sábado, 6 de março de 2021

Depoimento de Meire Poza causou espanto na Lava Jato no Telegram: “que p… é essa?”

"As trocas de mensagens pelo Telegram que os procuradores da Lava Jato faziam entre si demonstram a contrariedade deles quando souberam que o procurador regional da República em São Paulo, Osório Silva Barbosa Sobrinho, ouviu o depoimento de Meire Bonfim da Silva Poza. Ela se denominava “informante infiltrada” na força-tarefa", escreve Marcelo Auler

Brasil 247, 6/03/2021, 12:20 h Atualizado em 6/03/2021, 13:17
   Meire Bonfim da Silva Poza (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Por Marcelo Auler, em seu blog

As trocas de mensagens pelo Telegram que os procuradores da Lava Jato curitibana faziam entre si demonstram claramente a contrariedade deles quando souberam que, a pedido do editor deste BLOG, o procurador regional da República em São Paulo, Osório Silva Barbosa Sobrinho, em 30 de maio de 2016, ouviu o depoimento de Meire Bonfim da Silva Poza. Ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, ela se denominava “informante infiltrada” na Força Tarefa do Paraná e como tal revelou no depoimento ilegalidades das quais participou e/ou presenciou (leia o depoimento ao final).

Em 1 de junho, quando noticiamos o depoimento oficial da ex-contadora que desde abril de 2014 repassava informações a policiais federais e membros do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba – Enfim, a contadora e informante infiltrada da Lava Jato foi ouvida oficialmente – o procurador identificado no Telegram como Paulo (provavelmente Paulo Galvão, do MPF do Distrito Federal) mostrou-se surpreso:

“Meire ouvida por Osório??? Que p… é essa?“.
De “testemunha infiltrada” a ré condenada

A surpresa pode estar relacionada ao fato de que a Força Tarefa curitibana – através do Delegado de Polícia Federal (DPF) Marcio Anselmo Adriano e do Agente de Polícia Federal (APF) Rodrigo Prado -, depois de explorar a ex-contadora, extraindo dela informações e documentos relacionados às atividades dos doleiros, em especial Youssef, não lhe ofereceu qualquer garantia ou benefícios por conta de seu envolvimento nos casos que relatava.

Inicialmente ela aparecia nos processos como mera testemunha, inclusive do juízo, a pedido do então juiz Sérgio Moro, apesar de reconhecidamente ter ajudado a maquiar a contabilidade das empresas dos já na época réus da Lava Jato. Depois surgiu como ré. Em 2018 foi condenada, pelo mesmo Moro, a dois anos e três meses de prestação de serviços à comunidade pelo crime de lavagem de dinheiro.

Após merecer, durante 2014 e o início de 2015, um tratamento quase vip dos policiais federais – a esperavam no aeroporto em Curitiba, franqueavam o estacionamento da Superintendência quando ela viajava de carro e a acompanhavam pela cidade – Meire foi relegada e sentiu-se abandonada quando, aparentemente, já não tinha mais informações a repassar. Em meados de 2015, sentiu-se escanteada ao perceber que o WhatsApp pelo qual se comunicava com o delegado e o agente fora bloqueado pelos dois. Foi quando passou a dar entrevistas e até concedeu um depoimento ao ex-secretário nacional de justiça, Romeu Tuma Júnior, que o utilizou no livro “Assassinato de Reputações 2: muito além da Lava Jato.“

Em 30 de março de 2015 o pavor cresceu ao ver arder em fogo seu escritório na Avenida Santo Amaro, no bairro do Itaim-Bibi, zona Sul da capital paulista. Um incêndio com fortes suspeitas de ter sido criminoso. Em abril, quando pela primeira vez falou ao BLOG, Meire reclamava de ter sido usada e abandonada. Dizia-se amedrontada e entendia estar correndo risco de vida, assim como sua filha. Já intimada para depor como suspeita, ameaçou, junto com seu advogado à época, Haroldo Nater, pedir proteção policial e propor uma delação premiada, tal como noticiamos, em 30 de abril, em Quem com ferro fere… Força Tarefa da Lava Jato pode tornar-se alvo de delação premiada. Na mesma época a revista CartaCapital publicou a reportagem “Os segredos de Meire“, revelando a relação nada ortodoxa dela com a Força Tarefa de Curitiba.

Ilegalidades escondidas

Estas reportagens – do BLOG e da CartaCapital – começaram a despertar preocupação na chamada República de Curitiba, como se depreende de um comentário feito no Telegram, em 4 de maio, pelo procurador Paulo, que levou ao grupo o link da reportagem por nós publicada:


“pessoal, para reflexão… não estamos deixando correr solta demais essa história da Meire?” (sic)

Em seguida, ele acrescenta;

“Claro que ela não tem nada… praticamente nada, pq tem a historia da busca, que é meio esquisita mesmo… como não está repercutindo, talvez nem se manifestar mesmo… mas salvo engano foram três edições seguidas da carta capital já” (sic)

“A história da busca, que é meio esquisita”, na verdade foi mais uma ilegalidade que a Força Tarefa de Curitiba cometeu e que os próprios procuradores da República – os chamados fiscais da lei e também encarregados do controle externo da Polícia Federal – esconderam, certamente para não colocarem em risco o “sucesso” da Lava Jato.

