domingo, 2 de maio de 2021

Governo publica MP que autoriza União a vender imóveis públicos por lote


Site de venda de imóveis públicos entra em funcionamento

Portal reúne imóveis dos 3 Poderes

Vendas pela plataforma VendasGov

Prédio abandonado do INSS na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, batizado 
de Ocupação Manuel Congo, é habitado por 42 famílias
Fernando Frazão/ Agência Brasil

PODER36002.maio.2021 (domingo) - 15h45

A plataforma VendasGov, site de compra de imóveis públicos, entrará em funcionamento a partir deste mês e expandirá o atual Portal de Venda de Imóveis da União ao permitir a unificação das ofertas da União, dos Estados e dos municípios.

Pessoas físicas e jurídicas que possuem conta de login no Portal Gov.br poderão visualizar os imóveis e participar das licitações. Pela plataforma, será possível realizar a visualização das propriedades, publicidade dos editais, recebimento das propostas e declaração do vencedor na sessão pública.

Com o novo sistema, os interessados não precisarão deslocar-se a outra cidade para participar dos leilões, visto que todas etapas da concorrência pública serão de forma digital. Imóveis que pertencem a fundações, autarquias e empresas estatais estarão disponíveis para compra.

O sistema foi desenvolvido pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) em parceria com a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União do Ministério da Economia.

Segundo os desenvolvedores, a ferramenta aumentará a concorrência nos lances, pois concentra os bens de todos os entes em um único ambiente e, assim, aumenta a visibilidade das licitações.
META

A venda dos ativos é uma das prioridades da equipe econômica. A meta da SPU (Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União) é monetizar R$ 110 bilhões em imóveis da União até 2022. O valor das vendas, se concretizado, ficará longe da meta estipulada pelo ministro Paulo Guedes no início do governo Bolsonaro, de R$ 1 trilhão.

Reino Unido planeja vacinar adolescentes para assegurar aulas presenciais

Mira jovens de 12 a 16 anos. Ano letivo começa em setembro

PODER360, 02.maio.2021 (domingo) - 16h01
 O premiê Boris Johnson em sala de aula de crianças. As aulas presenciais foram 
retomadas no fim de marçoAndrew Parsons/No 10 Downing Street

O Reino Unidos planeja incluir jovens de 12 a 16 anos na campanha nacional de vacinação. O objetivo é assegurar que o próximo ano letivo, que começa em setembro, não tenha as aulas presenciais suspensas por casos de covid-19. A aplicação seria feita com a vacina da Pfizer/BioNTech.

No fim de março o governo britânico autorizou a reabertura das escolas, principalmente de ensino infantil, na 1ª etapa do processo de reabertura do país. O movimento foi proporcionado pelo sucesso da imunização no Reino Unido, 2ª mais avançada do planeta em termos proporcionais.

Além disso, os britânicos recebem testes rápidos de covid-19 toda semana, podendo realizar em si mesmos. A taxa de mortes diárias não ultrapassa 40 há semanas.

O empecilho para a estratégia do primeiro-ministro Boris Johnson é a autorização emergencial para adolescentes. Hoje, só pessoas a partir de 17 anos podem ser vacinadas contra a covid-19. Nenhum país concedeu a permissão em jovens. Os Estados Unidos já pediram a autorização com a vacinada Pfizer. A União Europeia – no qual o Reino Unido não faz mais parte – entregará os documentos nesta semana.

As informações são do jornal The Times.

Como está Serrana, a cidade quase toda vacinada?

Ao todo, 95,7% da população-alvo foram vacinados em Serrana

Correio Braziliense/Agência Estado, 02/05/2021 08:45
  (crédito: AFP / NELSON ALMEIDA)

O que aconteceria se mais da metade de uma população fosse imunizada contra a covid-19? A pouco mais de 300 km de São Paulo, a cidade de Serrana foi escolhida para responder a essa pergunta. A vacinação em massa começou em 17 de fevereiro e foi concluída no dia 11 de abril, com a aplicação das duas doses da Coronavac. Nos dias 8 e 9 de abril, o Estadão esteve lá para ouvir moradores. Entre as expectativas estavam o desafogo do sistema de saúde, a retomada da economia, a volta da vida social e dos estudos - além da esperança em dormir mais tranquilo.

