quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

PT filia prefeitos correligionários de Ciro no Ceará

ELEIÇÕES 2022

Diante da corrida eleitoral, negociações envolvendo trocas de partido vêm se intensificando também nos municípios

Brasil 247, 13/01/2022, 17:23 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 17:39
(Foto: Divulgação)

O PT do Ceará anunciou, nesta quinta-feira (13), a chegada de 12 novos prefeitos à sigla. Quatro deles vêm do PDT do ex-governador do estado e presidenciável Ciro Gomes. Com as filiações, a legenda passa a ter 29 prefeitos no estado, que possui 184 municípios. Três dos prefeitos vêm do partido de Bolsonaro, o PL. Os demais cinco vieram do Republicanos, PCdoB, PSDB, MDB e PSol, segundo informações do Estadão.

Diante da corrida eleitoral, negociações envolvendo trocas de partido vêm se intensificando também nos municípios. No legislativo, a janela partidária, período em que deputados estaduais e federais podem trocar de legenda, ocorre entre 3 de março e 1º de abril.

"Nosso partido está mais forte do que nunca e preparado para construir um palanque forte para Lula no Ceará. É admirável ver o compromisso e o afeto desses novos nomes.", escreveu o deputado federal José Guimarães, em seu Twitter.

Lula critica descaso de Bolsonaro com pandemia: 'só um psicopata como Jim Jones repetiria suas insanidades'

GOVERNO X OPSIÇÃO

Ex-presidente Lula criticou Bolsonaro após ele dizer que a variante ômicron seria "bem vinda" ao Brasil

Brasil 247, 13/01/2022, 16:33 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 16:34
(Foto: ABr | Reprodução)

O ex-presidente Lula voltou a criticar Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (13) pela gestão desastrosa da pandemia no Brasil, em meio ao avanço da variante ômicron e às mais de 620 mil mortes pela Covid-19.

Pelo Twitter, Lula comparou Bolsonaro a Jim Jones, o religioso que levou 918 fiéis de sua seita a um suicídio coletivo em 1978, na Guiana. "Bolsonaro continua tratando o covid com descaso. Só um psicopata como Jim Jones seria capaz de repetir as insanidades de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia", disse Lula.

Na quarta-feira (12), Bolsonaro afirmou que a variante Ômicron “não tem matado ninguém” e que ela é “bem-vinda” no Brasil.

Queiroga admite que 'maioria dos internados em hospitais é de não vacinados'

PANDEMIA

"Aqueles que se internam nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, a grande maioria são indivíduos não vacinados", reconheceu o ministro da Saúde

Brasil 247,13/01/2022, 13:21 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 13:44
Marcelo Queiroga (Foto: Reprodução)

Ao contrário de Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu nesta quinta-feira (13) que a maioria dos internados com Covid-19 atualmente no país são de pessoas que não foram vacinadas contra a doença. "Aqueles que se internam nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, a grande maioria são indivíduos não vacinados", disse Queiroga, segundo o UOL.

O Ministro pediu, ainda, que a população procure tomar a segunda dose e a dose de reforço para evitar o aumento dos casos de Covid no país. "Países que estão fortemente vacinados, como o Brasil, têm mais possibilidade de passar pela variante ômicron e outras variantes que, por acaso, surjam desse vírus que tem grande capacidade de gerar mutações", afirmou o ministro.

As declarações de Queiroga vão de encontro ao pregado por Jair Bolsonaro. Nesta semana, ele voltou a atacar a vacinação e disse que a variante Ômicron é “bem-vinda” ao Brasil. “Ela tem uma capacidade de difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena”. “Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até… Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias –e não vinculadas à farmacêuticas– dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia”, afirmou.

Poucas horas após a fala de Bolsonaro, o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que “nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo, especialmente quando há indivíduos sofrendo” e que a Covid-19 “é uma doença que pode ser prevenida por vacinas”.

