terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Gilmar Mendes: “Lula é digno de julgamento justo”

"Eu digo sempre: Lula é digno de um julgamento justo", disse o ministro do STF Gilmar Mendes. "Nós temos que encerrar com essa preocupação midiática de julgar o Lula", afirmou

Brasil 247, 2/02/2021, 12:03 h Atualizado em 2/02/2021, 12:45
    Gilmar Mendes e o ex-presidente Lula (Foto: ABr | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou, nesta terça-feira (2), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "merece um julgamento digno". "Nós temos que encerrar com essa preocupação midiática de julgar o Lula tendo em vista esse desiderato: fazê-lo inelegível. Eu digo sempre: Lula é digno de um julgamento justo", disse ele em entrevista ao programa do Datena.

A declaração veio após especulações de um possível golpe no Brasil, com a hipótese de o Judiciário aceitar a suspeição Moro na condenação de Lula, porém sem devolver os direitos políticos do petista, para não deixá-lo, eventualmente, disputar a eleição de 2022.

Em outra entrevista, à rádio Bandeirantes, Gilmar havia apontado condutas ilegais de Sérgio Moro ao afirmar que o ex-juiz trabalhava na Operação Lava Jato "como se fosse o coordenador do grupo de procuradores".




Em novos diálogos obtidos pela defesa de Lula, no âmbito da Operação Spoofing, Deltan Dallagnol deixou clara a parcialidade da operação. "O material que o Moro nos contou é ótimo. Se for verdade, é a pá de cal no 9 e o Márcio merece uma medalha", disse o então procurador.

Em uma das mensagens, trocadas em 16 de fevereiro de 2016 e incluída pela defesa de Lula na ação, Moro perguntou a Dallagnol se os procuradores têm uma "denúncia sólida o suficiente".

De acordo com a Vaza Jato, Moro também chegou a questionar a capacidade de a procuradora Laura Tessler participar de audiências que envolvessem o ex-presidente Lula, condenado sem provas no processo do triplex em Guarujá (SP), após ser acusado de ter recebido um apartamento como propina da OAS. O petista nunca dormiu nem tinha a chave do imóvel.

Em sua conta no Twitter, o jornalista Leandro Demori destacou que o acervo com a defesa de Lula é bem maior do que a Vaza Jato, que apontou várias irregularidades da operação.

Delírio verde: Palmeiras é bicampeão da Libertadores

O Palmeiras venceu o Santos por 1 a 0 no fim do jogo no Maracanã, com um gol de Breno Lopes, e conquistou a LIbertadores pela segunda vez -a primeira foi em 1999

Brasil 247, 30/01/2021, 19:29 h Atualizado em 30/01/2021, 19:29

Em uma inédita final paulista na história da Copa Libertadores, o Palmeiras venceu o Santos e São Paulo e muitos outros lugares do país cobriram-se de verde em meio à pandemia. O time que já se chamou Palestra Itália sagrou-se bicampeão no Maracanã ao bater o Santos por 1 a 0, com um gol nos minutos finais de Breno Lopes.

O jogo foi truncado, com poucas oportunidades para ambos os lados. Breno Lopes entrou no segundo tempo e marcou de cabeça.

A equipe comandada pelo técnico português Abel Ferreira conquista assim o segundo título da Libertadores do time alviverde, que vencera pela primeira vez em 1999.



Eficácia da vacina Sputnik V para Covid-19 é de 91,6%, apontam resultados preliminares

O percentual superior a 90% é referente a casos sintomáticos da doença, de acordo com resultados preliminares publicados na revista científica "The Lancet"

Brasil 247, 2/02/2021, 10:00 h Atualizado em 2/02/2021, 10:12
Frasco da vacina Sputnik V em Moscou, na Rússia (Foto: Shamil Zhumatov/Reuters)

A vacina Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo de pesquisa Gamaleya para o coronavírus, teve eficácia de 91,6% contra casos sintomáticos da doença. Foi o que apontaram resultados preliminares publicados nesta terça-feira (2) na revista científica "The Lancet", uma das mais respeitadas do mundo.

