segunda-feira, 29 de março de 2021

Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica discutem renúncia coletiva do governo após demissão de Fernando Azevedo

A renúncia conjunta dos chefes das Forças Armadas seria algo inédito na história da República

Brasil 247,29/03/2021, 18:54 h Atualizado em 29/03/2021, 19:30
  Jair Bolsonaro durante Cerimônia Comemorativa do Dia do Exército, em 2019 
(Foto: Marcos Corrêa/PR)

Os comandantes Exército, Marinha e Aeronáutica estão discutindo no início da noite desta segunda-feira (29) uma renúncia conjunta aos cargos, como reação à saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

Segundo a jornalista Malu Gaspar, do Globo, o mais provável é que deixem seus postos ainda hoje. "Além de Edson Pujol, que o presidente Jair Bolsonaro disse hoje nos bastidores que demitiria, participam da reunião em local não revelado o comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, da Aeronáutica, Antônio Carlos Muaretti Bermudez. Ministros militares de Jair Bolsonaro também participam do encontro", diz a jornalista.

A renúncia conjunta dos chefes das Forças Armadas seria algo inédito na história da República.

Bolsonaro confirma mudanças em seis ministérios

Sofreram alterações a Casa Civil, a Secretaria de Governo, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Defesa, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores

Brasil 247, 29/03/2021, 18:59 h Atualizado em 29/03/2021, 20:38
Braga Netto, Anderson Torres, Luiz Eduardo Ramos, Flávia Arruda, Carlos 
Alberto Franco França e André Mendonça (Foto: Agência Brasil | Divulgação)

No início da noite desta segunda-feira (29), Jair Bolsonaro emitiu nota confirmando mudanças no comando de seis ministérios.

Na Casa Civil, sai o ministro Walter Braga Netto e assume o ministro Luiz Eduardo Ramos, que chefiava a Secretaria de Governo.

No Ministério da Justiça, assume o delegado federal Anderson Torres, substituindo André Mendonça, que volta para a Advocacia Geral da União.


No Ministério da Defesa entra Walter Braga Netto, no lugar de Fernando Azevedo e Silva.

O Ministério das Relações Exteriores, será comandado pelo embaixador Carlos Alberto Franco França.

Na Secretaria de Governo entra a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF).

Efetivamente, deixam o governo os ex-ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e José Levi (AGU).

Walter Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos e André Mendonça foram movidos entre pastas.

O delegado federal Anderson Torres, o embaixador Carlos Alberto Franco França e a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) são os novos integrantes do governo.

Ernesto Araújo pede demissão do cargo e vai para o lixo da História

Pior diplomata da história do Brasil, ele deixa o comando do Itamaraty depois de destruir a imagem do Brasil e sabotar a compra de vacinas

Brasil 247, 29/03/2021, 12:28 h Atualizado em 29/03/2021, 12:33
   Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (Foto: Divulgação)

Ernesto Araújo, o pior diplomata da história do Brasil, que sabotou a compra de vacinas e colocou o Itamaraty a serviço da extrema-direita internacional, acaba de pedir demissão do cargo. Com isso, o governo de Jair Bolsonaro perde mais um de seus nomes da "ala ideológica". A queda de Ernesto pode permitir que o Brasil volte a ter uma política externa minimamente autônoma e soberana, mesmo num governo entreguista como o de Bolsonaro.

A gota d'água para a demissão de Araújo foi seu ataque contra a senadora kátia Abreu, ao insinuar que ela e o Senado faziam lobby em favor do 5G chinês. A senadora emitiu nota demonstrando que o chanceler mentiu e é um "marginal". O próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi obrigado a afirmar que há "uma linha que não pode ser ultrapassada", sacramentando o isolamento de Ernesto Araújo no Senado.Uma reunião convocada por Ernesto Araújo para esta segunda-feira com toda a sua equipe foi vista como um encontro de despedidas.

Flertes com o fascismo

Durante sessão no Senado em 24 de março na qual o assessor Filipe Martins fez gesto de supremacistas brancos, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, usou uma frase altamente usada durante o primeiro regime fascista da história, a Itália de Benito Mussolini.O ministro mencionou a expressão em latim “Senatus Populus que Romanus” (SPQR), que quer dizer "o Senado e o povo". Apesar da expressão ter origem no Império Romano, não há consenso sobre seu uso expressivo durante este período. Por outro lado, durante a ditadura fascista de Mussolini, a sigla SPQR era extremamente comum, justamente porque passava a ideia central de ideologia fascista: a elite (do Senado romano) e a plebe unidas - isto é, a abolição de lutas entre classes sociais.

