de contas ao público. Imagine, por exemplo, se alguém quiser reclamar contra a Lava Jato. Para quem vai reclamar? Até o Tribunal Regional da 4ª Região (a segunda instância) com muita dificuldade contraria os desígnios da Lava Jato.

O próprio ministro Teori Zavascki foi criticado pelo juiz Sergio Moro em artigo de jornal.
Eles perderam completamente a noção de limite. Não tem ninguém que controle isso.

Se perderam a noção, por que as instâncias superiores aceitam?
Isso é uma técnica, a articulação da jurisdição com a mídia. No momento em que o juiz Sergio Moro encontra apoio quase unânime da mídia, os outros juízes ficam com dificuldade de justificar publicamente algum tipo de censura. A maioria fica desconfortável, até porque no Judiciário existe uma cultura de um juiz não falar mal de outro.

Deixam de tomar uma atitude mesmo diante de medidas contrárias à lei?
A cultura do Judiciário é de autocomedimento, de autorrestrição. Quando um juiz vira o mascote da imprensa, gera uma perplexidade, uma insegurança por parte de muitos atores do Judiciário. E isso se reflete no processo de decisão, porque a pressão da opinião pública é enorme. Não é à toa que nos Estados Unidos qualquer prova que venha a público antes de ser submetida ao Grande Júri é nula. O Grande Júri não pode ser submetido à pressão da opinião pública. O juiz é humano como nós. Alguns são mais fortes, outros mais fracos.

Quem faz crítica corre o risco de ser confundido com quem não quer combater a corrupção?
Tem um pouco disso, mas as pessoas que pensam sabem que esse discurso hoje está desgastado. Quando a corrupção é sistêmica, não se combate apenas com Direito Penal. Não estou dizendo que o Direito Penal deva cruzar os braços e ver as pessoas surrupiarem os bens públicos. Não se trata disso, mas de dar mais ênfase a políticas estruturantes da administração. Para isso, é preciso entender um mínimo de economia da administração pública, o que o Ministério Público não entende. Quando é posto na frente de um problema, o Ministério Público quer um culpado, um bode expiatório. Não quer resolver o problema. E vem com um discurso moralista.

Como criar a impressão de que a corrupção no Brasil começou há poucos anos?
A corrupção sistêmica existe há séculos no Brasil. O problema é eles acharem que podem resolver essa corrupção sistêmica dando murro em cima da mesa. E na base de cassetete, colocando todo mundo dentro da cadeia. Não vai ter cadeia para tanto corrupto no Brasil. Eles vivem sob a ilusão de que o Direito Penal tem capacidade de resolver isso. O Direito Penal foi feito para a corrupção eventual. O sujeito, digamos, que tenta tirar proveito de um guarda de trânsito. Diante de todo um sistema de concorrência pública, de cartelização de empresas que funcionam na base de remunerações paralelas para atores políticos, é preciso rever não só a dinâmica política do País, para que os atores políticos não sejam mais clientela desse dinheiro desviado, como também criar defesas dentro da administração, para que ela não fique sujeita à extorsão por parte de agentes privados.

Mecanismos de transparência ajudariam?
É um aspecto. Um Estado como o nosso, em que os processos administrativos são extremamente atravancados, é natural que a peita (o suborno) funcione como uma forma de liberar o processo de decisão. Se eu quiser construir um frigorífico, construo em dois meses, mas para botar esse frigorífico para funcionar vou precisar de oito anos para conseguir as licenças. A administração cria dificuldades para vender facilidades.

Teria então que começar diminuindo a burocracia?
Digamos assim. Se um estrangeiro está querendo investir meio bilhão de dólares no Brasil, não vou tratá-lo como o Zé das Couves que está querendo abrir uma banquinha de legumes na esquina. Da mesma forma que os grandes bancos têm gerentes pessoais para os correntistas de contas mais graúdas, deveria ser criado um balcão especial para esse tipo de investidor. Ele não tem de correr atrás dos fiscais, das licenças, de entrar na cozinha do governo. Ele tem que ficar na sala de visitas. Um gerente geral de investimentos vai dizer o que ele precisa entregar em termos de papelada, o que deve pagar de taxas. E esse gerente-geral é quem deveria correr atrás dos órgãos da administração para eles tomarem a decisão o mais rápido possível sobre as licenças. Precisamos de boas práticas na administração para lidar com o setor privado.

E nesse momento, em que há uma série de episódios de corrupção comprovada na Petrobras, o que a Justiça deveria fazer com os corruptores?
Em primeiro lugar, para mim, essa prova tirada pela Lava Jato é altamente suspeita. Eu não sei se tem essa prova toda. Existem informações. Como o Ministério Público é escandaloso, mas não é nem um pouco transparente, não sabemos ao certo o que aconteceu, o que não aconteceu. O fato é que não podemos matar a iniciativa privada, por causa de más práticas na relação com o governo. A gente não mata barata botando fogo na casa.

A Lava Jato afeta a economia?
Não tenha dúvida. Eles se gabam de ter devolvido à Petrobras
US$ 2 bilhões, mas não veem o estrago que causaram na economia, que é muito superior. Por baixo, US$ 100 bilhões, se a gente pensar nos empregos que foram perdidos e nas indústrias, com seus artigos tecnológicos desmantelados. A indústria naval está indo para a estaca zero de novo. Já passamos por isso uma vez, na década de 1980, quando ela quebrou. Conseguimos reconstruir a indústria naval e estamos quebrando-a de novo.