No encontro do BLOG com Meire. em abril de 2016, ficou claro sua decepção, tal como descrevemos na matéria publicada em junho:

“Quando, na semana passada, nos encontramos pessoalmente com Meire, ela lamentou que todos que lhe procuraram ‘tiraram uma casquinha de mim e nada fizeram para me ajudar’. Falou dos seus receios e medos e da vontade de ter algum tipo de proteção.”

Diante disto é que, com a concordância dela, recorremos ao procurador Barbosa. A ideia era registrar oficialmente seu depoimento relatando a uma autoridade as histórias – e ilegalidades – que narrava à imprensa. Foi o que aconteceu e Barbosa, dentro dos seus limites de atuação, diante dos relatos feitos, encaminhou o depoimento àqueles que poderiam tomar alguma providência. O que desagradou seus colegas de Curitiba, tal como aparece nas conversas deles do Telegram.

“Fdp! Tem que tomar uma porrada da corregedoria”

Em 2 de junho, dia seguinte à nossa reportagem anunciando o depoimento oficial da ex-contadora, o mesmo procurador Paulo repassou uma mensagem do procurador Vladimir Aras, de Brasília, relatando as informações que Osório o tinha dado sobre o depoimento. Incluía ao menos uma ilegalidade por ela denunciada, tal como aparece na ilustração ao lado:

“Que Youssef emprestou dois milhões de dólares para Antonio Vieira, executivo do Banco Carregosa, de origem portuguesa, que desse valor ainda resta para Youssef receber 1,5 milhão de dólares. Que mesmo a depoente tendo alertado a polícia federal tais valores não foram objeto de busca para recuperação, estando a esperar Youssef após a sua soltura”.

É a transcrição de trecho do que ela disse no depoimento. Por si só isso demonstra que as conversas do Telegram não podem ser colocadas em dúvida. Refletem uma realidade, ainda que seus autores hoje tentem carimba-las como suspeitas.

Diante desta mensagem, o procurador Athayde (possivelmente Athayde Ribeiro Costa) não se conteve referindo-se a Barbosa: “Fdp“. Em seguida, acrescentou: “Tem que tomar uma porrada da corregedoria“.

A preocupação da Força Tarefa curitibana com as denúncias que a ex-contadora veiculava pela imprensa e depois relatou oficialmente a Barbosa fica aparente nas conversas do Telegram. Isto porque o procurador regional de São Paulo entendeu que deveria remeter o depoimento para diversos órgãos correcionais não apenas do MPF, como também da Polícia Federal. Foi o que levou os procuradores da chamada República de Curitiba a monitorarem onde cópia do depoimento chegava.

No dia 3 de junho, no mesmo Chat de conversas onde foram postadas as mensagens acima, a procuradora Jerusa Burmann Viecili anunciou aos colegas:

“Falei com Bla e não chegou nada do osorio no cnmp. Ficou de avisar quando acontecer” (sic). Em seguida, corrigiu “*Blal”.

Trata-se do procurador regional da República Blal Dallou, àquela época membro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Ainda que nada tenha de ilegal nessa comunicação da chegada do ofício, o fato em si mostra o “monitoramento” que a República de Curitiba fazia, provavelmente em busca de uma blindagem. Pelo jeito foram vitoriosos, pois jamais o que Meire falou chegou a ser investigado profundamente. Houve tentativas, mas tanto o MPF do Paraná como o próprio judiciário federal daquele estado impediram.

“Busca meio esquisita”: uma falsa operação

Ao longo das quatro horas em que esteve com o procurador regional Osório, assistida naquele ato pelo advogado Humberto Barrionuevo Fabretti, doutor em Direito, criminalista, professor de Direito Penal da Faculdade Mackenzie, em São Paulo, e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), Meire relatou algumas ilegalidades cometidas pelos policiais federais da Operação Lava Jato do Paraná na relação que mantiveram com ela. Como o caso da “busca meio esquisita”.

Na realidade, antes mesmo de saber da Operação Lava Jato curitibana, iniciada em março de 2014, a então contadora do doleiro Youssef procurou a Polícia Federal em São Paulo. Já amedrontada por ameaças – “Youssef disse à depoente que se ela desejasse ver a filha crescer deveria ficar quieta” – quis denunciar possíveis irregularidades, levando documentos, mas não encontrou interesse no delegado Otávio, da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros – Delefin. Ele a recebeu e ficou com a documentação, sem fazer qualquer registro. Ainda a aconselhou a destruir documentos que a incriminavam. Meire voltou a procurá-lo em abril. Foi quando soube da existência da operação então chefiada pelo Delegado de Polícia Federal (DPF) do Paraná Marcio Adriano Anselmo.

Lava Jato deixou para Youssef USD 1,5 milhão

O encontro com Adriano Anselmo e o APF Prado ocorreu em 29 de abril de 2014, na sede da PF de SP, ocasião em que “a depoente entregou as caixas que Valdomiro [N.R. Valdomiro de Oliveira, sócio de Youssef] havia deixado em seu escritório, sendo que eles as colocaram no interior de um veículo modelo Evoque de propriedade de Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras, àquela época preso pela Lava Jato], sem, contudo, fazerem qualquer relação ou auto de entrega do material“.

Um mês depois desse encontro informal, tal como consta do seu depoimento, “em 1º de julho de 2014, foi procedida uma busca e apreensão no escritório da depoente para ‘esquentar’ aquela documentação que ela havia entregue para o DPF Márcio e Rodrigo Prado no estacionamento da Polícia Federal, além de outros documentos que ela enviou ao longo do tempo para os policiais. Que nessa busca e apreensão o DPF Otávio estava presente acompanhado do agente Rodrigo Prado”.