Pária mundial

A passagem de Araújo pelo Itamaraty foi marcada por ter levado o brasil a um isolamento sem precedentes no mundo, com o rompimento da política externa tradicional de protagonismo e não alinhamento aos blocos de poder por uma subserviência sem precedentes aos Estados Unidos, na verdade ao ex-presidente Donald Trump, e ao alinhamento do país nos fóruns globais aos segmentos fascistas e de extrema direita do mundo.

Reinaldo Azevedo: está em curso motim nacional das PMs contra os governadores

O jornalista Reinaldo Azevedo alerta que está em curso o início de um motim nacional das PMs, a mando de Bolsonaro, contra os governadores. A líder bolsonarista Bia Kicis, presidente da CCJ, já escancarou a estratégia na madrugada desta segunda-feira

Brasil 247, 29/03/2021, 08:13 h Atualizado em 29/03/2021, 09:35
   Reinaldo Azevedo (Foto: Ari Versiani/Ag.Ponto)

O jornalista Reinaldo Azevedo alertou para o que parece ser o início de um motim nacional das PMs contra a ordem e os governadoes. A líder bolsonarista Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, já escancarou a estratégia na madrugada desta segunda-feira (29), incitando os motins.

Azevedo postou em suas redes:

“Está em curso em todas as PMs incitamento contra a ordem. É a subversão bolsonariana. É preciso fazer investigar:

- c/ quem o PM andava falando?;

- que páginas visitava na Internet?;

- agiu sozinho ou foi incitado? ;


- quebrem-se já sigilos telefônico, temático e, sim, bancário”.

A deputada federal Bia Kicis, que preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, incitou um golpe da Polícia Militar contra o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Ela tentou transformar em herói o soldado que, durante um surto neste domingo (28), invadiu o Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador, e fez vários disparos para o alto, ameaçando e colocando em risco a vida de pessoas que transitavam no local (veja tuíte abaixo). O soldado foi atingido por outros PMs durante a operação para contê-lo, depois de atirar contra os colegas, e morreu no fim da noite.

O policial teve a morte confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA). Ele estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE) após ser baleado por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no início da noite. A morte foi confirmada às 22h41.

O PM foi atingido em pelo menos três regiões do corpo, incluído tórax e abdômen. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), às 18h35, o soldado afirmou que “havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou disparos contra as equipes do Bope”. Os policiais, então, dispararam dez vezes contra Weslei. “No momento que caiu ao chão ele iniciou uma série de disparos contra os policiais, que novamente tiveram a necessidade de realizar disparos, e, quando ele cessou a agressão, os policiais chegaram perto para utilizar o resgate”, declarou Capitão Luiz Henrique, o negociador.

O comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), major Clédson Conceição, afirmou que os policiais buscaram utilizar técnicas de negociação e impedir um confronto, mas que Weslei “atacou as equipes”. “Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", justificou. Conceição disse que tentaram fazer com que Weslei se estregasse, mas que “essa negociação alternava em picos de lucidez com loucura. Ele não falava coisas com sentido, estava bastante transtornado”.

Repórteres e cinegrafistas que estavam no local foram ameaçados por policiais, após Weslei ser baleado. Eles disparam para cima, para dispersar a imprensa - o momento foi capturado num vídeo. A PM não se manifestou a respeito até o fechamento da reportagem. Moradores do bairro acompanharam a ação e divulgaram vídeos da chegada do PM Weslei até ele ser baleado e socorrido pelo SAMU até o HGE.

O soldado Weslei era integrante da 72ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), de Itacaré, no sul da Bahia, e chegou à capital baiana na manhã deste domingo. Os primeiros disparos de fuzil de Weslei aconteceram na Avenida Centenário, próximo ao 5º Centro de Saúde Clementino Fraga, relataram testemunhas. A perseguição policial teve início no local até chegar ao Farol da Barra, por volta das 14h. Lá, Wesley desceu do próprio carro com um fuzil à mão. Pouco depois, começou a efetuar os disparos. Não há registro de outros feridos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ele teve um “surto psicológico”.
Bia Kicis

Acostumada em disparar fake news em suas redes, Bia transformou o agente, chamado Wesley Soares, que pertence à 72º Companhia Independente de Polícia Militar de Itacaré, num herói, omitindo fato de que a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o soldado apresentou um surto psicológico.