E a indústria petroleira?
São ativos que vão demorar décadas para serem reconstituídos. Outro setor essencial, a indústria da construção civil, ficou fortissimamente abalado. Esses gigantes da construção civil são os responsáveis por construir a nossa infraestrutura. Não adianta pensar como economista liberal, no sentido de que haverá novas ofertas no dia em que esses gigantes quebrarem. Não é simples assim. Para entrar no Brasil e substituir uma Camargo Corrêa ou uma Norberto Odebrecht, as empresas estrangeiras vão querer saber qual é a segurança jurídica para fazer contrato com o governo. E quais são os custos logísticos, já que não têm canteiros de obras no Brasil. Até essas empresas estabelecerem a sua logística, os projetos vão custar mais caros. E tem algumas obras que essas empresas não sabem fazer, que só as nacionais sabem.

Como por exemplo?
Uma estrada na Amazônia, em terreno pantanoso, atravessando um rio atrás do outro. Quem tem tecnologia para isso são as nossas empresas. Se elas quebrarem, por um período de cinco a dez anos as obras de infraestrutura vão ficar comprometidas.Vamos perder o bonde da vez na economia global. Não podemos, por conta de uma luta moralista, afundar o País. O que vai sobrar? Empresas quebradas? Políticos de ocasião, os Berlusconis brasileiros?

Como punir, sem quebrar, uma empresa envolvida em corrupção?
Nós temos dois modelos possíveis. Converter as multas que forem aplicadas em um programa social, em projetos que o governo deveria fazer, mas tem poucos recursos, como na área educacional. Ao mesmo tempo, a empresa seria obrigada a mudar suas práticas, no sentido de criar um código de compliance e garantir que essas normas vigorem.

E a outra alternativa?
Se as multas forem de tal porte que prejudiquem a própria estrutura da companhia, a outra possibilidade seria negociar o valor, transferindo parte do controle da empresa para a União. A União poderia capitalizar a empresa e revender as ações capitalizadas no mercado, para ressarcir o prejuízo. A empresa muda de mão, mas sobrevive, até porque os administradores continuam os mesmos, para que seu know how permaneça.

E o administrador que foi responsável pelo ato de corrupção?
Esse deve ser punido, mas é uma questão pessoal. Deve-se distinguir o que acontece com a empresa e o que acontece com o indivíduo achado com a mão na cumbuca. Hoje no Brasil as empresas sofrem consequências horrorosas, como a proibição de contratar com a União. Impedidas de contratar com a Fazenda Pública, que constrói infraestrutura, elas vão para o buraco. É como jogar fora o neném junto com a água suja do banho.

E as medidas contra a corrupção que os procuradores da República mandaram para o Congresso?
São fruto de um populismo judicial-legislativo. Para começar, elas não têm nada de iniciativa popular. Foram gestadas no grupo da Lava Jato. Fizeram um pacotinho e venderam para a sociedade como se fosse a solução contra a corrupção. O Ministério Público já faz esse tipo de marketing há algum tempo.

Desde quando?
Desde 2013, quando a polícia apresentou na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC 37, criando uma exclusividade para a polícia investigar em matéria criminal. O Ministério Público tomou aquilo como um risco a seu interesse corporativo. Naquela época, pululavam manifestações por todo território nacional. E o Ministério Público conseguiu inocular nessas manifestações o protesto contra a PEC 37, vendendo a ideia de que gente desonesta estava querendo impedi-lo de fazer a coisa certa. A maioria das pessoas nem sabia do que tratava a PEC 37, mas o que mais se viu nas manifestações foram cartazes dizendo “Abaixo a PEC 37”. Ou seja, o Ministério Público usou o movimento rueiro de 2013 para inocular uma agenda que era tipicamente corporativa.

Todo o Ministério Público?
É uma maioria do Ministério Público que pensa assim. Pensa que temos, realmente, que apoiar as Dez Medidas contra a Corrupção e considera o que está sendo feito em Curitiba como um modelo de ação. Poucos já viram que é um tiro no pé. Eu sou um deles, talvez o que mais fala, mas no País inteiro nós talvez tenhamos uns 200 que pensam desse jeito. Isso entre cerca de 20 mil agentes, se considerarmos o Ministério Público estadual, do trabalho, militar e o federal.

Qual é o papel do procurador-geral, Rodrigo Janot, nesse contexto?
Na posse da ministra Cármem Lúcia como presidente do Supremo, ele fez uma defesa agressiva da atuação da Lava Jato, dizendo ser desonesto qualquer tipo de crítica feita à operação. E ele prorrogou a Lava Jato por mais um ano, apesar de todas essas distorções. Ou seja, ele é parte desse problema. Não é a solução.

Por isso o senhor escreveu uma carta aberta para ele?
Eu tinha que fazer isso. Aprendi a fazer denúncia de modo absolutamente frio. Tem que dizer que no dia tal, fulano de tal, com a intenção tal, fez tal coisa e com isso prejudicou beltrano de tal. Não vou chamá-lo de meliante, de vagabundo. Uma denúncia não é um drama. Agora, uma denúncia de 147 páginas, como a que tinha sido feita contra o ex-presidente Lula, significa muita coisa mal explicada. Aliás, doutor Aristides Junqueira Alvarenga (procurador-geral da República entre 1989 e 1995) costumava dizer que denúncia com mais de 20 páginas era inepta. Ou seja, se há um fato claro para incriminar alguém, pode-se fazê-lo com poucas palavras.

Na carta aberta ao procurador-­geral, o senhor citou o livro das Ordenações Filipinas para criticar a exibição de investigados e réus como se fossem troféus. Qual é a dimensão desse retrocesso?
Do ponto de vista do Direito Penal pós-iluminismo, isso é um retrocesso até a práticas medievais, porque Foucault (o filósofo francês Michel Foucault), um estudioso da criminologia moderna, distingue o Direito Penal moderno do pré-iluminista. No pré-iluminismo, o alvo era o corpo do inculpado. O Estado se apoderava do corpo. Flagelava, esquartejava, matava o inculpado na fogueira. O Direito Penal moderno, em vez de se apoderar do corpo do inculpado, se apodera do tempo. Ele bota o sujeito na cadeia. Ele não gosta de exibir o indivíduo porque é ciente das suas limitações do Direito Penal. Os operadores do Direito sabem que podem ser responsabilizados por isso. Nos Estados Unidos, não se pode nem fotografar um julgamento. Tamanha é a timidez do processo penal que lá tem pintor para retratar o julgamento. No Brasil, estamos voltando à época em que o Estado se apoderava da pessoa e a exibia, usava como troféu.