Ou seja, forjaram uma apreensão. Praticaram uma fraude/falsificação. Com o conhecimento do Ministério Público Federal – aquele que deve ser o “fiscal da lei” e fazer o “controle externo da polícia” – sem qualquer providência. Apenas consideraram uma “busca meio esquisita”.

Não foi a única ilegalidade relatada pela ex-contadora no depoimento. Como se lê na ilustração acima reproduzindo parte da terceira pagina do depoimento, ela denunciou que a Lava Jato, apesar dos seus alertas, sequer tentou recuperar 1,5 milhão de dólares que Youssef tinha emprestado a Antônio Vieira, do banco português Caregosa. Algo a ser verificado, mas que novamente – segundo o relato dela – a Força Tarefa de Curitiba deixou de lado. O que lhe interessava era não comprometer a deleção premiada que o doleiro fez no final de 2014.

Uma espécie de repeteco do que ocorreu com o próprio Youssef, em 2003, quando ele prestou sua primeira delação premiada para o juiz Sérgio Moro, ainda no caso das remessas ilegais de divisas para o exterior através das contas CC5 do Banestado. Conforme já relatamos diversas vezes, inclusive em novembro de 2017 na postagem Enciclopédia do Golpe: PF e o viés político na Lava Jato e também no documentário “Sérgio Moro: a construção de um juiz acima da lei“, o doleiro, ao fazer a sua primeira delação premiada perante Moro tinha o compromisso de devolver à Justiça as verbas recebidas nas suas atividades no câmbio negro. Mas não o fez. Ficou com mais de 20 milhões de dólares.

“Ele arranjaria as provas”

Algo que, por si só, seria motivo de anularem a colaboração por ele feita. Mas Moro e o procurador Deltan Dallagnol, informados do caso pelo delegado Gérson Machado, como este mesmo relatou no documentário, nada fizeram. Deixaram-no livre, leve e solto, com dinheiro no bolso e sem concorrentes no mercado, pois ele mesmo havia denunciado um grande número de parceiros no mercado do dólar. Com isso, cresceu no negócio.

Mas não foi tudo. Meire também revelou métodos nada ortodoxos defendidos pelos membros da Força Tarefa curitibana. Como a proposta que recebeu do procurador da República Andrey Borges, durante um “café na sede do MPF na Rua Frei Caneca”, em São Paulo.

O procurador estava interessado em informações sobre o deputado Eduardo Cunha. Ela admitiu que sabia como Cunha operava no mercado e por intermédio de quem o fazia. Mas não tinha como provar, portanto, não poderia prestar o depoimento que Borges propunha pois, “se o fizesse o deputado teria razões para persegui-la“. Foi quando ouviu a sugestão dela prestar o depoimento e ele, procurador, “arranjaria as provas”. Meire então inverteu a proposta: “que ele arranjasse as provas primeiro e depois ela deporia“.

Portanto, já em 2016, as “instituições” receberam os relatos feitos pela antiga “informante infiltrada” na Força Tarefa do Paraná. Eram relatos de atos criminosos que, no mínimo deveriam ser averiguados. Demonstravam que em nome do combate à corrupção, o devido processo legal estava sendo atropelado. Logo, o próprio estado democrático de direito.

Apesar da iniciativa do procurado regional Barbosa, nada foi investigado. Não podiam colocar em risco a Operação Lava Jato que, na verdade, como sempre se disse, tinham um objetivo político a cumprir: evitar que o PT permanecesse no poder, onde chegou pelo voto direto e democrático. Conseguiram. Foram bem sucedidos. Hoje, em consequência direta disso, mais de 250 mil famílias choram a perda de seus entes e os demais brasileiros são vistos como párias do mundo. Uma ameaça sanitária para os demais países.

Depoimento de Meire Poza ao procurador regional Osório Barbosa


quinta-feira, 4 de março de 2021

STF atende Dino e manda Câmara votar ação que pode afastar Bolsonaro do cargo

O ministro Marco Aurelio Mello, do STF, atendeu a uma queixa-crime movida pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, contra Jair Bolsonaro e determinou que a Câmara deverá decidir se o Supremo deve ou não abrir processo contra o mandatário por crime contra a honra

Brasil 247, 4/03/2021, 20:59 h Atualizado em 4/03/2021, 21:05
   Flávio Dino e Jair Bolsonaro (Foto: GOVMA | Marcos Corrêa/PR)

Fórum - O ministro Marco Aurelio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a uma queixa-crime movida pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), contra o presidente Jair Bolsonaro e determinou que a Câmara dos Deputados deverá decidir se o Supremo deve ou não abrir processo contra o mandatário por crime contra a honra.

A acusação do governador é que Bolsonaro cometeu crime de calúnia ao dizer em entrevista à Jovem Pan que o governo do Maranhão se negou a fornecer aparato policial a uma visita do presidente ao estado, em 2020. Dino afirma que isso foi uma declaração falsa com o objetivo de atacá-lo.

Leia a íntegra na Fórum.

