sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Maduro confirma decisão de enviar oxigênio a Manaus, mas Bolsonaro ainda não aceitou

País sul-americano, apesar das dificuldades impostas pelas sanções dos Estados Unidos, vai enviar oxigênio para salvar vidas brasileiras no estado do Amazonas. Mas o governo Bolsonaro, que considera a Venezuela um país inimigo, ainda não aceitou

Brasil 247, 15/01/2021, 05:15 h Atualizado em 15/01/2021, 09:09
Nicolás Maduro (Foto: Presidência da República da Venezuela)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou que está decidido a ajudar o Brasil a superar o problema do colapso na saúde em Manaus, no Amazonas. Por meio do ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, o país ofereceu oxigênio necessário para minimizar a dificuldade dos hospitais.

Pela logística mais fácil, a Venezuela é o país com opção mais viável para enviar o oxigênio ao Brasil. 

As empresas que produzem os cilindros aumentaram a capacidade de fabricação ao limite, mas a demanda seria três vezes maior ao que Manaus conta atualmente. Uma das soluções seria apelar à fornecedora White Martins, que já tem parceria com o governo do Amazonas e está trabalhando em ritmo acelerado para atender à demanda. 

Mourão culpa "indisciplina" da população por aumento de casos de covid

Em nenhum momento o general citou Bolsonaro e o seu governo, que são os maiores críticos das medias de isolamento social

Brasil 247, 15/01/2021, 11:41 h Atualizado em 15/01/2021, 12:05
    (Foto: Romério Cunha/Flickr)

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarou nesta sexta-feira (15) que há uma dificuldade natural para impor medidas de restrição no Brasil por conta de uma "característica do povo".

Segundo ele, "o nosso povo não tem essa imposição de disciplina", algo que não ocorreria em vários outros países que estão, frente a uma segunda onda da pandemia da covid-19, reativando esquemas de quarentena e até mesmo lockdown (fechamento total de atividades não essenciais). A informação é do portal UOL. 

Em nenhum momento o general citou Bolsonaro, que é o maior crítico das medias de isolamento social. 



Na visão dele, o Brasil "não fechou nunca", de fato, em referência aos primeiros meses da pandemia no ano passado.

Procurador do Amazonas diz que governo Bolsonaro foi alertado quatro dias antes sobre falta de oxigênio

Igor da Silva Spindola, procurador da República do estado do Amazonas, afirmou nesta quinta-feira que o Ministério da Saúde foi alertado há pelo menos quatro dias de que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus

Brasil 247, 15/01/2021, 05:43 h Atualizado em 15/01/2021, 09:09
   Jair Bolsonaro (Foto: Agência Brasil)

O procurador da República do Amazonas, Igor da Silva Spindola, disse nesta quinta-feira (14) que "a direção de Logística do Ministério da Saúde só se reuniu hoje (quinta-feira) para tratar disso após ser avisada há quatro dias", referindo-se à falta de oxigênio nos hospitais em Manaus. 

Spindola criticou o que avalia como "falta de coordenação" do governo federal e de militares no ministério, que desconhecem o funcionamento do SUS, informa a coluna do Guilherme Amado.


O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciou, nesta quinta-feira (14), um decreto que proíbe a circulação de pessoas em Manaus, capital do estado, entre 19h e 6h. Devido à falta de oxigênio, o estado também entrou com uma ação na Justiça para que a empresa fornecedora garanta o abastecimento nas unidades de saúde.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Trump recua e pede que não haja violência durante posse de Biden

"Eu insisto que NÃO deve haver violência, violações da lei e vandalismo de qualquer tipo", declarou o atual presidente dos EUA em nota

Brasil 247, 13/01/2021, 16:22 h Atualizado em 13/01/2021, 16:32
   Trump, Capitólio invadido por seus apoiadores e Joe Biden (Foto: Reuters)

Donald Trump, que na semana passada instigou o caos social nos Estados Unidos ao incitar uma insurreição, passou a adotar um discurso contra a violência de seus apoiadores. 

