segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A chapa democrata formada por Joe Biden e Kamala Harris foi declarada vitoriosa na eleição presidencial dos EUA, mas só nesta segunda-feira (14), após a votação do Colégio Eleitoral, os dois serão considerados oficialmente presidente e vice-presidente eleitos

Brasil 247, 14/12/2020, 07:46 h Atualizado em 14/12/2020, 09:57
   Joe Biden e Kamala Harris (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

Os delegados do Colégio Eleitoral dos Estados Unidos se reúnem nesta segunda-feira (14) em seus estados para votar nos candidatos a presidente e vice-presidente seguindo o resultado da votação em seu território. A chapa democrata formada por Joe Biden e Kamala Harris foi declarada vitoriosa desde 7 de novembro, mas só nesta segunda, após a votação do Colégio Eleitoral, os dois serão considerados oficialmente presidente e vice-presidente eleitos dos EUA.

São os 538 membros do Colégio Eleitoral que, na prática, oficializam quem comandará o país durante quatro anos, conforme regras do sistema eleitoral norte-americano estabelecidas na Constituição.

As projeções indicam que a chapa democrata deve obter 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de Donald Trump, atual presidente, e Mike Pence. São necessários, ao menos, 270 votos para vencer a eleição norte-americana.

Ciro: “Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade. O que falta para o impeachment?”

"Impeachment não é remédio para governo ruim, mas sim quando há crime de responsabilidade", afirmou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE). "Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e nós já denunciamos. O que falta para o impeachment?", continuou

Brasil 247, 14/12/2020, 10:42 h Atualizado em 14/12/2020, 11:10
   Ciro Gomes e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Agência Brasil)

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) pediu no Twitter uma mobilização para o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

"Impeachment não é remédio para governo ruim, mas sim quando há crime de responsabilidade. Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e nós já denunciamos. O que falta para o impeachment? Mais pressão popular. Procure os deputados federais do seu Estado e dê o recado!", escreveu o pedetista. 

A pressão pelo impeachment de Bolsonaro aumentou, após a constatação de que o plano de vacinação contra o coronavírus anunciado pelo governo tinha assinaturas de pesquisadores não consultados previamente sobre o texto final da proposta

Impeachment não é remédio para governo ruim, mas sim quando há crime de responsabilidade. Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e nós já denunciamos. O que falta para o impeachment? Mais pressão popular. Procure os deputados federais do seu Estado e dê o recado!— Ciro Gomes (@cirogomes) December 14, 2020

Bolsonaro é uma fraude, um genocida que ameaça a vida de todos os brasileiros! #Bolsonaro171— Ciro Gomes (@cirogomes) December 13, 2020

Eficácia da vacina russa Sputnik V contra casos graves de coronavírus é de 100%

"Eficácia da vacina Sputnik V contra casos graves de coronavírus é de 100%. Dos casos confirmados de infecção por coronavírus no grupo [que tomou] placebo foram registrados 20 casos graves, enquanto o grupo que tomou a vacina, não foram registrados casos graves", afirmaram os desenvolvedores

Brasil 247, 14/12/2020, 12:07 h Atualizado em 14/12/2020, 12:07
    Ampolas da potencial vacina russa contra Covid-19 "Sputnik-V" (Foto: REUTERS/Tatyana Makeyeva)

Sputnik - A eficácia da vacina russa Sputnik V contra casos graves de coronavírus é de 100%, declararam nesta segunda-feira (14) os desenvolvedores do medicamento.

"Eficácia da vacina Sputnik V contra casos graves de coronavírus é de 100%. Dos casos confirmados de infecção por coronavírus no grupo [que tomou] placebo foram registrados 20 casos graves, enquanto o grupo que tomou a vacina, não foram registrados casos graves", lê-se em comunicado.

Com base na análise dos dados no teste de controle conclusivo no âmbito da terceira fase dos testes, a vacina Sputnik V demonstrou uma eficácia superior a 90%, informaram desenvolvedores.



Os resultados obtidos serão publicados pela equipe de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em uma das principais revistas internacionais de medicina.