A Lava Jato faz mal para a democracia?
A meu ver faz. Faz mal quando os poderes não se autocontêm, quando são exercidos sem limite. E muito mais ainda quando eles têm alvos que são não muito claramente explicados para a população, em termos de seletividade. São ruins também para a democracia quando operações desse tipo servem para emprestar musculação para demandas corporativas.

Pela postura crítica, o senhor não é hostilizado por seus pares?
Na cara não. Mas na rede corporativa, onde todos conversam dentro da instituição, sou persona non grata já há muito tempo. Não me preocupa, porque eu devo lealdade não a uma corporação e sim ao serviço público, ao Brasil e sobretudo ao contribuinte que me paga. Minha crítica não é a colegas. Os colegas, em sua grande maioria, são pessoas discretas, que fazem o seu trabalho. São profissionais de boa-fé. A Lava Jato, como forma de atuar, não é regra geral do Ministério Público.

Qual a preocupação?
Estou olhando reflexivamente, como jurisdicionado. E se fosse eu que estivesse exposto ao superpoder deles? A quem eu iria recorrer? Como cidadão e como professor de Processo Penal, que também sou, na Universidade de Brasília, tenho que estar preocupado com isso. Os brasileiros têm que estar preocupados com o estrago na economia. Como eleitor, tenho que estar preocupado com a influência desse processo sobre o sistema político. O Ministério Público tem como função muito nobre, que é o artigo 127 da Constituição, ser o defensor da democracia. E, agindo dessa forma, não me parece que está desempenhando o papel de defensor da democracia.

Eduardo Cunha cai nos braços do lenhador da Federal

Uol, 23/10/2016

A prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha pela Polícia Federal na operação Lava Jato provoca tensões no PMDB, seu partido, no Congresso e no governo Michel Temer.


http://tvuol.uol.com.br/video/escuta-essa-eduardo-cunha-cai-nos-bracos-do-lenhador-da-federal-04028C983568CC816326

sábado, 22 de outubro de 2016

Coimbra, da Vox Populi: mesmo massacrado, Lula é favorito para 2018



Sociólogo e presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra diz que o crescimento de Lula na última pesquisa do instituto, divulgada nessa terça-feira, 18, mostra a força e resistência do ex-presidente, mesmo com o intenso ataque da mídia e sob caçada judiciária.
 
"Esse desempenho mostra que há razão para os adversários de Lula temerem a presença dele nas eleições de 2018. Hoje, certamente, ele é favorito", atesta Coimbra.
 
O outro fator apontado por ele é a fragilidade dos adversários: "Aécio está mal. Alckmin cresceu, mas ainda não chegou num conhecimento nacional relevante. Marina Silva caiu muito entre as duas pesquisas".

“Precisamos trazer de volta a democracia no Brasil”, diz Sônia Braga



O depoimento de Sônia Braga, principal atriz do filme "Aquarius", do cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, aconteceu no lançamento do filme em Washington.
 
O elenco do longa metragem já havia promovido uma manifestação durante o Festival de Cannes, na França, onde os atores exibiram cartazes no tapete vermelho condenando o golpe parlamentar em curso no Brasil.
 
Em agosto deste ano, o Ministério da Justiça determinou que o filme fosse classificado como impróprio para menores de 18 anos sob a alegação de que a película possui "situação sexual complexa. Após críticas, o governo recuou.

Rossetto rebate Gilmar Mendes: um escárnio



Ex-ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto chamou o ministro Gilmar Mendes de “bufão reacionário” e rebateu as recentes declarações do magistrado, classificadas por ele como um "escárnio".
 
Em evento promovido por empresários, Mendes declarou que há no país uma “hiperproteção do trabalhador” e que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem “má vontade” com as empresas.
 
“Num país com enorme desigualdade de renda e concentração de riqueza, onde milhões de trabalhadores ainda não dispõem de carteira assinada, onde ainda lutamos contra o trabalho escravo e convivemos com números inaceitáveis de mortes e acidentes relacionados ao trabalho, é um escárnio dizer que há hiperproteção do trabalhador", afirmou Rossetto.

Mural da Unasul ignora o governo Temer



"No mural dos chefes de estado na sede da União de Nações Sul-Americanas em Quito, a UNASUL, não colocaram o presidente Michel Temer. No lugar, colocaram a bandeira do Brasil por não reconhecerem um governo golpista!", diz o senador Lindbergh Farias, em seu Facebook.

Papa desiste de vir ao Brasil



O Papa Francisco não virá ao Brasil em 2017, no tricentenário da aparição da imagem de Aparecida.
 
Extraoficialmente, sabe-se que Francisco cancelou a visita por discordar do golpe ocorrido no País contra Dilma Rousseff, mas, de acordo com o doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas, Robson Sávio Reis Souza, será noticiado que ele se dedicará a receber os bispos do mundo que vão a Roma na chamada visita "ad limina" no próximo ano.
 
O papa Francisco havia pedido, em uma oração a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, que ela proteja "todo o Brasil e todo o povo brasileiro neste momento triste".

Um governo condenado a recessão, impopularidade e escândalos




"A monstruosidade da PEC do teto dos gastos públicos é considerada por Temer como sua obra-prima, pelo tamanho da destruição do Estado que ela visa. Só menos Estado, menos recursos para políticas sociais, menos patrimônio púbico, menos direitos dos trabalhadores, menos soberania externa", diz o colunista Emir Sader.
 