Áudio de Dallagnol relatando a outra procuradora conversa conspiratória com juíza Gabriela Hardt

Áudio divulgado pela defesa de Lula mostra o procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, relatando a outra procuradora, identificada como Isabel, um diálogo com a juíza Gabriela Hardt, demonstrando pressão para que ela sentenciasse o caso do sítio de Atibaia

Brasil 247, 4/03/2021, 14:49 h Atualizado em 4/03/2021, 17:12
    Deltan Dallagnol e Gabriela Hardt (Foto: ABr | Divulgação)

Do Conjur - Ao copiar parte da sentença que condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá e usá-la na condenação do processo sobre o sítio de Atibaia, a juíza substituta Gabriela Hardt atendeu a pressão dos procuradores lavajatistas de Curitiba para apressar o andamento do processo.

Essa é a tese encampada pela defesa do petista, em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira (4/3), no âmbito do processo que garantiu à defesa do ex-presidente o acesso à troca de mensagens entre autoridades, apreendida pela Polícia Federal.

Os diálogos mostram que o grupo de procuradores tinha receio de que o posto de titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, deixado por Sergio Moro, fosse assumido por algum juiz não alinhado à causa lavajatista. Assim, buscaram apressar o trabalho da juíza substituta, Gabriela Hardt.

Foi nesse contexto que os procuradores prepararam uma planilha de prioridades, que permitiria que ela julgasse primeiro o que mais interessasse ao grupo, como mostrou a ConJur. As conversas incluem mensagem de áudio em que o procurador Deltan Dallagnol relata uma visita ao gabinete da juíza que, segundo a defesa, serviu para pressioná-la Clique abaixo para ouvir.

A visita ocorreu em 10 de janeiro de 2019, três dias depois de a defesa de Lula entregar 1,6 mil páginas de alegações finais no processo sobre o sítio de Atibaia — que, por si só, contava com 110,2 mil folhas.

O caso do sítio foi apurado pelo grupo de procuradores junto do caso do tríplex do Guarujá desde o princípio, com instrução simultânea conduzida por Sérgio Moro. 27 dias depois de receber Deltan em seu gabinete, Hardt condenou Lula a 12 anos e 11 meses em sentença que copiava trechos da condenação do caso do tríplex, feita ainda por Moro.

Para a defesa de Lula, que defende no Supremo Tribunal Federal a suspeição do juiz Moro no caso do tríplex do Guarujá, essas mesmas irregularidades estão presentes no caso do sítio de Atibaia. Assim, precisam ser compreendidas dentro de um único cenário: o resultado dos dois processos estava pré-definido, sem a hipótese de julgamento justo e isento.

Os procuradores que atuaram na "lava jato" do Paraná na época divulgaram manifestação (íntegra ao final da notícia) afirmando que é "legítimo e legal que membros do Ministério Público despachem com juízes, como advogados fazem". Além disso, destacaram que a força-tarefa se preocupava mais com o processo sobre o Instituto Lula, que corria risco de prescrição, do que com o do sítio de Atibaia. Acrescentaram, ainda, que Hardt era a responsável pela sentença porque tinha atuado na fase de instrução; por isso, apenas cumpriu seu papel no caso do sítio. Por fim, reafirmam que não reconhecem a autenticidade do material divulgado.

Juiz coringa

O alerta acendeu para o grupo lavajatista quando Moro deixou a judicatura para assumir cargo no governo Bolsonaro, em 1º de novembro de 2018. Em 9 de janeiro, o procurador Antonio Carlos Welter informou aos colegas, em um chat, que havia se reunido com o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região para falar sobre a 13ª Vara Federal de Curitiba.

"Ele não sabe quem vem na remoção, torce para ser alguém com ‘perfil’ adequado, mas como a antiguidade é que vai definir, ele não pode fazer nada", relatou Welter.

No dia seguinte, 10 de janeiro, o grupo fez um mapeamento a partir da antiguidade para levantar as possibilidades quanto ao novo titular da vara federal. A grande preocupação era com o 6º mais antigo, Eduardo Vandré, que seria "péssimo" para as pretensões lavajatistas.

Deltan então propôs uma saída. "O risco é a posição 6, o Vandré. precisamos de um coringa, alguém que se disponha a vir até o número 5 e renuncie se o vandré não se inscrever." Na mesma data, o procurador contou aos colegas o resultado da visita que fez ao gabinete de Hardt.

O cargo hoje é ocupado pelo titular Luiz Antônio Bonat.

Leia a transcrição do áudio enviado por Deltan Dallagnol:
Isabel, falei com a Gabriela. A Gabriela, é..., perguntei dos casos né, perguntei primeiro do caso do sítio, se ela ia sentenciar. É, aí ela disse: “Olha, você está vendo isso aqui na minha frente?” – aí tinha uma pilha de papel grande na frente dela. Eh, eu falei: “Tô”. Ela falou: “O que você acha que é isso aqui?”. Aí eu sei lá, chutei lá qualquer coisa. Aí ela falou: “Isso aqui são as alegações finais do Lula”. É, que estão lá com umas 1.600 páginas. Aí ela falou: “Olha, tô tentando fazer isso aqui, tá todo mundo esperando que eu faça isso, mas tô aqui eu e o Tiago, e fora isso aqui - que é uma sentença – eu tenho mais 500 casos conclusos pra decisão. Que horas eu vou fazer isso aqui? Só se eu vier aqui e trabalhar da meia noite às seis. Tem todas as operações. Tem as prisões que vocês pediram. Tem isso, aquilo”. Então ela tá assim bem, bem, ela falou de um modo bem cordial, toda querida, com boa vontade, querendo fazer o melhor, mas ela tá bem, assim, bem esticada. Sabe? E aí ela disse que vai sentenciar o caso do sítio, mas o outro ela não tem a menor condição de sentenciar. E já abriu hoje o edital de remoção, hoje mesmo dia 10, e vai estar encerrado dia 22. Então isso aí, certamente vai ficar pro próximo juiz. É, se você tiver alguma ideia, alguma proposta pra fazer algo diferente, a gente precisaria ir lá conversar com ela, mas, assim, eu senti as portas bem fechadas pra isso. Parece bem inviável, mas se tiver alguma sugestão diferente vamos pensar juntos sim. Beijos”

