sexta-feira, 23 de julho de 2021

México anuncia envio de artigos alimentares e sanitários a Cuba: "solidariedade internacional"

O carregamento mexicano inclui seringas, cilindros de oxigênio e máscaras faciais para enfrentar a emergência sanitária, além de leite em pó, feijão, farinha de trigo, latas de atum, óleo de cozinha e diesel

Brasil 247, 23/07/2021, 19:16 h Atualizado em 23/07/2021, 20:11
Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (Foto: REUTERS/Henry Romero)

Numa medida que denominou de “solidariedade internacional”, o governo do México, de López Obrador, anunciou que enviará suprimentos médicos, alimentos e gasolina a Cuba para ajudar a ilha que sofre com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos e viu sua situação econômica deteriorar durante a pandemia da Covid-19.

O anúncio do governo mexicano ocorre após protestos golpistas, apoiados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, ocorrerem no país. Apesar da reação, com centenas de milhares de manifestantes contra o golpe nas ruas, ter vencido os protestos da direita, a situação ocorrida em Cuba foi inédita e se deu pelo aproveitamento diante da situação ruim do país em decorrência do bloqueio norte-americano.


O carregamento mexicano inclui seringas (fundamentais para a vacinação contra a Covid-19), cilindros de oxigênio para tratar o vírus e máscaras faciais para enfrentar a emergência sanitária causada pelo novo coronavírus, além de leite em pó, feijão, farinha de trigo, latas de atum, óleo de cozinha e diesel.

Cuba enviou brigadas médicas ao México para tratar da pandemia no início deste ano.

O governo mexicano também anunciou que na próxima terça-feira entregará 150 mil doses da vacina anticovid da AstraZeneca à Guatemala, depois de já ter doado 400.000 vacinas a Cuba, Honduras e El Salvador.


Lula pede fim do bloqueio econômico a Cuba

O ex-presidente Lula (PT) assinou uma carta pedindo para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompa imediatamente o bloqueio econômico a Cuba. Além de Lula, mais de 400 ex-chefes de estado, políticos, intelectuais, cientistas, religiosos, artistas, ativistas e movimentos sociais de todo o mundo assinaram o documento.

Entre os signatários do “Let Cuba Live” (Deixe Cuba Viver), estão Jane Fonda, Susan Sarandon, Emma Thompson, Danny Glover, Wagner Moura, Mark Ruffalo, Judith Butler, Noam Chomsky, Gayatri Spivak, Adolfo Pérez Esquivel, Rafael Correa e movimentos como o Black Lives Matter (EUA) e o MST.

“Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba, visto que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos”, diz a carta.

Além de manter o bloqueio econômico, o governo Biden anunciou que vai impor sanções às forças militares cubanas e aos oficiais do Ministério do Interior do país. Biden disse que as sanções dos EUA contra Cuba são "apenas o início", e afirma que Washington continuará a sancionar os responsáveis pela suposta opressão do povo cubano.

Precisa fraudou documentos enviados à Saúde, diz fabricante da Covaxin

Laboratório indiano Bharat Biotech afirma que dois documentos enviados pela Precisa Medicamentos para o Ministério da Saúde foram fraudados

Brasil 247, 23/07/2021, 14:00 h Atualizado em 23/07/2021, 14:00
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado | Reprodução)

A Bharat Biotech, laboratório indiano que produz a vacina Covaxin, afirma que dois documentos enviados pela Precisa Medicamentos para o Ministério da Saúde, com o carimbo da empresa papel timbrado e assinatura do diretor-executivo, são fraudados. A farmacêutica anunciou nesta sexta-feira (23) o fim do memorando de entendimentos assinado com a Precisa para a comercialização do imunizante no Brasil.

"Recentemente, fomos informados de que certas cartas (conforme anexo), supostamente assinadas por executivos da empresa, estão sendo distribuídas online. Gostaríamos de ressaltar, enfaticamente, que esses documentos não foram emitidos pela empresa ou por seus executivos e, portanto, negamos veementemente os mesmos", disse a Bharat Biotech por meio de nota.

De acordo com reportagem do UOL, as duas cartas, supostamente assinadas pelo diretor-executivo Krishna Mohan Vadrevu, estão incluídas nas 1.008 páginas do processo de compra da Covaxin, enviadas pelo Ministério da Saúde para a CPI da Covid. O colegiado investiga uma série de irregularidades no contrato celebrado pela pasta com a Precisa, que atuaria como intermediária da negociação.