"Aplicando um duro ajuste fiscal sobre uma economia em recessão, o resultado só pode ser muito mais recessão, muito mais desemprego, muito maior corrosão do poder aquisitivo dos salários", complementa.
 
Segundo ele, "a prisão de Eduardo Cunha e suas consequências, só intensificam os elementos de desestabilização do governo".

Lula ao Moro: me respeite para que eu te respeite!

Quem precisa da imprensa não pode julgar!

Conversa Afiada, 22/10/2016

O Moro faria o que acha que o Lula fez! (Reprodução: Fórum)


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um vídeo na noite desta sexta-feira (21) em sua página do Facebook para mandar um recado para aqueles que o acusam de corrupção, em especial para a força-tarefa da Operação Lava Jato.

"Uma pessoa que faz a acusação que está sendo feita sobre mim, no fundo no fundo, ele está imaginando que se ele estivesse no meu lugar ele faria o que ele pensa que eu fiz", disse.

No momento mais incisivo do vídeo, Lula deixa a entender que seu recado é para o juiz Sérgio Moro.

“Não sejam refém da imprensa, não sejam refém da imprensa. Vocês têm estabilidade no emprego e não é para ser refém da imprensa porque é pouco inteligente alguém dizer que para condenar alguém eu preciso da imprensa. Eu quero saber se você investigou e se você tem prova. (…) Se você não fez isso eu peço que pare, pense e mude de comportamento”. O magistrado já disse várias vezes que para Operação Lava Jato dar certo é necessário o acompanhamento diário da imprensa.

Ao terminar o vídeo, Lula diz: “Me respeitem para que eu possa respeitar vocês”.

Advogado de Lula: que maracutaia foi essa?

Janot vai tem que escolher entre o MP de SP e o Moro

Fonte: Conversa Afiada, 22/10/2016


O Conversa Afiada reproduz sinuca de bico em que os advogados do Lula meteram o Janot - e o Moro!

Na condição de advogados do ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva, protocolamos hoje (21/10) uma representação dirigida ao Procurador Geral da República para que faça a devida valoração e tome as medidas eventualmente cabíveis em relação à denúncia feita por membros do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP/SP) de uma suposto “acordo” (sic) realizado entre o MM. Juiz Federal titular da 13ª. Vara Federal de Curitiba e a Juíza de Direito Titular da 4ª. Vara Criminal de São Paulo, de forma que pudesse “cada Juízo assumir uma parte da acusação” — ficando com o juiz de Curitiba a parte relativa a Lula e sua esposa, D. Marisa Letícia. 

Tanto o MP/SP como o Ministério Público Federal (MPF) formularam acusações contra Lula e D. Marisa envolvendo o apartamento 164-A, do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). As denúncias, todavia, são absolutamente contraditórias. Duas ações, duas versões. Uma, tentando vincular a propriedade do imóvel que jamais foi de Lula a supostos desvios na Bancoop; outra, a supostos desvios na Petrobras. Ambas sem nenhuma prova que possa atribuir ao ex-Presidente a prática de um crime. 

Ao final da representação, foi pedido ao Procurador Geral da República “examinar a valorar a espécie (sobretudo porque está lastreada em manifestação do MP/SP em processo judicial de natureza penal) e adotar, seja o caso de assim entender, as providências legais que julgar cabíveis para o restabelecimento da ordem jurídico-penal eventualmente violada (artigo 129, incisos I e II, da Constituição Federal)”. 

O documento está disponível em www.abemdaverdade.com.br

Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira

Gasolina não ia salvar a Pátria?

Fonte: Conversa Afiada, 22/10/2016


Reprodução: O Globo

Lembra, amigo navegante, quando o Pedro Malan Parente reduziu o preço da gasolina em R$0,03 e o PiG avisou que a Pátria estava salva!

A inflação ia para o centro da meta da seleção da Alemanha, os juros iam cair a 0,01% por década!

E o Golpe seria consagrado nas ruas!

Temer é o Rei!

Quá, quá, quá!

Chama o Cerra, que também administra a taxa de juros e avisou que o preço da gasolina ia provocar uma reviravolta no Banco Central do Itaúúúú!

Quá, quá, quá!

E, obedientemente, o Banco Central do Itaúúúú reduziu os juros por causa do Cerra e da gasolina!

São uns impostores!

PHA

Procurador da Lava Jato vê dedo de Temer em ação contra abuso de autoridade


O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou ter visto "influência" do governo Michel Temer (PMDB) na proposta em tramitação no Senado e avisa que deixará os processos do escândalo Petrobrás, se o projeto virar lei.

Para Carlos Fernando, “a aprovação da lei de abuso de autoridade pode significar o fim da Operação Lava Jato”.

Laudo da PF não aponta ilícito de filho de Lula, diz defesa


Perito da Polícia Federal fez uma comparação entre a movimentação financeira e as fontes de recursos declaradas à Receita Federal por Luis Cláudio, filho do ex-presidente Lula, entre 2011 e 2014, e no laudo não indica traços de corrupção como apontado pelo Ministério Público Federal.

Em nota, os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira ressaltam que o laudo que "foi vazado à imprensa não aponta a prática de qualquer ilícito".

Brasil já tem mais de mil escolas ocupadas contra a PEC 241

Estudantes no Brasil todo também protestam e ocupam escolas contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo Temer e ainda o projeto Escola Sem Partido.

Segundo lista divulgada nesta tarde pela União Nacional dos Estudantes (UNE), "cada canto do Brasil já somam 51 Universidades OCUPADAS. Além de 993 Escolas e IF's".

