segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

As eleições de 2020 e o PT, por José Guimarães

“É hora de unidade. É hora de posturas firmes e claras. Diante da gravidade da crise, que deverá se aprofundar daqui para a frente, não se pode fazer um discurso de esquerda de dia e, à noite, combinar um jogo com a direita”, afirma o deputado José Guimarães (PT-CE) ao avaliar o resultado das eleições municipais

Site do PT, 06/12/2020 12h24
Gustavo Bezerra
          O deputado José Guimarães (PT-CE), coordenador do GTE eleitoral do PT

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Os resultados das eleições municipais apontam desafios para o PT e a esquerda em geral, mas os números contrariam nitidamente a má vontade de boa parte da mídia corporativa. Muitos “analistas” de plantão, na ânsia de atacar a esquerda, em especial o Partido dos Trabalhadores, distorcem os números, ignoram contextos e procuram consolidar uma narrativa favorável às forças conservadoras que ajudaram a eleger o neofascista Jair Bolsonaro e hoje envergonham-se do papel que tiveram em 2018 e no golpe de 2016 que abriu caminho para os profundos retrocessos no País.

O primeiro erro é tentar vincular quem ganhou ou perdeu nas disputas às prefeituras com o pleito eleitoral de 2022. Eleições municipais têm dinâmica própria, nem sempre refletem o desejo de quem governa ou faz oposição nas disputas presidenciais. O erros de interpretações se repetem, hoje e ontem, evidenciando objetivos políticos e ideológicos.

A superficialidade das análises é deplorável e, às vezes, certamente de forma involuntária, comentaristas políticos chocam-se com partidos identificados com a mídia corporativa e protegidos por ela. Quem não se lembrar que os “analistas” e fazedores de manchetes de jornais, em 2018, diante do fracasso da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República, previram que o PSDB – o partido apadrinhado pela mídia – seria riscado do mapa? O fato não ocorreu e, embora mais fraco, o partido elegeu o prefeito de São Paulo, a maior cidade da América Latina.
Pandemia

Os partidos de centro e centro -direita que cresceram nas eleições municipais utilizaram vários expedientes, no período de pandemia, para ser fortalecerem. Apropriaram-se de medidas que a oposição sugeriu no Congresso Nacional, no âmbito do Orçamento de Guerra para enfrentar a pandemia, e contaram com a ajuda do governo de extrema direita em troca do apoio dado no Congresso.

Basta lembrar que o repasse de recursos extraordinários da União para os municípios, por causa da Covid-19, totalizou cerca de R$ 56 bilhões em transferências diretas, sendo R$ 46,5 bilhões entre junho e setembro de 2020, consolidando tendência de manutenção dos atuais mandatos ou de candidatos do chamado Centrão.

Toda a lógica das campanhas eleitorais sofreu profundas alterações em decorrência da pandemia. Menos debates, reuniões, comícios, horário eleitoral reduzido. Tudo isso afetou profundamente a ação da oposição, com exceção de lugares de alta reprovação dos prefeitos, como no caso do Rio de Janeiro. Diante desse quadro, abusou-se do clientelismo e da distribuição de benesses, com prejuízos à oposição.
Soberania nacional

Para o PT, os números revelam um quadro totalmente diferente do propagado pela mídia, embora seja evidente que o partido terá pela frente a tarefa de retomar seu protagonismo para a construção de um projeto nacional, com inclusão social e econômica, respeito ao meio ambiente e à soberania do País, numa articulação integrada com a esquerda, setores democráticos e progressistas contrários ao bolsonarismo.

A realidade dos números é inquestionável. Nas 38 maiores cidades do País com mais de 500 mil habitantes, o partido mais votado para as Câmaras de Vereadores foi o PT. O partido recebeu 6,6 milhões de votos, ante 6,3 milhões do DEM, 5,3 milhões do PSDB, 4 milhões do PDT e 4 milhões do PSB. O PT elegeu 2.585 vereadores. Aumentamos o número de vereadores nas capitais. O fato é que o partido ficou mais forte nas cidades politicamente mais influentes do País. Mas a mídia insiste em dizer que o partido saiu mais fraco e não elegeu nenhum prefeito de capital.
Cidades maiores

Ora, no segundo turno, ganhamos em quatro das 15 prefeituras em que disputamos (as quais somam 15 milhões de habitantes): Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais, com as companheiras Marília Campos e Margarida Salomão, e Diadema e Mauá, em São Paulo, com José de Filippi Junior e Marcelo Oliveira. Essas cidades são mais importantes do que oito capitais em termos políticos, econômicos e populacionais. Nas demais onde disputou, o PT teve de 44% a 45% dos votos. Em 2016, o PT concorreu no segundo turno em 7 cidades e foi derrotado em todas, tendo alcançado a média de 37% dos votos.