Ao todo, são 27.160 mil moradores imunizados - o equivalente a 95,7% da população-alvo na cidade, de 45.644 mil habitantes. "Essa adesão mostra a vontade de viver da nossa população", diz Leila Gusmão, vice-prefeita e secretária de Saúde.

O Projeto S, uma referência ao vírus Sars-CoV-2 e à cidade, começou em meio a uma crise. "Em 2020 (após um surto de covid que atingiu idosos e funcionários de um asilo), fizemos um inquérito epidemiológico para avaliar a transmissão do coronavírus, além do Censo da Saúde para mapeá-la", diz ela. Foi quando começou a parceria com o Instituto Butantan.
Com as informações, concluiu-se que 8,75% da população tinha tido contato com o vírus e 5% estava com o vírus ativo, infectando outras pessoas. "Essa foi uma das taxas mais altas entre todas as cidades do Estado que fizeram o inquérito", diz Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do Projeto S.

Ao se pensar o projeto, outros atrativos locais foram o fato de a cidade ser pequena, ter hospital estadual e funcionar como dormitório para aproximadamente 20 mil pessoas que trabalham em Ribeirão Preto. O grande fluxo intermunicipal foi visto como fator para medir a efetividade da vacinação.

Entre os já vacinados, há uma mescla de gratidão e alívio. "A sensação é muito boa, até porque nossa cidade foi privilegiada. A pandemia afetou um pouco os meus estudos e trabalho. Não só os meus, mas os de outras pessoas da minha família também", afirma o estudante Gabriel Talavera, de 21 anos.

Sem falar nos que se sentem satisfeitos só pelo fato de colaborarem com um possível avanço científico. Nos meses de outubro e novembro, carros contratados pela prefeitura anunciaram o Projeto S de casa em casa e identificaram os moradores que topariam aderir ao estudo como voluntários, caso houvesse a fabricação de vacina.

"Decidi participar voluntariamente desse projeto do Butantan porque os pesquisadores ainda estão estudando o coronavírus", ressalta o advogado Diego Braga, de 28 anos. "Fui vacinado contra a covid-19 na escola onde estudei. Tem coisas que ainda não sabemos muito bem, como os efeitos e as sequelas. Foi por livre e espontânea vontade, porque eu acredito na ciência, nos fatos e no SUS (Sistema Único de Saúde )."

Dia a dia

A rotina, porém, ainda está longe do normal. "Antes do coronavírus, estávamos sempre aqui na praça central, todo dia. Por causa da pandemia, estamos ficando um pouco mais em casa. Às vezes, passo dois ou três dias sem vir. Temos medo do vírus, porque vimos o que ele andou aprontando por aí", afirma Aparecido Donizzete Pedro, de 62 anos, um daqueles definidos no Estado para o grupo prioritário de vacinação.

Há ainda uma rotina igual a de outras cidades sem imunização: o respeito aos protocolos e às máscaras. "Quando todos estiverem imunizados, quero tirar essa máscara. Mas acho que ainda vai demorar um tempo, porque não adianta eu estar imunizado e acabar transmitindo para outra pessoa que ainda não se vacinou contra a covid-19", diz o mecânico pneumático Guilherme Costa, de 33 anos, cujo serviço caiu bastante na pandemia. "O que custa participarmos? Conseguimos tomar a vacina de graça. Acho que não vai fazer mal, só nos ajudar."

Com a paralisação da economia, muitos precisaram de ajuda para se manter. "Eu trabalho em um carrinho de pipoca no Novo Shopping, em Ribeirão Preto. Está fechado, sem ninguém trabalhando. Estou parada, mas os patrões estão pagando uma parte para nós", relatou a atendente Arlete Neres Nogueira, de 36 anos.

E os patrões também sentiram a situação. "Com exceção de supermercados, farmácias e postos de gasolina, o comércio todo sofreu muito. Fizemos de tudo para segurar funcionários", diz o comerciante José Antônio Issa, de 59 anos. "Para ajudar nos custos, participamos do programa do governo de suspensão de contratos. Comprávamos o que era necessário, mas foi difícil."

Resultados

Concluída a vacinação, os pesquisadores avaliam agora seu impacto na redução de casos graves, na mortalidade, nas internações e na transmissão do vírus em Serrana. Segundo Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do estudo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), resultados preliminares começarão a ser divulgados no meio deste mês pelo Instituto Butantan.

