quinta-feira, 3 de junho de 2021

Luana Araújo culpa Bolsonaro pela expansão da pandemia e diz que cloroquina aumentou mortalidade

A médica infectologista Luana Araújo, em seu depoimento à CPI da Covid nesta quarta (2), culpou Jair Bolsonaro pela expansão da pandemia e mortes no Brasil. Segundo a especialista, há estudos que comprovam o “aumento da mortalidade por uso de cloroquina e hidroxicloroquina”

Brasil 247, 2/06/2021, 11:38 h Atualizado em 2 de junho de 2021, 12:31
Luana Araújo e Jair Bolsonaro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado | 
REUTERS/Adriano Machado)

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo culpou Jair Bolsonaro pela expansão da pandemia e mortes no Brasil.

Questionada pelo relator da Comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se a indicação de cloroquina feita por Bolsonaro “estimulou que a população abandonasse medidas farmacológicas, como o uso de máscara e distanciamento social”, Luana reforçou a responsabilidade do governo federal na propagação do vírus.

“Quando as pessoas defendem algo que não tem comprovação científica, você expõe pessoas desse grupo a uma extrema vulnerabilidade. A partir do momento que vulnerabiliza as pessoas com informações incorretas, não podemos esperar resultado positivo", ressaltou.

Luana argumentou “que há estudos, nesse caso uma meta-análise feita de maneira correta, que há aumento da mortalidade por uso de cloroquina e hidroxicloroquina”.

A profissional ainda questionou a recomendação do uso da cloroquina como tratamento precoce estabelecida por alguns médicos, medida rechaçada pela Organização Mundial da Saúde e entidades médicas. “Quando a gente tem uma decisão pessoal, é uma coisa. Quando se transforma em política pública, é outra. Autonomia médica faz parte da nossa prática. Mas não é licença para experimentação. Ela precisa ser feita com base em alguns pilares: volume de conhecimento científico, pilar da ética e pilar da responsabilização”.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Médico, Otto Alencar desmascara Nise Yamaguchi: “não sabe o que é vírus, brincou com a cara do povo brasileiro”

Durante depoimento da médica à CPI, o senador Otto Alencar revelou que a médica conselheira de Bolsonaro não tem apreço pela ciência: "A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro”

Brasil 247, 1/06/2021, 14:46 h Atualizado em 1/06/2021, 16:14
Nise Yamaguchi e Otto Alencar (Foto: Agência Senado)

Conselheira de Jair Bolsonaro, a médica Nise Yamaguchi, defensora do tratamento precoce e da imunidade de rebanho, foi desmascarada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico, durante seu depoimento à CPI da Covid.

Otto Alencar fez uma série de perguntas a Nise, como os nomes dos pacientes que passaram por seus testes de tratamento precoce contra a Covid e sobre seu conhecimento a respeito do coronavírus. “A senhora se transformou em infectologista de uma hora para outra, como muitos no Brasil”, disse o parlamentar.

“Me diga por favor a diferença entre um protozoário e um vírus”, pedi Otto. Nise responde que o primeiro tem um organismo celular e o vírus tem DNA ou RNA. “Não é isso. Não é isso, não. A senhora não soube nem explicar o que é um vírus”, rebateu o senador.

Otto Alencar perguntou em seguida sobre se a médica sabia a qual família pertencia o coronavírus. Nise disse que sim e começou a remexer papéis. “Pode buscar nos livros, que a senhora tem aí porque a senhora não sabe. Não estudou. De médico audiovisual esse plenário tá cansado. De gente que viu e não leu, e não se aprofundou. Eu falo na condição de quem tem lido tudo sobre essa matéria”, respondeu o senador.

Otto Alencar indagou ainda: “A senhora fez exames pré-clínicos e clínicos para os pacientes nos quais usou hidroxicloroquina?” Nise começou a responder: “A hidroxicloroquina é usada há muitos anos...”. Otto: “Para outra doença, minha senhora, para malária. A senhora está errada. A senhora apostou em uma droga que podia dar certo ou não. E a ciência, por mais que a senhora tenha curso, não admite isso: querer apostar no escuro”.