Tentou-se desprezar também o peso do PT como vice nas chapas de Belém (com PSOL) e Porto Alegre (com PCdoB). Na vitória na capital paraense, o PT teve papel estratégico. Tenta-se ignorar também o desempenho de nosso partido no campo da esquerda. Só para citar dois exemplos: em 2016, o PDT, nas eleições para prefeito, teve 6,4 milhões de votos, ante 5,3 milhões neste ano ( -17%); o PSB teve 8,3 milhões de votos e caiu para 5,2 milhões (-37%). O PT, em 2016, teve 6,8 milhões de votos e este ano saltou para 6,9 milhões, um crescimento de 1,88%. O PT elegeu 183 prefeitos.

Tenta-se, por má fé, dizer que teria havido derrotas por não haver frente de esquerda em razão de suposta resistência do PT. Causa repugnância essa afirmação. Tivemos frentes amplas em Florianópolis, em Porto Alegre e Fortaleza. O partido abriu mão de candidaturas em vários lugares, como Boa Vista, São Luís e João Pessoa. Derrotas fazem parte do processo eleitoral. E diferentemente do que alguns fizeram em 2018, fugindo da raia, logo após o primeiro turno das eleições municipais, onde tinha candidatos e perdeu, o PT foi às ruas, sem titubear, para apoiar candidatos do campo progressista.

Frise-se que a disputa ferrenha ocorreu num ambiente com tentativa de isolamento e invisibilidade do PT por parte da mídia comercial, além dos continuados ataques por meio de redes digitais controladas por milicianos e fascistas, sob a vista grossa da Justiça Eleitoral.

Renovação do PT

Desde o golpe contra Dilma, procura-se aniquilar o PT, o partido com maior base social no País e responsável pelas grandes transformações econômicas e sociais, durante os governos Lula e Dilma, que tiraram 36 milhões de pessoas da pobreza, um fato histórico. Nas eleições, o partido sofreu derrotas, fato normal em processos eleitorais, mas ficou muito longe do enfraquecimento. O partido tem responsabilidade histórica no País com a democracia e a defesa dos direitos da população. Não existe democracia sem o PT. Entretanto, a mídia corporativa insiste em eleger o partido como alvo preferencial de seus ataques. Não se ataca quem está fraco.

Ao PT, a partir de agora caberá implementar um amplo processo de renovação, com novos agentes políticos, novos temas, oxigenação nos diretórios municipais, recuperação da imagem atacada diuturnamente por setores da mídia e também pela direita, nas mídias digitais. Reforçar o projeto em defesa dos interesses nacionais, dos trabalhadores e trabalhadoras, do meio ambiente, dos povos indígenas, dos estudantes, dos marginalizados e da classe média, em torno de um projeto democrático e plural, bandeiras históricas do Partido dos Trabalhadores.

Caberá ao partido uma profunda análise da conjuntura e retomar a organização a partir de suas bases históricas em todos os municípios brasileiros, bairros, associações de moradores, entidades da sociedade civil.

No cenário de 2022, o papel da esquerda será decisivo na construção de uma alternativa ao neofascismo bolsonarista. Não nos cabe criticar ou excluir aliados ou prováveis aliados que ao longo do último ano têm construído uma oposição consistente, sobretudo no Congresso Nacional, a Jair Bolsonaro e às políticas ultraliberais implementadas pelo atual governo com o apoio do que se resolveu agora chamar de centro-direita.

É fundamental que a esquerda se sente à mesa e passe a discutir o cenário de 2022, inclusive com a atração de forças do centro, para enfrentar a crise econômica e social no País, visando a construir uma alternativa ao projeto neoliberal, antinacional e antipopular do atual governo.