Os documentos são datados do dia 19 de fevereiro deste ano, seis dias antes da assinatura do contrato para o fornecimento de 20 milhões de doses, totalizando R$ 1,6 bilhão. O valor por dose única, de US$ 15, foi o mais alto dentre todas as vacinas adquiridas pelo Brasil.

Saiba mais sobre o assunto na reportagem abaixo.

Reuters e 247 - O laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina contra Covid-19 Covaxin, anunciou nesta sexta-feira a extinção imediata do memorando de entendimentos que havia assinado com a farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos para comercialização no Brasil do imunizante.

Em comunicado, a companhia indiana afirmou que, apesar do fim do acordo, continuará a trabalhar com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para completar o processo de obtenção de aprovação regulatória da vacina no Brasil.

As negociações para compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde tornaram-se alvo da CPI da Covid no Senado, por suspeitas de irregularidades, o que levou a pasta a suspender o contrato para compra do imunizante, após o empenho orçamentário de 1,6 bilhão de reais para pagar pelo fornecimento das doses da vacina.

Prevaricação

No fim de junho, os senadores do chamado G7 da CPI da Covid concluíram que o governo Bolsonaro prevaricou e pode ter cometido crime de uso da máquina pública em favor de entidades privadas por causa do escândalo Covaxin-Precisa. Para a cúpula da CPI da Covid as denúncias contra o governo envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin abriram um caminho sem volta na investigação, que pode levar à responsabilização de Jair Bolsonaro.

Os senadores que constituem a maioria da CPI da Covid consideram que se forem comprovados os atos de corrupção na negociação de compra da vacina Covaxin, Bolsonaro pode responder por prevaricação e pelo crime de advocacia administrativa, que é o uso da máquina pública em favor de entidades privadas.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Consumo de carne bovina é o menor em 12 anos; brasileiro agora opta por ovos

Consumo de ovos (9%) e frango (7%) aumentou em 2020; o de carne bovina caiu 5%. Para especialista, mudança no padrão de consumo veio para ficar

O preço da carne bovina saltou 16,2% em 2020 frente 2019
Sérgio Lima/Poder360 - 6.dez.2019

20.jul.2021 (terça-feira) - 6h00

Os brasileiros estão trocando a carne bovina por proteínas mais baratas. O consumo de carne caiu 5% no ano passado, para 36 kg por pessoa. É o menor nível desde 2008. Trata-se também do 4º ano seguido de queda.

Os dados foram compilados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a pedido do Poder360, com base nos números da Ministério da Economia, do IBGE, do Rally da Pecuária e da Athenagro.

Atualmente, o Brasil é o maior vendedor individual de carne bovina do mundo.
NA MESA, FRANGO E OVO

O consumo de ovos (251 unidades per capita) saltou 9% em 2020. O de frango subiu 7%, para 45 kg por pessoa. Os números são da ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal).

INFLAÇÃO ATACA

Tudo ficou mais caro em 2020. Motivo: aumento do custo dos insumos (muitos deles importados) para a criação dos animais e alta demanda externa de países como a China.

carne suína: + 29,5%;
frango: + 17,1%;
carne bovina: + 16,2%;
ovo: + 11,4%

MUDANÇA VEIO PARA FICAR

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirma que esse cenário permanecerá mesmo depois da pandemia: “Vai haver um ‘boom’ ainda maior no consumo de frango, suíno e de ovos”.

Na avaliação do especialista, a chegada da crise acelerou um rearranjo na participação dos diferentes tipos de proteína na cesta de compras da população. Segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos.

Santin explica que o início do pagamento do auxílio emergencial ajudou as famílias a comprar mais frangos, ovos e suínos. “Agora nos primeiros 6 meses de 2021, repete-se esse fenômeno: aumento do consumo”.

Porém os preços vão subir ao longo do ano, avalia o especialista. “A gente foi resiliente na pandemia. Investimos mais de R$ 1 bilhão para não deixar as plantas pararem, protegendo os trabalhadores e não deixando faltar comida. Não aconteceu aqui o que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, de falta de comida na prateleira. Mas agora a gente a gente está perdendo um pouco o fôlego por conta do aumento do preço do milho e do farelo de soja”.