O senador indagou também qual é o exame que tem que se fazer para saber se o paciente tem imunidade celular ou não, para saber se houve imunidade de rebanho e falou sobre algumas de suas conclusões e orientações médicas:

“A senhora não sabe a diferença entre protozoário e vírus. Uma medicação para protozoário (caso da cloroquina, desenvolvida para tratamento contra a Malária) nunca poderia ser recomendada contra um vírus”.

“A senhora brincou com o povo brasileiro ao falar em imunidade de rebanho, em tratamento por cloroquina”, disse ainda. “A senhora maculou a sua imagem tomando essa iniciativa. Pode ter sido na tentativa de querer ajudar, mas pode ter sido também para querer ser ministra da Saúde e não conseguiu”, completou.

Sargento traficou cocaína sete vezes em aviões da FAB antes de ser preso

O sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens oficiais antes de ser preso na Espanha, em junho de 2019, durante uma missão oficial de Jair Bolsonaro e comitiva, rumo ao Japão, para reuniões com a cúpula do G20

Brasil 247, 31/05/2021, 07:12 h Atualizado em 31/05/2021, 07:12
Avião da FAB e o Segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues 
(Foto: Reprodução)

O sargento da FAB (Força Aérea Brasileira) Manoel Silva Rodrigues traficou cocaína em pelo menos sete viagens oficiais antes de ser preso na Espanha, em junho de 2019, depois de desembarcar de um avião com Jair Bolsonaro (sem partido). É o que apontam dados da investigação da PF (Polícia Federal), revelada em reportagem do portal UOL.

A documentação do inquérito policial revela ainda que o esquema continuou com a participação de outros militares brasileiros, mesmo depois da prisão de Manoel Rodrigues.

A reportagem relembra que o sargento foi preso em flagrante, após denúncia anônima, com posse de 39 quilos de cocaína avaliados em R$ 6,4 milhões, minutos após desembarcar no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Era uma missão oficial do presidente Jair Bolsonaro e comitiva, rumo ao Japão, para reuniões com a cúpula do G20.

Em todas as sete viagens oficiais em que a investigação aponta que houve tráfico, o sargento trocou mensagens cifradas com a mulher Wilkelane Nonato Rodrigues que indicam sucesso na empreitada criminosa. Foram quatro voos domésticos (São Paulo e Recife) e três internacionais com escalas na Espanha, onde a droga era entregue.

Bernardo Mello Franco: Bolsonaro joga gasolina na fogueira dos protestos

“É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”, afirma o jornalista Bernardo Mello Franco em referência a Jair Bolsonaro

Brasil 247, 1/06/2021, 07:11 h Atualizado em 1/06/2021, 07:28
(Foto: Reprodução / Ricardo Stuckert)

“Na primeira fala após os atos que pediram seu impeachment no sábado, o presidente adotou tom de deboche e atacou os manifestantes. Disse que ‘faltou erva’ e ‘faltou dinheiro’ para encher as ruas”, afirma o jornalista Bernardo Mello Franco em sua coluna publicada no jornal O Globo. “Jair Bolsonaro resolveu jogar gasolina na fogueira dos protestos contra o governo”, diz. “É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”, acrescenta.

O colunista destaca que, “em outra frente, ele (Bolsonaro) fechou um acordo com a Conmebol para sediar a Copa América em plena pandemia”. “A ideia gerou uma nova onda de críticas no momento em que o país se aproxima das 500 mil mortes pela Covid; Bolsonaro está sob pressão”, continua.

“Com a popularidade em queda, ele vê a CPI avançar sobre o ‘gabinete das trevas’ e é assombrado pelo favoritismo do ex-presidente Lula nas pesquisas. Ao atacar os manifestantes, o capitão tenta ressuscitar o antipetismo para mobilizar a direita em sua defesa. É uma estratégia arriscada. Ao exagerar na dose, ele pode empurrar mais gente para as ruas contra o governo”.