A eficácia contra casos moderados e graves da doença foi de 100%.

Uma subanálise de 2 mil adultos acima de 60 anos mostrou eficácia de 91,8% nesta faixa etária.




A imunização é a quarta a ter resultados publicados em uma revista, depois de Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca e Moderna.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

'É chegada a hora de dizer que erramos', diz colunista do UOL sobre papel da imprensa na Lava Jato

"Nós da imprensa tivemos papel fundamental no surgimento dessa lenda. Apesar de quase sempre avessos à autocrítica, é chegada a hora de dizer com todas as letras: erramos”, escreve o jornalista Chico Alves

Brasil 247, 29/01/2021, 19:21 h Atualizado em 29/01/2021, 19:35

Diante do desgaste da Operação Lava Jato, o colunista Chico Alves, do UOL, publicou um artigo no qual apresenta uma autocrítica sobre o apoio à farsa judicial que quebrou empresas brasileiras e impediu Lula de ser candidato em 2018.

Segundo ele, “praticamente todas as instituições da República, a imprensa inclusive, avalizaram essa bravata [da Lava Jato]” e o ex-juiz Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato utilizaram “expedientes que estão fora dos manuais jurídicos” - como “uso abusivo das delações premiadas, divulgação estratégica de dados sigilosos e parceria indevida entre acusadores e magistrado”.

“Essas reclamações passariam apenas como choro dos advogados de defesa, não fosse a atuação de hackers que invadiram ilegalmente o aplicativo de mensagens de Moro, Deltan Dallagnol e sua turma”, afirmou.




“Os bate-papos confirmaram as acusações contra o juiz e os procuradores, revelando um indevido jogo combinado entre eles”, destacou.

Ele ressaltou ainda que, diante disso, “é preciso arrancar o ex-juiz e os procuradores do pedestal em que se instalaram. Seus admiradores precisam avaliar objetivamente as acusações e tirar conclusões desapaixonadas”.

“Isso vale tanto para o cidadão comum quanto para as instituições que inflaram a aura de perfeição. Nós da imprensa tivemos papel fundamental no surgimento dessa lenda. Apesar de quase sempre avessos à autocrítica, é chegada a hora de dizer com todas as letras: erramos”, conclui.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Padres e pastores se unem e protocolam pedido de impeachment de Bolsonaro

Além de integrantes da Igreja Católica, assinaram o pedido líderes da Igreja Luterana, Anglicana, progressistas batistas, presbiterianos, metodistas e da Assembleia de Deus. Eles acusam Bolsonaro de crime de responsabilidade por sua desastrosa condução da pandemia da Covid-19

Brasil 247, 26/01/2021, 18:43 h Atualizado em 26/01/2021, 19:33
       O pedido de impeachment é a primeira movimentação coordenada de líderes religiosos contra Bolsonaro (Foto: Lula Marques)

Mais de 380 líderes religiosos de diversas filiações protocolaram nesta terça-feira (26) um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro, que, segundo eles, cometeu crime de responsabilidade na condução da pandemia da Covid-19.

Entre os signatários estão líderes católicos, luteranos, anglicanos progressistas batistas, presbiterianos, metodistas e evangélicos da Assembleia de Deus, entre outros.

No texto, é ressaltado o "não acesso à vacina" e "desprezo pela vida dos cidadãos". As práticas criminosas de Bolsonaro, aponta, usurpam o direito à saúde previsto na Constituição Federal.




"Como cristãos e cristãs entendemos ser nosso dever participar da luta pela promoção e defesa dos direitos humanos e contra qualquer tipo de opressão ou ação que tenha como resultado o adoecimento e a morte da população. Por esse motivo é que nos colocamos na luta pelo afastamento do senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro", escreveram as lideraças.