Para se ter uma ideia, insumos compõem de 70% a 80% dos custos de produção do setor. De janeiro de 2019 até julho de 2021, em média, o preço do milho saltou 170% e a soja, 120%. Nem as embalagens escaparam da inflação. Os pacotes flexíveis de polietileno subiram 91% de julho de 2020 até abril deste ano.

O aumento dos custos será repassado ao consumidor e o preço das proteínas seguirá elevado em 2021, estima Santin.


Projeções apontam que esses produtos vão encarecer acima do IPCA ao longo do ano.

Isolado, Bolsonaro confirma reforma ministerial e vai recriar Ministério do Trabalho

Bolsonaro afirma que anunciará reforma ministerial na segunda. Centrão ganhará mais poder e governo tentará interromper perda de base social e política acelerada

Brasil 247, 21/07/2021, 10:17 h Atualizado em 21/07/2021, 11:05
Bolsonaro, Ciro Nogueira e General Ramos (Foto: Reuters | Edilson Rodrigues/Agência Senado | Anderson Riedel/PR)

Cada dia mais isolado, Jair Bolsonaro confirmou na manhã desta quarta-feira (21) que fará uma reforma ministerial na próxima segunda-feira (26). Foi durante uma entrevista à rádio Jovem Pan de Itapetininga. Ele argumentou que a reforma ministerial vai ser importante para "continuar administrando o país". Ele não adiantou em quais ministérios deverá mexer, mas é certo nos meios políticos que entregará a estratégica Casa Civil a um dos líderes do Centrão, o senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas. Outra medida seria a recriação do Ministério do Trabalho, extinto com enorme alarde no início de seu governo, sob alegação de “modernização”.

Bolsonaro reconheceu a situação difícil de seu governo ao afirmar na entrevista que a reforma ministerial vai ser importante para "continuar administrando o país". E se queixou outra vez de sua função: “Temos uma enorme responsabilidade, sabia que o trabalho não ia ser fácil, mas realmente é muito difícil. Não recomendo essa cadeira para os meus amigos".

O general Luiz Eduardo Ramos deve deixar a Casa Civil para ocupar a Secretaria Geral da Presidência, ocupada por Onyx Lorenzoni, que iria para o Ministério do Trabalho.

O objetivo da mudança é conter a vulnerabilidade de Bolsonaro no Congresso e tentar estancar a crise de perda de base política e social que está desidratando seu mandato.

A movimentação também implica em enfraquecimento ainda maior de Paulo Guedes, com a desidratação do Ministério da Economia, pois os temas do trabalho e Previdência Social sairão de sua alçada.

Renan ironiza representação de Flávio Bolsonaro contra ele: "no Brasil, até a milícia denuncia"

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) ironizou a ida de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) à PGR sob o argumento de que o emedebista está abusando da autoridade na CPI da Covid. "No Brasil, até a milícia denuncia!", disse

Brasil 247, 21/07/2021, 09:51 h Atualizado em 21/07/2021, 10:09
Senadores Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Pedro França/Agência Senado)

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), ironizou o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando abuso de autoridade do emedebista nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. "A democracia tem contornos às vezes de ficção. Até mesmo quem foge dos promotores há anos sistematicamente pode ir à sede do Ministério Público Federal. No Brasil, até a milícia denuncia!", escreveu o parlamentar no Twitter.

A ligação dos Bolsonaros com os milicianos da zona oeste do Rio vem de muito tempo. Flávio, então deputado estadual, nomeou a mãe e a ex-mulher do ex-miliciano Adriano da Nóbrega no antigo gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio.

Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Nóbrega recebiam sem trabalhar e devolviam parte dos salários ao ex-PM Fabrício Queiroz, que atuava como assessor de Flávio.

Outra informação grave para o clã presidencial é que ex-PM Ronnie Lessa foi, segundo o Ministério Público (MP-RJ), o atirador contra o carro da então vereadora Marielle Franco (Psol) em março 2018. Ele morava no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro no município do Rio.

As investigações do MP-RJ também apontaram que Élcio de Queiroz dirigia o carro onde estava Lessa. Élcio havia postado no Facebook uma foto ao lado do atual mandatário. Na foto, o rosto de Bolsonaro está cortado.

