quinta-feira, 9 de maio de 2024

Erika Hilton: "RS vive uma catástrofe e deputados da direita estão lá nos EUA pedindo sanções ao Brasil"

Patriotismo

"O 'motivo'? Aquela palhaçada de sempre contra Alexandre de Moraes, e à favor da liberdade pra criminosos", diz ela

Brasil 247, 09 de maio de 2024, 04:19 h

Deputada Erika Hilton (Foto: André Bueno / Rede Câmara)

"Enquanto o Rio Grande do Sul passa por uma catástrofe climática sem nenhum precedente, há notícias de que parlamentares de parte da direita estão nos EUA pedindo que o Brasil sofra sanções econômicas. Isso me revolta e envergonha profundamente. Há pessoas mortas embaixo da água cujo corpo só será descoberto daqui alguns dias. Há crianças sem pai e mães sem filhos. Há gente com fome, sem água, energia e sem casa. Tudo isso aqui no Brasil mesmo. Em um Estado da Federação que esse bolsonarismo abandonou em troca das migalhas de atenção de seus pares estadunidenses. O "motivo"? Aquela palhaçada de sempre contra Alexandre de Moraes, e à favor da liberdade pra criminosos golpistas e o direito de espalhar fake news. Não que, em algum momento, eles tenham precisado de "motivos" pra tentar prejudicar nossa nação", denunciou em suas redes a deputada federal Erika Hilton.

Saiba mais - A deputada dos Estados Unidos Susan Wild, do partido Democrata, criticou duramente a audiência pública que o Congresso de seu país realiza sobre a democracia brasileira nesta terça-feira (7), com a presença de diversos parlamentares bolsonaristas.

Wild afirmou que a democracia brasileira é "forte e vibrante" e que, "como todas as democracias, há debates saudáveis a serem travados sobre aspectos das instituições do país". No entanto, ela destaca: "polícia interna e debates sobre questões constitucionais e jurídicas devem ser decididas pelo povo brasileiro. O Congresso dos Estados Unidos não é o fórum para isso".

A audiência, impulsionada por bolsonaristas, tem por objetivo pressionar a Organização dos Estados Americanos (OEA) a tomar medidas para supostamente proteger a liberdade de expressão no Brasil, que estaria sendo vilipendiada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e pelo governo Lula (PT).

Governo Lula desmente fake news gravíssima da Folha de S. Paulo em plena tragédia no Rio Grande do Sul

Mídias

Jornal mentiu ao acusar o governo federal de rejeitar ajuda do Uruguai

Brasil 247, 09 de maio de 2024, 02:14 h

Ministro Paulo Pimenta (Secom) aterrissou neste sábado no Rio Grande do Sul para ajudar na coordenação do trabalho de auxílio humanitário (Foto: Lucas Leffa / Secom / PR)

A Folha de S. Paulo disseminou uma gravíssima fake news na noite de ontem, ao acusar o governo de Lula de mentir sobre uma proposta de ajuda do governo uruguaio. Ao contrário do que foi dito pelo jornal paulista, o governo brasileiro recebeu a ajuda uruguaia e agradeceu pelo apoio. Leia, abaixo, a nota da Secom:

Nota Secom – Em texto publicado na noite desta quarta-feira (8), sem ouvir nenhum representante do governo, o jornal Folha de S.Paulo faz uma acusação grave. Afirmou que o "governo mente ao afirmar que não dispensou oferta de ajuda do Uruguai ao RS".

Para sustentar essa afirmação, o jornal compara uma nota da assessoria de comunicação do Ministério Defesa com uma nota da Secom sobre o mesmo tema como se fossem contraditórias. Não são.

A nota do Ministério da Defesa afirma que "o Comando Militar conjunto declinou da oferta da aeronave [do Uruguai] por restrições de pistas disponíveis para pouso em Porto Alegre".