É hora de unidade. É hora de posturas firmes e claras. Diante da gravidade da crise, que deverá se aprofundar daqui para a frente, não se pode fazer um discurso de esquerda de dia e, à noite, combinar um jogo com a direita e as forças responsáveis pela tragédia que estamos vivendo. É hora de um novo projeto de recuperação, reconstrução e transformação do Brasil, que se transformou, com Bolsonaro, em chacota mundial.

Viva o PT!

José Guimarães, deputado federal (PT-CE), líder da Minoria na Câmara, vice-presidente nacional do PT e coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral.

Grileiros invadem terras indígenas e promovem loteamentos ilegais na Amazônia

Levantamento realizado pelo Cimi e pelo Greenpeace aponta que ao menos 20 áreas indígenas registram casos de loteamentos ilegais. A grilagem, que acontece até em territórios homologados, se concentra nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão e Acre

Brasil 247, 7/12/2020, 09:08 h Atualizado em 7/12/2020, 09:45
    Garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku, município de Jacareacanga. (Foto: Marizilda Cruppe/Amazônia Real)

Um Levantamento realizado pelo Conselho Missionário Indigenista (Cimi) e pelo Greenpeace aponta que ao menos 20 áreas indígenas registram casos de loteamentos ilegais promovidos por grileiros. Segundo reportagem do jornal O Globo, a grilagem se concentra nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão e Acre. 

Na Amazônia, quatro das dez terras indígenas mais desmatadas registram casos de loteamentos ilegais. Localizadas no Pará, as áreas de Cachoeira Seca, Apyterewa, Ituna-Itatá e Trincheira Bacajá, são os maiores alvos dos grileiros. 

O território indígena Ituna-Itatá, com 142 mil hectares, é considerado interditado em razão da presença de índios isolados na região, o que eleva o nível de proteção.



Apesar disso, o levantamento feito pelo Greenpeace teria identificado que 94% da terra indígena está registrada por proprietários privados junto ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que abre a possibilidade da existência de conflitos sobre a posse do local.

Recurso cada vez mais escasso, água será negociada como ouro e petróleo em Wall Street

A água está se juntando a outros ativos como ouro e petróleo, negociados em Wall Street. Fazendeiros, municípios e fundos de investimento poderão competir pelo recurso na semana que vem, quando o CME Group Inc. lançar contratos de R$ 5,15 bilhões no estado norte-americano da Califórnia

Brasil 247, 7/12/2020, 10:06 h Atualizado em 7/12/2020, 10:41
   (Foto: Reuters)

Agência Sputnik - A água está se juntando a outros ativos como ouro e petróleo, negociados em Wall Street, reforçando receios de que o recurso natural, essencial para a vida, se torne escasso no planeta.

Fazendeiros, municípios e fundos de investimento poderão competir pelo recurso na semana que vem, quando o CME Group Inc. lançar contratos de US$ 1 bilhão (R$ 5,15 bilhões) no estado norte-americano da Califórnia.

Segundo a companhia baseada em Chicago, a fórmula vai ajudar usuários a administrar melhor o risco, além de alinhar o fornecimento e a demanda.



Os contratos, primeiros do tipo nos EUA, foram anunciados em setembro, quando uma onda de calor e incêndios afetavam a costa oeste do país. O objetivo era servir tanto como proteção para os maiores consumidores de água no estado contra grandes aumentos de preço, quanto como indicador de escassez para investidores.

"A mudança climática, a seca, o crescimento populacional e a poluição podem transformar a escassez de água e precificação em assuntos em pauta nos próximos anos", disse Deane Dray, diretor e analista da RBC Capital, conforme cita a agência Bloomberg. "Definitivamente, vamos observar como estes futuros contratos de água se desenvolvem".

Os contratos vão ser liquidados financeiramente, em vez de requerer a entrega física real da água, e vai se basear no Nasdaq Veles California Waters (NQH20), indicador de referência estabelecido para os preços do recurso no estado.