Sem partido e sem alianças, Bolsonaro não tem planos para 2022 e divide sua base

Ausência de sinalização tem agravado fissuras na base mais fiel do bolsonarismo, resultando em algumas brigas públicas na militância governista. Alguns aliados esperam até que ele encontre um partido, outros entram em siglas como o PTB, mas há resistência

Brasil 247, 21/07/2021, 09:17 h Atualizado em 21/07/2021, 10:09
Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Metrópoles - Uma campanha eleitoral competitiva costuma levar tempo e dinheiro para ser planejada, mas a indefinição de Jair Bolsonaro em entrar para um partido tem deixado parte de seus apoiadores no escuro, enquanto adversários já costuram alianças visando à eleição de outubro do ano que vem. A ausência de sinalização de seu líder político tem agravado fissuras na base mais fiel do bolsonarismo, resultando em algumas brigas públicas na militância governista.

A recusa de Bolsonaro, desfiliado desde novembro de 2019 do PSL, em articular sua base partidária prejudica planos também nos estados, na opinião do cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB). “O Lula, que se coloca como principal adversário do Bolsonaro neste momento, já está negociando bastante com partidos e arrumando alianças nos estados, aparando arestas com antigos aliados. Os aliados de Bolsonaro, por outro lado, ainda estão num compasso de espera ou tentando articular compromissos que não têm garantia de que poderão ser cumpridos”, avalia ele em conversa com o Metrópoles.

Como precisa estar em um partido pelo menos seis meses antes da eleição, Bolsonaro vê sua janela se encurtar e pode ser obrigado a aceitar mais exigências do que gostaria para encontrar uma legenda. A ida para o Patriota, sua primeira opção, já foi considerada descartada até pelo presidente afastado da sigla e articulador da filiação, Adilson Barroso.

Um partido que está ativamente procurando apoiadores do presidente da República é o PTB, de Roberto Jefferson, que “esqueceu” o trabalhismo do nome do partido, mudou estatuto e cores (saíram preto, branco e vermelho, entraram verde e amarelo) e está expulsando parlamentares que votam contra a agenda conservadora.

Confira a íntegra no Metrópoles.

Em meio à pandemia, trabalhador está há um ano sem aumento real de salário

De acordo com estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mês de junho marcou um ano sem ganho real para os trabalhadores

Brasil 247, 21/07/2021, 08:37 h Atualizado em 21/07/2021, 09:21
(Foto: USP Imagens)

A crise econômica resultante da pandemia de Covid -19 fez com os reajustes salariais resultantes de acordos entre patrões e empregados ficassem em patamar igual ou abaixo da inflação. De acordo com o Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mês de junho marcou um ano sem ganho real para os trabalhadores.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o dado da Fipe está em linha com as negociações registradas pelo Ministério da Economia. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 8,9% em 12 meses, contra um reajuste médio de 8,3%. De acordo com um relatório do Banco Mundial a crise deverá impactar de forma negativa os salários e o nível de emprego no Brasil por um período de nove anos.

"No Brasil e no Equador, embora os trabalhadores com ensino superior não sofram os impactos de uma crise em termos salariais e sofram apenas impactos de curta duração em matéria de emprego, os efeitos sobre o emprego e os salários do trabalhador médio ainda perduram nove anos após o início da crise", destaca o relatório "Emprego em crise: Trajetórias para melhores empregos na América Latina pós-Covid-19".

domingo, 18 de julho de 2021

Filha de um militar ganha de pensão o mesmo que 163 famílias pobres

A maior pensão que o governo Bolsonaro pagou recorrentemente a uma pessoa, em 2020, foi de R$ 61,2 mil mensais; a beneficiária é filha de um militar e viúva de outros dois

18 de julho de 2021, 17:36 h Atualizado em 18 de julho de 2021, 17:36
(Foto: Marcos Corrêa/PR | Reuters)

Revista Fórum - Resquícios da ditadura militar e a disposição de Jair Bolsonaro em solidificar, cada vez mais, as Forças Armadas provocam trágicas distorções no país.

Para se ter uma ideia, a maior pensão que o governo federal pagou recorrentemente a uma pessoa, em 2020, foi de R$ 61,2 mil. A beneficiária é filha de um militar e viúva de outros dois, de acordo com informações da revista Piauí, que recorreu ao Portal da Transparência.