Em nota, o atual presidente dos Estados Unidos disse: "À luz de revelações sobre novas demonstrações, eu insisto que NÃO deve haver violência, violações da lei e vandalismo de qualquer tipo. Isso não é o que eu apoio, e não é o que os Estados Unidos apoiam. Eu apelo a TODOS os americanos para ajudar a aliviar tensões e acalmar temperamentos", diz a nota emitida nesta quarta-feira (13).

Durante a sessão de votação do impeachment, o presidente americano Donald Trump acaba de soltar uma declaração pedindo para que "NÃO" haja violência, violação de leis e vandalismo.

"Isto não é o que apoiamos, isto não é o que os EUA apoiam", diz Trump.pic.twitter.com/goDIMgiqrC



Crítico de urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro seria beneficiado por fraude com cédulas de papel nas eleições de 1994

O episódio, noticiado pelo Jornal do Brasil em 17 de novembro de 1994, foi lembrado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG)

Brasil 247, 13/01/2021, 16:09 h Atualizado em 13/01/2021, 16:32
     (Foto: Reprodução)

Um dos maiores críticos das urnas eletrônicas e defensor da volta de cédulas de papel nas eleições, Jair Bolsonaro já figurou como beneficiário de fraude no uso cédulas de papel. 

O episódio ocorreu nas eleições gerais de 1994. Como mostra reportagem de 17 de novembro de 1994, do Jornal do Brasil, um dos principais periódicos brasileiros naquela época, a eleição do Rio, como em todo o país, usava cédulas de papel. Na 24ª Zona Eleitoral, o juiz Nélson Carvalhal identificou cédulas falsas. Elas beneficiavam um então candidato a deputado federal pelo PPR, Jair Bolsonaro.

O episódio foi lembrado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG). "Quase 27 anos depois, Bolsonaro não se cansa de pôr em cheque a lisura das urnas eletrônicas. Há 10 meses, afirmou ter provas de fraude no pleito de 2018 e que as apresentaria 'em breve'. Ficou na promessa, pois até agora, nada das tais 'provas'", disse Correia. 




A tática levada a cabo por Bolsonaro serve ao propósito de, em caso de derrota em 2022, ter uma saída que una seus apoiadores – e, quem sabe, tentar algo parecido com o que Donald Trump tentou nos Estados Unidos, felizmente sem sucesso até agora: melar o processo democrático do país", acrescentou Correia.

Leia na Página 5 da edição do Jornal do Brasil a notícia sobre Bolsonaro:

Com segurança reforçada, Câmara inicia análise de impeachment de Trump

Isolado politicamente e silenciado nas redes sociais, Donald Trump deve se tornar nesta quarta o 1º presidente americano a sofrer dois impeachments

Brasil 247, 13/01/2021, 14:37 h Atualizado em 13/01/2021, 14:37
   (Foto: Joshua Roberts/Reuters)

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos iniciou nesta quarta-feira (13) a análise do segundo processo de impeachment do presidente Donald Trump. 

Os congressistas contam com segurança reforça por soldados da Guarda Nacional. Desta vez, Trump é acusado formalmente de incitar à violência que resultou na invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, no último dia 8.

No entanto, Trump deve continuar no cargo até a posse do presidente eleito Joe Biden, no dia 20. Isso porque, ao contrário do Brasil, o presidente dos EUA não é afastado quando o processo de impeachment é aprovado na Câmara. A remoção definitiva só ocorre caso o processo seja aprovado também pelo Senado.



Em conversa com jornalistas, Donald Trump afirmou que há "muita raiva" sobre o novo processo de impeachment e que se trata da "continuação da maior caça às bruxas da história da política".