Polícia do Senado é acusada até de cárcere privado para proteger Collor


O diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo de Carvalho, principal alvo da Operação Métis, é acusado até de cárcere privado em trabalho para proteger o senador Fernando Collor de Melo.

A denúncia é da agente da Polícia Federal Andréa Pinho Albuquerque, que diz que ela e sua equipe foram coagidos pela Polícia do Senado e impedidos de deixar um apartamento do senador quando cumpriam um mandado de busca e apreensão em 2015.

"Se Bolsa Família é compra de votos, qualquer outra política também seria"



O cientista político da Fundação Getúlio Vargas, Cesar Zucco, que há tempos estuda o impacto eleitoral do Bolsa Família nas eleições, contestou a declaração do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que voltou a associar o Bolsa Família à prática de compra de votos.

Para o pesquisador, não há qualquer evidência de que o programa criou um eleitorado cativo do PT.

“Esse efeito já existia em 2002, quando José Serra (PSDB) disputou a eleição. Naquele ano, os beneficiários do Bolsa Escola, da Bolsa Alimentação, tinham maior probabilidade de votar no candidato da situação”

Polícia prende polícia, MP acusa MP: ainda há ordem?


O protagonismo do Poder Judiciário, que domina a agenda nacional com operações policiais quase diárias, produziu duas situações atípicas nesta sexta-feira.

De manhã, policiais federais prenderam policiais legislativos, que foram acusados de fazer contraespionagem contra a Operação Lava Jato.

À tarde, o procurador Cássio Conserino, do MP-SP, desmereceu a denúncia do também procurador Deltan Dallagnol, do MP-PR, dizendo que a acusação contra o ex-presidente Lula pelo apartamento no Guarujá (SP) deveria correr em São Paulo e não no Paraná.

Com tantos atores disputando holofotes, a questão é: ainda há ordem e segurança jurídica no País?

Kotscho questiona: quem deu tanto poder a Gilmar?


"Embora seja apenas um dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, ele dá a impressão de ser muito mais supremo juiz do que os outros, o dono da verdade definitiva, indiscutível, absoluta, uma espécie de autonomeado 'ombudsman geral' da República", diz o jornalista Ricardo Kotscho.

"É como se fosse um novo poder, paralelo e solitário, acima dos outros três. Quem lhe deu este poder, de onde vem tanta autoridade?", questiona, lembrando ainda que o ministro não esconde sua ação política.

Lula pede a Janot que apure denúncia contra Moro


Por meio de seus advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou representação dirigida ao procurador-geral Rodrigo Janot, para que seja a apurada a denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo contra o juiz Sergio Moro.

Os promotores acusam o juiz da Lava Jato de ter feito um "conluio" com uma juíza paulista para que as investigações sobre o apartamento no Guarujá (SP) fossem transferidas para o Paraná, sem que, na visão deles, tivessem qualquer conexão com o chamado "petrolão".

Lula pede a Janot que tome "as providências legais que julgar cabíveis para o restabelecimento da ordem jurídico-penal eventualmente violada".

Cunha a Geddel: "Vou ser preso, façam alguma coisa"


A última ligação de Eduardo Cunha antes da prisão foi para o Palácio do Planalto; quem atendeu foi seu amigo Geddel Vieira Lima, hoje articulador político do governo Michel Temer; "Geddel, eu vou ser preso! Vocês precisam fazer alguma coisa!"; ao lado de Geddel, estava o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que entrou em ação para saber se Cunha precisaria de alguma coisa; a ligação é interpretada como uma ameaça do novo homem-bomba do País; em seu livro sobre o impeachment, Cunha pretendia revelar como aliados de Michel Temer impediram um acordo para que todos os pedidos de afastamento da presidente Dilma Rousseff fossem arquivados, comprovando a tese de desvio de finalidade no golpe parlamentar de 2016.

Revista ÉPOCA: Venda do PMDB ao PT por R$ 40 milhões em 2014 pode derrubar Temer


Revista da Editora Globo já prepara o terreno para a queda de Michel Temer. A reportagem de capa deste fim de semana aponta que o PMDB vendeu seu apoio ao PT, na reeleição de 2014, por R$ 40 milhões.

Eduardo Cunha, preso na quarta-feira, seria o tesoureiro informal do partido e todos os pagamentos aos candidatos seriam avalizados por Temer. Os recursos viriam de grandes fornecedores da Petrobras, como as empreiteiras, e abasteciam a turma do PMDB.

Esta acusação deve dar fôlego à ação no Tribunal Superior Eleitoral contra a chapa Dilma-Temer, que vem sendo conduzida a toque de caixa pelo relator Herman Benjamin. Época já fala em eleições indiretas em 2017.

Fonte: Brasil247, 22/10/2016

PEC/241 - Uma Ilusão

Dez questões respondidas que demonstram o fracasso da PEC/241
Retirado de: Sul21

Da RBA

Em sua página na rede social Facebook, a economista e professora da USP Laura Carvalho organizou uma lista de perguntas e respostas sobre a Proposta de Emenda Constitucional 241, que limita o crescimento dos gastos públicos.

Para organizar a lista, a Laura baseou-se na apresentação que fez na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no início da semana. “Espero que ajude aqueles que estão sendo convencidos pelo senso comum. Lembrem-se: o orçamento público é muito diferente do orçamento doméstico”, escreveu

A economista aponta as principais dúvidas sobre a proposta do governo Temer, que congela investimentos públicos por 20 anos, ao impor que o Orçamento seja corrigido anualmente apenas pela inflação do ano anterior. De forma didática, Laura ajuda a desconstruir alguns mitos em relação ao tema.