Renan: em apenas um dia, o governo deixou de comprar 130 milhões de doses de vacinas

"O negacionismo nos posicionou como segundo país com maior número de mortes", aponta ainda o senador

Brasil 247, 1/06/2021, 06:33 h Atualizado em 1/06/2021, 07:16
Renan Calheiros (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, publicou importante artigo nesta terça-feira, em que relata o trabalho da comissão e o estrago causado ao país pela administração negacionista de Jair Bolsonaro, que empurrou remédios inúteis e perigosos para a população brasileira, como a cloroquina, e sabotou a compra de vacinas. Leia abaixo:

O eclipse do negacionismo

Por Renan Calheiros – O trabalho da CPI para iluminar os escombros, resgatar a verdade e inculpar eventuais responsáveis é longo e promissor. Os timoneiros são os fatos. Em respeito ao direito de defesa, ao contraditório, é prematuro apontar os culpados pelo morticínio. Mas já é possível, com dados sujeitos a confirmação, fazer um balanço parcial. O saldo revela quanto a omissão, dolosa ou não, impactou as mortes e perdas irreparáveis. Cada ato deliberado e negacionista, cada equívoco, cada sabotagem à ciência se eternizou em mortes.

Após a primeira etapa de depoimentos, podemos afirmar que milhares de vidas poderiam ter sido preservadas com escolhas sensatas, responsáveis e científicas. Ao fim dos trabalhos, teremos como quantificar o número de óbitos evitáveis, que redundaram em lágrimas e destruição de famílias. A estatística assombrosa poderia ter sido atenuada se maiores tivessem sido a compreensão e o engajamento do governo. As escolhas vão desde a compra tempestiva de vacinas até recomendações elementares, como distanciamento, uso de máscaras, ações orgânicas com estados e renda digna e continuada para quem precisa.

O retrospecto do obscurantismo sugere um método de recusa sistemática das vacinas e prioridade de estratégias anticientíficas. Do Butantan, foram desprezadas, em cinco meses, três ofertas de 60 milhões ou 100 milhões de doses, com disponibilidade de 5,5 milhões já em dezembro de 2020. As seis propostas da Pfizer — 70 milhões — foram ignoradas por seis meses, e 1,5 milhão seriam aplicadas em 2020. Em dezembro de 2020, poderíamos ter vacinado 7 milhões de brasileiros.

Em apenas um dia, 18 de agosto de 2020, o governo deixou de comprar 60 milhões da CoronaVac e outros 70 milhões da Pfizer: 130 milhões de doses, mais da metade dos nossos habitantes. No consórcio Covax, o Brasil recusou doses para 50% da população, optando por inexplicáveis 10%. A matemática é apartidária e reveladora: o Brasil, de maneira contumaz e deliberada, abriu mão de milhões de imunizantes durante o ano de 2020.

O negacionismo nos posicionou como segundo país com maior número de mortes, com a exasperante marca que supera mais de 460 mil vítimas até agora. Em plena pandemia, recursos públicos foram desperdiçados na produção de cloroquina, ineficaz para a Covid-19. Uma receita duplamente mortal, já que retirou recursos das vacinas, e o medicamento acarreta efeitos colaterais graves. A má gestão no desabastecimento de oxigênio de Manaus pode receber qualquer nome, menos gestão. O governo tinha conhecimento de que a calamidade era iminente. Que fez para impedir a tragédia?

Na CPI, vivenciamos a angústia de suportar a pantomima de depoimentos despudorados, apesar do verniz e das formalidades. É como assistir a alguém pisoteando cadáveres, sem nenhuma empatia, como se ali estivesse diante de um embate político. É escárnio, desrespeito e uma aposta mortífera de que tudo não passa de uma “tormenta passageira”. Grave erro de diagnóstico. A pandemia é a mais profunda e incurável cicatriz da nossa história. Os que atuam para bolhas de convertidos carregarão a vergonha e a desonra para o resto dos dias.