Leia a resposta dos procuradores da República que integraram a força-tarefa "lava jato":
1. É legítimo e legal que membros do Ministério Público despachem com Juízes, como advogados fazem. Juízes têm obrigação de atender as partes e ouvir seus pedidos e argumentos, conforme previsto no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil e decidido pelo CNJ no pedido de providências 1465 e pelo STJ nos RMS 15706/PA, 13262/SC e 1275/RJ.

2. Existiu uma preocupação com a demora do julgamento dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o Instituto Lula, porque há nesse caso pessoas beneficiadas pela prescrição reduzida em razão da idade, como o ex-presidente Lula. A apresentação dessa preocupação à Justiça só demonstra zelo dos procuradores pelo interesse público. Por outro lado, a juíza Gabriela Hardt não sentenciou esse caso envolvendo o Instituto Lula. O caso, aliás, não foi sentenciado até hoje, correndo risco concreto de prescrição. Assim, ainda que o áudio tenha ocorrido da forma como apresentado, o que não se pode assegurar, só demonstra o zelo do Ministério Público e a independência e a imparcialidade da juíza.

3. Em relação ao caso envolvendo o sítio de Atibaia, a juíza Gabriela Hardt foi responsável por audiências de instrução e a lei determinava que ela sentenciasse o caso — de fato, conforme determina o § 2º do art. 399 do Código de Processo Penal, "o juiz que presidiu a instrução deverá proferir sentença". Como reza a lei, ela proferiu sentença. Assim, ainda que o áudio tenha ocorrido da forma como apresentado, o que não se pode assegurar, só demonstra o zelo pela correção do procedimento.

4. Os procuradores da República que integraram a força-tarefa Lava Jato reafirmam que não reconhecem o material criminosamente obtido por hackers que tem sido editado, descontextualizado e deturpado para fazer falsas acusações sem correspondência na realidade, por pessoas movidas por diferentes interesses que incluem a anulação de investigações e condenações.

Com desastre no Brasil, Bolsonaro fica estagnado e vê Lula se aproximar em ranking de popularidade digital

Segundo dados medidos pela consultoria Quaest, Bolsonaro tem 62,3 pontos de popularidade digital e Lula tem 55,9, uma diferença de apenas 6,4. “O que fez Lula voltar? Temas de comparação entre os preços na era Lula e agora”, explica professor da UFMG

Brasil 247, 4/03/2021, 18:51 h Atualizado em 4/03/2021, 19:13
    (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

Para além dos altíssimos preços dos combustíveis e do desastre na condução da pandemia e da vacinação contra Covid-19, Jair Bolsonaro tem agora uma nova derrota: enquanto se mantém estagnado no ranking de popularidade digital medido pela consultoria Quaest, o chefe do governo federal vê o ex-presidente Lula se aproximar de sua posição.

A Quaest avalia o desempenho de personalidades políticas brasileiras nas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Wikipedia e Google.

Em uma escala de 0 a 100, sendo que 100 representa o máximo de popularidade, Bolsonaro tem 62,3 pontos no ranking, na liderança da lista. Lula, por sua vez, apresentou crescimento nos últimos meses e, agora, tem 55,9 pontos. Com uma diferença de 6,4 pontos, Lula é o principal antagonista de Bolsonaro também no campo digital.

Vale lembrar que as mídias sociais foram a principal arma utilizada por Bolsonaro em 2018 para chegar à presidência e, ainda hoje, são usadas pelo governo como forma de driblar a imprensa.

Segundo o pesquisador Felipe Nunes, professor de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e diretor da Quaest, ouvido pela Folha de S. Paulo, um outro fator além do péssimo desempenho de Bolsonaro no governo pode estar contribuindo para a ascensão de Lula. “O que fez Lula voltar? Objetivamente: ele cresceu em número de seguidores, cresceu em engajamento e cresceram as procuras por ele no Google. O que causou isso? Temas de comparação entre os preços na era Lula e agora”, disse.

No mesmo ranking, o apresentador da TV Globo Luciano Huck apresenta 41,2 pontos, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) 28,1 e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), 20.

Estado de sítio na cabeça de Bolsonaro

"Bolsonaro está acuado, e todo mundo se pergunta até onde ele pode ir, além do tom agressivo de suas falas. É improvável que ele tenha apoio para tomar atitudes mais drásticas", escreve a jornalista Helena Chagas. "Mas, de um lado e de outro da Praça dos Três Poderes, é bom que as instituições fiquem de olho"

Brasil 247, 4/03/2021, 14:15 h Atualizado em 4/03/2021, 14:15
  Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

Jair Bolsonaro, para fugir da responsabilidade pelo caos, reclamou hoje mais uma vez que o STF deu poderes demais aos estados e municípios. Nada de novo em ver o presidente, acuado, tirar o corpo fora dos estragos da pandemia. Todo mundo sabe que é um insensível, incapaz de ver a dor do outro, quase ao nível de uma psicopatia. Mas é preocupante ver, na boa de Bolsonaro, a expressão estado de sítio.