Uma das signatárias, a pastora luterana Lusmarina Campos Garcia, destacou a postura criminosa de Bolsonaro diante da crise sanitária que o país atravessa: Os motivos principais são aquilo que a gente considera como crime de responsabilidade por parte do presidente na área da saúde pública, principalmente nesse momento da pandemia da Covid-19. As atitudes desrespeitosas por parte dele que resultaram e continuam resultando na morte de tantos brasileiros se constitui crime de responsabilidade", disse, conforme reportado na coluna de Chico Alves, no Uol.

"Ele está indo contra um direito social, que é o direito saúde. Está indo contra princípios fundamentais da população brasileira, o que nós consideramos crime da parte dele", completou.

O monge menonita Marcelo Barros, ligado à Teologia da Libertação, movimento que prega uma mensagem humanista da Igreja, notou também a frequente usurpação do nome de Deus pelo presidente.

“Um dos gritos dessa força que trouxe o atual presidente ao poder era “Deus acima de todos”. Muitos religiosos e religiosas das mais diversas religiões precisavam vir a público para dizer que não estamos de acordo com esta instrumentalização da religião”, disse, conforme reportado no Congresso em Foco.

Este é o 63º pedido de impeachment contra Bolsonaro. Trata-se da primeira movimentação coordenada de líderes religiosos contra o presidente, que se vê cada vez mais isolado.

Livro-bomba de Cunha reconhece golpe contra Dilma e detona Temer, PSDB, Maia e até Baleia Rossi (leia a introdução)

Protagonista do golpe de 2016, Eduardo Cunha reconhece o que todos sabem – que Dilma foi golpeada – e diz que o PT vive hoje "síndrome de Estocolmo" por se aliar a Baleia Rossi, deputado que é aliado de Michel Temer e Rodrigo Maia, dos dos principais articuladores deste processo

Brasil 247, 26/;01/2021, 05:34 h Atualizado em 26/01/2021, 05:35
   Dilma Rousseff e Eduardo Cunha

O aguardado livro "Tchau, querida", do ex-deputado Eduardo Cunha, confirma, para a História, o que todos os brasileiros com acesso à informação e honestidade intelectual já sabem: a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe de estado, que destruiu a democracia e vem também destruindo a economia brasileira. Cunha, que foi aliado do ex-presidente Fernando Collor, diz que o PT teve papel importante no afastamento do primeiro presidente da Nova República e diz que "quem com golpe fere, com golpe será ferido".

No livro, ele revela o papel vil desempenhado por Michel Temer, que traiu a ex-presidente. "Temer foi sim o militante mais atuante e importante. Sem essa sua atuação não teria havido o impeachment. Não foi apenas o destino, ou simplesmente a previsão constitucional, que fizeram Michel Temer presidente da República. Ele simplesmente quis e disputou a presidência de forma indireta", escreve Cunha.

Sobre os articuladores do golpe, Cunha aponta o dedo para o PSDB, na figura do então líder Carlos Sampaio, e para Rodrigo Maia. "Foi no apartamento de Rodrigo Maia, em São Conrado no Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 2015, em uma reunião articulada por ele, com o então líder do PSDB Carlos Sampaio e o então líder da minoria Bruno Araújo, que se decidiu a mudança, exigida por mim do pedido de impeachment, que tinha sido apresentado na Câmara", escreve.




Baleia Rossi

O ex-deputado também menciona o papel de Baleia Rossi. "Baleia Rossi, vem a ser filho de Wagner Rossi, ex-deputado e principal 'parceiro' político de Michel Temer. Wagner ocupou vários cargos por indicação de Michel, dentre eles a presidência da Companhia Docas de Santos, a Conab e o Ministério da Agricultura, nos governos de Lula e Dilma. Ele acaba demitido por Dilma, debaixo de suspeitas de irregularidades, chegando até a ser preso no inquérito dos portos, que envolve Michel Temer (...) Na verdade, Michel Temer o queria ter feito ministro, para desagravar ao seu pai, demitido por Dilma, mas, Baleia respondia naquele momento pela investigação de fraudes na merenda escolar de São Paulo (...) Para quem não sabe, coube a Wagner Rossi, a aproximação entre Michel Temer e Joesley Batista", aponta.