A elevada eficácia da vacina Sputnik V a um nível superior a 90% foi confirmada em cada um dos três testes de controle dos ensaios clínicos.

Como resultado da análise dos dados no primeiro teste de controle (20 casos da doença), a eficácia estimada da vacina correspondeu a 92%, já no segundo teste de controle (39 casos da doença) a 91,4%.


"A análise dos dados no terceiro teste de controle conclusivo dos testes clínicos da vacina Sputnik V confirmou que a eficácia da vacina é superior a 90%, tendo sido sucessivamente demonstrada em três testes estatisticamente significativos estipulados no protocolo dos testes. Os dados obtidos constituirão a base do relatório que será usado para solicitar o pedido de registro acelerado da vacina russa em outros países", declarou Kirill Dmitriev, diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo).

Com base nos dados recebidos até hoje, o Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya vai preparar um relatório que será utilizado para o registro acelerado da vacina Sputnik V em vários países.

O que torna a vacina russa única é o uso de dois componentes diferentes baseados no adenovírus humano em duas injeções diferentes para introdução no corpo humano de material genético da membrana externa de coronavírus.

Esta abordagem proporciona uma resposta imunológica mais forte e mais duradoura do que as vacinas que usam o mesmo componente para duas injeções.

Anteriormente a AstraZeneca aceitou a proposta feita pelo RFPI e pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya de usar um dos dois vetores da vacina Sputnik V em adição aos testes clínicos de sua própria vacina, que vão iniciar antes do final do ano.

Em agosto, a Rússia se tornou o primeiro país a registrar uma vacina contra COVID-19, que foi batizada de Sputnik V.

Santos Cruz: com Bolsonaro, "pequeno grupo de extremistas" dividiu a sociedade

O general Santos Cruz, que se tornou um porta-voz da oposição militar a Bolsonaro, critica-o duramente: "(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações"

Brasil 247, 14/12/2020, 10:03 h Atualizado em 14/12/2020, 10:17
   Santos Cruz e Bolsonaro (Foto: ABr)

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, tornou-se um porta-voz informal da oposiçao militar a Bolsonaro e voltou a criticá-lo duramente, em entrevista à Globonews: "(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações".

Santos Cruz adfirmou ser negativa a grande presença de militares, na reserva e na ativa, em cargos do alto escalão do governo, porque isso causa na população a percepção de que há um vínculo institucional entre as forças armadas e o governo, ainda que não haja, segundo ele.

Santos Cruz disse que a gestão da pandemia por Bolsonaro "é uma crise que, desde o início, se caracterizou por xingamento e cloroquina. Politização de medicamento, isso não tem cabimento."



O general classificou de "fanfarronice" e "devaneio" a fala do presidente Jair Bolsonaro após a eleição de Joe Biden nos EUA, quando afirmou que, se acabasse a saliva, "tem que ter pólvora".

Na entrevista, sinalizou que pode apoiar Sergio Moro, caso ele seja candidato nas eleições de 2022: "Eu acho que ele (Moro) é uma personalidade que, sem dúvida, nenhuma trouxe esperança e pode representar uma corrente forte na próxima eleição."

Desaprovação do governo Bolsonaro alcança 48%, diz pesquisa

Levantamento feito pela Quaest Pesquisa e Consultoria, pela internet, apontou que o governo Jair Bolsonaro tem 36% de péssimo e 12% de ruim, totalizando 48% o percentual de eleitores que desaprovam a sua administração. De acordo com os números, 56% disseram que o País está no caminho errado

Brasil 247, 14/12/2020, 12:02 h Atualizado em 14/12/2020, 13:47
   Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos - PR)

Um levantamento feito pela Quaest Pesquisa e Consultoria apontou que a desaprovação do governo Jair Bolsonaro alcança 48% (36% de péssimo e 12% de ruim). De acordo com a pesquisa, 24% aprovam a atual administração (11% de ótimo e 13% de bom). 

Os dados também mostraram que 26% consideram a gestão regular e 2% não opinaram ou não souberam responder. 

Bolsonaro tem melhor avaliação entre as pessoas que ganham mais de cinco até dez salários mínimos (35%) e a pior entre as que recebem mais de dez salários (53%). 
Segundo os números, 56% disseram que o País está no caminho errado. Para 21%, o Brasil está no rumo certo e 22% não souberam ou não responderam. 