Mas eles já começam a ser notados pelos moradores. "Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendemos todos os casos de síndrome gripal com diagnóstico ou suspeita de covid-19. A única mudança é na procura: já podemos observar queda na quantidade de pessoas que procuram a UPA. Os casos graves também caíram consideravelmente. Não tivemos nenhum paciente intubado nas últimas semanas", diz o médico Angel Dario Ariza.

Direita neoliberal já trabalha com hipótese de Bolsonaro nem ir para o segundo turno em 2022

Para articular de candidatura dita "de centro", o governo federal é como um avião que perdeu altura e não tem motor para arremeter

Brasil 247, 2/05/2021, 13:22 h Atualizado em 2/05/2021, 13:46
  Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O articulador de uma candidatura de direita já avalia que, com a CPI da Covid, Bolsonaro pode nem chegar ao segundo turno das eleições de 2022.

É o que diz a coluna do Estadão, que chama essa candidatura de “centro”, que, como se sabe, é o nome que a direita envergonhada dá a uma uma terceira candidatura competitiva em 2022 — Lula é nome certo no segundo turno, caso se candidate e não vença no primeiro turno.

"A preço de hoje, a CPI da Covid deverá ter impacto imobilizador no governo se escancarar erros e omissões no combate à pandemia, avaliam os políticos mais rodados de Brasília. Em um cenário de inflação crescente e postos de trabalho fechados, vai se consolidando o sentimento de que Jair Bolsonaro pode enfrentar dificuldades de chegar ao segundo turno em 2022, algo inimaginável até bem pouco tempo atrás. No centro partidário, presidenciáveis já se movimentam com base nesse novo cenário, o de enfrentar Lula na fase decisiva da eleição”, diz a nota.

O tal articulador diz que o governo é um avião perdendo altitude e sem motor para arremeter: gastou mal no passado e agora não tem “motor” para alavancar Bolsonaro.

A definição de centro torna-se a cada dia mais elástica: Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Luciano Huck (sem partido), João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB). Aliás, o grupo de WhatsApp desses presidenciáveis já foi pro brejo.

Todos esses nomes hoje trabalham para a direita.

Segundo a coluna, o governador Renato Casagrande (PSB-ES) passou a ser cotado como novo presidenciável.

Altman: eleição entre Lula e Bolsonaro coloca um dilema para a Casa Branca

O jornalista avaliou em entrevista à TV 247 que a Casa Branca enfrentará uma encruzilhada nas eleições presidenciais brasileiras, já que, por um lado, Bolsonaro é completamente “disfuncional” e, pelo outro, Lula se mostra intransigente em defesa de suas políticas. “Podem começar a pressionar ambos, como alguns porta-vozes começam a fazer, para tentar arrancar compromissos do interesse da geopolítica dos Estados Unidos”. 

Brasil 247, 30/05/2021, 16:50 h Atualizado em 30/05/2021, 17:27
   (Foto: Divulgação)

O jornalista Breno Altman, em entrevista à TV 247, avaliou a estratégia da Casa Branca para as eleições presidenciais brasileiras em 2022. Para ele, apesar de não serem simpáticos a Lula, os Estados Unidos devem tentar estabelecer um pacto com o petista como forma de conter a “disfuncionalidade” de Jair Bolsonaro.

“Qual será a opção do Biden? Bolsonaro ou Lula? Não há nenhuma simpatia da Casa Branca por Lula, zero simpatia. Eles participaram diretamente dos movimentos políticos que levaram ao golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff e na construção da Lava Jato. Tiveram um papel de destaque em todo esse processo do chamado lawfare. E quando digo ‘eles’, não falo dos republicanos de Trump que foram ao governo apenas a partir de 2017, mas exatamente do próprio Biden, que era vice-presidente do Obama”, disse o jornalista.

Altman destaca que, sob o ponto de vista da Casa Branca, se estabelece um dilema: “O problema é que Bolsonaro se transformou num presidente muito disfuncional. A Casa Branca diante de um cenário no qual a terceira via não possa se estabelecer, ela vai fazer a seguinte pergunta: com qual dos dois é mais fácil estabelecer limites? É mais fácil controlar e enquadrar o Bolsonaro, ou tentar estabelecer um pacto com o Lula e o PT? Essa é a questão que vai estar posta na Casa Branca”.