A segunda nota, elaborada para combater uma avalanche de fake news em torno do assunto (como a de que o governo estaria recusando ajuda do Uruguai por motivações ideológicas), informa que o Brasil não recusou ajuda do Uruguai, cita um helicóptero cedido pelo país vizinho já em operação, mostra a imagem dessa aeronave gentilmente emprestada e explica que, no caso do avião, constatou-se inadequação do equipamento para o tipo de operação exigida no Rio Grande do Sul nesse momento.

Qual é a mentira? Qual é a contradição? Inexiste.

Caos no Sul: 68% consideram o governo Eduardo Leite culpado pela crise

Politica

Governo conduzido pelo PSDB fragilizou as normais ambientais do Rio Grande do Sul

Brasil 247, 09 de maio de 2024, 01:58 h

Eduardo Leite (Foto: Maurício Tonetto/Secom)

A pesquisa Quaest, cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira (9), aponta como o público percebe a responsabilidade do governo do Rio Grande do Sul, conduzido pelo tucano Eduardo Leite, diante da tragédia das chuvas no estado. Conforme os dados coletados pela Genial Investimentos entre os dias 2 e 6 de maio, 68% dos entrevistados acreditam que o governo estadual tem uma parcela significativa de responsabilidade no desastre. O estudo abrangeu 2.045 pessoas em 120 municípios e possui uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Por outro lado, apenas 20% dos entrevistados consideram que o governo do estado tem uma responsabilidade reduzida no evento catastrófico, enquanto 12% acreditam que ele não tem qualquer responsabilidade. A pesquisa também avaliou a percepção em relação ao governo federal e às prefeituras, revelando que uma parcela considerável da população atribui responsabilidade às autoridades em todos os níveis.

Os resultados também destacam que, segundo 70% dos entrevistados, investimentos em infraestrutura poderiam ter contribuído para evitar a tragédia, enquanto 30% acreditam que o evento era inevitável. Além disso, a pesquisa questionou como as pessoas avaliam a atuação das autoridades durante a tragédia, com 54% considerando positiva a atuação do governo do RS, 53% avaliando de forma positiva o governo federal e 59% a prefeitura de Porto Alegre. Os percentuais restantes indicam avaliações regulares ou negativas das atuações governamentais.

Eduardo Leite, governador, PSDB/RS, flexibilizou 480 normas ambientais do Rio Grande do Sul antes da tragédia

MEIO AMBIENTE

Governador tucano seguiu a política da era Bolsonaro de "passar a boiada" na questão ambiental e fez várias mudanças em seu primeiro ano de mandato

Brasil 247, 09 de maio de 2024, 02:06 h
Eduardo Leite (Foto: Reprodução/PSDB)

Durante seu primeiro ano de mandato em 2019, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), realizou alterações significativas em torno de 480 normas do Código Ambiental do estado. Essas mudanças foram oficializadas no ano seguinte, em 2020, e coincidiram com uma fase de flexibilização da política ambiental brasileira, impulsionada pelo então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no governo Bolsonaro, segundo aponta reportagem do jornalista Jorge Abreu, da Folha de S. Paulo.

Os recentes eventos de enchentes no estado desencadearam críticas por parte de ambientalistas à gestão de Eduardo Leite. Eles apontam o governador como o principal articulador, ao lado da Assembleia Legislativa, de um processo que eles caracterizam como desmonte das leis de proteção ambiental estaduais.

Em resposta às críticas, o governo do Rio Grande do Sul afirmou que as alterações no código ambiental foram fruto de discussões que envolveram diversos setores da sociedade, incluindo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Segundo o governo, as mudanças visaram alinhar a legislação estadual com as normas federais, além de modernizá-la para atender às transformações sociais e garantir a proteção ambiental, a segurança jurídica e o desenvolvimento responsável.