Positivo é que a CPI, de forma inédita, gerou uma rede espontânea de colaboradores e reconectou o Parlamento com a sociedade. Nos chegam vídeos, áudios e documentos que contribuem para desmontar farsas maquinadas no gabinete do ódio e no ministério da doença. Temos uma rede de checagem, um gabinete do bem, voluntário, em defesa da luminosidade, da ciência e da vida. Essa interação ganhou um forte impulso depois que abrimos a perguntas dos internautas, todas pertinentes.

O extrato parcial do negacionismo exibe um placar de mortes que não para de subir, um conjunto de inações que não para de se repetir. Atitudes que, antes, durante e ainda agora, causam indignação e perplexidade. Ao final da CPI, haverá um balanço definitivo para o conhecimento da sociedade. A sensação é que assistimos ao fim de prolongado eclipse, quando as sombras vão se dissipando, e a luz vai ressurgindo gradualmente e renovando a vida.

*Senador (MDB-AL) e relator da CPI da Covid

Omar Aziz aponta culpa de Bolsonaro e diz que "já há prova suficiente para indiciamento"

“Ele se reunia muito mais com o ‘gabinete paralelo’ do que com o ministro da Saúde”, diz o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM)

Brasil 247, 1/06/2021, 06:19 h Atualizado em 1/06/2021, 06:19
Omar Aziz e Pazuello com Bolsonaro 
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Alan Santos/PR)

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), avalia que os crimes de Jair Bolsonaro, que empurrou cloroquina, remédio ineficaz e perigoso para os brasileiros, e sabotou a compra de vacinas, já estão demonstrados. “Já temos provas suficientes de que o Brasil não quis comprar vacina”, disse ele, ao serviço Broadcast Político. “Isso não tem mais o que provar. Tenha a certeza de que a CPI não vai dar em pizza.” Aziz também afirmou ser impossível não responsabilizar Bolsonaro.

Aziz diz que ele apostava na imunidade de rebanho e no tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina. “Essas duas coisas estão diretamente ligadas a ele. Não tem jeito. Ele (Bolsonaro) foi quem falou diretamente sobre cloroquina”, destacou. “Ele se reunia muito mais com o ‘gabinete paralelo’ do que com o ministro da Saúde”, observoa. “Comportamento atípico em relação a qualquer líder mundial. Nem em uma republiqueta, que não tem absolutamente nada, o líder fica sem máscara, fica falando esse tipo de coisa."

Sob risco de apagão, país joga fora energia que sobra, e conta de luz sobe

O motivo do desperdício é a deficiência na capacidade de transmitir a energia de uma região que está com eletricidade sobrando para outra que está com déficit 
Imagem: Tarso Sarraf/Folhapress

Filipe Aneretta
Do UOL, em São Paulo
01/06/2021 04h00

O apagão de aproximadamente 20 minutos que atingiu diversos estados na última sexta-feira (28) está relacionado a um problema maior no sistema elétrico brasileiro: a dificuldade de transmitir energia entre as regiões. Mesmo com a seca que afeta principalmente o abastecimento de Sul e Sudeste, o Brasil eventualmente ordena que usinas no Norte e Nordeste parem de produzir eletricidade. Quando isso acontece, usinas hidrelétricas expulsam água sem passar pelas turbinas, eólicas (vento) giram suas pás em vão, enquanto o consumidor paga por energia importada de vizinhos ou gerada por térmicas que precisam ser acionadas.

Energia fica presa O motivo do desperdício é a deficiência na capacidade de transmitir a energia de uma região que está com eletricidade sobrando para outra que está com déficit.

A chamada "limitação de intercâmbio" é um problema comum em países com dimensões continentais, mas que poderia ser minimizado com mais investimento e planejamento, segundo especialistas.

No Brasil, o atraso na instalação de linhas de transmissão piora a situação.