Antes do início do processo de impeachment, o vice-presidente Mike Pence se recusou a invocar a 25ª Emenda, que permite destituir o presidenten dos Estados Unidos por incapacidade.

A paixão da ignorância: uma psicanálise da educação para a escuta

Leia a “Introdução” do autor do livro recém-lançado, primeiro volume da Coleção “Psicanálise e Educação”

Brasil 247, 12/01/2021, 21:42 h Atualizado em 12/01/2021, 21:42
   Senado aprova PECdo Fundeb (Foto: Milton Michida/A2)

Por Christian Dunker 

(Publicado no site A Terra é Redonda)

Introdução

A escuta talvez esteja no ponto de passagem e de articulação entre duas superfícies: educação formal e educação informal; educar e cuidar, aprender e ensinar. Este ponto de divisão subjetiva do educador é também seu ponto de desamparo e de vazio. Por isso penso que a escuta – que não é prerrogativa ou exclusividade do psicanalista, do psicoterapeuta ou do especialista em saúde mental – tornou-se peça fundamental para o educador.




Depois de gerações formadas para disputar a fala, depois de anos avaliando a participação de alunos pela sua disposição a falar, estamos nos dando conta de que a faculdade de escutar também devia fazer parte de nossos currículos, objetivos e habilidades. Um dos equívocos dessa falicização da fala é pensar que o protagonista é quem fala e o subordinado quem escuta. Penso que o protagonista é aquele que, como diz o termo em grego, carrega em si (proto) o conflito (agon).

Assim como a paixão da fala parece acompanhar os que querem saber, a paixão da escuta tem a ver com a experiência da ignorância. Não se trata aqui da ignorância como mera falta de instrução ou civilidade, mas da ignorância como ponto de partida para a aventura da escuta e da abertura para o outro. Chamemos isso de escuta lúdica ou escuta empática, escuta ativa ou não violenta.


Christian Dunker, Professor titular do Instituto de Psicologia da USP. Autor, entre outros livros, de Litorais do patológico (Nversos). A paixão da ignorância: uma psicanálise da educação para a escuta

Secretários estaduais de Saúde consideram "perversidade" e "loucura" pressão de Pazuello por cloroquina

Secretários estaduais de Saúde trataram como uma "perversidade" e uma "loucura" a pressão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para que autoridades prescrevam a cloroquina contra o coronavírus

Brasil 247, 13/01/2021, 08:32 h Atualizado em 13/01/2021, 08:51
General Eduardo Pazuello, ministro da Saúde (Foto: Erasmo Salomão/MS)

Secretários estaduais de Saúde repudiaram a pressão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para que autoridades prescrevam a cloroquina contra o coronavírus. Dirigentes trataram o documento da pasta como "esdrúxulo", "loucura" e "perversidade". A informação foi publicada pela coluna Painel, da Folha

O ofício do ministério, assinado por Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, afirmou que não utilizar estes medicamentos é "inadmissível". O documento foi enviado para a secretaria municipal de Saúde de Manaus.

Após tentativa de golpe nos EUA, internautas relembram que Aécio fez o mesmo no Brasil

Os deputados federais Alexandre Padilha (PT-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciaram ações no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério Público Federal contra o ministério. 

O impeachment de Bolsonaro, fruto de um “acordão”, pode ser rápido e cirúrgico

O jornalista Laurez Cerqueira avalia que a destituição de Jair Bolsonaro está nos debates das eleições para presidência da Câmara e do Senado. "A situação é tão grave que a destituição de Bolsonaro pode ocorrer em tempo recorde com ou sem o povo na rua", afirma Cerqueira

Brasil 247, 12/01/2021, 16:18 h Atualizado em 12/01/2021, 17:01
   (Foto: Divulgação | ABr)

O impeachment de Bolsonaro já é assunto tratado nas reuniões que discutem as eleições das mesas da Câmara e do Senado. O presidente chegou muito perto da zona de descarte. Pode ser destituído num processo rápido e cirúrgico. Seis meses seria o suficiente.