Ele se referiu a isso em relação ao que chamou de “superpoder” dado pelo Supremo às prefeituras, “poder que só no estado de sítio existe, e assim mesmo, não é decisão do presidente”. E emendou: “O presidente baixa um decreto e o Congresso, tem parlamentares aqui, é que vai dizer se vale ou não estado de sítio. Impuseram estado de sítio no Brasil via prefeituras. Isso está errado”.

Ao pronunciar ao menos três vezes o estado de sítio, Bolsonaro pode ter cometido um ato falho, mostrando num escape de linguagem o que vai lá no fundo de sua mente. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas o presidente voltou ao modo destemperado nos últimos dias, à medida em que a crise da pandemia se agrava, contrariando suas previsões e expondo cada vez mais a incompetência de seu governo.

Também hoje, ele mandou: “Tem muito idiota aí me mandando comprar vacina. Só se for na casa da sua mãe”. Palavras do presidente da República do Brasil, que vão ficar registradas para a posteridade.

Bolsonaro está acuado, e todo mundo se pergunta até onde ele pode ir, além do tom agressivo de suas falas. É improvável que ele tenha apoio para tomar atitudes mais drásticas, ainda mais se estiverem fora da cartilha do Estado Democrático de Direito, como a decretação de um intempestivo estado de sítio. Mas, de um lado e de outro da Praça dos Três Poderes, é bom que as instituições fiquem de olho.

Flávio comprou mansão do namorado de juíza que trabalhou com ex-presidente bolsonarista do STJ

Ministro João Otávio de Noronha votou a favor de Flávio Bolsonaro no julgamento que pedia a quebra de sigilo do senador no caso das rachadinhas, barrando o caso no tribunal. Ele foi assessorado pela juíza Cláudia Silvia de Andrade, namorada do empresário Juscelino Sarkis, que vendeu a casa para o senador

3 de março de 2021, 22:19 h Atualizado em 3 de março de 2021, 23:09
  Flávio Bolsonaro (Foto: Reprodução | Jane de Araújo/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro comprou a casa milionária em Brasília do namorado de uma juíza que trabalhou com um dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que votou pela anulação das provas contra ele no caso das rachadinhas.

Trata-se do ministro bolsonarista João Otávio de Noronha, presidente do STJ entre 2018 e 2020, aliado de Jair Bolsonaro. Seu voto pró-Flávio acabou barrando o julgamento do caso na Corte.

Ele foi assessorado pela juíza Cláudia Silvia de Andrade, namorada do empresário Juscelino Sarkis, que vendeu a casa para o senador. As revelações foram feitas pelo Jornal Nacional nesta quarta-feira, 3.

Noronha é também o homem para quem o presidente Jair Bolsonaro dirigiu essas palavras amorosas em abril de 2020: pic.twitter.com/Pxevs0Aaer— Samuel Pancher (@SamPancher) March 4, 2021


No processo da rachadinha, o Ministério Público do Rio de Janeiro o acusa de desviar R$ 6,1 milhões dos cofres públicos, através do desvio de salários de ex-assessores fantasmas quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Os promotores destacam, ainda, que, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou R$ 3 milhões em transações imobiliárias com “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”.
Pagamentos não batem


Segundo os registros da transação, fornecidos pelo próprio vendedor do imóvel de luxo, Juscelino Sarkis, Flávio fez a primeira TED em 20 de novembro do ano passado, no valor de R$ 200 mil. Em 9 de dezembro, ele transferiu outros R$ 300 mil e, no dia seguinte, mais R$ 590 mil.

Os valores somam R$ 1.090.000,00, mas na escritura de venda consta que o senador teria pago R$ 2.870.000,00 de entrada. Na escritura, consta também que Flávio Bolsonaro conseguiu um empréstimo de R$ 3,1 milhões com o Banco Regional de Brasília (BRB), em parcelas entre R$ 18,7 mil e R$ 21,5 mil.

O cartório rasurou os valores referentes à composição da renda de Flávio e da esposa Fernanda, que é dentista. Pelas regras do sistema financeiro habitacional, a prestação não pode ultrapassar 30% da renda bruta. O salário líquido do senador é de R$ 25 mil - o bruto é de R$ 33.763

Mais cedo, Flávio afirmou que vendeu um apartamento na Barra da Tijuca (RJ) e a franquia de sua loja de chocolates para dar a entrada no imóvel de luxo. Na campanha eleitoral de 2018, o senador declarou patrimônio de R$ 1,7 milhão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Esta é a super-mansão de 6 milhões que o sena Flávio Bolsonaro financiou pelo Branco Regional de Brasília (BRB) em 30 anos, com juros de 3.75% ano, enquanto o pobre tem juros na Caixa de 4,5% ao ano pra cima

Isso é bem a cara do Brasil dos privilegiados pic.twitter.com/ta6QHECV1X— George Marques 🇧🇷 (@GeorgMarques) March 1, 2021
Possível fraude também no BRB

Em uma série de postagens no Twitter, o jornalista André Shalders destacou que “o simulador imobiliário do BRB parece (atenção, parece) mostrar que a instituição ofereceu condições mais vantajosas a Flávio Bolsonaro do que ao público em geral ao comprar a mansão no lago sul”.