Especialistas negam participação da sociedade nas mudanças

Entretanto, o diretor científico e técnico da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Francisco Milanez, nega a participação efetiva da sociedade civil e das entidades ambientalistas na construção do novo código. Ele ressalta que as mudanças foram realizadas de forma unilateral, lideradas pelo governador Leite.

Milanez destaca também outras medidas tomadas pelo governo que suscitaram críticas, como a flexibilização da construção de barragens e reservatórios de água em áreas de proteção permanente. Segundo ele, essa medida pode ter sérias consequências, afetando o fluxo natural da água e contribuindo para o aumento das enchentes e chuvas concentradas.

Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede de mais de cem organizações socioambientais, amplia o escopo da crítica ao destacar o papel do Congresso Nacional no enfraquecimento das políticas ambientais. Ele menciona projetos de lei aprovados recentemente que flexibilizam regras de proteção ambiental, como a dispensa de licenciamento ambiental para diversas atividades.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Quaest: 50% aprovam o trabalho de Lula; presidente melhora entre evangélicos e na região Sul

A aprovação de Lula entre os evangélicos aumentou de 35% para 39% em dois meses. Na região Sul, houve um aumento de sete pontos percentuais na avaliação positiva do presidente

Brasil 247, 08 de maio de 2024, 07:13 h

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reuters/Adriano Machado)

Pesquisa realizada pela Quaest e divulgada nesta quarta-feira (8) pelo g1 aponta que 50% dos brasileiros aprovam o trabalho do presidente Lula (PT), enquanto 47% desaprovam, configurando um empate técnico entre os dois grupos. Essa é a primeira vez que a aprovação e a desaprovação do presidente se equiparam desde o início de seu mandato.

Os dados indicam uma oscilação mínima em comparação com a última pesquisa, realizada em março. Na ocasião, 51% dos entrevistados aprovavam o trabalho de Lula, enquanto 46% desaprovavam. Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, a estabilização dos números reflete uma interrupção na queda da aprovação, principalmente devido à cessação da deterioração da imagem de Lula no Sul do país e entre os evangélicos. Nunes observou que ainda persiste uma percepção negativa em relação à economia, com muitas pessoas sentindo que Lula não estaria cumprindo suas promessas.

Entre os evangélicos, grupo no qual Lula registrou anteriormente uma alta taxa de desaprovação, houve uma redução significativa, com 58% agora desaprovando seu trabalho, em comparação com os 62% registrados em março. A aprovação nesse grupo aumentou de 35% para 39% no mesmo período, indicando uma mudança de percepção. Na região Sul, houve um aumento de sete pontos percentuais na avaliação positiva do presidente, passando de 40% para 47%, enquanto a rejeição diminuiu de 57% para 52%.

A pesquisa também abordou a avaliação geral do governo Lula, revelando que 33% dos entrevistados a consideram positiva, mesma proporção dos que a avaliam de forma negativa. Os que consideram o governo regular aumentaram de 28% para 31%. Quanto à direção do país, 49% acreditam que está errada, enquanto 41% a consideram correta.

Sobre as intenções de Lula, 51% dos entrevistados acreditam que o presidente é bem-intencionado, enquanto 42% discordam dessa afirmação. Quanto ao cumprimento das promessas de campanha, a maioria (63%) acredita que Lula não tem conseguido cumpri-las. Quando questionados sobre para quem o governo Lula trabalha, 52% acreditam que atende às necessidades de todos.

Em relação à economia, 38% dos entrevistados acreditam que piorou nos últimos 12 meses, enquanto 27% consideram que melhorou. Para os próximos 12 meses, 48% têm expectativa de melhora na economia.

A pesquisa, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2.045 pessoas em 120 municípios entre os dias 2 e 6 de maio, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

RS: Onda negacionista acusa governos de não atuar e até de impedir resgates

Reportagem

Carlos MadeiroColunista do UOL/08/05/2024 04h00/Atualizada em 08/05/2024 07h40, 00:14 / 00:15

"A PM estava impedindo resgates no domingo." "O Exército está impedindo que as pessoas ajudem." "Estavam na ponte, acionei o quartel três dias e não fizeram nada."