Com o rosto pintado de verde e amarelo, enquanto efetuava os disparos, Wesley gritava: "Eu, não vou deixar, não vou permitir, que violem a dignidade humana do trabalhador!".

Bia usou sua frase para construir um contexto falso de que o agente lutava contra o lockdown estabelecido pelo governo baiano. “Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia”.

Veja o tuítde da deputada de extrema-direita presidente da CCJ:

domingo, 28 de março de 2021

Cláusula de barreira será desafio para vários partidos, diz Jairo Nicolau

Cientista político alerta que as legendas terão de atingir 2% dos votos válidos para deputados federais, após irem mal nas eleições municipais

Por Matheus Leitão Atualizado em 18/12/2020, 10h26 - Publicado em 18/12/2020, 10h11
 
    O cientista político Jairo Marconi Nicolau durante palestra, no Rio 
Ale Silva/Futura Press

As eleições de 2020 mostraram que alguns partidos terão que trabalhar para melhorar seu desempenho na disputa de 2022 sob o risco de caírem na cláusula de barreira. A regra retira recursos do fundo partidário e propagandas em rádio e televisão das legendas que não têm o aproveitamento previsto em lei.


Para o cientista político Jairo Nicolau, atingir a cláusula de desempenho de 2% dos votos válidos para deputados federais – prevista para a próxima eleição – será um desafio para mais de uma dúzia de legendas. Na visão dele, a eleição municipal “mostra que a luz amarela acendeu para muitos partidos. Não só para as que estão abaixo de 2%, como para as que ficaram pouco acima”.

Como a coluna mostrou, siglas importantes como o PSOL, de Guilherme Boulos, a Rede, de Marina Silva, e o PCdoB, de Manuela D’Ávila, podem perder ainda mais espaço se não reverterem o resultado das disputas municipais.

Um gráfico divulgado por Jairo Nicolau em seu Twitter mostra que o PCdoB conseguiu apenas 1,7% dos votos para vereador em todo o país. O PSOL alcançou 1,6% dos votos e a Rede teve somente 0,7%.

Embora as eleições para prefeitos e vereadores não estejam inseridas na cláusula de barreira, elas são um sinal do que pode acontecer no futuro.

“Olhar a votação para vereador dá uma pista a respeito do enraizamento dos partidos em âmbito nacional. Mas temos que ter cuidado para extrapolar esses valores para eleições futuras”, alerta Jairo Nicolau.

Segundo determina a cláusula de barreira, a partir de 2022, só terão direito ao fundo partidário e às propagandas as siglas que obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou que elegerem pelo menos 11 deputados federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da federação.

“Pessoas vão morrer nas ruas em Porto Alegre”, alerta Nicolelis

Nicolelis caracteriza com terrível dramaticidade a dimensão da tragédia. “Porto alegre parece um foguete decolando … a curva era inclinada e agora ela é vertical”, relata Miola

Brasil 247, 28/03/2021, 15:35 h Atualizado em 28/03/2021, 16:36
  Miguel Nicolelis e cemitério em Manaus (AM) em meio à pandemia de coronavírus 
(Foto: Brasil 247 | REUTERS/Bruno Kelly)

Em entrevista ao Tutameia [22/3], o cientista Miguel Nicolelis traçou um quadro tenebroso sobre a catástrofe em curso na capital gaúcha Porto Alegre.

Nicolelis destacou a repercussão internacional da imagem das chaminés do crematório da cidade expelindo fumaça escura provavelmente devido à sobrecarga de queima de corpos com a consequente saturação de resíduos gerados.

Não por acaso, neste sábado [27/3] o jornal The New York Times disse que Porto Alegre é o coração de um colapso monumental do sistema de saúde.

Em menos de 5 minutos de diagnóstico, Nicolelis caracteriza com terrível dramaticidade a dimensão da tragédia. Ele começa dizendo que “Porto alegre parece um foguete decolando … a curva era inclinada e agora ela é vertical”.