O CME Group não identificou possíveis participantes do mercado, porém, salientou que se registrou o interesse de produtores do setor agrícola da Califórnia, agências públicas de água e serviços públicos, assim como investidores institucionais como gestores de ativos e fundos de cobertura.

domingo, 6 de dezembro de 2020

FHC, que se omitiu na eleição de 2018, lamenta negacionismo de Bolsonaro

"Não vou relembrar, por ocioso, mas a 'gripezinha' virou morte para milhares de pessoas; o descaso chegou a tanto que na área da Saúde os ministros se sucedem, e os erros não cessam", afirma o ex-presidente

Brasil 247, 6/12/2020, 08:47 h Atualizado em 6/12/2020, 08:47
  (Foto: Reuters | PR)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se negou a apoiar o professor Fernando Haddad, na disputa presidencial de 2018, lamenta, em seu artigo mensal publicado neste domingo, que Jair Bolsonaro seja um negacionista que esteja causando a morte de milhares de brasileiros. Confira abaixo:

Agonias e esperanças

Quase ao chegar ao final do ano em curso, as agonias aumentaram



Por Fernando Henrique Cardoso

Quase ao chegar ao final do ano em curso, as agonias aumentaram. Na economia, o país se arrasta em uma recessão há já algum tempo, que foi agravada pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Tudo, naturalmente aumentado pela desconfiança no governo federal: faltam a ele as qualidades necessárias não só para agir com rapidez, mas mesmo para agir. Não vou relembrar, por ocioso, mas a “gripezinha” virou morte para milhares de pessoas; o descaso chegou a tanto que na área da Saúde os ministros se sucedem, e os erros não cessam: falta muita coisa, mas chama a atenção a imprevisibilidade, o desconhecimento é substituído por palpites em grande quantidade.

No auge da pandemia, quando liderança, informação verídica e respeito à ciência salvam vidas, o governo federal persiste no negacionismo, na politização e no desprezo ao conhecimento. Isto que já seria grave em tempos normais chega às raias do absurdo diante da ameaça que pesa sobre o nosso país.

Agora mesmo, como se não houvesse urgência, há gente na sociedade pondo em dúvida a eficácia das vacinas em geral. Isso em um país como o nosso, de amplíssima tradição na matéria. Os dias tristes das revoltas “contra as vacinas”, no caso a de varíola e febre amarela, que marcaram um tento de Oswaldo Cruz, podem até virar o feitiço contra o feiticeiro. A revolta agora é contra a demora das vacinas quando, na verdade, nunca se viu esforço tão rápido para encontrar alguma que contenha a ação negativa do referido vírus. Mas existe também a descrença nelas. É certo que, por enquanto, por parte de um grupo que se deixa levar pelo que deduz serem as promessas de vacinas com falta de cautela das autoridades.

Ainda bem que a mídia, em geral, procura mostrar o contrário e a ressaltar que, enquanto a vacina não chegar, cada um de nós é responsável por atuar: que fiquemos em casa é o refrão.

Refrão correto; mas o que fazer quando não se tem casa confortável ou quando as pessoas vivem amontoadas tanto em suas casas como com os vizinhos, como se vê em muitas favelas, casas de cômodos e cortiços que abrigam boa parte da população brasileira? É para estas pessoas, a maioria da população, que o governo precisa olhar em primeiro lugar. E são estas as vítimas preferenciais do novo coronavírus (sobretudo os mais velhos, para os quais o “bichinho” parece ser impiedoso). Sabemos que no início os mais atingidos eram os que viajavam, que não fazem parte da maioria pobre. Pouco a pouco, porém, a epidemia foi se alastrando e alcança, é verdade que sem exclusividade, os que menos têm posses e são abrigados pelo SUS (bendito SUS!).

Daí a enorme responsabilidade dos governos. No plano estadual, alguns têm se saído bem; não se poderia dizer o mesmo, com simplicidade, sobre o governo federal, pelo menos quando são ouvidas as palavras proferidas por seu maior representante, o presidente. Compreendo que ele não queira ver tudo pelo vitral do pessimismo; mas que veja com algum realismo as coisas sob seu comando, pois elas têm efeito sobre muita gente. É o que se espera de qualquer governo razoável.