Síndrome de Estocolmo


"No momento em que assistimos ao PT apoiar Rodrigo Maia e Baleia Rossi, como se eles não tivessem tido protagonismo no impeachment, não podemos deixar de registrar essa posição, que chega a ser hilária, para quem viveu aquele processo", escreve ainda Eduardo Cunha.

"Essa aliás é, uma das razões da situação do PT, ter chegado aonde chegou. Os seus erros políticos e de avaliação são tão grandes, que será muito difícil o PT se levantar, se não tiver uma grande mudança de ventos. O apoio do PT a Rodrigo Maia e a Baleia Rossi, nos leva a sensação de que o partido está acometido da síndrome de Estocolmo."

Governo Bolsonaro pagou R$ 9 milhões em bombons a empresa cuja sede fica em casa no Paraná, diz Jandira

Segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB), entre as especificações da empresa Estela Panificadora e Confeitaria está o comércio de doces para revendedores de rua, como ambulantes

Brasil 247, 26/01/2021, 20:53 h Atualizado em 26/01/2021, 21:38
    (Foto: Twitter/Jandira Feghali)

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) divulgou na noite desta terça-feira (26) que a empresa de quem o governo Jair Bolsonaro comprou R$ 9 milhões em bombons em 2020 tem como sede uma casa na cidade de Campo Largo, Paraná.

"Essa empresa vendeu em larga escala milhões de bombons pro Governo, a princípio com R$ 89 a unidade. Ou uma caixinha. Entre as especificações da empresa está o comércio de doces para revendedores de rua, como ambulantes", escreveu a deputada Jandira Feghali pelo Twitter.

Segundo dados do Ministério da Economia, no último ano, todos os órgãos do Executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Entre outros gastos absurdos do governo Bolsonaro com alimentos em 2020, está a despesa de R$ 15,6 milhões com leite condensado. Em cada lata do produto, o governo pagou R$ 162. A empresa que forneceu fica no subsolo de um prédio comercial




Nesta terça-feira, os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) protocolaram uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo que o órgão investigue os gastos do Executivo em alimentação.

Governo pagou R$ 162 por cada lata de leite condensado. Empresa que forneceu fica no subsolo de um prédio comercial

Em mais detalhes sobre a polêmica compra de alimentos do governo federal em 2020, especificamente sobre o leite condensado, foram 7200 latas por dia, que custaram R$ 162 cada uma

Brasil 247, 26/01/2021, 19:08 h Atualizado em 26/01/2021, 19:34
   (Foto: Reprodução)

Numa busca detalhada sobre a compra do leite condensado pelo governo federal, tão falado nesta terça-feira (26) após a divulgação da lista da aquisição dos alimentos de 2020 pelos órgãos do Executivo federal, é possível identificar o valor unitário de cada lata: R$ 162.

Os mais de R$ 15 milhões gastos na compra do produto renderam nada menos do que cerca de 2,5 milhões de latas, ou seja, 7.200 latas por dia ao longo do ano passado. De acordo com as especificações da compra, o objetivo foi “cobrir despesa com aquisição de gênero alimentício para o aprovisionamento”.

A fornecedora do produto foi a empresa “Saúde & Vida Comercial de Alimentos Eireli”, de Brasília, que é classificada como Micro Empresa. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) informou pelo Twitter sobre seu endereço:




"O endereço da grande empresa que forneceu mais de 15 milhões de reais em leite condensado fica no subsolo de um pequeno prédio comercial no bairro residencial do Sudoeste, em Brasília. Aparentemente, não é uma sede grande responsável por compras em milhões".