“Segundo o simulador do banco, um financiamento no valor daquele obtido pelo senador, com o mesmo prazo de pagamento, exigiria uma renda líquida mínima de R$ 46,8 mil -- bem mais que o salário de Flávio no Senado”, diz em outro post.

Como senador, Flávio recebe um salário bruto no valor de R$ 33.763,00, que após os descontos é reduzido para R$ 24,9 mil.

O parcelamento obtido por Flávio Bolsonaro junto ao BRB, foi feito em condições mais vantajosas que as oferecidas ao cidadão comum. O valor de R$ 3,1 milhões foi parcelado em 360 meses, com “taxa de juros nominal reduzida de 3,65% ao ano”, abaixo da inflação do ano passado, que foi da ordem de 4,52%.

O BRB é presidido pelo executivo Paulo Henrique, que tem o nome cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil. Ele também é ligado ao governador Ibaneis Rocha, aliado do clã Bolsonaro.

Governadores identificam nova onda de fake news bolsonaristas contra eles

Ataques e fake news foram intensificados após Jair Bolsonaro culpar os governadores pela alta no preço dos combustíveis e divulgar informações distorcidas sobre os recursos federais repassados para os Estados combaterem a Covid-19

Brasil 247, 4/03/2021, 10:18 h Atualizado em 4/03/2021, 11:12
   Bolsonaro / Fake News/ What's app (Foto: Reuters | Reprodução)

As equipes de comunicação de diversos estados identificaram uma “segunda onda de ataques coordenados” contra os governadores nas redes sociais. Segundo reportagem da Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, os ataques e fake news foram intensificados a partir da segunda quinzena de fevereiro, quando Jair Bolsonaro culpou os governadores pela alta no preço dos combustíveis, e ganharam força no último final de semana, após ele divulgar uma tabela com informações distorcidas sobre os recursos federais repassados para os Estados combaterem a Covid-19.

A maior parte das fake news está ligada às medidas restritivas, como o lockdown, adotadas por diversos governadores para tentar conter o avanço da pandemia e o colapso do sistema de saúde. No Ceará, por exemplo, uma das notícia falsas apontava a existência de um “decreto” baixando a medida por um período de 40 dias. A fake news trazia, ainda, a logomarca do governo estadual.

No Piauí e no Maranhão, um mesmo texto com supostas medidas de restrição, incluindo o pagamento de multa no valor de R$ 180 para quem desobedece a determinação, circulou nas redes sociais e teve que ser desmentido oficialmente pelos governos locais.

Para a secretária de Comunicação do Rio Grande do Norte, Maria da Guia Dantas, a situação é considerada “surreal”: “O Brasil com tantas mortes e, desde o final de semana, estamos gastando o precioso tempo da comunicação oficial para esclarecer sobre informações distorcidas”.

Em São Paulo, a Casa Militar vem monitorando as ameaças feitas diretamente contra o governador João Doria (PSDB) que, segundo a reportagem, foram intensificadas após ele anunciar que o Estado estava entrando na fase vermelha para o conter avanço do coronavírus.

Aprovação do governo Bolsonaro cai pela primeira vez abaixo de 30%; evangélicos são seu apoio principal

Pesquisa do IPEC, formado por ex-executivos do Ibope, aponta pela primeira vez entre os institutos que têm pesquisado regularmente o governo Bolsonaro, que a aprovação caiu abaixo de 30% - 28% agora. Evangélicos fundamentalistas sustentam Bolsonaro

Brasil 247, 4/03/2021, 08:46 h Atualizado em 4/03/2021, 08:57
  (Foto: Divulgação)

Pela primeira vez desde a posse de Jair Bolsonaro, a aprovação a seu governo cai abaixo de 30%. É o que aponta a pesquisa do IPEC (Inteligência, Pesquisa e Consultoria), realizada presencialmente entre 18 e 23 de fevereiro. 28% dos entrevistados consideram a gestão Bolsonaro ótima ou boa, enquanto 39% avaliam como ruim ou péssima. Segundo os dados do IPEC, o eleitorado evangélico é a principal base de apoio a Bolsonaro, que tem avaliação positiva de 38% neste segmento. A margem de erro é de dois pontos.

O IPEC é formado por executivos que deixaram o Ibope após o encerramento das atividades com pesquisas de opinião pública. Apesar da queda da aprovação do governo Bolsonaro, nenhum instituto havia até agora apontado uma taxa abaixo de 30%. Segundo levantamento da Fundação Perseu Abramo, que consolidou as pesquisas dos principais institutos, os índices de aprovação do governo Bolsonaro até agora eram: Datafolha, 31% (campo em 20 e 21 de janeiro); XP/Ipespe, 30% (02 a 04 de fevereiro); PoderData, 30% (01 e 03 de fevereiro); Exame/Ideia, 31% (12 de fevereiro).

A parcela evangélica fundamentalista do eleitorado apresenta, na pesquisa do IPEC, um desenho inverso em relação à avaliação geral do governo. Neste segmento, é o percentual de avaliações como ótimo ou bom que se aproxima da faixa de 40% dos entrevistados. Entre os evangélicos, 27% consideram o governo ruim ou péssimo. É a menor taxa de rejeição registrada em todo o levantamento.