O apagão de sexta-feira aconteceu após uma falha na linha que leva eletricidade produzida na usina Belo Monte, no Pará, ao Sudeste e Centro-Oeste. O caso mostra como a distribuição entre regiões é vital para o abastecimento nacional.

No mesmo dia, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que a conta de luz ficará mais cara a partir de junho. A medida repassa ao consumidor o custo do acionamento de usinas térmicas e da importação de eletricidade.

Ainda na sexta-feira, o governo publicou um alerta de emergência hídrica (seca) em cinco estados do Sul e do Sudeste. A falta de chuva que afeta essas regiões desde o ano passado fez despencar o nível dos reservatórios, e deverá haver mais controle sobre a vazão das barragens para evitar um apagão pior.

Regiões que consomem mais do que produzem

Com exceção de Roraima, todos os estados são conectados pelo SIN (Sistema Interligado Nacional). A rede é dividida em quatro subsistemas (ou submercados): Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

A classificação é diferente da divisão regional geográfica —o Maranhão está no subsistema Norte; Acre e Rondônia ficam no subsistema SE/CO.








O SE/CO é o que mais gera e o que mais consome energia. Em março, foi responsável por 52% da geração nacional e consumiu 58%.

O Sul também é deficitário (consome mais do que produz). Em regra, os dois subsistemas precisam trazer eletricidade do Norte ou do Nordeste para dar conta da demanda.

Desde o ano passado, o Brasil também importa regularmente energia da Argentina e do Uruguai.


Energia que depende da época do ano

O subsistema Norte produz energia excedente principalmente no primeiro semestre, quando os rios estão altos. A principal fonte de geração na região vem das hidrelétricas "fio d'água", que não têm grandes reservatórios.

João Sanches, diretor da consultoria Trinity Energia, afirma que a opção pela construção de usinas fio d'água, como a de Belo Monte, evitou maiores impactos ambientais do alagamento de grandes áreas. Por outro lado, a geração ficou ainda mais dependente do regime de chuvas e da cheia dos rios.

O subsistema Nordeste também depende do período do ano. Sua maior geração acontece no segundo semestre, quando os ventos impulsionam a produção nas usinas eólicas.

Falta estrutura para aproveitar energia

O fato de o Norte e o Nordeste conseguirem produzir energia excedente em semestres diferentes poderia suprir a carência de outras localidades, ou ao menos reduzir o problema.

Mas a transmissão entre regiões esbarra na infraestrutura limitada. Sem rede para transportar mais eletricidade, parte da energia excedente fica presa na região de origem.

Quando o limite de transmissão é atingido e o subsistema não pode mais absorver a própria energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), órgão privado ligado ao Ministério de Minas e Energia, ordena o desligamento de turbinas, para não sobrecarregar a rede.

Ou seja, há potencial de energia desperdiçado.

O que diz o governo

Questionado pelo UOL, o ONS não respondeu quantas vezes precisou pedir o desligamento de turbinas por causa dos limites de transmissão entre regiões nos últimos anos. Também não informou uma estimativa da energia desperdiçada nesses casos.

O ONS reconheceu a existência do problema e alegou "algumas intercorrências, como, linhas do sistema de transmissão planejadas para a integração da usina Belo Monte, que não foram completamente implantadas".

Segundo o ONS, "as instalações que faltavam do sistema de integração da usina Belo Monte foram novamente licitadas e vêm sendo implementadas".

O ONS também declarou que o sistema de transmissão vem sendo expandido para escoar o crescimento das fontes eólica e fotovoltaica (solar) no Nordeste e no norte de Minas Gerais.

A EPE, empresa federal de pesquisa energética também ligada ao Ministério de Minas e Energia, disse que houve atraso nas obras de transmissão concedidas à empresa Abengoa. As linhas estavam previstas para entrar em operação até 2017.

"A não implantação dessas obras dentro do cronograma previsto implicou restrições na operação do sistema de transmissão, ao longo dos últimos anos, estendendo-se até os dias de hoje", afirmou a EPE.