Outros gastos exorbitantes e cujas explicações são demandadas desde a divulgação da lista foram R$ 1 milhão em alfafa, R$ 2 milhões com chiclete e R$ 6,6 milhões com bombom, entre outros.

O PSOL pediu à PGR investigação sobre escândalo das compras. E o ex-presidenciável Ciro Gomes anunciou que irá à Justiça pedir explicações.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Enem 2020 termina com a maior abstenção da história do exame

Dos mais de 5,5 milhões de inscritos para a prova impressa, 55,3% não compareceram ao 2º dia.
    Crédito da Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 impresso chegou ao fim neste domingo, 24 de janeiro, com o maior índice de abstenção desde sua reformulação (em 2009). Dos 5.523.029 inscritos da prova impressa, 2.842.332 (51,5%) faltaram ao primeiro dia, já a abstenção do segundo foi de 3.052.633 estudantes (55,33%).


O Enem 2020 teve suas provas impressas aplicadas após muitas manifestações para que o exame fosse adiado, já que os casos de Covid-19 voltaram a crescer pelo país. O caso chegou a ir para a Justiça, mas foi negado

As notas do Enem 2020 são a principal forma de ingresso em instituições públicas de ensino superior, pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Tal importância fez com que o exame tivesse maior adesão nos últimos anos, mas nem isso impediu que a abstenção desta edição fosse recorde. 

O percentual de abstenção mais próximo ao Enem 2020 foi o de 2009, ano em que foi reformulado e as provas vazaram ainda na gráfica (o que gerou o adiamento do exame). Na época, eram poucas as universidades que usavam o Enem de alguma forma e por isso a procura era inferior. 

Confira o balanço de ausentes e presentes desde 2009:
   Crédito: Inep 

Enem Digital

Outros 96.086 candidatos se inscreveram para o Enem Digital, modalidade que terá provas nos dias 21 de janeiro e 7 de fevereiro. Apesar de ter provas virtuais, o exame será realizado presencialmente, em laboratórios de informática de instituições de ensino parceiras do Inep. 

Reaplicação do Enem 2020

De 25 a 29 de janeiro, o Inep receberá pedidos de reaplicação do Enem 2020 para quem se sentiu prejudicado ou foi impedido de fazer o exame por problemas logísticos (falta de energia, desastres naturais etc). Pessoas que tiveram Covid-19 ou outras doenças infectocontagiosas também poderão solicitar que a prova seja reaplicada.

Além dos participantes que enviarem seus pedidos de 25 a 29 de janeiro, caso as solicitações sejam aceitas, também participarão da reaplicação as pessoas que enviaram em prazo anterior os laudos comprovando Covid-19 ou outras doenças infectocontagiosas e estudantes que não estiveram presentes por medidas restritivas como lockdown, por exemplo. 

De acordo com o Inep, 56 municípios do Amazonas e nas cidades de Espigão D'Oeste e Rolim de Moura, em Rondônia, terão a reaplicação em 23 e 24 de fevereiro pois as provas não foram aplicadas em tais lugares por causa da Covid-19.

Como foi o Enem 2020

O Enem 2020 começou em 17 de janeiro. As provas do primeiro dia contaram com 45 questões de Linguagens e Códigos, 45 sobre Ciências Humanas e uma Redação com o tema "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira".

Já o segundo dia foi realizado neste domingo, 24 de janeiro. Foram aplicadas as provas com 45 questões de Ciências da Natureza e 45 sobre Matemática. 

A previsão é de que o gabarito do Enem 2020 seja publicado em 27 de janeiro. Já o resultado é esperado para 29 de março. 

Correção Comentada

Correção Comentada do Brasil Escola continua após o segundo dia do Enem 2020. Este ano, você pode conferir as respostas do Sistema Poliedro de Educação e do Oficina do Estudante!

Acompanhe a Correção Comentada do Brasil Escola!
 