Comentários como esses foram retirados das redes sociais e fazem parte de uma onda de discursos negacionistas na internet nos últimos dias, que alegam que o poder público não está atuando nos resgates de vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul e que até atrapalha quem tenta ajudar.

Apesar de a ajuda de voluntários anônimos no salvamento e com doações ser importante, diante do tamanho sem precedentes da tragédia, as forças estatais de todas as esferas, municipal, estadual e federal, têm atuado para salvar vidas.

Segundo balanço desta terça-feira (7) à noite, somente os trabalhos conjunto de Forças Armadas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Brigada Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e voluntários resgataram 50 mil pessoas no estado, onde 401 municípios sofrem as consequências das chuvas.

As forças de segurança estaduais, incluindo Brigada Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, mobilizaram mais de 2.000 servidores, atuando tanto na linha de frente quanto na retaguarda dos salvamentos nas regiões mais afetadas. E o governo federal tem cerca de 14,5 mil pessoas ajudando no estado, sendo 13,6 mil militares.

Seja por vídeos circulando no WhatsApp, comentários em redes sociais ou postagens, internautas têm "denunciado" em massa.

O principal painel desses comentários são as páginas de órgãos oficiais, em especial do Exército, onde há milhares de pessoas repetindo que "o povo está se salvando" e que a ajuda dada "foi de empresários, não do governo".

Nem mesmo imagens reais de resgates convencem internautas, que alegam incorretamente que os vídeos são falsos.

O que está por trás disso?

Para especialistas consultados pelo UOL, por trás desses comentários há uma máquina de fake news organizada e bem articulada na distribuição de desinformação.

A professora de jornalismo da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) e pesquisadora sobre desinformação no Analisa (Laboratório de Análise Discursiva de Fake News), Mércia Pimentel, acredita que esse novo negacionismo, que diz ver a falta de ação no Rio Grande do Sul, segue um princípio similar ao negacionismo climático, ao terraplanismo ou ao movimento antivacinação.

"Esses comentários aparentemente inofensivos são carregados de sentidos ideológicos, que reproduzem interesses de grupos de poder", diz

"Quando se diz que 'é o povo quem está se salvando', ao mesmo tempo em que se nega a ação do Estado, reproduz-se uma memória discursiva de que a solução está na iniciativa privada. Veladamente, discursos negacionistas têm como base teorias revisionistas e conspiratórias, bem como interesses políticos e/ou econômicos."
(Mércia Pimentel)

A pedido da coluna, ela analisou alguns conteúdos postados e apontou que há uma disseminação, em especial, de vídeos isolados de pessoas que foram salvas por forças não estatais. Com base em um exemplo, nasce a generalização, que vira uma fake news.

Nesse caso, são muitos vídeos com narrativa "rica em detalhes", diz a pesquisadora. "O sujeito se enquadra como porta-voz dos acontecimentos e esmiúça situações forjadas para envolver o público no que é dito."

"É o famoso 'eu estava lá e vi com meus próprios olhos!', o que faz as pessoas crerem que se trata do real. Pode haver uma base factual no que é dito, mas a narrativa resulta de manipulação." (Mércia Pimentel)

Para ela, parte do espalhamento dessa narrativa vem por meio de blogs e páginas de conteúdo opinativo financiados pela direta ou indiretamente por grupos interessados naquelas fake news, ou por meio de ferramentas de monetização de páginas como YouTube.

Para ela, parte do espalhamento dessa narrativa vem por meio de blogs e páginas de conteúdo opinativo financiados pela direta ou indiretamente por grupos interessados naquelas fake news, ou por meio de ferramentas de monetização de páginas como YouTube.