O vice-presidente Hamilton Mourão voltou ao trabalho, depois do tratamento da Covid-19, com declarações contrárias ao que disse recentemente Jair Bolsonaro, desfazendo os disparates do titular. Mourão disse que tanto Baleia Rossi quanto Lira são governistas, que vai se vacinar por ser uma questão coletiva e não individual e defendeu a lisura das eleições nos Estados Unidos. Declarações num momento em que o impeachment entra na pauta de debate nacional.

No vale-tudo da crise, a hipótese de um acordão no âmbito das eleições da Câmara e do Senado, para o impeachment de Jair Bolsonaro, empossar o vice-presidente Hamilton Mourão e fazer uma ampla reforma ministerial não pode ser descartada. Esses momentos são feitos de conspirações, de ações subterrâneas.



Nesse acordão, Paulo Guedes e seu staf pode ser substituído. Paulo Guedes, posto à prova, deu chabu, demonstrou ser um fundamentalista ultraliberal superado e incompetente. O Brasil está queimando suas reservas para conter a alta do dólar, voltando à perigosa vulnerabilidade externa, sujeito a ataques especulativos como os que ocorreram com o país quebrado, no período FHC. A explosão do desemprego, da quantidade de moradores em situação de rua não sensibiliza o ministro da economia. Ele acredita que as empresas vão resolver todos os problemas do país. A desistência da Ford de produzir no Brasil é um caso inconteste de que a política econômica de Paulo Guedes é um desastre.

Ernesto Araújo, um vexame internacional, envergonha a diplomacia brasileira mundo afora, posicionou-se politicamente de forma submissa aos Estados Unidos e afrontosa contra parceiros comerciais. O obtuso ministro Ricardo Salles, com sua estupidez ancestral, não cabe no século XXI. O ministro da Saúde, um burocrata paquidérmico, até o momento não fez um plano nacional de enfrentamento da pandemia. O país já ultrapassou a marca de 200 mil mortos. Uma tragédia, por absoluta incompetência. Sem falar nos outros trambolhos ministeriais.

Está claro que além de desastrado e beligerante, Bolsonaro e seu governo não dispõem de condições mínimas para enfrentar a grave crise econômica, social e política do país. O aumento do desemprego estrutural, da inflação, sem rede de proteção social, sem projeto consistente capaz de apontar uma saída para a crise, levou o país a uma situação dramática, com penosa deterioração das condições de vida da população.


A fuga recorde de capitais, com o dólar a mais de R$ 5,50, tem favorecido as exportações de produtos agrícolas, mas fazendo disparar a inflação de gêneros de primeira necessidade, afetando de forma perversa principalmente a população pobre, o fim do Auxílio Emergencial, e outros fatores, certamente fará com que a popularidade de Bolsonaro desabe muito rápido.

O disparo em massa de fake news, um recurso de comunicação criminoso, que ajudou Bolsonaro a garantir cerca de 40% de “bom e ótimo” nas pesquisas deve perder força à medida que a realidade bater à porta da população e fizer o contraponto com as noticias falsas das redes sociais.

Senadores e deputados já perceberam que a popularidade de Bolsonaro deve cair nos próximos meses com o agravamento da crise. Ele levou um susto quando soube que a bancada ruralista descolou do governo, apoia o candidato Baleia Rossi.

Para parlamentares oportunistas, que são muitos, este ano é considerado “véspera do ano eleitoral” (2022), quando é feita avaliação do desempenho e da popularidade do governo. Se estiver em alta, os oportunistas acompanham o governo, mas, se estiver caindo ou em baixa começam a pular do barco e se juntar à oposição, para salvarem suas reeleições. O “ano véspera” é um divisor na política do Congresso Nacional e isso deve ser levado em consideração.

