Paulo Roberto Costa quebrou o silêncio na CPI mista que investiga a estatal
Paulo Roberto Costa (foto), ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, quebrou o silêncio na CPI mista que investiga a estatal. Na sessão de ontem, Costa pediu a palavra. Anunciou que não responderia perguntas, mas falou por cerca de três minutos, em tom de desabafo.
Em sua explanação, o ex-diretor de Abastecimento afirmou que as irregularidades não são exclusividade da estatal e elencou outros setores: “O que ocorre na Petrobras acontece no País inteiro: portos, aeroportos, hidrelétricas, ferrovias e rodovias”, acusou.
Costa repetiu algumas vezes que estava arrependido e afirmou que reitera todo o conteúdo relatado na delação premiada feita ao MPF (Ministério Público Federal).
“Desde o governo Sarney, todos, todos os diretores da Petrobras e de outras, sem apoio político, não chegava a diretor. Infelizmente, aceitei. Esse cargo [diretor] me deixou onde estou hoje”, disse.
O ex-diretor de Abastecimento contou que, até ocupar a diretoria, galgou espaços na estatal por competência técnica.
Neste momento, ao contrário do que seu advogado anunciou, Costa está respondendo algumas dos questionamentos de parlamentares.
Ele está no Congresso participando de uma acareação com Nestor Cerveró, ex-diretor Internacional da Petrobras, que também está prestando esclarecimentos.
Paulo Roberto Costa falou ainda sobre a delação premiada que firmou com o MP.
“Nos mais de 80 depoimentos, o que está lá eu confirmo. Provas estão existindo, sendo colocadas Falei de fatos, dados e pessoas, que virão ao conhecimento publico. Não sei quando, mas virão”.
Acareação
Na acareação com o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, ontem, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa afirmou à CPI mista da Petrobras que, em dado momento, passou a sentir nojo.
Durante o encontro, Costa falou sobre um e-mail enviado à Casa Civil, em 2009. A mensagem elencava questionamento feitos pelo TCU (Tribunal de Contas da União) a empreendimentos da estatal.
À época, Costa ocupava o alto escalão da empresa e a presidente Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil, além de ocupar a presidência do conselho de administração da estatal.
À CPI Costa negou que o envio do e-mail foi motivado por interesses escusos ou porque pedia interferência do Executivo.
“Nessa época, eu já estava enojado. Aquele processo estava me enojando. (O objetivo) foi alertar que estávamos com problemas”, justificou.
Costa disse ainda que havia sido orientado pela própria Casa Civil a comunicar o ministério sobre a situação das obras.
Acrescentou ainda que o então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, tinha conhecimento da demanda.
PASADENA
Paulo Roberto Costa afirmou que a compra da refinaria de Pasadena foi responsabilidade do conselho de administração da Petrobras, do qual a atual presidente Dilma Rousseff era presidente.
Reforçando o que acabara de dizer Nestor Cerveró, Costa disse que a aquisição da refinaria constava no planejamento estratégico da companhia.
Esclareceu, porém, que a decisão final cabe ao colegiado da estatal: “A responsabilidade por comprar um ativo como aquele é 100% do conselho de administração. Eximi-lo é um erro”, afirmou.
“Quando você está num processo desse, você entra e não tem como sair. É muito complicado. Eu saí, entreguei carta de demissão porque processo continuava”, explicou.
Fonte: Folhapress