Veículo militar transporta desabrigados próximo ao aeroporto de Porto Alegre
Imagem: Reuters

Dois grupos comandam impulsionamento, diz professor

O professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), pesquisador de redes digitais e sociólogo Sergio Amadeu afirma que esse tipo de desinformação parte de dois principais grupos: "os de extrema direita e os criminosos". Amadeu fez parte do primeiro governo Lula, quando presidiu o ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), ligado à Casa Civil.

"Já há algum tempo, os grupos de extrema direita possuem líderes que atuam sempre que possível para desmoralizar cientistas, a imprensa e forças políticas democráticas. O padrão é inventar situações que confirmem sua doutrina".

Sergio Amadeu

Além do interesse político, ele cita que há "criminosos que desinformam para fraudar a solidariedade e desviar recursos das pessoas que queriam ajudar a população do Sul."

No caso da extrema direita, uma das estratégias, não só no Brasil, é tentar reduzir a importância de ações governamentais para inflar uma revolta e, assim, ampliar apoio de grupos opositores, afirma.

"Eles mentem e dizem que o helicóptero é de um empresário, e não de órgãos federais, por exemplo. Para isso, inventam situações, desvirtuam fatos, descontextualizam imagens. A ideia sempre será criar algo que confirme suas crenças reacionárias."
(Sergio Amadeu)

Militares e voluntários resgatam animais domésticos na enchente em Porto Alegre. @exercitooficial

Com a popularização da internet, esse conteúdo negacionista tem formas de encaminhamento rápido pelas redes sociais ou aplicativos de mensagem e acaba se generalizando em muitos grupos, criando uma desinformação coletiva.

É uma rede de desinformação distribuída que combina engajamento voluntário e assessores de políticos e empresários de extrema direita para inundar as redes e manter viva a sua crença. A estratégia é engajar cada vez mais, principalmente em um ano eleitoral

Sergio Amadeu

AGU e MJ vão agir

Em nota, o governo federal informou que a disseminação de fake news foi o primeiro assunto abordado ontem à tarde em reunião da Sala de Situação montada pelo governo federal, em Brasília.

"O comandante militar do Sul, General Hertz Pires do Nascimento, trouxe um relato sobre o impacto da propagação de notícias falsas nas operações de salvamento."

Nota do governo federal

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a AGU (Advocacia Geral da União) e o Ministério da Justiça adotarão, em caráter de urgência, medidas para impedir que a disseminação de informação falsa comprometa o trabalho de salvar vidas.

"A AGU, em apoio à Secom, está atuando para identificar esses atores do ecossistema desinformacional. Vamos apresentar ações judiciais com um pedido de retirada de conteúdo, direito de resposta e indenização por dano moral e coletivo."
(Jorge Messias, advogado-geral da União)

terça-feira, 7 de maio de 2024

Milei 'foi amador' ao subestimar importância do Brasil e agora Lula 'cobra o preço', diz analista

AMÉRICA LATINA

Analista diz que o ultradireitista Javier Milei "peca pelo amadorismo" por não ter levado em conta a importância do comércio com o Brasil, maior parceiro comercial da Argentina

Brasil 247, 26 de abril de 2024, 10:58 h

Lula e Milei (Foto: Ricardo Stuckert / PR | Agustin Marcarian/Reuters)

Sputnik - A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao envio de uma carta do seu homólogo argentino Javier Milei revelou mais uma vez a falta de harmonia entre os governos dos dois maiores países da América do Sul, cuja relação comercial é de vital importância para ambas as economias.

Durante entrevista coletiva na quarta-feira (24), Lula confirmou que a chanceler da Argentina, Diana Mondino, entregou a Mauro Vieira uma carta escrita por Milei.

"[...] mas acontece que meu chanceler viajou e ainda não consegui ver a carta. Não sei o que Milei escreveu, por isso não posso responder [...]", afirmou Lula, acrescentando que a leria no regresso de Vieira e depois divulgaria o seu conteúdo à imprensa brasileira: "Tenho interesse em informar à imprensa o que a Argentina pretende discutir com o Brasil", afirmou.