Bolsonaro desdenha de impeachment, mas aliados recomendam moderação

Josias de Souza, Colunista do UOL, 24/01/2021 05h06

A situação poderia estar melhor para Jair Bolsonaro, pois os brasileiros começaram a ser vacinados, o centrão está fechado com o Planalto e a oposição continua estilhaçada. Contudo, o vocábulo impeachment voltou a infectar a conjuntura.

Numa reunião com quatro ministros, o presidente desdenhou da hipótese de o Congresso mandá-lo para casa mais cedo. Ouviu de aliados recomendações de moderação —nos atos e no discurso.

Bolsonaro não seguiu integralmente o conselho. Mas promoveu ajustes na estratégia em relação à pandemia. Com atraso, o governo parou de conspirar contra o processo de vacinação.

A avaliação de Bolsonaro é compartilhada pelas principais lideranças políticas, inclusive as de oposição. Disseminou-se nas cúpulas dos partidos a convicção de que não há votos no Congresso para converter o coro de "Fora Bolsonaro" na aprovação de um novo pedido de impeachment.

Entretanto, tornou-se consensual também a percepção de que a margem de manobra de Bolsonaro estreitou-se. Sua popularidade é cadente. Segundo o Datafolha a taxa de reprovação do governo saltou oito pontos, batendo em 40%. Superou o índice de aprovação, que despencou de 37% para 31%.

Os movimentos captados pelo Datafolha coincidem com as oscilações detectadas em sondagens feitas por encomenda do governo. Em privado, Bolsonaro atribuiu o crescimento do azedume da sociedade não aos desacertos do seu governo, mas ao fim do auxílio emergencial que chegava ao bolso de 67 milhões de brasileiros até dezembro.

O presidente voltou a manifestar o desejo de colocar em pé um novo programa de renda mínima, mais amplo e generoso do que o Bolsa Família. Eximiu-se de esclarecer de onde virá o dinheiro.

Auxiliares e apoiadores de Bolsonaro no Legislativo não ignoram o peso que o fim do vale-vírus teve na mudança de humor de parte do eleitorado. Mas esperam que o presidente perceba que as pesquisas também indicam que ele já não pode ter uma verdade própria e dizer o que bem entende.

A popularidade do presidente e do seu governo deteriora-se numa conjuntura em que se misturam duas crises explosivas: a crise sanitária e a econômica. O temperamento mercurial de Bolsonaro desestimula a sinceridade nas salas de reunião. Longe dos seus ouvidos, ministros avessos ao tambor ideológico reconhecem que, graças ao negacionismo do presidente, o governo desligou-se da realidade.

O problema é que a realidade não deixou de existir porque Bolsonaro a ignorou. Ao contrário, agravou-se. Hoje, nada é tão real quanto os mais de 215 mil brasileiros que a Covid-19 já matou. Nada assombra mais do que as milhares de pessoas que ainda fenecerão antes que pelo menos 70% da população seja vacinada.

Sob drama tão agudo, espanta que o presidente tenha demorado a despertar. É ainda mais espantosa sua relutância em dar o braço a torcer. Há seis dias, realizou-se no Planalto uma reunião marcada pelo surrealismo. Nela, Bolsonaro e um grupo de ministros fizeram uma avaliação negativa do desempenho do governo na pandemia. Atribuíram as culpas ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde). Ignoraram o fato de que o general não faz senão seguir as ordens do capitão.

Participaram da conversa com Bolsonaro os ministros Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), André Mendonça (Justiça) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Avaliou-se, por exemplo, que Pazuello e sua equipe se comunicaram mal em relação ao colapso do sistema de saúde de Manaus. Ninguém se animou a mencionar o fato de que a pasta da Saúde recomendou "tratamento precoce" em hospitais onde os pacientes morriam asfixiados. Ofereceu hidroxicloroquina, remédio de estimação do presidente, a quem precisava de cilindros de oxigênio.

Atribuiu-se exclusivamente a Pazuello também a precariedade logística no provimento de vacinas. Bolsonaro destilou insatisfação durante o encontro. Estava incomodado com o protagonismo do rival João Doria, governador de São Paulo, na fase inaugural do processo de vacinação.