Análise do Estadão: por decreto, Bolsonaro extinguiu "superpoderes" de Guedes e o pôs sob tutela da Casa Civil

GOVERNO BOLSONARO

“Do Posto Ipiranga, só sobrou a bandeira”, escreve o jornalista Breno Pires n’O Estado de S Paulo. Economia, agora, tem de aprovar pedidos com Ciro Nogueira

brasil 247, 13/01/2022, 18:58 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 19:41

O jornalista Breno Pires, da publicação paulista, diz que “o Centrão levou as bombas, as mangueiras, o caixa e até a loja de conveniência” do que seria o “Posto Ipiranga” como foi apelidado o ministro da Economia Paulo Guedes em jogada de marketing desde a campanha eleitoral de 2018. “Do Superministério da Economia, que absorveu o Planejamento, restou um ministro Paulo Guedes tutelado. Atividades típicas da área econômica, como remanejamentos orçamentários, passaram agora à responsabilidade compartilhada, com poder de veto do ministro Ciro Nogueira”.

De acordo com a análise de Pires, “O recado aos segmentos sensíveis à área econômica é de maior fragilidade da gestão, com possível descontrole orçamentário motivado pelas incessantes pressões da política. A insegurança, avaliam os economistas, pode alimentar o fantasma da inflação”.
Ele adverte que “o decreto presidencial nº 10.937, de 12 de janeiro, não revoluciona a correlação de forças. Ele cristaliza uma mudança que tinha ocorrido”. E conclui: “Na prática, a autonomia para a gestão do Orçamento já não era de Paulo Guedes. Ele tinha se submetido à vontade do Palácio do Planalto, por exemplo, quando propôs ao Congresso o crédito para dar aumento salarial aos policiais federais”.

Paulo Guedes sempre se vendeu para o mercado como o homem capaz de tutelar o chefe, Jair Bolsonaro. Na prática, isso nunca aconteceu. Agora, graças ao Decreto 10.937, é ele quem está sob a tutela do senador Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e um dos líderes do Centrão, o grupo de poder que comanda o Parlamento – o ministro da Economia também nunca escondeu o desprezo que sente pela prática e pelos prazos parlamentares.

Leia aqui a íntegra do texto de O Estado de S Paulo.

Alckmin só pensa em ser vice de Lula, diz Paulinho da Força

ELEIÇÕES 2022

"Alckmin será mesmo o vice do Lula. Só falta escolher o partido dele", afirma o presidente do Solidariedade, que tenta atrair o ex-governador

Brasil 247, 13/01/2022, 10:44 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 11:17
Geraldo Alckmin, Paulinho da Força e Lula (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)

O deputado federal e presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), relatou ao jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles, que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) está com a cabeça totalmente voltada a ser candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT) pelo Palácio do Planalto. “A impressão que fiquei é só essa, quer ser candidato a vice. Ele só falou de problemas nacionais na nossa conversa, da economia, geração de emprego, crescimento. Está preocupado com isso, não com questões estaduais”.

O parlamentar está muito otimista com a possibilidade de Alckmin se filiar ao seu partido. Nesta semana, ambos se reuniram em uma padaria. Na ocasião, Paulinho da Força declarou: "reforcei o meu convite para que Alckmin se filie ao Solidariedade. Agora é só aguardar".

Outro partido que tenta atrair Alckmin é o PSB, que, segundo Paulinho da Força, tenta usar o ex-governador como moeda de troca em negociações com o PT. "Tenho informação de gente dentro do PT, gente que manda, que o Alckmin será mesmo o vice do Lula. E que só falta escolher o partido dele. Por isso, abri essa possibilidade dele vir para cá. O Kassab (presidente do PSD) praticamente descartou a ida dele para o PSD. Tem o PV, mas se trata de um partido em extinção. E o PSB nos deixa a impressão de que está usando ele como moeda de troca. Ele foi quatro vezes governador de São Paulo e com o prestígio que tem virar moeda de troca?! Ele vai acabar não gostando dessa ideia. Então, a chance dele se filiar ao Solidariedade é bastante grande".

O presidente do Solidariedade garante liberdade total para Alckmin no partido. “Aqui, ele teria liberdade para negociar e participar da vice como ele quiser”.