Há crimes de sobra para instauração do processo de impeachment. O Supremo Tribunal Federal e outras instâncias da justiça, Câmara e Senado, têm sido coniventes com todos os crimes de Bolsonaro. Afinal, são instituições parceiras do golpe. O problema é que o fruto do golpe está envenenando o projeto neoliberal. Eles apostaram em Geraldo Alckmin, que também deu chabu nas eleições. Tiveram que se pendurar em Bolsonaro e em Paulo Guedes. Deu num desastre político e econômico.

No cenário de escombros do golpe, num Congresso de mais baixo nível dos últimos tempos, Rodrigo Maia, com a ajuda clemente da mídia oligárquica, despontou como articulador político nas eleições municipais e conseguiu um resultado que repercutiu no Congresso Nacional e fortaleceu a centro-direita.

Rodrigo Maia tem demonstrado trabalhar na perspectiva de dar liga a um espectro de forças políticas de perfil bastante semelhante ao que deu sustentação aos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e isolar a extrema direita e a esquerda. Só que, precisou formar uma chapa hegemônica para as eleições da Mesa da Câmara e do Senado. Sem outra alternativa, teve que agregar os partidos de esquerda.

Com a vitória de Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos e o tombo espetacular de Donald Trump, do pódio das fake news, a tendência dessas forças políticas é de se alinharem ao governo de Joe Biden. Já Bolsonaro, seus seguidores e de Donald Trump, entre eles o guru Olavo de Carvalho, estão perdidos, sem rumo, não têm mais onde se agarrar.

Por outro lado, o pilar mais importante de sustentação de Bolsonaro, as máquinas de produção e impulsionamento de fake news estão sofrendo um forte revés. Depois da invasão do Capitólio, as gigantes Twitter, Instagran,Google, Facebook, Amazon, Apple e outras plataformas bloquearam temporariamente Donald Trump. Resolveram agir nos Estados Unidos, começaram a fazer um pente fino e banir de suas redes sites, blogs e grupos de postagens de ódio.

Trump recomendou aos seus militantes a migração para a plataforma Parler e aqui Bolsonaro indicou aos seus seguidores o mesmo caminho. Isso é um sintoma de que vem restrições por aí e que ele sentiu o baque.

Existe ainda a investigação do STF de grupos de extrema direita, que usam sistematicamente fake news para atacar a instituição, ministros da corte, a democracia e pregam golpe o militar. O ministro Alexandre de Moraes, que coordena a investigação, ordenou a prisão de alguns. Responderão em liberdade, mas o caso deve voltar ao noticiário após decisão definitiva do tribunal. Alexandre de Moraes prorrogou, em dezembro, por 90 dias inquéritos que fecham o cerco sobre o Planalto.

Além disso, os filhos de Bolsonaro estão sendo investigados tanto pelo disparo de fake newscomo pelo escândalo das “rachadinhas”. Os processos devem ser concluídos ainda neste semestre e levado aos tribunais. Os filhos podem ser cassados e presos, agravando ainda mais a situação de Bolsonaro.

A invasão do Capitólio mexeu com o mundo, causou indignação por ser um atentado à democracia. A reação nos países com democracia consolidada deve ter desdobramentos no sentido de conter o avanço do fascismo em todo o mundo. Chefes de estado condenaram o atentado e devem propor medidas para enquadrar quem vandaliza a democracia.

Além de Trump, Bolsonaro é outro que deve ser contido e o país resgatado do fascismo. Não há impeachment sem povo na rua. Talvez por isso Bolsonaro sabota todas as iniciativas das autoridades sanitárias de controle da pandemia. Ele sabe que tem um grito da população amordaçado pelas máscaras. Mas a situação é tão grave que a destituição dele pode ocorrer em tempo recorde com ou sem o povo na rua.