Na visão do analista internacional da Universidade Nacional de La Plata, Juan Alberto Rial, "me parece que a declaração de Lula não é inocente, tendo em conta as coisas que o presidente argentino disse durante a campanha sobre Lula e o Brasil".

Para Rial, o fato de o líder brasileiro não ter lido a carta é um gesto "intencional que não busca agravar a natureza do vínculo interpessoal, mas cobra seu preço pelas queixas recebidas durante a campanha". Nesse sentido, Lula "é um veterano da política" que tem "clareza da consequência de cada uma das mensagens e o objetivo que persegue", afirmou Rial em entrevista à Sputnik.

Embora o petista tenha dito desconhecer o conteúdo da carta, a mídia argentina noticiou que nela Milei propôs a Lula marcar um encontro entre os dois. Segundo o especialista, a mudança de posição do presidente argentino pode ser explicada pelas necessidades dos setores econômicos que o apoiam no seu país.

"Não estou convencido de que o presidente argentino esteja buscando uma aproximação com o Brasil, mas o que está claro é que o establishment econômico e financeiro argentino precisa estar em sintonia com o establishment econômico e financeiro brasileiro", disse.

O analista também sublinhou que o presidente argentino "peca pelo amadorismo" por não ter levado em conta a importância do comércio com o Brasil, principal parceiro comercial de Buenos Aires, superando a China e os Estados Unidos.

As bandeiras do Brasil e da Argentina são vistas através da cerca dentro do Ministério das Relações Exteriores antes de uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, e a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, em Buenos Aires, Argentina - Sputnik Brasil, 1920, 25.04.2024

Nesse sentido, Rial destacou a importância da Argentina manter "relações maduras" com estes três países, além das posições pessoais dos líderes no poder.

"Se Milei não gosta de Lula, é problema de Milei e não precisa ser problema do governo argentino. No momento em que um presidente começa a cumprir um papel, suas divergências pessoais devem ficar em segundo plano", sublinhou.

O especialista argentino também relativizou o efeito concreto que essa "rusga" entre os líderes pode ter no comércio bilateral. Embora reconheça que a falta de harmonia entre Lula e Milei "não ajuda", garantiu que a complementaridade das economias faz com que o comércio entre Brasil e Argentina flua de qualquer maneira.

"Existem muitas indústrias brasileiras que estão integradas em cadeias produtivas com a indústria argentina. A mais emblemática é a indústria automobilística, onde Argentina e Brasil produzem componentes recíprocos de sua produção de automóveis e caminhões. Há uma integração que vai além do circunstancial e de quem é o presidente de cada país", explicou.

Rial lembrou, por exemplo, que os líderes anteriores, Alberto Fernández (2019-2023) e Jair Bolsonaro (2019-2022) "disseram coisas atrozes" um ao outro e mesmo assim o intercâmbio comercial permaneceu "normal": "É provável que a mesma coisa aconteça agora", previu.

Contudo, o analista abordou outro assunto que, segundo ele nesse, a diferença de gestão e diretriz entre Lula e Milei em seus respectivos governos devem pesar mais: o Mercosul.

"Milei não tem a mesma visão do Mercosul que Lula tem. Nesse aspecto, é mais provável que Milei esteja muito mais próximo do presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, ou do paraguaio, Santiago Peña", complementou.

Segundo dados do último relatório de comércio bilateral elaborado pela Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC), o comércio bilateral entre Argentina e Brasil foi de US$ 2,324 milhões (R$ 11,94 milhões) no terceiro mês do ano, 14,5% inferior ao valor obtido no mesmo período de 2023, quando havia sido de US$ 2,719 milhões (R$ 13,97 milhões).

Da mesma forma, o câmbio melhorou 40,4% em relação a fevereiro passado, devido ao forte aumento das exportações em 69,7% e das importações em 17,9%, relatou a CAC.