O presidente esqueceu de mencionar que ordenara a Pazuello, em outubro de 2020, o cancelamento do protocolo firmado pela pasta da Saúde com o Instituto Butantan. Previa a aquisição antecipada de 46 milhões de doses da CoronaVac. Um imunizante que Bolsonaro chamava de "vacina chinesa do Doria" e teve de rebatizar de "vacina do Brasil."

Aos pouquinhos, Pazuello vai ganhando uma aparência de boi de piranha, aquele animal que é jogado no rio para ser comido, enquanto o resto da manada escapa. A atuação do Ministério da Saúde na crise do Amazonas inspirou a abertura de um inquérito civil por improbidade administrativa na Procuradoria da República em Manaus.

Neste sábado, pressionado pelas circunstâncias, o procurador-geral da República Augusto Aras viu-se compelido a requisitar ao Supremo Tribunal Federal a abertura de outro inquérito contra Pazuello, dessa vez na esfera criminal. Em relação a Bolsonaro, o procurador-geral se absteve de esboçar qualquer interesse em procurar.

Para blindar Bolsonaro, Aras construiu uma teoria extraconstitucional. Ignorando a independência funcional e os poderes que lhe são conferidos pela Constituição, o procurador-geral atribui exclusivamente ao Legislativo a prerrogativa de apurar eventuais delitos cometidos por Bolsonaro durante a pandemia.

O impeachment resulta de um procedimento em que os aspectos jurídicos se subordinam a uma lógica política. "O processo é primeiro político. Depois, é jurídico", disse o advogado e deputado Marcelo Ramos (PL-AM). "Hoje, não há condições. Mas o caldo está esquentando. Não sei se vai ferver. O que há de concreto é que a palavra voltou a frequentar a pauta política."

Marcelo Ramos é candidato a vice-presidente da Câmara no bloco partidário que apoia a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), preferido de Bolsonaro na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ramos acredita que Lira prevalecerá na queda de braço que trava com Baleia Rossi (PMDB-SP), o preferido de Maia. Mas sustenta que o resultado da disputa não é relevante no debate sobre o impeachment.

"O que vai definir se haverá ou não impeachment é a conjuntura, não a eleição de Arthur Lira ou de Baleia Rossi", declarou Ramos. "É preciso verificar como vai oscilar a popularidade do Bolsonaro. Quem decide se o processo será aberto é a rua. Bolsonaro ainda tem 30% de popularidade. Nenhum presidente é afastado com esse nível de aprovação."

A ex-presidente petista Dilma Rousseff amargava popularidade de 7% quando o então vice-presidente Michel Temer declarou que "ninguém vai resistir três anos e meio na Presidência com esse índice baixo." Temer insinuou-se para o trono acenando com um governo de união nacional.

Além de conservar um índice de aprovação mediano, Bolsonaro livra-se momentaneamente de ralar um processo de impeachment graças a um personagem que dá expediente no edifício anexo do Palácio do Planalto: o general Hamilton Mourão. Já se ouve "Fora Bolsonaro" nas janelas dos apartamentos e dos automóveis. Mas ninguém se animou a gritar "Mourão presidente."

Quando o asfalto vociferava "Fora Dilma", também não se ouvia "Temer já". Mas o mundo da política sabia que, enviando Dilma mais cedo para casa, teria no comando do Planalto um profissional da política.

Quando o governo seminovo do MDB derreteu, as ruas passaram a pedir "Fora Temer." Transitaram pela Câmara três denúncias criminais contra o presidente. Temer imunizou-se contra o vírus do afastamento acionando o balcão das verbas e o loteamento da máquina do Estado.

Bolsonaro recorre aos mesmos expedientes para saciar os apetites do centrão e adjacências. E a maioria dos congressistas prefere por ora manter na Presidência da República um capitão incerto a ter de apostar em Mourão, um general duvidoso.