Desempenho de Lula e do PT nas pesquisas pressiona potenciais aliados

ELEIÇÕES 2022

Para petistas, candidatos próprios podem ter êxito nos estados sem a necessidade de alianças

Brasil 247, 13/01/2022, 08:55 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 09:23
(Foto: Ricardo Stuckert)

O bom desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais - o petista lidera as intenções de voto em todos os levantamentos - têm levado integrantes do partido a avaliarem que o timing das discussões para a formação de alianças voltou a ser favorável à legenda. A análise vem das pressões exercidas por membros e aliados sobre a direção de partidos, como o PSB, para que as discussões de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores seja acelerada.

“Na visão desses interlocutores, o calendário virou mostrando a consolidação de pré-candidaturas petistas com chances de vitória em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e São Paulo, onde o PSB gostaria de ter a primazia na escolha dos candidatos a governador em caso de aliança. Em linhas gerais, há um sentimento de que Carlos Siqueira, presidente do PSB, vem desperdiçando oportunidades”, destaca a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com a reportagem, o PT admite apenas abrir mão de uma candidatura própria no Rio de Janeiro. Neste caso, o partido deverá apoiar a postulação do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo fluminense, assegurando um palanque forte para Lula. Em outros estados visados pelo PSB, o PT avalia que os integrantes da própria legenda - Marília Arraes, Humberto Costa (ambos em Pernambuco), Fernando Haddad (São Paulo), Fabiano Contarato (Espírito Santo) e Edegar Pretto (Rio Grande do Sul) - podem vencer as eleições sem o apoio dos socialistas.

Novos ataques de Bolsonaro a ministros do STF são inaceitáveis e merecem resposta dura, dizem advogados

COMPORTAMENTO

José Roberto Batochio, Pierpaolo Bottini, Lenio Streck e outros juristas defendem reação às agressões de Bolsonaro contra os ministros Barroso e Moraes

Brasil 247, 13/01/2022, 17:30 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 17:44
Jair Bolsonaro, José Roberto Batochio, Pierpaolo Bottini e Lenio Streck (Foto: ABr | Reprodução | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

Rafa Santos, Conjur - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e questionar — sem apresentar nenhuma prova — o sistema eleitoral brasileiro. O mandatário acusou os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes de ameaçar o que ele chamou de "liberdades democráticas" para beneficiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As declarações de Bolsonaro foram dadas após a divulgação de Quaest/Genial de intenção de voto que mostra o presidente atrás do petista em todos os cenários. O dado mais prejudicial a Bolsonaro é a avaliação do seu governo que é considerado ruim para 50% dos brasileiros. 25% dos entrevistados classificaram de regular e 22% fizeram uma avaliação positiva. 3% não responderam ou não souberam responder.

"Quem esses dois pensam que são? Que vão tomar medidas drásticas dessa forma, ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas, a liberdade de expressão porque eles não querem assim, porque eles têm um candidato. Os dois, sabemos, são defensores do Lula, querem o Lula presidente", disse Bolsonaro durante uma entrevista ao site Gazeta do Brasil. Ele afirmou ainda que o ministro Barroso "entende" de terrorismo e que conseguiu sua indicação ao STF por defender o terrorista italiano Cesare Battisti.

Ele também atacou o ministro Alexandre de Moraes pelo fato de o magistrado ter afirmado claramente: 'houve sim fake news, houve disparo em massa, sabemos; no ano que vem —que é neste ano— se tiver vamos cassar o registro e prender o candidato'", no julgamento de chapa Bolsonaro-Mourão. Por fim, ele repetiu a fake news de que eleitores ao digitarem 17 nas urnas eletrônicas teriam se deparado com a foto do ex-presidente Lula. A mentira levou o TSE a cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) por disseminação de fake news.

Para advogados ouvidos pela ConJur, a nova onda de ataques do presidente a ministros e instituições democráticas é incompatível com o cargo de presidente da República e tensiona sem necessidade a harmonia entre os poderes.