Foram entrevistados 1.000 eleitores nos 26 Estados e Distrito Federal. A margem de erro é de 3.1 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa tem um nível de confiança de 95%.

Vacinação começa nos EUA enquanto o Brasil espera, sem data até agora

Vacinação nos EUA acontece pouco após Rússia e o Reino Unido iniciarem a imunização de suas populações. No Brasil, o governo não tem previsão início da vacinação

Brasil 247, 14/12/2020, 13:45 h Atualizado em 14/12/2020, 13:56
   Sandra Lindsay, enfermeira que foi a primeira pessoa a ser vacinada contra Covid-19 nos EUA e Caixas com vacinas contra Covid-19 da Pfizer na UPS Worldport, em Louisville, Kentucky (Foto: Reuters)

A enfermeira norte-americana Sandra Lindsay, que trabalha na unidade de terapia intensiva de um hospital de Nova York, foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a receber a vacina contra Covid-19 produzida pela Pfizer/BioNTech. Vacinação nos EUA, que começou nesta segunda-feira (14), acontece após A Rússia e o Reino Unido iniciarem a imunização de suas populações. No Brasil, o governo não tem previsão de quando uma campanha contra a doença será deflagrada. 

As primeiras 2,9 milhões de doses da vacina começaram a ser enviadas para centros de distribuição em diversos locais dos EUA no domingo, 11 meses após o país registrar os primeiros casos da doença. O imunizante conseguiu ser aprovado emergencialmente pelos órgãos reguladores norte-americanos na última sexta-feira (11), após obter 95% de eficácia em testes clínicas. 

“Não senti nada diferente do que senti quando tomei qualquer outra vacina”, disse Lindsay. “Me sinto esperançosa hoje, aliviada. Sinto que a cura está chegando. Espero que isso marque o início do fim de uma época muito dolorosa da nossa história. Quero instilar a confiança pública de que a vacina é segura”, disse Lindsay após receber a vacina. 




O presidente Donald Trump comentou usou as redes sociais para comentar o caso. em rede social. “Aplicada a primeira vacina. Parabéns, Estados Unidos da América! Parabéns, MUNDO!”, escreveu Trump no Twitter. 

Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos registram 16,258 milhões de infectados e devem ultrapassar a marca de 300 mil mortes pela doença nesta segunda-feira.

domingo, 13 de dezembro de 2020

"[Privatização da Eletrobrás] está sob suspeição, porque querem incluir uma usina isso vai beneficiar os acionistas da Eletrobrás. Quero ver o ministro falar que é mentira", disse o presidente da Câmara, durante palestra no 19º Fórum Empresarial Lide

Brasil 247, 13/12/2020, 15:46 h Atualizado em 13/12/2020, 16:17
   Rodrigo Maia e Paulo Guedes (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados | Marcos Corrêa/PR)

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de direcionar a privatização da Eletrobrás para beneficiar determinados compradores e acionistas.

Durante palestra a no 19º Fórum Empresarial Lide, na sexta-feira (11), Maia criticou a inoperância de Paulo Guedes em relação às privatizações prometidas e fez a grave denúncia.

"Estou procurando as privatizações. Nenhuma. A única que ele colocou está sob suspeição, que é a Eletrobrás. Porque [Guedes] está negociando modelagem para beneficiar acionista, incluindo uma usina que a concessão vence agora", afirmou Maia.

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"Está sob suspeição, porque querem incluir uma usina isso vai beneficiar os acionistas da Eletrobrás. Quero ver o ministro falar que é mentira, porque é a equipe dele que fala isso", acrescentou o presidente da Câmara.

A declaração de Rodrigo Maia foi divulgada pelo deputado Glauber Braga (PSOL), que protestou contra a privatização da Eletrobrás.

Ainda durante sua participação no fórum do Lide, Maia disse que o governo está oferecendo emendas e cargos a parlamentares para votarem em seus indicados.