“Não tem saída fora do lockdown, porque já explodimos”, afirmou Nicolelis. Em referência ao governador e também ao prefeito Sebastião Melo/MDB, ele questiona: “E o governador do RS quer abrir o comércio. Aí eu me pergunto: em que galáxia este senhor vive? Em que mundo paralelo ele vive?”

Ele faz um alerta: “as pessoas vão morrer nas ruas em Porto Alegre”, e associa a causa disso: “faz anos que o RS está nas mãos de administrações que só fizeram aumentar a miséria, moradores de rua, a falta de acesso à saúde; […] Porto Alegre está sofrendo um processo de decadência”

Nicolelis entende que a pluma de fumaça do crematório sinaliza uma realidade similar a “Los Ângeles [EUA], que o crematório teve de parar devido aos resíduos que estavam sendo espalhados pela cidade” devido ao trabalho excessivo de cremação de mortos.

Na visão dele, “está havendo colapso funerário. Começa a ter atraso nos enterros, atraso no manejo dos corpos, começa a se empilhar os corpos”.

Nicolelis também alerta que em consequência ao descontrole, “começa a ter este tipo de efeito colateral”.

“E de repente explode, e aí você corre o risco de epidemias bacterianas, tifo, contaminação do solo, do lençol freático, dos alimentos”, disse ele, arrematando: “Aí você pode esquecer, aí eu estou falando de anos, para reverter um troço desses, entendeu?”.

Não se trata de acidente, fatalidade ou de algum fenômeno inevitável, como Nicolelis mostra na entrevista [vídeo aqui]. Esta catástrofe sanitária, econômica e humanitária deriva da condução irresponsável dos governos no enfrentamento à pandemia.

Diante da previsão de que, a se manter esta condução irresponsável, pessoas poderão “morrer nas ruas em Porto Alegre”, o que faz o prefeito Sebastião Melo/MDB? Exorta as pessoas a morrerem para salvar a economia!

Jean Goldenbaum: “as pessoas perguntam aqui na Alemanha, ‘por que vocês são regidos por um governo nazista no Brasil?’”

“O Brasil é governado hoje por um governo neonazifascista. Todos os elementos estão aí, até a morte em massa, o genocídio está acontecendo”, alerta o membro do Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil. 

Brasil 247, 26/03/2021, 18:34 h Atualizado em 26/03/2021, 19:25
     Jean Goldenbaum e Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação)

Jean Goldenbaum, do Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil, em entrevista à TV 247, repercutiu o ato nazista feito pelo assessor de Jair Bolsonaro Filipe Martins durante sessão virtual no Senado Federal na última semana e não pestanejou em afirmar que “o Brasil é governado hoje por um governo neonazifascista”.

Segundo Goldenbaum, todos as características nazistas estão presentes no atual governo federal, até mesmo o genocídio, promovido por Bolsonaro por meio da pandemia de Covid-19 já que se omite e até mesmo atrapalha as ações de combate ao vírus. “Vejam só a coragem de um cidadão como esse [Filipe Martins] de fazer isso no meio de uma sessão oficial. Por que ele faz isso? Porque ele está seguro de que ele está dentro do sistema que compreende a ideologia dele. Não dá mais para falarmos em meias palavras. O Brasil é governado hoje por um governo neonazifascista. Todos os elementos estão aí, até a morte em massa, o genocídio está acontecendo. Quem morre mais nesse genocídio? Logicamente são os vulneráveis, os indígenas, negros, pobres. Existe um genocídio calculado”.

Morando na Alemanha, país onde Hitler executou milhões com uma política nazista declarada, Goldenbaum relata que cidadãos locais já percebem o autoritarismo e a discriminação praticada por Bolsonaro. “Aqui na Alemanha, berço de onde tudo aconteceu e que gerou um dos momentos mais horrorosos da história da humanidade, que meus avós passaram e tiveram que fugir para o Brasil, as pessoas me perguntam: ‘como pôde acontecer isso no Brasil? Por que vocês são regidos por um governo nazista?’. É claro para o povo daqui, que passou por tudo isso. É claro e evidente, e a gente precisa deixar isso claro para a população brasileira. Não podemos esperar que no ano que vem nós teremos eleições democráticas. Estamos lidando com um governo neonazista, e esse cara não vai largar o poder de mão beijada dessa forma. Não chamemos esse governo de outra coisa que não a verdade: é um governo neonazifascista e único no planeta”.