“Há uma questão que não pode ser desconsiderada, de que, evidentemente, o Bolsonaro é um personagem que não é levado a sério, no sentido de que não é possível estabelecer compromissos e acordos com ele. Eles aprenderam essa lição. Acredito que numa situação como essa, a Casa Branca vai estar numa encruzilhada complicada. Podem começar a pressionar ambos, como alguns porta-vozes começam a fazer, para tentar arrancar compromissos do interesse da geopolítica dos Estados Unidos”, avaliou.
Pressão externa

Altman considera que a manutenção dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos vai contra as ideias de Lula e que, para contê-lo, será necessário criar um clima de grande pressão externa: “O que isso quer dizer? Estabelecer um clima político onde dizem, ‘não temos nada contra o Lula, mas se ele ganhar e não fizer uma política pró-Venezuela, nós podemos trabalhar juntos’, ou, ‘se Lula ganhar, mas não resolver reestatizar os ativos da Petrobras que foram vendidos no último período, podemos trabalhar juntos’, ou, ‘se Lula ganhar, mas não brigar com as autoridades financeiras internacionais, especialmente o Fundo Monetário Internacional, podemos trabalhar juntos’, ou, ‘se Lula ganhar, mas for bastante moderado na construção dos BRICS e nas alianças com a Rússia e China, podemos trabalhar juntos’. Podem começar a exercer uma pressão grande sobre a candidatura do Lula para tentar estabelecer algum pacto”.

Militares articulam saída política para 2022, falam em impeachment de Bolsonaro e criação de “terceira via”

Generais críticos a Bolsonaro articulam uma “terceira via” para as eleições de 2022 e não descartam impeachment

Brasil 247, 2/05/2021, 06:36 h Atualizado em 2/05/2021, 10:52
  (Foto: ABr)

Em ampla reportagem, o jornalista Vasconcelo Quadros, da Pública, descreve o ambiente de ebulição política entre militares críticos ao governo Bolsonaro. Esses militares querem uma terceira via eleitoral em 2022 e não descartam o impeachment do atual ocupante do Palácio do Planalto.

"Em 27 meses no cargo, o general Hamilton Mourão construiu uma trajetória bem diferente da dos vices nos últimos 60 anos. Ele tem atribuições de governo e comanda efetivamente nichos importantes da política ambiental e de relações exteriores. É, por exemplo, mediador de conflitos com a China, processo iniciado com um encontro com o presidente do país, Xi Jinping, em 2019, restabelecendo a diplomacia depois de duros ataques feitos por Jair Bolsonaro ainda na campanha".

"Mourão esforça-se para não parecer que conspira, mas é visto por militares e especialistas ouvidos pela Agência Pública como um oficial de prontidão diante de uma CPI que pode levar às cordas o presidente Jair Bolsonaro pelos erros na condução da pandemia".

" 'Como Bolsonaro virou um estorvo, os generais agora querem colocar o Mourão no governo', diz o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza, um dos poucos oficiais das Forças Armadas a criticar abertamente o grupo de generais governistas que, na sua visão, “dá as ordens” e sustenta o governo de Bolsonaro."

"Ex-assessor especial do general Carlos Alberto Santos Cruz na missão de pacificação no Haiti, Jorge de Souza está entre os militares que enxergam o movimento dos generais como uma aposta num eventual impeachment e ascensão de Mourão – que, por sua vez, tem fechado os ouvidos para o canto das sereias."

" 'Mourão jamais vai ajudar a derrubar Bolsonaro para ocupar a vaga. O que ele pode é não estender a mão para levantá-lo se um fato grave surgir. Honra e fidelidade são coisas muito sérias para Mourão”, diz um general da reserva que conviveu com o vice-presidente, mas pediu para não ter o nome citado."

"A opção Mourão é tratada com discrição entre os generais que ocupam cargos no governo. Três deles, Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), formam o núcleo duro fechado com o presidente. Os demais, caso a crise política se agrave, são uma incógnita. Mas são vistos como mais acessíveis à influência dos generais da reserva que romperam com Bolsonaro e articulam a formação de uma terceira via pela centro-direita".