"Eles falaram muito em limpar a política, em modernizar a política, e eles estão propondo, algo que eu tenho certeza que o Parlamento não vai aceitar, que é se colocar à venda por emenda ou por cargo. Eu tenho certeza que a Câmara vai ser muito maior do que isso e vai eleger um presidente da Câmara independente", disse Maia.

Deputada pede que PGR investigue Pazuello por "ludibriar STF" com assinaturas falsas em plano de vacinação

A deputada Natália Bonavides (PT) protocolou representação contra o ministro da Saúde, após pesquisadores revelarem não ter sido consultados sobre o plano de vacinação que inclui seus nomes

Brasil 247, 13/12/2020, 17:12 h Atualizado em 13/12/2020, 17:19
    Natália Bonavides (PT-RN) (Foto: PT na Câmara)

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) protocolou representação na Procuradoria Geral da República contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por apresentar assinaturas não autorizadas de pesquisadores no plano nacional de imunização contra a Covid-19, apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

"Protocolei representação contra Pazuello por tentar ludibriar o STF ao entregar documento de autoria falsa. Irônico: o governo que difama universidades com fakenews e despreza a ciência tenta, com fraude, se apoderar da credibilidade de cientistas para legitimar plano de vacinação", informou a deputada pelo Twitter

Neste sábado (12), um grupo de 36 cientistas que fazem parte do órgão técnico que assessora o Ministério da Saúde divulgou uma nota conjunta em que diz não ter sido consultado sobre o plano de vacinação.




“O grupo técnico assessor foi surpreendido no dia 12 de dezembro de 2020 pelos veículos de imprensa que anunciaram o envio do Plano Nacional de Vacinação da COVID-19 pelo Ministério da Saúde ao STF. Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz trecho da nota.

Após o mal estar gerado pela revelação, o Ministério da Saúde respondeu dizendo que os pesquisadores cujos nomes constam no plano de vacinação “são técnicos escolhidos como convidados” e a participação deles "foi apenas de cunho opinativo e sem qualquer poder de decisão".

“Esquerda está sendo empurrada para a armadilha da direita vacinada”, diz Alysson Mascaro

Segundo o jurista, a esquerda deve se agarrar à pauta da valorização do SUS, mostrando que Bolsonaro e Doria são iguais no que diz respeito ao sucateamento da principal ferramenta de combate ao coronavírus. “A pergunta central não é a vacina, a pergunta é SUS”, disse. Assista na TV 247

Brasil 247, 11/12/2020, 17:32 h Atualizado em 11/12/2020, 18:18
   Alysson Mascaro e João Doria (Foto: Reprodução | Sergio Andrade/GOVSP)

O jurista e filósofo Alysson Mascaro analisou na TV 247 o debate no país acerca da vacinação contra a Covid-19. Para ele, a esquerda deveria focar unicamente no debate sobre o SUS, enfatizando a importância do sistema público de saúde e evidenciando que tanto Jair Bolsonaro quanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), são equivalentes no que se refere à política de sucateamento do SUS.

“A esquerda está indo de bandeja para a armadilha do João Doria, do Luciano Huck e da direita dita vacinada, que é essa direita que se põe como direita científica. A pergunta central não é a vacina, a pergunta é SUS. É isso que deveria ser a pauta da esquerda do Brasil. Houve aí uma vacina que demanda refrigeradores de menos 70 graus. Aí a resposta das pessoas é a seguinte: essa vacina não dá para comprar no Brasil porque o Brasil é um país quente. Mas desde quando a Inglaterra tem menos 70 graus para armazenar vacina na rua? Não tem. O que dá a possibilidade de ter menos 70 graus para guardar uma vacina é ter um hospital, um container, uma infraestrutura mínima para ter essa geladeira. Então quando se diz que o Brasil é obrigado a escolher a vacina que não precise guardar em 70 graus negativos é porque o Brasil está sucateando sua plataforma de infraestrutura sanitária”, explicou.