O UOL procurou a Abengoa para comentar o caso, mas a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Ainda segundo a EPE, obras de expansão do sistema de transmissão com conclusão prevista para março de 2023 ampliarão a capacidade de exportação das regiões N e NE em 2,5 GW.

O que dizem especialistas

Segundo Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV, transmitir energia em territórios vastos é um desafio também para grandes economias globais, como os EUA e a União Europeia.

Por isso, é natural que o país ainda sofra limitações nessa troca de energia entre pontos distantes.

Juliana Chade, gerente de preços da consultoria MegaWhat, afirma que a dificuldade de transmitir energia excedente do Nordeste é relativamente recente, fruto da expansão de usinas eólicas na região.

"Antes [o subsistema NE] era muito mais importador de energia. Agora consegue ser exportador, mas as linhas de transmissão ainda estão sendo construídas."

Para João Sanches, da Trinity Energia, o problema que estamos vivendo vem da falta de planejamento e investimentos de médio e longo prazo —principalmente em linhas de transmissão e diversificação das fontes energéticas.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

TSE autoriza quebra de sigilo em ações contra chapa Bolsonaro-Mourão


Apuram ataque hacker no Facebook. 5 empresas prestarão informações

Presidente Jair Bolsonaro participa da cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
                                            Sérgio Lima/Poder360 05.05.2021

25.mai.2021 (terça-feira) - 17h44
atualizado: 25.mai.2021 (terça-feira) - 21h36


O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) autorizou a quebra de sigilos e intimou 5 empresas de tecnologia a prestarem informações em duas ações que miram a chapa Bolsonaro-Mourão. A decisão é do ministro Luis Felipe Salomão, corregedor-geral eleitoral. Eis a íntegra (39 KB).

Os processos apuram ataque hacker ao grupo no Facebook “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, que passou a se chamar “Mulheres com Bolsonaro”. O presidente compartilhou a imagem do grupo com o nome alterado em seu perfil no Twitter.

As duas ações que pedem a cassação da chapa foram movidas pelos ex-candidatos Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol). Eles afirmam que a chapa Bolsonaro-Mourão cometeu abuso de poder econômico pois os ataques retiraram do ar publicações contrárias ao presidente enquanto incluíram mensagens com teor favorável à candidatura da dupla.

Estas são as informações exigidas pelo TSE:

Facebook: Dados do grupo e registros de acessos de administradores e visitantes no período de 30 de agosto a 16 de setembro de 2018.

Twitter: Dados de uma publicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro em 2018.

Microsoft: Registros de uma conta de e-mail que pode ter sido acessada no dia do ataque.

Oi / Vivo: Dados cadastrais de três linhas telefônicas e a identificação do IP que podem ter sido usados na invasão.

Em decisão, o ministro Luis Felipe Salomão esclareceu que “não se está a solicitar à Polícia Federal a abertura de investigação, mas simples e pontual realização de análise pericial“, conforme fixado pelo TSE.

Em junho do ano passado, a Corte autorizou a reabertura da fase de produção de provas nas duas ações de forma a esclarecer o caso.

Luis Felipe Salomão informou que as diligências solicitadas pela perícia criminal federal demandam a quebra de sigilo de dados, pois, caso contrário, seria “extremamente difícil ou até mesmo inviável desvendar-se os fatos e identificar-se os autores” do ataque hacker.

O ministro fixou prazo de 5 dias para as empresas apresentarem as informações.

Procurado pelo Poder360, o Twitter não se manifestou sobre a decisão. O Facebook disse que “respeita a Justiça brasileira e vem cooperando com as investigações desse caso”. A Microsoft, a Oi e a Vivo não retornaram o contato até a publicação da reportagem.