Há esperanças a despeito de tudo. Estas se concentram em que a população é, no geral, receptiva às palavras sensatas (as eleições municipais recém havidas mostram isso). Por isto mesmo, quanto mais houver reforço na palavra dos que entendem, os médicos e cientistas, melhor. O que choca é ouvir notas dissonantes, vindas de quem deveria ser politicamente responsável. Entendo as aflições e urgências, afinal completarei em alguns meses 90 anos. Há pressa. Mas, que fazer: não há medicamento específico para o vírus e a vacina (qualquer delas) ainda não está disponível, embora esteja cada vez mais próxima. Por isso mesmo é preciso, pelo menos, que as autoridades não aumentem a algazarra dos que pouco sabem e que ao falar meçam o peso de suas palavras. Não é compreensível que países com menos recursos estejam mais perto de ter acesso a uma vacina do que nós.

Sei que para muitos (inclusive empresas, não só pessoas) é impossível parar. Mas, mesmo neste caso, que se sigam as prevenções que vêm dos que mais sabem da saúde pública. E que os governos, se não puderem ou quiserem ajudar, não atrapalhem. Ultrapassaremos estes dias agônicos, sou confiante. Sei que quanto mais depressa chegarem as vacinas, melhor. E, enquanto isso, que cada um cumpra seu dever, como disse famoso almirante em momento no qual a guerra era dificultosa para os brasileiros. O momento é duro; confiemos, agindo. E se nada de construtivo pudermos fazer ou dizer, que não atrapalhemos os que sabem e os que estão dando o melhor de si para manterem-se vivos, eles próprios e a quem tratam.

Estamos a 20 dias do Natal, momento de alegria, fraternidade e renovação. Por uma fatalidade os dias vindouros serão o de máximo perigo. O que se passa nos Estados Unidos já deveria nos bastar como alerta. Uma pandemia fora de controle com uma previsão assustadora de pico para janeiro de 2021.

Bolsonaro defende Ricardo Salles e ataca Mourão pelas costas

"O Mourão está dizendo que vai à reunião do clima, mas quem irá será o Salles", disse Bolsonaro, que defende seu ministro associado à destruição da Amazônia

Brasil 247, 6/12/2020, 07:11 h Atualizado em 6/12/2020, 07:38
    Queimadas atingem área da Amazônia em Porto Velho; Jair Bolsonaro e Ricardo Salles (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Marcos Corrêa/PR)

Jair Bolsonaro está fechado com seu ministro Ricardo Salles, visto pela opinião pública global como um dos principais responsáveis pela destruição da Amazônia e do meio ambiente no Brasil. "O Mourão está dizendo que vai à reunião do clima, mas quem irá será o Salles", disse ele, atacando seu vice pelas cotas, segundo revela o colunista Lauro Jardim, em sua coluna no Globo.

Portanto, Salles será o representante brasileiro na COP-26, a 26ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, marcada para novembro de 2021, na Escócia.

Auditor alvo de Flávio Bolsonaro é exonerado do escritório da Receita do RJ


Brasil 247, 4/12/2020, 18:44

O auditor-fiscal Christiano Paes Leme Botelho foi exonerado do cargo de chefe do Escritório da Corregedoria da Receita Federal no Rio de Janeiro (Escor07).

A defesa do senador Flavio Bolsonaro diz que auditores fiscais teriam acessado os dados fiscais do parlamentar supostamente de formas irregular antes do início da investigação. O acesso teria sido para apurar o esquema de rachadinha em seu gabinete na Assembleia Legislativa, coordenador pelo seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Os advogados de Flávio não acusam o auditor pelo acesso, mas numa reunião com Jair Bolsonaro, e o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, apontaram o suposto acesso como saída para livrar Flávio do processo.

Haddad defende candidatura Lula em 2022 e cobra STF após "desmoralização de Moro"

"Espero que o Judiciário faça justiça e nós possamos seguir com Lula candidato", disse o ex-prefeito, que também Sérgio Moro desmoralizado depois da sua contratação pela Alvarez & Marsal

Brasil 247, 6/12/2020, 06:35 h Atualizado em 6/12/2020, 06:48
   Fernando Haddad, Lula e fachada do STF (Foto: Ricardo Stuckert | Felipe Gonçalves/Brasil 247 | STF)

O ex-prefeito Fernando Haddad, que disputou as eleições de 2018 e obteve mais de 46 milhões de votos, defendeu a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, especialmente depois da desmoralização do ex-juiz Sérgio Moro. "A minha posição sobre 2022 está muito ligada ao fato de eu estar lutando muito para que Lula recupere seus direitos políticos, sobretudo depois da desmoralização de Sergio Moro. Espero que o Judiciário faça justiça e nós possamos seguir com Lula candidato. Esse HC [habeas corpus] tem dois anos que foi pedido e é uma demanda jurídica que tem precedência sobre as outras. Acumulam-se evidências e provas de parcialidade do [então] juiz. Eu não sei mais o que precisa acontecer para que o sistema de justiça reconheça que houve clara violação de direitos fundamentais", afirmou ele, em entrevista à jornalista Carolinha Linhares, na Folha de S. Paulo.