Miriam Leitão diz que Lula é inocente e rejeita a teoria dos "dois extremos"

Colunista do Globo afirma que o ex-presidente joga dentro do campo democrático e é inocente, enquanto Jair Bolsonaro é um extremista de direita que ameaça a democracia

Brasil 247, 2/05/2021, 06:39 h Atualizado em 2/05/2021, 06:46
  (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução)

A jornalista Miriam Leitão publica artigo neste domingo, em que rejeita a tese criada pela direita tradicional brasileira, que se apresenta como "centro", de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro seriam dos "dois extremos" da política brasileira. "Na disputa entre Lula e Bolsonaro não há dois extremistas. Há um: Bolsonaro. O centro deve procurar seu espaço, seu programa, seu candidato, ou seus candidatos, porque o país precisa de alternativa e renovação. Mas não se deve equiparar o que jamais teve medida de comparação. O ex-presidente Lula governou o Brasil por oito anos e influenciou o governo por outros cinco. Não faz sentido apresentá-lo como se fosse a imagem, na outra ponta, de uma pessoa como o presidente Jair Bolsonaro", escreve a jornalista.

"O PT jogou o jogo democrático, Bolsonaro faz a apologia da ditadura", lembra Miriam. "Em dois anos e quatro meses, Bolsonaro superou as piores expectativas. Na pandemia, ele mostrou seu lado mais perverso. A lista é longa. Deboche diante do sofrimento alheio, disseminação do vírus, criação de conflitos, autoritarismo. O país chegou ao número inaceitável de 400 mil mortos com um presidente negacionista ameaçando usar as Forças Armadas contra a democracia."

A colunista também lembra que Lula, mantido como preso político por 580 dias a partir de uma reportagem do Globo, é um inocente. "As decisões recentes do Supremo Tribunal Federal tiraram as penas que recaíram sobre Lula e ele tem dito que foi inocentado. Tecnicamente sim, porque não é mais um condenado pela Justiça", afirma.

Machismo teve papel destacado no golpe contra Dilma, aponta livro lançado nos EUA

A então presidente procurou empoderar as mulheres em seu governo, muitas sem filiação partidária, e, com isso, desagradou a classe política

Brasil 247, 2/05/2021, 12:49 h Atualizado em 2/05/2021, 12:52
  Dilma Rousseff e Michel Temer (Foto: Ederson Casartelli/247 | Reuters)

O livro “Women’s Empowerment and Disempowerment in Brazil: The Rise and Fall of President Dilma Rousseff” (empoderamento e desempoderamento das mulheres no Brasil: ascensão e queda da presidente Dilma Rousseff), lançado nos EUA, atribui ao machismo papel destacado no golpe contra Dilma Rousseff.

Para os autores da obra, Pedro A. G. dos Santos e Farida Jalalzai, a ascensão da petista à Presidência despertou uma reação desvairada que buscava não apenas tirá-la do poder, mas também enfraquecer a participação de mulheres na política, o que contribuiu para o retrocesso do combate às desigualdades nos governos seguintes.

Santos fazia pesquisa no Brasil para o seu doutorado durante a campanha eleitoral de 2010, enquanto Jalalzai já vinha estudando as experiências de mulheres em cargos executivos — inclusive Hilary Clinton.

Juntos, eles combinam uma compreensão da burocracia institucional do governo brasileiro com uma perspectiva nítida das relações de gênero no âmbito político.

Os autores examinam duas questões principais no livro. Primeiro, como Dilma usou o seu poder para fortalecer o papel das mulheres na política brasileira. Segundo, como a questão de gênero impactou o seu governo e o processo de impeachment que a derrubou — observou Andre Pagliarini, em artigo na Folha.

Pagliani é professor de história da América Latina moderna no Dartmouth College, em Hanover (New Hampshire, EUA).

Segundo ele, os autores do livro concluíram que o empoderamento das mulheres — o processo de fornecer a elas mais poder decisório sobre políticas públicas— oferece benefícios para a sociedade como um todo.

“Embora alguns possam estar convencidos de que empoderar as mulheres é um jogo de soma zero,” sustentam os autores, “sabemos que empoderar as mulheres empodera todos nós”.

Uma lição infeliz que sobressai do estudo, contudo, é a fragilidade de avanços na área de representatividade de gênero na política.

Existem ao menos três maneiras para julgar até que ponto uma mulher na Presidência serve para empoderar as mulheres em geral na política, de acordo com os autores. A primeira e mais direta passa por uma análise de suas nomeações.

Como reparam Santos e Jalalzai, “os chefes do Executivo possuem maior capacidade que os legisladores e membros individuais do gabinete para influenciar a composição de gênero das instituições políticas e as prioridades políticas”.