O criminalista José Roberto Batochio, sócio do José Roberto Batochio Advogados Associados afirmou que os ataques de Bolsonaro não podem ser tolerados. "Mostra-se inadmissível que o presidente da República se refira a ministros do STF de maneira tão desrespeitosa e ofensiva. Essa conduta transcende diferenças pessoais e abala o necessário equilíbrio institucional da nossa República. Não é saudável em nossa jovem democracia esses despropositados ataques que fogem até mesmo da liturgia democrática civilizatória", disse o ex-presidente do Conselho Federal da OAB e atual diretor e orador oficial do Instituto dos Advogados Brasileiros.

O criminalista Pierpaolo Bottini segue a mesma linha. "Os ataques de Bolsonaro aos ministros são impertinentes e despropositados. Revelam uma incapacidade de aceitar limites as suas pretensões de poder, de aceitar contrapontos. Em uma democracia, o supremo pode ser criticado por suas decisões e posições, mas não de forma leviana, sem fundamentos. Lamentável", pontuou o advogado

O jurista e colunista da ConJur, Lenio Streck, cobrou uma resposta dura. "Bolsonaro é multireincidente. Esses ataques fazem mal a democracia. As instituições deveriam responder duramente. Cadê o parlamento? E a PGR? Instituições são como limpadores de para brisa: funcionam bem se colocados do lado de fora do carro, se me permitem o sarcasmo."

O criminalista Luís Henrique Machado também criticou a postura do mandatário. "Infelizmente, o presidente tem por hábito atacar as instituições e os seus membros. Tem sido a tônica de seu governo. Atitudes assim em nada contribuem para a preservação da harmonia entre os Poderes", disse.

Para o advogado Leonardo Magalhães Avelar, do Avelar Advogados, "as palavras ofensivas contra ministros do Supremo são incompatíveis com a estatura necessária para exercer o cargo de presidente da República", ressalta. "São discursos que maculam a imagem dos ministros mencionados e, de forma transversa, atacam a autonomia institucional do Supremo Tribunal Federal, o que pode configurar a prática de crime contra a honra."

Já o criminalista e doutor em Direito Penal Econômico, Conrado Gontijo, lembra que os reincidentes ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo configuram, sem margem a dúvida, crime de responsabilidade. "Bolsonaro age de forma absolutamente incompatível com o decoro do cargo, ataca integrantes de outro poder e dá novas mostras do seu desprezo pelo regime democrático. Ele, sim, ataca a democracia e as liberdades públicas. O Supremo e os ministros Barroso e Alexandre, ao contrário, têm sido importantes protetores delas e da Constituição Federal", sustenta.

Por fim, o criminalista e sócio no Bidino & Tórtima Advogados, André Galvão, afirma que a conduta do presidente poderia ser enquadrada, no mínimo, como crime contra a honra dos magistrados, uma vez que Bolsonaro ataca ministros do Supremo acusando-os de não cumprir seu papel institucional por interesses não republicanos, o que, em tese, configuraria a prática de prevaricação.

Petrobrás gasta R$ 3 bi ao ano para alugar gasodutos que privatizou

ECONOMIA

A empresa gasta em torno de R$ 3 bilhões ao ano para utilizar os gasodutos da antiga subsidiária, vendida por cerca de R$ 36 bi. Quem lucra com a privatização?

Do site da CUT / FUP, 10/01/2022 14h38
         Exemplo de ataque à soberania nacional                       Foto: Agência Petrobras

A Petrobras está pagando cerca de R$ 3 bilhões ao ano para utilizar os gasodutos da Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), empresa que a estatal vendeu por cerca de R$ 36 bilhões mesmo sabendo que iria aumentar a produção, ou seja, ia precisar ainda mais dos gasodutos para distribuir petróleo e gás

Leia mais
Congresso precisa ser ouvido sobre venda de gasodutos, diz Jean Paul                                                                                                                                                                                   

Com a privatização, em pelo menos 10 anos, a petroleira vai gastar todo o ‘lucro’ com a venda do ativo em pagamento de aluguel do gasoduto que antes fazia parte do seu patrimônio. E vai continuar gastando, já que a sua distribuição passa pela TAG.

Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) /Subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cloviomar Cararine, a Petrobras pode gastar o que conseguiu vendendo a empresa em menos tempo ainda porque, além da produção aumentar ano a ano e a estatal precisar escoar o gás e o petróleo, tem os reajustes no preço do aluguel.

“A Petrobras produz mais de 90% do petróleo do país e é responsável por 100% do refino, ela mais produz do que exporta, e o transporte do gás é feito pela TAG e a NTS [Nova Transportadora do Sudeste], ambas vendidas. A Petrobras sabia, antes de vender as transportadoras, iria aumentar a produção e as usaria ainda mais, e mesmo assim vendeu”, diz.

Cloviomar faz uma analogia com a venda de uma casa. Segundo ele, é como se uma pessoa construísse a própria casa e a vendesse, em vez de ampliá-la porque esperava mais um filho, ainda a aluga de volta, pagando em torno de 10% ao ano do valor que recebeu.

”A Petrobras é como o dono da casa. Ela construiu toda a malha de gasodutos e para utilizar o que construiu paga um aluguel”, diz o economista.
Decisão estratégica, sem lógica econômica

Essa “lógica” faz parte da estratégia do governo federal, que teve início no governo de Michel Temer (MDB-SP), e se aprofundou com Jair Bolsonaro (ex-PSL), de transformar a Petrobras apenas numa empresa produtora de petróleo, saindo de negócios como o mercado de gás, das refinarias e do transporte, pondo fim ao slogan utilizado no governo Lula: “do poço ao posto”.

O ex-presidente da Petrobras e atual pesquisador do Instituto de Estudo Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), José Sérgio Gabrielli, diz que a venda da TAG foi uma decisão de mudança de estratégia, sem lógica econômica, mas que atende ao mercado, que culminou com a aprovação da nova lei do gás.

“Eu discordo desta movimentação, que vem a partir de 2016 [pós-golpe], de mudar profundamente a regulação do gás natural no Brasil. Esta é a intenção. Por isso, a Petrobras foi proibida de ser distribuidora, de dominar o mercado, porque empresários acham que é preciso ter concorrência”, diz.

De acordo com Gabrielli, o governo decidiu pulverizar os ativos logísticos da Petrobras esperando que o mercado funcione e invista no setor. O que para ele é um erro, pois são necessários bilhões em dólares de investimentos que a estatal fez ao longo de anos.

“A venda da TAG foi o ativo que mais interessou ao mercado. Quem comprou tem uma renda fixa, que só no último trimestre de 2020, com contratos de aluguel de longo prazo, rendeu bilhões”.
Apesar da venda de ativos, dívida da Petrobras só aumenta

Cararine diz que a venda da TAG foi feita sob o pretexto de três falsos argumentos:
de que criaria concorrência (mesmo sabendo que as empresas privadas não teriam como investir);
de que a quebra do monopólio da Petrobras reduziria os custos com distribuição;
e de que o dinheiro arrecadado com a venda reduziria as dívidas da estatal.

Na verdade, a dívida só cresce como mostra o gráfico abaixo, que contabiliza em bilhões, de 2013 a 2020.

A linha azul é a evolução da dívida; a laranja é a amortização da dívida principal e juros; a linha cinza, os novos empréstimos; e a amarela, os valores recebidos pela venda de ativos, como a TAG.
Fonte: Petrobras

Operação Lava Jato impediu investimentos

Em outra analogia, o economista do Dieese explica que é como se descobríssemos um veio de ouro em nosso quintal, mas para extraí-lo é preciso contratar especialistas e equipamentos. Para isso, fazemos empréstimos, mas o dinheiro é bloqueado e você não consegue extrair o ouro.


“É como se a lava jato impedisse você de retirar o ouro porque você não consegue mais contratar a pessoa que faria o furo, que venderia o maquinário, por que ela teve medo de se envolver”, analisa.
Comparação entre mercados europeu e norte-americano

O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, ressalta que a política de venda de ativos é suicida porque acelera a saída da estatal dos negócios de gás e refinarias. Não dá para comparar os mercados europeu e norte-americano com o Brasil, como defendem o setor privado. A logística de distribuição de gás e óleo é diferente, diz.