Leia a íntegra:

1. A PEC serve para estabilizar a dívida pública?

Não. A crise fiscal brasileira é sobretudo uma crise de arrecadação. As despesas primárias, que estão sujeitas ao teto, cresceram menos no governo Dilma do que nos dois governos Lula e no segundo mandato de FHC. O problema é que as receitas também cresceram muito menos – 2,2% no primeiro mandato de Dilma, 6,5% no segundo mandato de FHC, já descontada a inflação. No ano passado, as despesas caíram mais de 2% em termos reais, mas a arrecadação caiu 6%. Esse ano, a previsão é que as despesas subam 2% e a arrecadação caia mais 4,8%.

A falta de receitas é explicada pela própria crise econômica e as desonerações fiscais sem contrapartida concedidas pelo governo e ampliadas pelo Congresso. Um teto que congele as despesas por 20 anos nega essa origem, pois não garante receitas, e serve para afastar alternativas que estavam na mesa no ano passado, como o fim da isenção (de 1995) sobre tributação de dividendos, o fim das desonerações e o combate à sonegação. A PEC garante apenas que a discussão seja somente sobre as despesas.

A PEC também desvia o foco do debate sobre a origem da nossa alta taxa de juros – que explica uma parte muito maior do crescimento da dívida, já que se refere apenas às despesas primárias federais. Uma elevação da taxa de juros pelo Banco Central tem efeito direto sobre o pagamento de juros sobre os títulos indexados à própria taxa Selic, por exemplo – uma jabuticaba brasileira.

A PEC é frouxa no curto prazo, pois reajusta o valor das despesas pela inflação do ano anterior. Com a inflação em queda, pode haver crescimento real das despesas por alguns anos (não é o governo Temer que terá de fazer o ajuste). No longo prazo, quando a arrecadação e o PIB voltarem a crescer, a PEC passa a ser rígida demais e desnecessária para controlar a dívida.

2. A PEC é necessária no combate à inflação?

Também não. De acordo com o Banco Central, mais de 40% da inflação do ano passado foram causados pelo reajuste brusco dos preços administrados que estavam represados (combustíveis, energia elétrica…). Hoje, a inflação já está em queda e converge para a meta. Ainda mais com o desemprego aumentando e a indústria com cada vez mais capacidade ociosa, como apontam as atas do BC.

3. A PEC garante a retomada da confiança e do crescimento?

O que estamos vendo é que o corte de despesas de 2015 não gerou uma retomada. As empresas estão endividadas, têm capacidade ociosa crescente e não conseguem vender nem o que são capazes de produzir. Os indicadores de confiança da indústria, que aumentaram após o impeachment, não se converteram em melhora real. Os últimos dados de produção industrial apontam queda em mais de 20 setores. A massa de desempregados não contribui em nada para uma retomada do consumo. Que empresa irá investir nesse cenário?

Uma PEC que levará a uma estagnação ou queda dos investimentos públicos em infraestrutura física e social durante 20 anos em nada contribui para reverter esse quadro, podendo até agravá-lo.

4. A PEC garante maior eficiência na gestão do dinheiro público?

Para melhorar a eficiência é necessário vontade e capacidade. Não se define isso por uma lei que limite os gastos. A PEC apenas perpetua os conflitos atuais sobre um total de despesas já reduzido. Tais conflitos costumam ser vencidos pelos que têm maior poder econômico e político. Alguns setores (da atividade econômica) podem conquistar reajustes acima da inflação, e outros pagarão o preço.

5. A PEC preserva gastos com saúde e educação?

Não, estas áreas tinham um mínimo de despesas dado como um percentual da arrecadação de impostos. Quando a arrecadação crescia, o mínimo crescia. Esse mínimo passa a ser reajustado apenas pela inflação do ano anterior. Claro que como o teto é para o total de despesas de cada Poder, o governo poderia potencialmente gastar acima do mínimo.

No entanto, os benefícios previdenciários, por exemplo, continuarão crescendo acima da inflação por muitos anos, mesmo se aprovarem outra reforma da Previdência (mudanças demoram a ter impacto). Isso significa que o conjunto das outras despesas ficará cada vez mais comprimido.

O governo não terá espaço para gastar mais que o mínimo em saúde e educação (como faz hoje, aliás). Gastos congelados significam queda vertiginosa das despesas federais com educação por aluno e saúde por idoso, por exemplo, pois a população cresce.

Outras despesas importantes para o desenvolvimento, que sequer têm mínimo definido, podem cair em termos reais: cultura, ciência e tecnologia, assistência social, investimentos em infraestrutura, etc. Mesmo se o país crescer…

6. Essa regra obteve sucesso em outros países?

Nenhum país aplica uma regra assim, não por 20 anos. Alguns países têm regra para crescimento de despesas. Em geral, são estipuladas para alguns anos e a partir do crescimento do PIB, e combinadas a outros indicadores. Além disso, nenhum país tem uma regra para gastos em sua Constituição.

7. Essa regra aumenta a transparência?

Um Staff Note do FMI de 2012 mostra que países com regras fiscais muito rígidas tendem a sofrer com manobras fiscais de seus governantes. Gastos realizados por fora da regra pelo uso de contabilidade criativa podem acabar ocorrendo com mais frequência.

O país já tem instrumentos de fiscalização, controle e planejamento do orçamento, além de metas fiscais anuais. Não basta baixar uma lei sobre teto de despesas, é preciso que haja o desejo por parte dos governos de fortalecer esses mecanismos e o realismo/transparência da política fiscal.

8. A regra protege os mais pobres?

Não mesmo! Não só comprime despesas essenciais e diminui a provisão de serviços públicos, como inclui sanções em caso de descumprimento que seriam pagas por todos os assalariados. Se o governo gastar mais que o teto, fica impedido de elevar suas despesas obrigatórias além da inflação. Como boa parte das despesas obrigatórias é indexada ao salário mínimo, a regra atropelaria a lei de reajuste do salário mínimo impedindo sua valorização real – mesmo se a economia estiver crescendo.