Segundo o professor, o debate sobre a vacina é uma briga que deve ser deixada para a direita, enquanto a esquerda faz sua política de valorização e preservação do SUS. “A gente deveria sair desse problema da vacina e deixar esse problema para a direita versus direita. Nosso assunto deveria ser SUS, porque no assunto SUS a direita cheirosa está sucateando de tal modo também a saúde pública do Brasil quanto a extrema direita”.

sábado, 12 de dezembro de 2020

A pandemia que já fecha hospitais não assusta o presidente e sua boiada

"Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai", escreve Gilvandro Filho

Brasil 247, 12/12/2020, 14:08 h Atualizado em 12/12/2020, 14:08
   Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa - PR)

Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia - Nessa sexta-feira, 11, centenas de mães e gestantes deixaram de atendidas pelo CISAM, o Centro de Saúde Amaury de Medeiros, hospital de referência da rede pública do Estado de Pernambucano. A “Maternidade da Encruzilhada”, carinhosa e respeitosamente assim conhecida, pelo bairro onde está localizada, na Zona Norte do Recife, suspendeu o seu atendimento e sabe-se lá quando vai reabrir – espera-se que logo. O motivo: boa parte do seu quadro de profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e funcionários, foi contaminado pelo Coronavírus e contraiu a Covid-19. Alguns, reinfectados.

No mesmo dia, o tenente reformado do Exército, que hoje ocupa, de maneira inadequada, o “comando” da Nação, passeava em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, entregando submarino cuja produção e investimento não tiveram o dedo dele. E, claro, dando entrevistas pra variar desastradas. Um dia antes, ele jactou-se de ser o Brasil o país que “melhor enfrentou” a pandemia que, segundo ele, está “no finzinho”. E não mencionou os 180 mil mortos pela doença que o Brasil alcançava, no mesmo dia. A cavilosa aparição do presidente da TV soou como um deboche, ao estilo de quase todas as suas aparições da mídia, seja qual for o motivo ou a pauta.


Alheio ao que ocorre no país que teve a desdita de lhe eleger, o ex-militar em exercício da presidência da República fechava, de modo peculiar e todo seu, uma semana pra se esquecer. Acrescentou fatos na guerra insana que trava com os governadores por causa da vacina a ser adotada e de um planejamento vacinal que ninguém sabe pra onde vai. Para ele vale mais arregaçar as mangas na guerra política que mantém contra determinada vacina, de São Paulo, por sua origem ser chinesa.



Vale mais o vale tudo ideológico que inunda os cérebros ocos dos que o seguem, caninamente. Pouco importa o resto. Pouco importa a quantidade absurdamente crescente de brasileiros e brasileiros que predem as duas vidas por conta do “show” que o governo federal acha que deu no trato à maior tragédia sanitária da história da Humanidade.


Na mesma e esquecível semana que teve ainda um bizarra e inoportuna exposição de trajes do primeiro-casal no momento da possa, o presidente zerou a alíquota de importação de armas de fogo, dando prosseguimento ao seu projeto pessoal de armar a população “de bem”, sabe-se lá para que. A retirada de tributos para revólveres e pistolas atende ao lobby fortíssimo que tem na própria “família presidencial” os maiores interessados e os mais ativos porta-vozes. Basta ver as fotos costumeiras, aparentemente desnecessárias, do presidente e seus filhos, posando com vistosas armas na cintura.

Fotos que ilustram bem um país onde cresce o número de assassinatos à medida que se libera o bang-bang. O mesmo país onde se nega educação e saúde, pra não falar mais da segurança. O país que chegou, nessa mesma semana, ao milésimo dia de silêncio das autoridades sobre os mandantes da execução da vereadora Marielle Franco e do seu assessor Anderson Gomes. Crime praticado por elementos já presos, um deles vizinho de condomínio do presidente da República.

Sobre o CISAM, tema que abriu este texto, o Governo de Pernambuco divulgou nota oficial explicando: “O número de afastamento de profissionais nesta semana foi maior do que a capacidade de remanejamento. A reserva técnica atual é insuficiente para suprir a necessidade de 38 enfermeiros e 39 técnicos para recompor as escala”. O Estado, como a maioria da federação está exaurindo a oferta de leitos para pacientes de Covid-19. A “gripezinha” que, segundo o presidente e sua boiada, só assusta “bundões” e “maricas”.

Gilvandro Filho - Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?