“A Europa tem uma rede grande de gasodutos com um grande potencial de consumidores e fontes diversas de gás. Nos Estados Unidos, ocorreu uma grande expansão depois de 2008, mas lá as redes são embaixo dos gasodutos. Nossa rede é litorânea e entra um pouco mais na região oeste, a partir de São Paulo. É maluquice tentar copiar esses modelos, pois não temos os insumos que eles têm”, afirma Gabrielli.
A TAG e a NTS

A TAG é uma companhia que atua no setor de transporte de gás natural, detendo atualmente autorizações de longo prazo para operar e administrar um sistema de gasodutos de cerca de 4,5 mil km de extensão, localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com capacidade instalada de 75 milhões de metros cúbicos diários.

A Petrobras concluiu a venda da TAG ao grupo formado pela ENGIE e pelo fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ), em março do ano passado, com a transferência de 10% do sua participação remanescente. Em junho de 2019, a Petrobras já havia vendido 90% da sua participação ao mesmo grupo.

A venda da TAG aconteceu dois anos após a Petrobrás ter privatizado a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária que controlava a malha de gasodutos mais estratégica do país: 2.000 quilômetros de dutos que interligam toda a região Sudeste. A Brookfield, um fundo de investimentos canadense, pagou pela empresa a bagatela de US$ 4,23 bilhões, sendo US$ 2,59 bilhões em ações e US$ 1,64 bilhão em títulos de dívida.

Desde então, a NTS vem acumulando lucros e receitas recordes às custas da Petrobras, que agora precisa alugar a preços de mercado os dutos que antes lhe pertenciam. Em média, a estatal gasta R$ 1 bilhão por trimestre com aluguel de dutos. Ou seja, em menos de quatro anos, já terá pago à Brookfield todo o valor que arrecadou com a privatização da NTS.

“Além dos efeitos financeiros, a venda da TAG para um empresa francesa faz o país perder soberania num setor tão importante como a energia”, conclui Cararine.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Governo Bolsonaro bate próprio recorde e libera uso de 550 novos agrotóxicos em 2021

Economia

Total é o maior desde 2000. Pesquisadores e quilombolas alertam que produtos afetam saúde de seres humanos e animais, solo, ar e água

Brasil 247, 12/01/2022, 16:30 h Atualizado em 12 de janeiro de 2022, 16:30
(Foto: Reprodução)

Rede Brasil Atual - Desde 2016, o Brasil tem sido palco de uma enxurrada de novas liberações de agrotóxicos. Naquele ano ocorreu a liberação de 277 produtos. No ano seguinte, houve um salto para 404 novos venenos. Em 2018, mais 449 registros foram realizados. Mas o governo de Jair Bolsonaro conseguiu ser ainda mais condescendente com o veneno agrícola. Em seu primeiro ano, 474 pesticidas foram liberados. Já em 2020, o número subiu para 493. Ao final do ano passado, o Ministério da Agricultura bateu novo recorde, aprovando o registro de 550 novos agrotóxicos.


Engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, do Movimento Ciência Cidadã, alerta que todos sofrem com a utilização descontrolada desses pesticidas. De acordo com o pesquisador, não importa o quão longe as pessoas estejam, as consequências do uso desses venenos se espalham e chegam em todas as regiões do país.
“Veja os casos de deriva de agrotóxicos. O sujeito aplica o veneno na sua lavoura e a seis quilômetros de distância tem gente sendo intoxicada. Outro exemplo é que usamos no Brasil um bilhão de litros (desses produtos) por ano e tudo isso vai parar na água. (…) Os estudos realizados sobre a qualidade da água no Brasil apontam que pelo menos 25% dos municípios analisados têm até 27 tipos de venenos na água. Então, a possiblidade de se contaminar, mesmo estando longe das lavouras, é grande”, explica Leonardo Melgarejo
Veneno e morte

Quilombola do Quilombo Ribeirão Grande e Terra Seca, localizado no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, Nilce Pontes vive de perto os impactos da expansão do uso desses produtos. Segundo ela, os bananicultores da região não estão preocupados e pulverizam no ar o veneno. O que prejudica o solo das famílias que vivem na região e ainda adoece os seres humanos e os animais, afirma.