Rafael Valim: "o destino dos golpistas deve ser a cadeia"

Autor do livro Lawfare, em parceria com os advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins, o professor Rafael Valim defende que atores que tenham participado de golpes de estado sejam punidos na forma da lei

Brasil 247, 28/03/2021, 14:23 h Atualizado em 28/03/2021, 14:23
  Professor de Direito da PUC-SP Rafael Valim

O professor Rafael Valim, que é um dos autores do livro Lawfare: uma introdução, que aborda o uso de mecanismos judiciais para perseguições políticas e empresariais, concedeu uma entrevista à TV 247, voltada aos estudantes de direito, em que defendeu que o ex-juiz Sergio Moro, recentemente condenado pelo Supremo Tribunal Federal, e o procurador Deltan Dallagnol sejam punidos. Ao comentar o caso da ex-presidente boliviana Jeanine Añez, que chegou ao poder por meio de um golpe de estado, ele também defendeu sua punição. "O destino dos golpistas, em geral, deve ser a cadeia", afirmou.

Valim também denunciou a participação dos Estados Unidos na Lava Jato. “A operação foi um cavalo de tróia para subjugar o Brasil aos interesses dos Estados Unidos” afirmou. Valim declarou ainda que a "violência da lei é mais dissimulada do que a violência militar”, ao explicar que os golpes do presente são diferentes dos golpes do passado.

Na entrevista, ele denunciou o papel de ONGs internacionais em processos de lawfare.​ “ONGs internacionais, como a Transparência Internacional, devem ser investigadas”, diz ele. “Elas são usadas muitas vezes para camuflar interesses escusos”.

Ícone da Faria Lima, Luis Stuhlberger diz que errou em 2018 e que nunca mais vota em Bolsonaro

"Acreditei e votei no Bolsonaro em 2018, mas ele nunca mais terá o meu voto", diz o empresário Luis Stuhlberger, do Fundo Verde, um dos maiores do Brasil

Brasil 247, 28/03/2021, 06:15 h Atualizado em 28/03/2021, 08:14
  (Foto: Divulgação)

Os financistas da Faria Lima, em São Paulo, começam a abandonar o projeto neofascista de Jair Bolsonaro, que vem destruindo a economia, a saúde e a imagem do Brasil. O primeiro grande nome a assumir seu arrependimento é Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde. "Certamente, o Brasil foi o pior país do mundo na condução do combate à pandemia. Se fosse possível dois países terem regimes opostos nas políticas de combate à pandemia, eu diria que seriam a China e o Brasil", disse ele em entrevista à jornalista Cristiane Barbieri, publicada no jornal Estado de S. Paulo. O empresário atribui a mudança recente de Bolsonaro à entrada do ex-presidente Lula na cena política.

O gestor diz ainda que Bolsonaro, com sua incompetência, está impondo um custo gigantesco à economia brasileira. "O custo do atraso é tranquilamente de 1,5% a 2% de perda no PIB este ano, algo em torno de R$ 130 bilhões a R$ 140 bilhões. Se for somado ao custo do auxílio emergencial, pode-se falar numa perda de R$ 200 bilhões no ano. Era muito melhor ter gasto esse dinheiro em vacinas", afirma.

Ele também prevê um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. "Para mim, existe 90% de certeza de que o segundo turno no ano que vem será disputado entre Bolsonaro e Lula. Está longe, mas já se começa a pôr probabilidade no preço dos ativos, nos juros. Não se sabe qual Lula teremos em 2022: o do PT da última eleição, mais à esquerda, ou o de 2003 a 2008", afirma o empresário, que disse ainda não votará em Bolsonaro. "Nunca, na minha vida, votei em branco, porque sempre acho que existe um mal menor. Dessa vez, se for Bolsonaro contra Lula, vou ter de votar em branco, porque não há mal menor entre os dois. É um recado para o presidente, no sentido de que melhore, porque há muitas pessoas e eleitores que pensam como eu."