Processo sobre foro de Flávio Bolsonaro é incluído na pauta do STF

Data ainda não foi marcada. MP investiga “rachadinha”

STF decidirá se processo fica no TJ-RJ ou volta para 1ª Instância
Sérgio Lima/Poder360 17.dez.2020

PODER360, 28.mai.2021 (sexta-feira) - 21h01

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, colocou na pauta da 2ª Turma o processo em que o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) contesta o foro privilegiado do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) no caso das rachadinhas. A data do julgamento ainda não está marcada.

Em junho do ano passado, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) concedeu foro a Flávio e retirou a investigação contra o político da 1ª Instância, mandando o processo para o Órgão Especial do TJ.

O MP recorreu argumentando que o Tribunal do Rio descumpriu a jurisprudência do Supremo segundo a qual o foro dado a políticos acaba ao fim do mandato. Como Flávio era deputado estadual quando o esquema de “rachadinha” teria ocorrido, ele não teria mais foro quanto aos fatos investigados, mesmo hoje sendo senador.

Ao avaliar o mérito do pedido do MP, a 2ª Turma do STF decidirá se o caso de Flávio continua em 2ª Instância ou vai para a 1ª Instância. Caso a corte opte pela última opção, o processo volta para as mãos do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Federal do Rio.

O magistrado chegou a autorizar medidas cautelares contra Flávio, como a quebra de sigilo, busca e apreensão, além da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do político.

Bolsonaro planejou 1,4 milhão de mortes no Brasil, aponta artigo publicado no New York Times

Jornalista Vanessa Barbara, autora do texto, calculou uma taxa de mortalidade de 1% e de 70% da população infectada, na estratégia da "imunidade de rebanho"

Brasil 247, 28/05/2021, 05:09 h Atualizado em 28/05/2021, 05:19
Ato de ruralistas causou aglomeração enquanto País registra alta de mortes por Covid
 (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR | Reuters)

A jornalista e escritora Vanessa Barbara publicou um importante artigo no The New York Times, jornal mais influente do mundo, em que demonstra como a estratégia de imunização de rebanho, levada adiante pelo governo Bolsonaro com seu charlatanismo em torno da cloroquina, pode causar a morte de 1,4 milhão de brasileiros.

"Bolsonaro aparentemente pretendia levar o Brasil à imunidade de rebanho por infecção natural. Isso significa - assumindo uma taxa de mortalidade de 1% e infecção de 70% como um limite para imunidade de rebanho - Bolsonaro planejou pelo menos 1,4 milhão de mortes no Brasil", escreveu. (leia aqui a íntegra do artigo). Saiba mais em reportagem sobre a estratégia bolsonarista e vídeo da TV 247:

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro sugeriu em sua tradicional live de quinta-feira que se tome chás usados por indígenas para combater a Covid-19, após a defesa enfática da cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus que vem fazendo desde o ano passado.

Em sua transmissão pelas redes sociais a partir de Matucará, no Amazonas, Estado onde cumpriu agenda pública, Bolsonaro disse ter conversado com índios balaios. Segundo ele, nenhum havia morrido de Covid-19.

"Daí eu perguntei: foi antes da vacina? Foi antes da vacina, que já foram vacinados também. Não morreram por quê? Tomaram alguma coisa? Vamos lá, pessoal, anota aí: segundo eles, tomaram chá de carapanaúba, saracura ou jambu. Não tem comprovação científica, certo, mas tomaram isso", disse.

O presidente comentou que a CPI da Covid poderia convidar os indígenas para ouvi-los a respeito do uso desses chás. Disse ainda que também conversou com índios ianomâmis que tomaram chá também. De acordo com ele, houve três mortes nessa comunidade, sendo que todos eram idosos e, sem apresentar evidência, "com toda certeza deveriam ter comorbidade".

O governo Bolsonaro tem sido alvo de críticas e da investigação da CPI sobre possível desinteresse na aquisição de vacinas contra Covid-19 enquanto defendia o uso da cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.

Ainda assim, o presidente reforçou a sua defesa em favor da cloroquina, agora evitando falar publicamente o nome do medicamente. "Eu tomei aquele negócio que mostrei pra ema e no outro dia estava bom", disse.