“Como a gente sempre diz eles querem nos matar, mas a gente escolhe viver. E a forma de nos matar é através da contaminação de nossas águas, do envenenamento dos alimentos por meio da pulverização área. Para desenvolver a agricultura das grandes commodities usa-se muito o agrotóxico. E para nós, enquanto comunidade quilombola que resiste ao veneno, fica só as doenças. O nosso território todo fica comprometido”, lamenta.
Modelo do agronegócio

Melgarejo observa que os agrotóxicos, por serem substâncias que não existem na natureza, quando entram em contato com humanos e animais provocam “distorções de toda a ordem”. Levando inclusive a alterações nos sistemas corporais, prejudicando a capacidade de raciocínio e de reprodução. No caso de pessoas gestantes, também há risco de aborto espontâneo. Há ainda, conforme aponta o pesquisador, prejuízos ao meio ambiente que contribuem para o aquecimento global.

“O veneno jogado em um determinado território, mesmo que ele seja pouco frequentado por seres humanos, ele vai dificultar a sobrevivência de alguns insetos e bactérias. Dessa forma ele também prejudica a sobrevivência da rede da vida naquele ambiente. Esses insetos, bactérias e raízes que vão desaparecer, deixam de cumprir sua missão de estimular a vida naquele território. Então o uso de agrotóxicos está associado a uma homogeneização do planeta. A gente substitui áreas biodiversa por monoculturas que superaquecem o planeta”, critica.

Para Melgarejo, a única forma de reverter este quadro de abundância de pesticidas no meio ambiente com consequências nefastas para todos, é deixar de focar em uma economia de exportação de grãos. “O Brasil depende do envenenamento de seu território para gerar a renda dessas commodities que são exportadas”, contesta. “Ir contra o uso de agrotóxicos significa ir contra o domínio de grupos que não dão a mínima para os direitos humanos e para os problemas ambientais”.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

'Parlamentar está muito bem atendido conosco', diz Bolsonaro sobre orçamento secreto bilionário para aliados

Relação Governo x Congresso

"Os parlamentares têm quase o triplo de recursos do Ministério da Infraestrutura do Tarcísio. Então o Parlamento está muito bem atendido", disse

Brasil 247, 11/01/2022, 12:26 h Atualizado em 11 de janeiro de 2022, 12:27
(Foto: REUTERS)

Jair Bolsonaro mudou o discurso e saiu em defesa do chamado orçamento secreto, utilizado para cooptar membros do Congresso ao afirmar que os parlamentares “estão bem atendidos'', por meio de recursos distribuídos através das emendas do tipo RP, conhecidas como emendas de relator.

“O parlamentar, além das emendas impositivas, tem uma outra forma de conseguir recurso, que é a RP 9, que teria que ser outro programa de televisão seu (para explicar). Parlamentar está bem atendido. Só em RP 9, os parlamentares têm quase o triplo de recursos do Ministério da Infraestrutura do Tarcísio. Então o Parlamento está muito bem atendido conosco”, disse Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan News, gravada no sábado e exibida nesta terça-feira (11), de acordo com o jornal O Globo.

Apesar do Orçamento 2022 ainda não ter sido sancionado, a estimativa é que cerca de R$ 16 bilhões sejam destinados às emendas de relator. No caso da pasta da Infraestrutura, citada como exemplo por Bolsonaro, a previsão é que o orçamento chegue a R$ 18,2 bilhões, sendo R$ 6,7 bilhões para investimentos.

Em outras ocasiões, Bolsonaro criticou o uso da expressão orçamento secreto alegando que os gastos são publicados no Diário Oficial da União. As críticas, porém, se devem à pouca transparência da destinação e aplicação dos recursos.