Com essa quantia, que ela recebe mensalmente, daria para o valor máximo do novo auxílio emergencial, que atinge R$ 375, pago a mulheres pobres que são chefes de família. Nesse caso, a superpensão de R$ 61,2 mil bancaria o auxílio de 163 mulheres que são chefes de família. Sem dúvida, é uma enorme distorção.

Leia a reportagem completa na Revista Fórum.

Relatos sobre a violência da direita golpista contra operários em Cuba

Entenda o que ocorreu em Camagüey, onde se iniciaram as manifestações da direita apoiada pelos EUA

Brasil 247, 18/07/2021, 13:14 h Atualizado em 18/07/2021, 13:42
Operário ferido em Camagüey (Foto: Miguel Febles Hernández)

Granma - “Enquanto nossas armas eram bandeiras cubanas e cartazes com slogans patrióticos, eles nos receberam com pedradas”, lembra Yunior Cardoso Fernández, referindo-se ao vandalismo ocorrido no último domingo na cidade de Camagüey, com o nefasto propósito de subverter a ordem.

Com força de vontade, uma barreira intransponível de trabalhadores, localizada nas entradas da ponte de Triana, impedia o avanço dos grupos de apátridas, contra-revolucionários e criminosos, que procuravam fazer o seu caminho, a qualquer custo, para chegar à sede de o Governo Provincial.

“O que se poderia esperar destes vândalos - declara indignado Yunior Cardoso - se a Revolução caísse! Nós nunca permitiremos isso. Quem se sente um verdadeiro patriota e ama a sua terra não pode ficar impassível perante ações como estas, que procuram entregar o país ao imperialismo”.

Manuel Arias Carmenates foi um dos trabalhadores que recebeu o impacto de várias pedras: “assim que ouvi o apelo do nosso Presidente, dirigi-me imediatamente ao local onde se encontrava o centro das perturbações, determinado a enfrentar aqueles elementos no serviço do governo dos EUA”.

“Apesar da situação tensa criada”, diz ele, “ninguém se moveu de seu posto. Vários camaradas receberam pedras na cabeça, o que mostra a baixa laia daqueles que compunham aquelas turbas, que desde o primeiro momento assumiram uma atitude de enfrentamento aberto com as forças da ordem pública”.

“Percebemos de imediato que também éramos seus inimigos para este tipo de pessoas, ainda que se confrontassem com operários, camponeses, mulheres, jovens, mesmo idosos, que vinham à cena para fazer valer o seu direito à defesa da Pátria e da Revolução”.

Contrariamente à matriz de opinião que a imprensa internacional e as redes sociais pretendem impor à Internet, Luis Villavicencio Rabí esclarece: “não tinha nada para uma manifestação pacífica, porque muitos de nós pudemos apreciar a forma violenta como agiram atirando pedras contra todos que encontraram em seu caminho”.

“Essa atitude covarde e odiosa - acrescenta - nada tem a ver com as pessoas humildes e trabalhadoras que, em meio a carências materiais de todos os tipos, resistem e enfrentam as vicissitudes atuais sem serem confundidas ou manipuladas por aqueles que apenas procuram destruir a unidade de tantos anos da Revolução”.

Com isso, concorda a professora Mercedes Escuredo Olazábal, que garante que os recentes distúrbios gerados por artimanhas bem montadas dos Estados Unidos têm a ver com a intenção perversa de causar caos, desestabilização e um estado de ingovernabilidade no país.

“Nessa provocação, o que prevaleceu foi a indecência, o uso da violência e o propósito de criar imagens de que aqui há abuso de poder. Para concretizar seus planos, alguns dos líderes foram pagos por seus senhores, o que os ratifica como mercenários a serviço de uma potência estrangeira”.

“Porém”, diz ela, “o que ficou demonstrado pela firmeza revolucionária do povo de Camagüey, que somos a maioria, é que, seja quem for, não será possível, porque aqui a direção, a ordem foi mantida em todos os momentos, estabilidade, tranquilidade e paz cidadã”.
Com o povo não há ruptura, há continuidade

Aurora Evia Pérez, aos 82 anos, defende "sua Revolução" com o mesmo espírito com que, em 1959, saiu para receber os barbudos que chegaram a Havana em uma caravana no dia 8 de janeiro.

Ela garante que o processo revolucionário, que tantas conquistas proporcionou ao povo na educação e na saúde, continuará, apesar da política hostil promovida pelo governo dos Estados Unidos contra a Ilha, agravada nos últimos anos, com a administração de Donald Trump e realizada por Biden.