A cúpula dos militares não tem demonstrado disposição de arcar com o ônus de dar sustentação a Bolsonaro, ao seu desgoverno e às ações criminosas dos seus filhos. Seria um estrago muito grande na imagem das Forças Armadas. Recentemente o comandante do Exército, Edson Pujol, numa palestra com a presença de Bolsonaro, disse claramente que “… as Forças Armadas são uma instituição de Estado e não de governo.”

Jair Bolsonaro segue o mesmo caminho de Donald Trump, ameaçando as instituições, colocando em risco a população e deve chagar ao mesmo destino: o impeachment.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A culpa é da Ford ou da ausência de governo?

“Nenhuma empresa investe num país que está deliberadamente destruindo seu mercado interno”, diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247. “E não adianta culpar o custo do trabalho no Brasil, porque Henry Ford defendia trabalhadores bem-pagos para que todos pudessem comprar seus automóveis”

12 de janeiro de 2021, 08:31 h Atualizado em 12 de janeiro de 2021, 08:41
   (Foto: Reuters)

Depois de 103 anos, a Ford decidiu fechar todas as suas fábricas no Brasil. Para algumas vozes da direita, como a do general Mourão, a empresa é a vilã da história, porque abandona o País depois de muitos anos lucrando no Brasil (especialmente durante aquela “década” de ouro). Para setores da esquerda, a montadora também tem culpa no cartório, porque só investiu no Brasil enquanto conseguiu extrair incentivos fiscais.

Comecemos por Mourão, cuja fala revela total desconhecimento sobre o que é a atividade empresarial. Nenhuma empresa, no Brasil e no mundo, vive das glórias do passado. Só se investe ou se mantém algo em atividade, mesmo quando há prejuízos transitórios, quando se confia no dia de amanhã. Se a Ford está saindo do Brasil depois de 103 anos, isso significa que a empresa não enxerga futuro algum no País. É esta uma visão acertada ou equivocada? A julgar pela “ciência” econômica de um país cuja elite que promove golpes de estado para reduzir salários e seu próprio mercado interno, faz todo o sentido ir embora. Basta lembrar da lógica de Henry Ford, que defendia trabalhadores bem-pagos para que todos pudessem comprar seus automóveis. Se no Brasil as reformas trabalhistas visam empobrecer trabalhadores e a política econômica destrói o mercado interno, qual é a lógica de permanecer nesta terra arrasada?

Passemos agora ao discurso de setores da esquerda. Em vez de atacar a ausência de governo federal e a destruição econômica produzida por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, muitos estão preferindo fazer um acerto de contas em relação ao passado. O motivo é o fato de o ex-governador gaúcho Olívio Dutra, do PT, não ter aceito a faca no pescoço da Ford, que acabou investindo na Bahia - o que acabou custando a reeleição de Dutra, em 2002, quando ele foi derrotado por Germano Rigotto, do MDB, após intensa campanha midiática.



Dutra tinha razão? Certamente, sim. Empresas privadas são predatórias, extorquem governos em busca de incentivos fiscais, mas, ainda assim, geram ganhos econômicos colaterais. E quem mais se beneficiou do ciclo Ford na Bahia foram justamente os governos progressistas de Jaques Wagner, que foi sucedido pelo atual governador Rui Costa, ambos do PT. Como Rui sabe da importância de se manter um polo automotivo, e de seu efeito multiplicador na economia, ele já corre atrás de uma montadora chinesa para instalar na fábrica de Camaçari (BA). O mesmo esforço será feito pelo governador cearense Camilo Santana, também do PT, que buscará investidores para a fábrica da Ford/Troller em Horizonte (CE).

A realidade é uma só: desde o golpe de 2016, articulado pelo PSDB e pelo MDB, sob o beneplácito das instituições e com apoio das forças armadas, o mercado interno brasileiro vem sendo deliberadamente destruído. Já se foram as empresas de engenharia, a indústria naval e agora a Ford começa a puxar a fila das montadoras. Enquanto esse processo de destruição nacional não for contido, não adianta culpar empresários malvados.