Sobre uma frente com outros setores da política brasileira contra o fascismo bolsonarista, Haddad afirmou que eles é que devem ser questionados. "Temos [Luciano] Huck, Ciro [Gomes] e [João] Doria. Tem que perguntar para eles se votariam no Bolsonaro. Acho engraçado que o jornalismo não pergunte isso para aqueles que votaram no Bolsonaro em 2018. Se eles nos acusariam de extremista para justificar o voto no verdadeiro extremista ou não. Conheço tucanos que não repetiriam o voto no Bolsonaro e tucanos que repetiriam. Isso é relevante para mostrar quem é de fato extremista", afirmou.

Bolsonaro proíbe contato de todos os seus ministros com o embaixador chinês em Brasília

A ordem contra o embaixador Yang Wanming é mais um ataque aos interesses nacionais, uma vez que a China é o país que mais compra produtos do Brasil e mais investe na economia nacional

Brasil 247, 6/12/2020, 08:15 h Atualizado em 6/12/2020, 08:47
   Yang Wanming (Foto: Brasil247/reprodução)

"Há uma ordem expressa de Jair Bolsonaro aos seus ministros: nenhum deles pode receber em audiência o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming", informa o jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no Globo.

Trata-se de mais uma agressão de Jair Bolsonaro aos interesses nacionais, uma vez que a China é o país que mais compra produtos brasileiros e também o que mais investe na economia nacional. Com a decisão, ele também demonstra, uma vez mais, a sua subordinação aos interesses da extrema-direita estadunidense, seguindo a política externa de Donald Trump, que foi derrotado por Joe Biden.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Todo antipetismo é anti-esquerda, nunca se esqueçam disso!

Viomundo, 02/12/2020 - 15h51
Fotos: Reprodução de redes sociais

Por Julian Rodrigues*, especial para o Viomundo

Já deu para decantar um pouco. Nessa temporada aberta de balanços eleitorais (luta política intensa em todos os espaços), alguns pontos queria destacar:

1) mesmo entre a esquerda, pouca gente considera, nas análises, a conjuntura internacional: maior crise do capitalismo desde anos 1930, impacto da pandemia, força do imperialismo, ascenso da extrema direita em todo mundo;

2) também pouco se menciona sobre o golpe de 2016, o novo período, a derrota monumental que toda esquerda sofreu, a prisão de Lula, a guerra híbrida, a aliança orgânica entre ultra-liberalismo e neofascismo, a retirada massiva de direitos; o desmonte dos sindicatos, a pauperização das massas; o crescimento do fundamentalismo religioso;

3) caminhamos, principalmente os petistas, sobre uma corda bamba (evitar o triunfalismo/sentimento de avestruz, pura autodefesa). Precisamos impedir a absorção do antipetismo hegemônico na mídia e forte também entre o “campo progressista”;

4) não foi só o PT que foi derrotado, o conjunto da ESQUERDA (PT, PCdoB e PSOL) também foi – como fomos em 2016 e 2018. A “centro-esquerda” (o amontoado que é o PDT, a metralhadora giratória do Ciro e o PSB) também diminuíram;

5) O PT não cresceu, mas não diminuiu em número de votos. E mostrou uma leve reação nas capitais e grandes cidades. O fenômeno Boulos e a vitória de Edmilson fortaleceram o PSOL, mas tendem a gerar ilusões de ótica – trata-se de um partido com 5 prefeituras e 75 vereadores (o PT tem 2.584 vereadores e 178 prefeituras);

6) a conexão com a juventude, com a luta antirracista, feminista, com a agenda LGBTI, dos direitos humanos propiciou que PSOL e PT elegessem novas lideranças nas Câmaras.