Ela não entende, exceto por ingratidão, maldade e ignorância, como um grupo de pessoas patrocinadas pelo império são capazes de atos desestabilizadores com manifestações de desordem e vandalismo no país que tanto lhes deu.

Como se carregasse na mão o coração da avó, toda ternura, procurava uma forma única de dizer o quanto agradece ao Sistema de Saúde por manter a campanha de intervenção sanitária em todo o país, o papel dos médicos neste processo e o profissionalismo com quem tem trabalhado não para descuidar das pessoas longevas, mas para cuidar delas com especial atenção ao vírus mortal que as torna ainda mais vulneráveis.

Carregada daquela vitalidade que mobiliza os jovens, Caridad López, 26, comentou que os princípios e a continuidade da Revolução estão bem protegidos na maioria dos jovens como ela e que, se alguém duvidou, deve contar aos que vieram de fora hesitação, no domingo passado, em confirmar que as ruas pertencem aos revolucionários.

Um apelo à não violência e não ingerência nos assuntos do povo era também a reivindicação desta jovem licenciada do Instituto Superior de Artes.

“Nós, cubanos, estamos indignados com a situação que ocorreu em algumas partes da ilha, porque devemos, antes de tudo, agradecer à Revolução e estar convencidos de que tudo o que o Governo faz é a favor do povo”, disse Joanna Rodríguez.

“Os Estados Unidos não têm o direito de se intrometer nos assuntos do país. O povo cubano quer trabalhar em paz. Que retirem o bloqueio para que vejam como Cuba sai da situação econômica em que se encontra”.
Defenda a verdade com capa e espada

“Por nossa nação, por nossa família, por todos os nossos colegas, por todos aqueles que infelizmente estão com a pandemia, pelos médicos que estão lutando, por um povo inteiro, porque o que eu quero é uma melhoria para o meu país”.

Carlos Arnedo Pérez diz que foram essas as razões pelas quais saiu no domingo em defesa da Revolução diante da provocação que ocorreu no caminho em frente ao Hotel Saratoga e ao Capitólio Nacional.

"Temos que enfrentar todos aqueles que querem nos dividir, nos prejudicar e limpar a mente dos que estão confusos, porque uma intervenção militar neste país não seria para fazer o bem, mas para nos destruir."

Aos 40 anos, Carlos Arnedo Pérez é mágico de profissão e estuda Psicologia no curso para trabalhadores da Universidade de Havana, e é um daqueles que estão convencidos de que a rua, embora seja de todos, deve ser defendida, pela paz e segurança dos cidadãos, pelos revolucionários, “e defendê-la verdadeiramente”.

“Todos nós queremos ser melhores, viver melhor, mas precisamos ter as opções que bloqueiam o país. Enquanto isso, não podemos permitir que gerem ervas daninhas entre os cubanos para enfraquecer nossa unidade como povo”.

“O nosso Presidente, com a transparência que o caracteriza, deixou muito clara a mensagem de que estamos sujeitos ao diálogo, mas sempre de forma pacífica. Pode haver quem esteja confuso, mas nós, que não estamos [confusos], vamos lutar contra tudo o que se opõe a Cuba, para que o país continue sendo liderado por cubanos”.

*Tradução por Juca Simonard

'Só Deus me tira do cargo', diz Bolsonaro. Lira e Aras agradecem o elogio





Leonardo Sakamoto
Colunista do UOL
18/07/2021 11h50

Ao deixar o hospital na manhã deste domingo (18), após tratar de uma obstrução intestinal, Jair Bolsonaro repetiu que só a intervenção divina o removeria do cargo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o procurador-geral da República, Augusto Aras, devem ter ficado lisonjeados com o elogio.

"Querem derrubar o governo? Já disse, só Deus me tira daquela cadeira. Será que não entenderam que só Deus me tira daquela cadeira", afirmou.

Tivesse o presidente um histórico de democrata, a declaração seria vista apenas como uma boba reafirmação sobre sua saúde. Mas como não é o caso, fica mais uma vez a impressão de que ele quer se perpetuar na função, reforçando as declarações golpistas que ele vem dando quanto à eleição de 2022.

A questão é que o milagre que mantém Bolsonaro no cargo, mesmo acusado de mais de duas dezenas de crimes de responsabilidade e com 126 pedidos de impeachment apresentados, não é operado nem pelo Pai, nem pelo Filho, muito menos pelo Espírito Santo. Mas por Santo Arthur e por Santo Augusto.