‘A conta do desastre Bolsonaro já chegou para a elite’, diz Paulo Nogueira Batista Jr.

“Não chegou da mesma maneira que chegou para o pobre, óbvio, porque as elites têm condições de se proteger mais. Mas todo mundo está correndo risco agora”, afirmou à TV 247 o economista em meio ao caos que vive o Brasil por conta da pandemia. Ele também comentou a provocação feita por Lula ao G20. 

Brasil 247, 26/03/2021, 18:26 h Atualizado em 26/03/2021, 18:32
   Jair Bolsonaro e Paulo Nogueira Batista Jr (Foto: Reuters | Brasil247)

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-vice-presidente do Banco dos BRICS, afirmou à TV 247 que as elites brasileiras já estão pagando o preço por terem apoiado a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018.

Com o desastre bolsonarista na condução da pandemia de Covid-19, mesmo os mais ricos não têm garantias de que conseguirão tratamento médico adequado caso contraiam a doença. A conta da eleição de Bolsonaro às elites, segundo o economista, “não chegou da mesma maneira que chegou para o pobre, óbvio, porque a classe média brasileira, as elites têm condições de se proteger mais. Mas todo mundo está correndo risco agora. Os hospitais da elite também estão com UTIs lotadas, falta de material, falta de pessoal, falta de insumos essenciais”. Ele também destacou o fracasso da política econômica de Bolsonaro, mais um fator que já faz a classe média se arrepender.

Para Paulo Nogueira Batista Jr., a elite achou que poderia controlar Bolsonaro após sua chegada ao Palácio do Planalto, assim como a direita alemã acreditou no passado que poderia controlar Adolf Hitler. “O pessoal da ‘escolha difícil’ achou que apoiando o Bolsonaro, evitaria o PT, e que acabaria conseguindo controlá-lo, algo muito semelhante ao que aconteceu na Alemanha em 1933, quando a direita tradicional apoiou a formação de um governo com Hitler na frente na expectativa de que conseguiria controlar aquele sujeito. O Bolsonaro se mostra incontrolável. Ele não permitiu o surgimento de nenhum superministro. O Bolsonaro é incontrolável. Eu não tenho a menor expectativa de que a gente possa enfrentar os problemas do país com esse sujeito na presidência. Quando é que a direita tradicional brasileira, essa que se autointitula ‘centro’, vai compreender isso? Vai compreender que o preço que eles vão pagar, também, mas sobretudo o povo mais pobre, a população em geral, é alto demais?”.

Lula e a convocação do G20

Paulo Nogueira Batista Jr. comentou ainda a provocação feita pelo ex-presidente Lula em entrevista à CNN norte-americana e depois ao jornal francês Le Monde aos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, e da Rússia, Vladimir Putin, para a convocação de uma reunião do G20 para acelerar a vacinação contra Covid-19 da população global.

Segundo o economista, Lula sabe da importância que o grupo teve na articulação da crise internacional de 2008 e tem consciência de que uma nova cooperação entre os países pode mitigar os efeitos da pandemia. “Essa sugestão do Lula foi muito interessante. Veja a sagacidade dele: falando com a CNN dos Estados Unidos, ele se dirigiu ao presidente Biden e disse a ele que está na hora de convocar uma reunião extraordinária do G20 para tratar exclusivamente do tema da vacinação, reconhecendo que esse problema da pandemia é um problema que transcende as fronteiras nacionais e exige a cooperação internacional. Poucos dias depois ele foi entrevistado pelo Le Monde e se dirigiu ao Macron também fazendo a mesma sugestão”.

“O Lula tem a memória do que foi o G20 na crise anterior, na grande crise internacional anterior a essa, de 2008 e 2009. Nesse contexto, o Lula teve um papel muito importante na transformação do G20, que já existia, em um foro presidencial, de líderes. Ele tinha uma relação boa com o George W. Bush, que era o presidente norte-americano naquele momento, e em diálogo com o Bush conseguiu que ele encampasse essa ideia de transformar o G20 em um foro de líderes, em substituição ao G7. Agora estamos enfrentando a segunda grande crise, e o G20 não tem tido papel visível. Então o Lula pensou: ‘por que o G20, que foi tão importante na crise anterior, não pode agora, em uma crise muito mais grave, atuar de maneira coordenada?’”, completou.