Santos e Jalalzai lembram que Dilma tanto insistiu em empoderar mulheres que acabou sacrificando possíveis apoios políticos. Nomeou dez mulheres sem filiação partidária, oito do PT e apenas uma de outro partido (Kátia Abreu, então no PMDB, hoje no Progressistas) para chefiar ministérios em seu governo.

Os autores especulam que, dada a percepção de que mulheres são menos suscetíveis à corrupção que homens, aumentar o número delas no governo à medida que escândalos de corrupção surgissem tinha uma certa lógica política.

Santos e Jalalzai ressaltam também a complexidade do sistema de coalizões que sustentam o presidencialismo brasileiro, notando que, nos governos Lula e Dilma, mulheres foram nomeadas quase que exclusivamente para ministérios controlados pelo PT depois de negociações com partidos de sustentação do governo ou para ministérios bem próximos ao presidente (Secretaria de Relações Institucionais e Casa Civil, por exemplo).

Se a presidenta priorizasse menos a questão de gênero, poderia ter distribuído esses cargos entre os fisiologistas de plantão em troca de um aval político, que acabou se dissipando. Os resultados para o seu governo foram catastróficos, mas não parece apropriado culpá-la inteiramente por isso.

Lula no 1º de maio: “já reconstruímos o Brasil uma vez e vamos reconstruir de novo”

Em pronunciamento no Dia dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula lamentou as mais de 400 mil mortes na pandemia e os retrocessos do governo, mas diz ter confiança de que o País vai dar a volta por cima. "Nós já construímos uma vez esse Brasil. E juntos vamos construir de novo", afirmou Lula. 

Brasil 247, 1/05/2021, 17:40 h Atualizado em 1/05/2021, 17:43
   Ex-presidente Lula se dirige aos trabalhadores neste 1º de Maio (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dirigiu aos trabalhadores e trabalhadoras neste sábado, 1º de Maio. Lula defendeu que, apesar das mais de 400 mil mortes pela pandemia e dos mais de 14 milhões de desempregados no País, este Dia do Trabalhador seja de esperança.

"Nós já provamos que existe outro jeito de governar. Que é possível garantir a cada trabalhador e a cada trabalhadora o salário digno, a segurança da carteira assinada, o 13º, as férias remuneradas para descansar ou viajar com a família", disse Lula.

"É preciso acreditar que o Brasil pode voltar a ser um país de todos. Com geração de empregos, salários dignos e direitos reconquistados. Com saúde e educação públicas de qualidade. Um país de livros em vez de armas, de respeito ao meio ambiente e às minorias, do amor em vez do ódio", acrescentou o ex-presidente.

Leia o pronunciamento do ex-presidente Lula:


“Minhas amigas e meus amigos.

Este é um 1º de maio triste para os trabalhadores e as trabalhadoras do nosso país.

Um dia de luto.

Pelas 400 mil vidas perdidas por conta do covid-19, muitas delas porque o governo Bolsonaro se recusou a comprar as vacinas que lhe foram oferecidas.

Pelos 14 milhões de desempregados, vítimas de uma política econômica que enriquece os milionários e empobrece os trabalhadores e a classe média.

Pelos 19 milhões de brasileiros que estão hoje passando fome, abandonados à própria sorte por esse desgoverno.

Mas o que eu mais desejo, de coração, é que este Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras seja também um dia de esperança.

Sabemos o tamanho do nosso desafio. Nosso país está sendo devastado pelo governo do ódio e da incompetência. Mas sabemos também a nossa força.

Num passado muito recente, fomos capazes de construir juntos um novo Brasil, que o atual governo se esforça todos os dias para destruir.

O pleno emprego, conquistado pelos nossos governos, deu lugar a uma taxa recorde de desemprego e desalento.

Além dos 14 milhões de brasileiros desempregados, 6 milhões desistiram de procurar trabalho, porque sabem que não vão encontrar. 38 milhões estão subempregados,sobrevivendo de bicos. São, ao todo, 58 milhões de trabalhadores sobrevivendo em condições precárias.

Ao número recorde de desempregados, somam-se mais de 4 milhões de brasileiros que trabalham na informalidade, para aplicativos.

São na maioria jovens que arriscam as vidas no trânsito das grandes cidades, trabalhando até 14 horas por dia, sem qualquer direito ou proteção social: sem 13º, férias, descanso semanal, previdência, afastamento remunerado em caso de acidente de trabalho.