O sistema político tende a privilegiar os que mais têm poder. Reajusta salários de magistrados no meio da recessão, mas corta programas sociais e investimentos. Se nem quando a economia crescer, há algum alívio nessa disputa (pois o bolo continua igual), é difícil imaginar que os mais vulneráveis fiquem com a fatia maior.

9. A PEC retira o orçamento da mão de políticos corruptos?

Não. Apesar de limitar o tamanho, são eles que vão definir as prioridades no orçamento. O Congresso pode continuar realizando emendas parlamentares clientelistas. No entanto, o Ministério da Fazenda e do Planejamento perdem a capacidade de determinar quando é possível ampliar investimentos e gastos como forma de combate à crise, por exemplo. Imagina se a PEC 241 valesse durante a crise de 2008 e 2009?

10. É a única alternativa?

Não. Há muitas outras, que passam pela elevação de impostos sobre os que hoje quase não pagam (os mais ricos têm mais de 60% de seus rendimentos isentos de tributação, segundo dados da Receita Federal), o fim das desonerações fiscais que até hoje vigoram e a garantia de espaço para investimentos públicos em infraestrutura para dinamizar uma retomada do crescimento. Com o crescimento maior, a arrecadação volta a subir.

Wellington Araújo Silva, autor do artigo, é Estudante de Direito. Participou do projeto Proninc, através da Incubadora Social da PUCRS ,na área jurídica, promovendo e estimulando a autogestão, cooperativismo... e a Economia Solidária. Foi Diretor da Juventude Universitária Católica-7

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Para Gilmar, Bolsa Família é compra de votos institucionalizada


 

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse que o programa Bolsa Família – criado pelos governos do PT e que atualmente atende cerca de 13,9 milhões de famílias com renda per capita mensal entre R$ 85,00 e R$ 170,00 – é uma forma de "comprar" votos e de "eternizar" um governo no poder.


"Com o Bolsa Família, generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada", afirmou .

Esposa visita Cunha na carceragem da PF



Jornalista Claudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso nesta quarta-feira (19) no âmbito da Operação Lava Jato, visitou o marido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).
 
Ela esteve no local acompanhada pelo advogado Marlus Arns e sai do local sem ser reconhecida por populares e sem falar com a imprensa.

Entre Curitiba e o plenário da Câmara

Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia: <p>Bras�lia - O plen�rio da C�mara dos Deputados aprovou por 450 a favor, 10 contra e 9 absten��es a cassa��o do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia Brasil)</p>
"Na próxima terça-feira, governo e governistas terão um primeiro sinal da disposição de Eduardo Cunha na prisão. Se houver defecções de deputados do Centrão na votação do segundo turno da PEC 241, será sinal de que Cunha conseguiu fazer chegar uma mensagem à sua tropa: estiquem a corda para que o governo, inclusive Temer, entenda o risco que está correndo", diz a colunista Tereza Cruvinel.

"Se isso acontecer, crescerá não apenas o alarmismo das últimas horas como também as desconfianças do mercado em relação à implementar da agenda fiscal prometida".

Fortes ironiza pedidos para Lava Jato não aceitar delação de Cunha

 
247 - O jornalista Leandro Fortes criticou nesta sexta-feira, 21, os pedidos de representantes da imprensa conservadora, entre eles o blogueiro Reinaldo Azevedo, para que o Ministério Público Federal não aceite acordo de delação premiada com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que pode derrubar pelo menos cem parlamentares e ameaçar a sobrevivência do seu ex-aliado, o presidente Michel Temer.

Confira o post de Leandro Fortes em seu Facebook:

"CALA-TE, CUNHA"

Gente, o desespero dos rola-bostas da imprensa brasileira ao implorar que Eduardo Cunha não faça delação premiada é um capítulo à parte desse golpe infame.

O jornalismo tupiniquim chegou ao seu grau máximo de degradação moral e servilismo patronal.

Insisto: excluídas as exceções de sempre, essa é a pior geração de jornalistas da história do Brasil."

CartaCapital: Temer paga a conta da mídia



"Temer prioriza as demandas do oligopólio da mídia, volta a concentrar as verbas publicitárias em poucas empresas e desmonta o sistema público de radiodifusão", diz a chamada da reportagem de capa da revista CartaCapital desta semana, "A fatura paga", assinada por Sergio Lirio.


Na parte interna da revista, o texto diz: "Reconcentração de verbas publicitárias na mídia tradicional, perseguição às vozes dissonantes, desmonte da tevê pública... Temer paga a conta".

Renan desafia a PF e diz que polícia legislativa retira grampos ilegais


O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu duramente à batida policial ocorrida nesta manhã na instituição.
 
"A Polícia Legislativa exerce suas atividades dentro do que preceitua a Constituição, as normas legais e o regulamento administrativo do Senado Federal", disse ele, lembrando que "atividades como varredura de escutas ambientais restringem-se a detecção de grampos ilegais".
 
"Valores absolutos e sagrados do estado democrático de direito, como a independência dos poderes, as garantias individuais e coletivas, liberdade de expressão e a presunção da inocência precisam ser reiterados", lembrou ainda o senador.

“Fatos são gravíssimos”, diz juiz sobre polícia do Senado



Na decisão em que mandou prender quatro policiais do Senado, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, disse que os fatos apontados contra eles são "gravíssimos" e que as prisões são necessárias para paralisar condutas criminosas.
 
O magistrado aponta o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, como o "principal responsável" pelas ações, apesar de não ter praticado pessoalmente os atos.