Governo Lula suspende pagamento da dívida do Rio Grande do Sul

Suspensão do pagamento da dívida vai até o fim do estado de calamidade no estado, em 31 de dezembro deste ano

Brasil 247, 07 de maio de 2024, 13:03 h

Lula e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se cumprimentando (Foto: Divulgação (Redes Sociais))

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu suspender temporariamente o pagamento da parcela mensal da dívida do Rio Grande do Sul com a União em função das fortes chuvas que assolam o estado gaúcho desde a semana passada. Segundo a coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, “a suspensão vai durar até o fim da calamidade decretada na região, em 31 de dezembro de 2024”.

Ainda conforme a reportagem, a decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,foi tomada após uma série de reuniões, incluindo uma realizada nesta terça-feira (7) com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

O pedido de suspensão partiu do governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), que busca um alívio das finanças estaduais durante o período de reconstrução. No entanto, até o momento, o pedido não foi formalmente encaminhado ao Tesouro Nacional.

A expectativa é que o governo federal inicie nas próximas semanas as negociações necessárias para estabelecer as contrapartidas que o governo estadual deverá apresentar em troca da suspensão do pagamento da dívida avaliada em R$ 3,5 bilhões.

A Prefeitura de Porto Alegre não investiu um centavo em prevenção contra enchentes em 2023

Cotidiano

Felipe Pereira/Do UOL, em Brasília/ 07/05/2024 04h00
Atualizada em 07/05/2024 09h27


A Prefeitura de Porto Alegre não investiu um real sequer em prevenção a enchentes em 2023. A situação ocorre mesmo com o departamento que cuida da área tendo R$ 428,9 milhões em caixa. Os dados foram retirados do Portal da Transparência de Porto Alegre. O UOL questiona a prefeitura sobre o assunto desde domingo (5), mas ainda não obteve resposta. Procurada, a assessoria do prefeito Sebastião Melo (MDB) não se manifestou…

O que aconteceu

Até chegar a R$ 0, o investimento para prevenção a enchentes caiu dois anos seguidos em Porto Alegre. O orçamento tem um item chamado "Melhoria no sistema contra cheias", que recebeu zero recurso ano passado.

Gastos por ano

2021 - R$ 1.788.882,48 (R$ 1,7 milhão)
2022 - R$ 141.921,72 (R$ 141 mil)
2023 - R$ 0

CT do Internacional fica alagado após enchente em Porto Alegre (RS)
Imagem: MIGUEL NORONHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Dinheiro em caixa

Apesar da falta de investimentos, há dinheiro disponível. O DMAE (Departamento Municipal de Águas e Esgotos), responsável por cuidar da gestão desta área, tem R$ 428,9 milhões no chamado "ativo circulante". Esta expressão representa os bens de maior liquidez de uma empresa, ou seja, que podem ser convertidos em dinheiro em até 12 meses. Enquanto o gasto com proteção contra cheias foi zero, o resultado patrimonial apresentou superávit de R$ 31.176.704,80 (R$ 31,1 milhões), informa trecho do balanço do DMAE.

Os valores citados nesta reportagem constam da demonstração contábil de 2023. Este é o documento mais atualizado sobre a situação financeira do departamento responsável por prevenir enchentes em Porto Alegre.

Prefeito Sebastião Melo não se manifestou sobre não investir na prevenção a enchentes
Imagem: Mateus Raugust/Divulgação

Redução de pessoal

O quadro de servidores do DMAE foi reduzido quase pela metade desde 2013.

2.049 servidores em 2013;
1.072 servidores hoje;
47,6% de redução;

Apesar da redução dramática de pessoal, o prefeito Sebastião Melo recusou a contratação de 443 funcionários. A Secretaria Municipal da Fazenda havia autorizado abrir estas vagas em 2022, mas o procedimento foi interrompido ano passado por decisão do prefeito.