Enfrentam jornadas estafantes e perigosas para enriquecer patrões invisíveis, os bilionários donos dos aplicativos, que se recusam a reconhecer e a honrar seus direitos trabalhistas.

Mesmo assim, em plena pandemia, o governo nega ao povo um auxílio emergencial de 600 reais, para que ele seja capaz de suprir suas necessidades básicas.

Meus amigos e minhas amigas.

Nos últimos anos, andamos para trás.

A economia brasileira encolheu, e é hoje 7% menor do que em 2014.

Já estivemos entre as sete maiores economias do mundo. Hoje descemos ladeira abaixo, ocupando a décima segunda colocação.

Entre 2015 e 2020, 37 mil indústrias fecharam as portas, o equivalente a 17 por dia. Sem qualquer apoio do governo, as micro e pequenas empresas, que geram 75% dos empregos formais, são as mais atingidas.

Como se não bastassem a incompetência e o descaso desse desgoverno, a operação Lava Jato destruiu setores estratégicos da nossa economia, sobretudo a construção civil e a cadeia produtiva de petróleo e gás, beneficiando empresas e governos estrangeiros.

Por conta da Lava jato, o Brasil perdeu 172 bilhões de reais em investimentos produtivos. Deixou de recolher na forma de impostos diretos quase 50 bilhões de reais.

O juiz, que teve sua parcialidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal, e os procuradores da chamada “força tarefa” são responsáveis também pela destruição de 4 milhões e meio de postos de trabalho.

Minhas amigas e meus amigos,

O Brasil, o povo, as trabalhadoras e os trabalhadores, as crianças, os jovens e os aposentados não deveriam estar passando por tanto sofrimento.

Minha indignação diante de tanta injustiça é muito grande. Mas ainda maior que a indignação é a minha confiança no povobrasileiro. Ele é maior do que essa gente que está destruindo nosso país. O Brasil vaidar a volta por cima. Não podemos perder a esperança.

Porque a primeira coisa que nossos inimigos tentam matar em nós é a esperança. E um povo sem esperança está condenado a aceitar migalhas, a ser tratado como gado a caminho do matadouro, como se não houvesse outro jeito.

Nós já provamos que existe outro jeito de governar. Que é possível garantir a cada trabalhador e a cada trabalhadora o salário digno, a segurança da carteira assinada, o 13º, as férias remuneradas para descansar ou viajar com a família.

É preciso acreditar que o Brasil pode voltar a ser um país de todos. Com geração de empregos, salários dignos e direitos reconquistados. Com saúde e educação públicas de qualidade. Um país de livros em vez de armas, de respeito ao meio ambiente e às minorias, do amor em vez do ódio.

Nós já construímos uma vez esse Brasil. E juntos vamos construir de novo.

Trabalhadores: lutar sempre, desistir jamais.”

Luiz Inácio Lula da Silva

Governo aciona tropa de choque na CPI da Covid para restringir depoimento de Mandetta

Com medo do que Mandetta vai dizer na CPI da Covid, Bolsonaro prepara operação para neutralizar efeitos políticos do depoimento do ex-ministro da Saúde

Brasil 247, 2/05/2021, 09:30 h Atualizado em 2/05/2021, 09:47
  (Foto: ABr)

Integrantes do grupo de trabalho do Palácio do Planalto admitem que estão promovendo um pente-fino na gestão do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, que será o primeiro a depor na CPI da Covid, na próxima terça-feira (4).

A ideia é restringir as perguntas feitas a Mandetta ao período em que ele esteve à frente da Saúde, para evitar, segundo governistas, que o ex-auxiliar se transforme em uma espécie de comentarista político de ações tomadas por Bolsonaro após sua saída do cargo. E colocar o ex-ministro na defensiva apontando erros que ele teria cometido no início da pandemia.

A força-tarefa montada no Palácio do Planalto para levantar dados a serem usados nas audiências mobiliza servidores da Casa Civil, da Secretaria de Governo, da Secretaria-Geral e da Secom (Secretaria de Comunicação), informa a Folha de S.Paulo​.

Mandetta foi demitido em 16 de abril de 2020, ainda no estágio inicial da pandemia. Mas seu desembarque ocorreu após cerca de um mês de desentendimentos com Bolsonaro, causados principalmente pela insistência do presidente em ignorar recomendações de isolamento social.