Bresser diz: “A PEC 241 é feita para a classe rica que patrocinou o golpe”



Em entrevista ao programa do Diário do Centro do Mundo (DCM) na TVT, o ex-ministro e fundador do PSDB Luiz Carlos Bresser-Pereira comenta a PEC proposta pelo governo Temer que vem causando tanta polêmica: "A PEC não vai ter nenhum efeito agora. O objetivo é desmantelar o estado do bem estar social e destruir o SUS e a educação fundamental".

Globo: delação de Cunha pode derrubar Temer



Revista Época, da Editora Globo, já indica que uma delação premiada de Eduardo Cunha tem poder para afastar Michel Temer da presidência da República.
 
O motivo: Cunha arrecadava quando Temer presidia o partido e há a suspeita de que os recursos vinham de negociatas envolvendo empresas estatais, como a Petrobras.
 
Se Temer cair ainda em 2016, haverá eleições diretas e se a queda ocorrer no ano que vem, uma eleição indireta.

MP-SP acusa Moro de conluio com juíza para aceitar acusação frágil

 

Promotores Cássio Conserino e Fernando Henrique de Moraes Araújo, autores de denúncia contra Lula no caso do apartamento no Guarujá e a Bancoop, afirmam que a juíza da 4ª Vara Criminal de São Paulo, Maria Priscilla Veiga de Oliveira, firmou um "acordo de cavalheiros" com o juiz do Paraná para dividir a ação e "cada Juízo assumir uma parte da acusação".
 
Em reclamação, Conserino faz provocações à força-tarefa da Lava Jato, dizendo que não "fizeram uma denúncia com convicção. Não denunciamos com base em achismo".
 
Por seu lado, em seu site, Lula afirma que nenhuma das duas denúncias "apresentam provas de suas teorias".

Moro e Cunha não ameaçam Temer

A Casa Grande sabe até onde a Lava Jato tem que ir...
 
Fonte: Conversa Afiada, 20/10/2016


A "convicção" de que a delação de Cunha vai jogar fogo no Governo Traíra não oferece fatos - como diriam os dallagnois.

Moro e Cunha jogam no mesmo time: o da Casa Grande.

A Casa Grande manteve Cunha solto enquanto teve serventia.

Derrubada a Dilma, Cunha passou a ser um gato morto.

Por que não foi preso antes?
Porque ainda tinha serventia.

Cunha vai delatar os 267 deputados que elegeu?

Vai delatar o sócio, segundo Ciro Gomes, o Traíra, com quem fazia tabelinha para depositar jabutis em Medidas Provisórias?

Vai balançar o palanque das autoridades, como diria inesquecível Presidente Sarney?

Não!

Ele é malandro.

Ele vai delatar?

Quem disse que o Moro quer ouvir o que o Cunha tem a dizer?

Se o Moro, até hoje, não aceitou a delação da Odebrecht, cheia de tucanos, por que de uma hora para outra ia abrir a porta da delação igualmente perigosa do Cunha?

Não vem ao caso!

Como não vem ao caso o que a Odebrecht tem a dizer!

Cunha será condenado pelas ninharias que dele já sabem.

Na melhor - ou pior! - hipótese, ele implica uns coadjuvantes do baixo-clero, como o gatinho angorá, que é outro que só está solto porque ainda não perdeu a serventia: ou seja, ainda nao vendeu o Brasil nas PPPs...

Cunha não tem caráter nem para denunciar o Temer.

Há quem suspeite que ele não tem caráter nem para defender a mulher!

E a Casa Grande convocará um baile de consagração: o Moro será coroado Rei nos jardins da mansão do Cosme Velho, onde D. Lilly e o Dr. Roberto Marinho contemplavam os flamingos que mandavam buscar em Cuba!

PHA

O interesse do povo é o centro da discussão

O líder a caminho do Centro: não há Economia sem Política!
Paulo Henrique Amorim conversou como ex-presidente Lula e disse que o grande líder está num nível mais alto que seus opositores.

Polícia Federal dá batida no Senado


Agentes da Polícia Federal estão no Congresso Nacional, no início da manhã desta sexta-feira, 21.
 
Dois dias depois da prisão do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, agentes da PF cumprem mandados no Parlamento; ainda não se sabe o motivo da operação.

Cunha: ‘eu quero falar, eu vou falar’




Em menos de 48 horas na cadeia, o deputado cassado Eduardo Cunha já afirmou a seus advogados que está disposto a colaborar com a Lava Jato: "Eu quero falar, eu vou falar", disse o peemedebista, conforme fontes próximas ao caso.
 
Para fechar um acordo de delação premiada, o Ministério Público Federal não abre mão de um ponto: Cunha deverá passar pelo menos três anos atrás das grades.
 
No caso de não colaboração, o juiz Sergio Moro pode condenar Cunha a mais de 20 anos de prisão.
 
A possibilidade de delação de Cunha já assombra o Planalto.

Lula cresceu em pesquisa com ajuda de eleitorado de Marina



"Pessoas que antes pensavam em Marina Silva voltaram a pensar em Lula. Esse eleitorado mais proguressista, que está mais desencatado com ela, faz com que Lula cresça", diz Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi.
 
Na visão do sociológo, Geraldo Alckmin (PSDB) tem demonstrado mais condições de ser o candidato tucano na corrida de 2018 do que Aécio Neves, que vem caindo nas últimas pesquisas, apesar do recall de 2014.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Moro solta Youssef, que ficará preso em casa



Dois dias depois de prender Eduardo Cunha, que foi o político mais poderoso do Brasil e conduziu o golpe parlamentar de 2016, o juiz Sergio Moro soltou o doleiro Alberto Youssef, que ficará preso em sua residência.
 
Lava Jato começou em março de 2014, quando Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, foram presos pelo juiz paranaense.
 
Desde então, dezenas de delações ocorreram e a Lava Jato aproxima-se de seu ápice com as acusações a políticos que teriam se beneficiado dos esquemas na Petrobras.