Não se trata de “pauta identitária” , como muitos na própria esquerda dizem (é uma luta contra as opressões, por representatividade, reconhecimento, uma luta interseccional – classe, raça, gênero, geração, liberdades sexuais e de gênero). Mas, é preciso não permitir o sequestro dessas lutas pelo “neoliberalismo progressista” , que esvazia seu conteúdo anticapitalista (tipo quebrando tabu da vida);

7) nem precisa ser sectário para cravar que não há a menor possibilidade de “frente ampla” ou “frente de centro-esquerda” em 2022.

DEM/PSDB/MDB/Mídia sustentaram e sustentam Bolsonaro até aqui e se preparam para construir uma chapa em 2022 (Doria/DEM) .

Esqueçam o Caldeirão – e Moro já arrumou emprego em Washington. Por outro lado, o coronel de Pidamonhangaba já explodiu todas as pontes ao mesmo tempo com PT, PSOL e até com o PCdoB (pasmem!). Ciro terá apoio do PSB e olhe lá;

8) todo antipetismo é anti-esquerda, nunca se esqueçam disso. O que não quer dizer que o PT não precise – nas palavras da brava Gleisi de uma “chacoalhada”.

Se quiser continuar a ser o maior partido da classe, liderando o bloco de esquerda, PT deve passar por uma profunda transformação, dar um “giro estratégico”, renovar, retomar o programa democrático-popular/socialista, investir na mudança da linguagem, nas redes, radicalizar a transição geracional, voltar ao território, fazer formação política, assumir a batalha ideológico-cultural.

Deixar de ser quase apenas uma máquina eleitoral e voltar a ser um PARTIDO;

9) desde agora, sem ultimatos ou sem achar que isso é a “tábua de salvação do mundo”, é preciso apostar em uma composição orgânica PT-PSOL-PCdoB. Que construa um programa comum.

Uma chapa presidencial com PSOL ou PCdoB como vices do nome petista, costurando o tabuleiro nos Estados, as contrapartidas, etc.

Dino é um excelente vice, por exemplo. Boulos e Freixo podem ser candidatos a governador em RJ e SP. Manu pode ser nossa candidata unitária no Rio Grande do Sul , e por aí vai;

10) o Ministério da Justiça confirmou que toda colaboração da Lava-Jato com os EUA não passou pelo governo federal.

Ou seja, foi ilegal. Moro acaba de se mudar para Washington pra ser funcionário de uma empresa internacional que vai ajudar na recuperação da Odebrechet (que ele mesmo quebrou).

Ou seja, resolveu receber em dólar sua parte na operação golpista. Nem depois disso vamos, coletivamente, voltar a pautar a suspeição do marreco de Maringá, o #AnulaSTF?

Lula pode até não ser candidato a presidente ou a vice, mas é uma questão básica para a restauração do mínimo de democracia, né?

#LulaLivre e #LulaInocente. Não é bonito ver gente de esquerda absorvendo antipetismo e anti-lulismo.

Se o PT fosse tão fraco assim, não seria o centro do debate sobre o balanço eleitoral.

*Julian Rodrigues é professor e jornalista; ativista LGBTI e de Direitos Humanos.

ABI repele intimação de Bonner e Renata: Tentativa de intimidar e calar a imprensa

ABI é solidária a Bonner e Renata

Viomundo, 05/12/2020 - 10h10
   Foto: Divulgação Globo

A Associação Brasileira de Imprensa manifesta o seu espanto e a sua indignação com o fato de terem sido intimados a depor, pelo Polícia Civil do Rio, os apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos.

Segundo a polícia, eles devem explicar a veiculação de supostas informações sigilosas a respeito do esquema de corrupção conhecido como “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

Nosso espanto vem do fato de terem sido Bonner e Renata os convocados a depor, e não Flávio Bolsonaro e o miliciano Fabrício Queiroz, seu assessor.

Nossa indignação vem do fato de que, uma vez mais, se tenta intimidar a imprensa e calar a sua voz, num claro atropelo à Constituição.

Fiel aos seus 112 anos de defesa da liberdade de expressão, a ABI se coloca incondicionalmente ao lado dos jornalistas atingidos.

Bonner e Renata, contem com o nosso apoio.

Paulo Jeronimo – Presidente da ABI