O presidente da Câmara mantém o impeachment em um limbo político, sem engavetar, nem dar prosseguimento a nenhum dos pedidos. Dessa forma, mantém Bolsonaro sob rédea curta, atendendo às necessidades do centrão em emendas, cargos e apoio a projetos de lei e mudanças infralegais que interessam aos grupos que ele representa.

Lira, representante do interesse de centenas de deputados que arrendaram o apoio ao presidente, diz que falta "materialidade" aos crimes de responsabilidade e que um processo não teria apoio da casa neste momento. Traduzindo: por que uma boa parte do Congresso Nacional iria querer sacrificar sua galinha dos ovos de ouro se, quanto mais vulnerável, mais Jair entrega?

Como há um viés de melhor na economia, o que reduz a insatisfação do empresariado, e as grandes manifestações ainda não são grandes, nem frequentes o bastante para pressionar o parlamento, segue o jogo.

Ao mesmo tempo, Augusto Aras, desejoso de uma indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, tem colocado a Procuradoria-Geral da República como escudeira dos interesses pessoais do presidente da República. Há fartos elementos para que uma denúncia seja feita ao STF por crimes cometidos por Bolsonaro antes e durante a pandemia, o que faria com que, pelo menos, a Câmara se pronunciasse em sua cumplicidade. Mas ele já deixou claro que, se depender dele, nada vai sair de lá.

Diante de uma PGR que agiu como espectadora das ações do Poder Executivo, omitindo-se de suas funções constitucionais, a ministra Rosa Weber teve que constranger publicamente o órgão a abrir um inquérito, transformando noticia-crime apresentada por senadores em investigação para entender se Bolsonaro prevaricou ao ignorar informações sobre a corrupção na compra da Covaxin.

Sentindo-se livre, leve e solto, o presidente segue atacando as instituições. Não à toa, ao deixar o hospital, aproveitou para bombardear novamente nosso sistema de votação e a Justiça Eleitoral. Falou em fraudes e disse que os contrários à introdução do voto impresso querem impedir que a eleição seja auditável. Uma dupla mentira, pois ele não apresenta uma mísera prova sequer e ignora que o sistema eletrônico de votação já é auditável e nunca demonstrou falhas que comprometessem o resultado do desejo popular.

Da mesma forma que usou sua doença para faturar politicamente, ele utiliza a saída do hospital para, mais uma vez, atiçar seus seguidores mais fiéis e preparar terreno para o golpismo em caso de derrota nas eleições do ano que vem, além de jogar uma cortina de fumaça sobre as más notícias de hoje, como as denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e as rachadinhas de sua família.

Há quem tenha acreditado que ele se acalmaria após a conversa com o presidente do STF, da mesma forma que existem adultos que acreditam em Papai Noel. Após uma semana em que ameaçou um golpe eleitoral, usou expressões chulas para se referir às investigações da CPI da Covid, xingou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, incentivou a intimidação do Senado pelas Forças Armadas, Jair ganhou um cafezinho de Luiz Fux e uma nova tentativa de reconciliação. Ressalte-se que o papel do ministro seria cuidar da Constituição, não passar pano para um presidente.

Após testar limites, Bolsonaro sempre puxa o freio, apaziguando membros de outros poderes e gerando análises do tipo "ele foi contido" em uma parte da opinião pública. Em questão de dias, recomeça tudo novamente. Neste caso, voltou à carga através de postagens enquanto internado. Agora, completa o serviço com uma coletiva à imprensa, em frente ao hospital. Detalhe: sem máscara de proteção.

E para que não haja dúvidas de suas intenções, ele ainda aproveitou para defender remédios que até o próprio Ministério da Saúde já considerou ineficazes para o tratamento da covid.

"O que me surpreende é de ver o mundo, alguns países investindo em remédio para curar a covid, e aqui, quando você fala de cura para covid, parece que você é criminoso. Não pode falar em cloroquina, ivermectina", disse.

Poder, pode. Mas não funciona e só fará mal à população. Tal como a guerra que ele trava diariamente, seja de uma cama de hospital, da cadeira no Palácio do Planalto ou em pré-campanha eleitoral em algum lugar do Brasil, viajando com nossos impostos.