A pesquisa do IPEC, veiculada pelo jornal O Globo, indica que, para 87% dos brasileiros, há alguma expectativa de pagamento do auxílio emergencial “até a situação econômica voltar ao normal” — o que pressupõe um prazo maior do que os quatro meses do planejamento do governo federal.

No recorte por renda, 93% dos que têm renda mensal de até um salário mínimo — parcela da população à qual o benefício é majoritariamente destinado — concordam, ao menos de forma parcial, que o auxílio deve durar até uma normalidade econômica.

Para a cientista política Luciana Veiga, professora da Unirio, o cenário atual de baixa aprovação, que aponta um comprometimento de seu projeto de reeleição em 2022, pode estimular Bolsonaro a tentar um prolongamento do benefício, contrariando suas próprias declarações e as projeções da área econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes: “O que Bolsonaro faz com o auxílio não é conquistar eleitores que não gostam dele, mas sim trazer o que está nesse bloco do regular. É um eleitor muito prático, menos apegado a questões ideológicas, e que pode oscilar a depender do impacto do governo federal em sua vida. É aí que entra o auxílio. Por outro lado, este eleitor também é mais pressionado pelo cenário da Saúde, já que depende da rede pública — avaliou Veiga”.

A CEO do IPEC, Márcia Cavalari, afirma que a análise dos resultados deve levar em consideração o contexto à época da realização das pesquisas. O levantamento do IPEC, que ouviu 2.002 pessoas presencialmente em 143 municípios entre 18 e 23 de fevereiro, ocorreu nos dias que se seguiram à primeira ameaça de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras por insatisfação com aumentos nos preços de combustíveis, O anúncio da demissão de Roberto Castelo Branco da presidência da petroleira ocorreu no dia 19, durante a realização da pesquisa. “Esta é uma das possíveis hipóteses para que a rejeição ao governo seja mais alta entre os eleitores com maior remuneração do que entre os mais pobres. Para o segmento de menor renda, a troca pode não ter soado tão ruim, por conta do discurso de baratear o combustível”, afirmou Márcia.

Haddad: quem pensa é inimigo do governo Bolsonaro

Ex-prefeito criticou duramente mais uma ação antidemocrática do governo que, desta vez, através da CGU, abriu processo contra professores universitários que criticaram Bolsonaro nas redes sociais

Brasil 247, 4/03/2021, 11:41 h Atualizado em 4/03/2021, 12:14
   Fernando Haddad (Foto: Ricardo Stuckert)

O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Fernando Haddad usou suas redes sociais nesta quinta-feira (4) para criticar mais uma ação antidemocrática do governo Bolsonaro.

Desta vez, através da Controladoria Geral da União (CGU), o governo federal abriu processo contra professores universitários que criticaram JairBolsonaro nas redes sociais.

Entenda o caso

A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu um processo contra os professores da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Pedro Hallal e Eraldo dos Santos Pinheiro, que fizeram críticas a Jair Bolsonaro no Youtube e no Facebook.


A representação contra os docentes, que foram obrigados a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proibindo-os de proferirem críticas a Bolsonaro por dois anos, foi feita pelo deputado federal bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS).

No ano passado, a CGU elaborou um documento aos moldes ditatoriais estabelecendo punições para os servidores públicos federais que utilizarem as redes sociais para criticar superiores hierárquicos ou órgãos que ocupam. De acordo com o jornal O Globo, um dos professores alvos da CGU é o ex-reitor da Ufpel Pedro Hallal.

Como um dos maiores pesquisadores sobre o tema hoje no Brasil, Hallal é crítico do posicionamento de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e se comprometeu a não repetir o ato novamente pelos próximos dois anos. O outro alvo da ação aberta pela CGU foi o professor Eraldo dos Santos Pinheiro.

O processo na CGU foi motivado por um comentário realizado durante uma transmissão ao vivo sobre a nomeação de Isabela Fernandes Andrade para o cargo de reitora da Ufpel. Ela foi escolhida por Jair Bolsonaro para chefiar a instituição apesar de ter sido a segunda mais votada na lista tríplice da comunidade acadêmica.

quarta-feira, 3 de março de 2021

Rui Costa: “O responsável maior por essa tragédia é o presidente”

“Precisamos da vacina para salvar o Brasil desta tragédia", enfatizou o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmando que o veto à medida que "poderia ter resolvido o problema da burocracia da Anvisa é um absurdo"

Brasil 247, 3/03/2021, 17:28 h Atualizado em 3/03/2021, 18:13
  (Foto: Reprodução)

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou a conduta de Jair Bolsonaro pelo atual avanço da pandemia do novo coronavírus.

“Precisamos da vacina para salvar o Brasil desta tragédia. O veto do presidente à medida que poderia ter resolvido o problema da burocracia da Anvisa é um absurdo. Vamos abrir mais leitos de UTI, agora no hospital de campanha da Fonte Nova, mas só a vacina nos dará a vitória”, disse Costa.

Para o governador, “o responsável maior por essa tragédia é o presidente”. Ele disse ainda que não aceitaria estar no lugar de Pazuello para receber as ordens que vem sendo dadas por Bolsonaro.

Os governadores dos nove estados do Nordeste encomendaram 25 milhões de doses da Sputnik V, vacina produzida pela Rússia contra a Covid-19. A vacina ainda não foi aprovada pela Anvisa.