Plano de privatização

A contradição é que uma empresa pública não busca o lucro, mas atender a população. A afirmação é de Edson Zomar, diretor do Simpa (Sindicato dos Municipários de Porto Alegre).

O líder sindical acusa a prefeitura de sucatear a DMAE para vendê-la. Zomar declarou ao UOL que a falta de manutenção e novos investimentos é pensada para a população considerar o departamento ineficaz e aceitar a privatização.

O diretor do Simpa disse que o primeiro passo para precarização foi diminuir o número de funcionários. Zomar afirmou que a DMAE tem metade dos servidores necessários. Com menos empregados, fica difícil manter a qualidade dos serviços, e os problemas começam a aparecer.

O líder sindical acusa a prefeitura de sucatear a DMAE para vendê-la. Zomar declarou ao UOL que a falta de manutenção e novos investimentos é pensada para a população considerar o departamento ineficaz e aceitar a privatização.

O diretor do Simpa disse que o primeiro passo para precarização foi diminuir o número de funcionários. Zomar afirmou que a DMAE tem metade dos servidores necessários. Com menos empregados, fica difícil manter a qualidade dos serviços, e os problemas começam a aparecer.

Pesquisadores confirmam que a falta de manutenção colocou o sistema de prevenção em risco. Parafusos, borrachas e trilhos se deterioraram ao longo da estrutura de proteção.

Não é uma crença, é uma constatação. Falta manutenção no sistema.Fernando Dornelles, professor e doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFRGS

O sistema de proteção de Porto Alegre foi implementado na década de 1970. Composto por um muro de três metros, diques e comportas, ele funciona como uma barreira que protege a cidade ao longo de 60 quilômetros.

Mas a estrutura não foi suficiente para proteger Porto Alegre na última semana. A falência no sistema coincide com o corte de verbas. A cidade tem racionamento de água, aeroporto fechado por tempo indeterminado e 7.500 moradores em abrigo. Não há previsão para a normalidade voltar à cidade.

Calamidade pública

Nesta segunda-feira, o governo federal reconheceu estado de calamidade pública na maioria dos municípios do Rio Grande do Sul, incluindo Porto Alegre. A formalidade permite uma facilidade maior no repasse de verbas federais para locais afetados por desastres e tragédias.

Mais de 80 pessoas morreram em decorrência das chuvas em todo o Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil. Outros quatro óbitos estão sendo investigados sob suspeita de relação com os eventos meteorológicos. 111 pessoas estão desaparecidas, 291 ficaram feridas, 129.279 estão desalojadas e, no total, 873.275 foram afetadas.


ONU alerta Israel que uma invasão de Rafah é “intolerável”

O Secretário-Geral da ONU considera “intolerável” uma invasão israelense de Rafah, alertando para as suas consequências devastadoras

Brasil 247, 07 de maio de 2024, 04:07 h
António Guterres (Foto: Reuters/Mike Segar)

O chefe das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse ter feito um apelo “muito forte” aos líderes de Israel e ao Movimento de Resistência Islâmica Palestiniana (Hamas) para materializar um acordo de trégua que “é absolutamente vital”, informa o canal iraniano HispanTV..

“Esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada”, destacou o chefe da ONU, que fez estas declarações durante um encontro com o presidente italiano, Sergio Mattarella, em Nova York.

Pouco antes, o Hamas anunciou que tinha dado luz verde a uma proposta de acordo formulada pelo Egito e pelo Catar para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

A este respeito, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que a proposta "está longe das exigências essenciais de Israel", mas que enviaria negociadores para conversações "para esgotar o potencial para chegar a um acordo".

As organizações não-governamentais e um número crescente de países opõem-se à invasão de Rafah pelo exército israelense, que pode resultar na morte de um grande número de civis.

Na segunda-feira, o exército israelense ordenou aos palestinos que abandonem algumas áreas do leste de Rafah, em antecipação a sua operação terrestre, uma medida que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos chamou de “desumana”.